Nada será como antes para o governador Marcelo Miranda. Com oposicionistas e dissidentes no controle, todo cuidado é pouco
Por Edson Rodrigues
A eleição do deputado estadual Carlos Carlesse para a presidência da Assembleia Legislativa do Tocantins, por 17 votos contra sete, constituiu-se em uma derrota significativa para o Palácio Araguaia e em uma vitória cheia de significados para a oposição.
Já em seu discurso de vencedor, Carlesse foi firme e taxativo ao afirmar que buscará uma convivência harmônica com os demais poderes, mas que buscaria a independência – palavra que usou por diversas vezes em seu discurso – nas ações da Casa de Leis e um diálogo constante com a sociedade.
O certo é que, a partir de primeiro de janeiro de 2017, a Assembleia Legislativa do Tocantins terá um presidente eleito por uma maioria formada por deputados de oposição e dissidentes e descontentes com o Palácio Araguaia, o que, por si só, já é um sinal de alerta para o governo do Estado.
Nos bastidores, é dada como certa a liderança do deputado estadual Eduardo Siqueira Campos na formação do grupo que elegeu Carlos Carlesse. Vale ressaltar que, durante o período eleitoral, Eduardo manteve-se bem distante dos holofotes, mas, na última sexta-feira, após o resultado do pleito, foi visto em esfuziante alegria, pois o grupo que elegeu Carlesse, mesmo ainda não empossado, passa a dar as cartas no plenário em todas as votações, com folga para aprovar o que quiser, inclusive nas comissões.
Ou seja, a vitória e Carlesse não foi obra do acaso e, sim, fruto de uma muito bem urgida estratégia política, nos moldes dos grandes planejamentos, de um pacto à moda antiga que, neste momento delicado que antecede as eleições municipais e que o governo vem sofrendo constantes pressões dos movimentos classistas por conta dos aumentos salariais, promoções e progressões, a Saúde Pública em estado de coma e a Segurança em níveis alarmantes, numa configuração em que tanto as polícias Civil quanto Militar ameaçam entrar em greve, pode significar uma trava permanente e um obstáculo intransponível para as pretensões do Palácio Araguaia.
Enfim, a chegada do deputado Carlos Carlesse à presidência da Assembleia Legislativa pelas mãos dos oposicionistas e dos dissidentes que, como se diz popularmente, fizeram “barba, cabelo e bigode”, e separa, definitivamente, o joio do trigo na política estadual, colocando o governo do Estado como minoria simples na Casa de Leis e significando que Marcelo Miranda terá muito mais trabalho do que já tem para levar os interesses do Estado à frente.
MUDANÇAS A VISTA
Um grão-mestre do Palácio Araguaia nos confidenciou, após a vitória de Carlesse, que o governador Marcelo Miranda deve anunciar, ainda neste mês de julho, mudanças nos primeiro, segundo e terceiro escalões de sua administração. Uma troca por pessoas e gestores capazes de dialogar com o “centrão” que domina a Assembleia Legislativa, dirimindo os efeitos dessa grande derrota, pois o atual presidente, Osires Damaso, passa a ser figura meramente decorativa e apenas “estará” presidente até 31 de dezembro e, aprovar qualquer projeto, qualquer intenção, será mais difícil que jamais foi para Marcelo Miranda.
MPE TEM QUE INVESTIGAR
Por outro lado, é necessário que o Ministério Público Estadual investigue a denúncia do deputado estadual Paulo Mourão, do PT, ex-líder do governo de Marcelo Miranda na AL e escrutinador (contador) dos votos na eleição da mesa diretora, de que havia “sinais” nas cédulas eleitorais para a eleição do novo presidente da Casa de Leis, o que significaria fraude.
Mourão questionou, durante a apuração dos votos, a forma como alguns deputados marcaram suas cédulas na hora de votar, com símbolos que personalizam os votos. A primeira constatação ocorreu na votação para presidente da Casa, e mesmo diante do questionamento do parlamentar, as votações seguintes para os cargos de 1º e 2º vice-presidentes, bem como 1º, 2º, 3º e 4º secretários, continuaram recebendo votos personalizados. “Isso fere a constituição e o regimento interno que diz em seu artigo 13 e 239 a 243 que o voto tem que ser secreto, o voto não pode indicar o autor do voto e o que vimos foi desenho feito com muita competência, de forma muito treinada”, explicou.
“Tudo que essa Casa faz reverbera lá fora, temos que dar bons exemplos”, defendeu. Para o parlamentar, a transparência do processo ficou comprometida com a personalização dos votos nas cédulas.
Em nosso ponto de vista, no caso de uma denúncia real, o Ministério Público deve entrar em cena para não deixar dúvidas sobre a lisura ou não do processo eleitoral, pois, caso seja comprovada, seria caso de anulação do pleito e de convocação de novas eleições, com a devida punição dos responsáveis, pois, além de representar o Poder Legislativo, a Assembleia Legislativa deve dar o exemplo de ações impolutas e sérias, mostrando que nossos políticos agem pelo bem dos cidadãos e, não de si mesmos.
O nosso Ministério Público, que tanto tem feito pelo bem das instituições estaduais e nacionais, caso se comprovem as denúncias, deve agir de pronto, sem dar espaço para que alianças espúrias ou manobras impeçam que se chegue à verdade sobre os fatos.
Paulo Mourão entrou com requerimento pedindo a instauração do processo para apurar as marcações das cédulas. Ao ser contestado pelos deputados sobre o requerimento, Mourão foi enfático ao firmar que “não devemos ter receio de colocar esse assunto para discussão da sociedade e da imprensa para averiguação, pois, talvez, essa seja a última eleição em que o ato de personalização do voto na cédula ocorra”, avaliou. “O Brasil de hoje não permite isso”, frisou. Após encerrado o processo eleitoral, a mesa diretora se reuniu para avaliar o requerimento do deputado Paulo Mourão e decidiu não dar prosseguimento, considerando que a chapa vencedora teve a maioria dos votos.
O deputado fez uma acusação pública. É dele a responsabilidade pela denúncia, mas é do Ministério Público a responsabilidade pela apuração dos fatos ocorridos durante a votação. Em caso de comprovação das irregularidades, que novas eleições sejam convocadas. Caso não seja constatada nenhuma irregularidade, que sejam apurados os fatos que levaram à denúncia.
O que não pode é o Ministério Público não se manifestar a respeito do caso.
Principais revistas do Brasil traçam uma cenário escabroso do País, com a Dilma envolvida no Petrolão, Cunha enfraquecido e o aumento da violência no Rio de Janeiro às vésperas da Olimpíada
Por Edson Rodrigues
ISTOÉ
No dia 20 de abril, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, corregedora-geral da Justiça Eleitoral, autorizou a apuração das suspeitas de que a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014, havia utilizado gráficas para lavar dinheiro do Petrolão. Na última semana, o relatório entrou em fase final de redação e uma perícia deverá ser oficialmente divulgada no próximo mês. ISTOÉ apurou que as evidências de lavagem de recursos desviados da Petrobras se confirmaram.
As empresas VTPB, Focal e Red Seg não conseguiram comprovar que prestaram os serviços declarados durante as últimas eleições, o que reforçam os indícios de que eram mesmo de fachada e serviram de ponte para o pagamento de propinas do Petrolão. Juntas, elas receberam uma fábula da campanha de Dilma em 2014: R$ 52 milhões.
A Focal foi a segunda que mais recebeu recursos do PT, só ficando atrás do marqueteiro João Santana. Um total de R$ 24 milhões. Mas a gráfica, assim como a VTPB e a Red Seg, simplesmente não apresentou notas fiscais, comprovantes de pagamento, ordens de serviço, contratos trabalhistas ou de subcontratação de terceiros, além de extratos de transferências bancárias que justificassem as atividades exercidas para a campanha de Dilma a um custo milionário. Esses documentos eram fundamentais para provar que as gráficas não foram usadas como laranjas pelo PT para esquentar dinheiro ilegal. A ausência da papelada compromete a campanha de Dilma e incrementa o caldo político que pode levar ao seu afastamento definitivo em agosto, no derradeiro julgamento do impeachment. “A ausência da devida comprovação de gastos eleitorais, principalmente quando envolver altos valores, pode indicar a ocorrência de graves fraudes e até lavagem de dinheiro, com sérias consequências”, afirmou o presidente do TSE, Gilmar Mendes.
Os peritos do TSE visitaram as três gráficas entre maio e junho. Seus donos contaram histórias mirabolantes na tentativa de atestar que colocaram seu maquinário a serviço da petista em 2014. Por isso, teriam sido aquinhoadas com os R$ 52 milhões declarados pela campanha de Dilma. As versões, repetidas também à ISTOÉ, não param em pé. Para comprová-las, as empresas tinham até o dia 24 de junho para entregar a farta documentação exigida pela Justiça Eleitoral. O não fornecimento das provas exigidas pela Justiça Eleitoral torna muito difícil a absolvição das gráficas pela perícia do TSE.
As suspeitas de que o montante repassado à Focal, VTPB e Red Seg era oriundo do esquema do Petrolão foram levantadas a partir da delação premiada de donos de empreiteiras presos em decorrência dos desdobramentos da operação Lava Jato. O mandatário da UTC, Ricardo Pessoa, que assinou a colaboração com o Ministério Público, afirmou que repassou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma Rousseff (PT). E que o dinheiro teve origem no Petrolão. O mesmo empresário contou que realizou três repasses de R$ 2,5 milhões. Ao que tudo indica, uma dessas parcelas serviu para saldar notas fiscais da VTPB e Focal. O repasse ocorreu em 27 de agosto ao tesoureiro Edinho Silva, ex-ministro das Comunicações, que realizou quatro depósitos na conta da VTPB no total de R$ 1,7 milhão. Outros R$ 672,6 mil irrigaram os cofres da Focal. Aproximadamente R$ 1,8 milhão teve como destino a gráfica Red Seg. Esses não foram os únicos repasses feitos pela campanha de Dilma às fornecedoras suspeitas de lavagem de dinheiro. Os maiores montantes destinados à Focal e à VTPB também são de 2014 e da ordem de R$ 24 milhões e R$ 23 milhões, respectivamente.
ÉPOCA
A renúncia de Eduardo Cunha à presidência da Câmara era questão de tempo. No domingo, 3 de julho, Cunha finalmente concebeu que seu tempo se esgotara. Afastado do cargo há dois meses por decisão do Supremo Tribunal Federal, e perto de ser cassado por quebra de decoro parlamentar, ele não só não tinha mais saída, como o arranjo de um interino em seu posto começava a incomodar o Palácio do Planalto.
A pressão da família, em especial da esposa, Cláudia Cruz, ré na Lava Jato, de seus advogados e de aliados políticos o fez dar um passo definitivo. Naquele domingo, Cunha começou a escrever sua carta de renúncia. A data escolhida para tornar o documento público era a terça-feira, dia 5, quando se completavam exatamente dois meses de seu afastamento. O dia chegou, e Cunha, que nunca quis perder poder, hesitou. Deixou para o dia seguinte, quarta-feira. Adiou de novo, para não misturar o fato negativo com o aniversário de uma das filhas. Foi quando o deputado Osmar Serraglio, seu colega de PMDB, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, anunciou que o recurso apresentado pela defesa de Cunha contra a cassação seria analisado nesta segunda-feira, dia 11. A derrota era quase certa. Não dava mais para esperar.
Na noite da quarta-feira, Cunha chamou um grupo de amigos, advogados e os deputados mais próximos para conversar. Deixou de fora aqueles aliados que pudessem vazar que sua renúncia era iminente, como os deputados Paulinho da Força, do Solidariedade de São Paulo, e Lúcio Vieira Lima, do PMDB baiano. Ao Palácio do Planalto, mandou um recado pelo ex-deputado Sandro Mabel, que ocupa informalmente o cargo de assessor especial do presidente interino, Michel Temer, para a Câmara. Cuidadoso, evitou usar menções diretas; só avisou a Temer que “faria um pronunciamento na manhã seguinte”. Oficialmente, o Palácio do Planalto diz que Temer soube sobre a renúncia “pela imprensa” durante uma reunião e assistiu ao pronunciamento de Cunha pela televisão, ao lado dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Cunha chegou com aparente normalidade à Câmara na tarde de quinta-feira. Foi à Secretaria-Geral da Mesa e protocolou a carta de renúncia, como manda a regra. Apesar da postura decidida, estava claramente constrangido – o rubor que tomava conta do seu rosto sinalizava o desconforto. Há uma década, outro presidente da Câmara, o folclórico Severino Cavalcante, fizera o mesmo que Cunha. Severino, entretanto, teve o privilégio de renunciar de seu lugar devido, seu assento na mesa diretora, diante do plenário. Apanhado por uma vergonhosa e reles cobrança de propina de um dono de restaurante – caiu por um cheque de R$ 10 mil –, Severino subiu ao seu lugar e leu um discurso, ouvido pelos deputados que lotavam o local em um silêncio sepulcral.
Impedido pelo Supremo até mesmo de entrar no plenário, Eduardo Cunha teve de se contentar com bem menos formalidade e liturgia. Caminhou para o Salão Nobre e renunciou para jornalistas e uns poucos colegas. Fez isso tentando aparentar bom humor, ao dizer que estava com saudades de falar com a imprensa. Quando começou a ler a carta, o tom mudou: ao fazer agradecimentos, a voz embargou e uma lágrima escorreu quando mencionou a esposa e a filha Danielle Dytz, ambas investigadas na Lava Jato e sob a jurisdição do juiz Sergio Moro, a partir de investigações sobre o deputado. Ninguém esperava testemunhar o dia em que o frio Eduardo Cunha, aquele que se mantém impassível quando xingado por manifestantes ou atacado por algum adversário a seu lado, choraria em público. Quem convive com Cunha jura que as lágrimas foram sinceras. Quem descarta a possibilidade de Cunha estar abalado e estudar a possibilidade de colaborar com a Lava Jato ouve: “Você já teve uma filha investigada sob os cuidados do Moro?”.
VEJA
A previsão constava de um estudo do Ipea feito em 2010: em 2016, dizia, a miséria daria traço no Brasil - a pobreza extrema estaria "praticamente superada" e se transformaria em uma insignificância estatística. Havia razão para tanto otimismo. Naquele ano, o último do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o crescimento do PIB havia fechado em 7,5%, o maior desde 1986. Mais de 13 milhões de brasileiros já tinham desembarcado da extrema pobreza, e o poder de compra do salário mínimo havia aumentado quase 10% ao ano, no período compreendido entre 1995 e 2008. Passados seis anos, no entanto, o Brasil anda de marcha a ré. Novos estudos, estes coordenados por Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), indicam que os miseráveis - aqueles que não deveriam mais existir em 2016 - estão, na verdade, prestes a aumentar.
Um dos dados que mostram a iminência desse fenômeno é a queda inédita e simultânea de dois índices importantes no último trimestre de 2015: o da renda da população e o da "taxa de equidade", que mede quanto o país está mais igual - e, portanto, menos desigual. Ambos compõem o índice de bem-estar social da FGV. As duas quedas, da renda e da equidade, decorrem dos mesmos fatores, afirma Neri: "A inflação leva dois terços da culpa e a falta de emprego, incluindo o informal, é responsável pelo outro terço".
Até o fim de 2016, a renda per capita dos brasileiros deve recuar quase 10% em relação a 2014, aponta outro estudo da FGV. Será a segunda maior queda em 116 anos. Pior que esse tombo, apenas o do triênio 1981-1983, também marcado por uma crise econômica grave. Segundo um estudo da consultoria Tendências, a derrocada vai levar 7,8 milhões de brasileiros de volta à pobreza e seu entorno. Se o país não voltar a crescer até 2018, haverá mais pessoas nessa situação do que em 2005, ainda nos primeiros anos do governo Lula, prevê a consultoria.
No mês passado, VEJA percorreu cidades do Ceará, Bahia e Minas Gerais para revisitar brasileiros que em 2010 falaram à revista sobre seus planos e esperanças. O título da reportagem era "A vida melhorou". Nesta apuração, no entanto, o que se viu foi a confirmação, na vida real, daquilo que registram os indicadores econômicos. Para todos os entrevistados, a vida piorou.
Visita de Derval de Paiva à senadora foi uma pá de cal ás pretensões do Palácio Araguaia em obter apoio da senadora e seus correligionários no pleito de outubro próximo
Por Edson Rodrigues
A ex-ministra da Agricultura e senadora Kátia Abreu e seu filho Irajá Abreu, deputado federal e presidente estadual do PSD no Tocantins são, hoje, as principais lideranças políticas do Vale do Araguaia, onde os pré-candidatos apoiados por eles nas principais cidades da região lideram com folga todas as pesquisas eleitorais. Cidades importantes como Lagoa da Confusão, Pium, Cristalândia, Marianópolis, Divinópolis, Dois irmãos e Fátima, concentram nos candidatos do clã dos Abreu suas apostas por dias melhores. Apenas em duas cidades os candidatos apoiados por Kátia e Irajá aparecem na segunda colocação nas pesquisas, mas com grandes chances de virara o jogo.
Segundo O Paralelo 13 apurou, em um giro pela região, a personalidade forte, o posicionamento claro em favor da presidente afastada Dilma Rousseff e as demonstrações de lealdade e honradez imutáveis, renderam bons frutos à Kátia Abreu, inclusive entre os antipetistas, que souberam reconhecer a combatividade, o companheirismo, a amizade e a retidão de princípios da senadora para com a presidente afastada, características raras, hoje em dia, no meio político.
Essas características de Kátia Abreu fizeram dela quase que uma unanimidade entre a classe política da Região Central do Estado, que passou a considerá-la uma política inteligente, estrategista e determinada, além de continuar a ter alguma influência em Brasília.
KÁTIA E DERVAL DE PAIVA. APENAS EDUCAÇÃO
Considerado grande articulador, agregador e quase um filósofo político, o ex-vice-prefeito de Palmas, ex-deputado estadual e federal e atual presidente do PMDB estadual no Tocantins, Derval de Paiva é o típico político boa praça, considerado gente boa por todos que o conhecem e muito bem-quisto junto à sociedade. Não é à toa que coube a ele o trabalho de formatar a união interna do PMDB em torno da sua pré-candidatura à prefeitura da Capital, como um candidato de consenso e provedor de harmonia partidária. Tais qualidades o gabaritaram – e o encorajaram – a tentar um entendimento político com a senadora Kátia Abreu.
Munido de toda a coragem que lhe é característica, Derval de Paiva foi até a casa da senadora Kátia Abreu, nos arredores de Palmas, num setor de chácaras, onde foi bem recebido, com toda a educação e cortesia dispensadas pelas pessoas de boa índole, mas o clima foi de extrema frieza.
A missão de Derval era tentar iniciar tratativas de um pacto de apoio mútuo visando às eleições municipais que se avizinham nos 139 municípios do Estado, tendo como principal objetivo, a sucessão palmense, onde Derval concorrerá diretamente.
Mas, assim como foi citado antes, Kátia Abreu é firme em seus princípios e propósitos e não deu brecha para muita conversa, utilizando de “metralhadora”, “canhão”, “rifle”, “bazuca” e terminou a conversa com “dinamite”, claro, sempre usando de educação e cortesia, para desfiar um rosário de atitudes do PMDB para com seu grupo político: “depois que vocês nos apunhalaram pelas costas, nos sangraram pela frente, dissolveram nossas 52 comissões provisórias, abriram processos de minha expulsão e de meus companheiros e, você, Derval de Paiva, como presidente do PMDB pediu, pessoalmente, minha expulsão do partido, vem à minha casa pedir o meu apoio e o de meus companheiros, que foram exterminados pó PMDB para sua campanha?
Kátia praticamente descartou qualquer possibilidade de reaproximação com Marcelo Miranda e com o PMDB, a não ser em cidades em que, porventura, coligações prévias coloquem seu partido junto com candidatos do PMDM, mas deixou claro que não moverá uma palha para que os entendimentos avancem.
Já sobre o PSD, aconselho que procure diretamente o presidente do partido, Irajá Abreu, e veja com ele o que consegue”.
Sobre o que Kátia afirmou a respeito do governador Marcelo Miranda, preferimos nos abster de publicar para poupar nossos leitores.
O fato é que nossa fonte, presente ao encontro, não quis dar mais detalhes e nossa reportagem não conseguiu contato com a senadora para verificar a veracidade dessas informações, mas, segundo um membro da cúpula do PSD, o Palácio Araguaia pode esperar surpresas muito desagradáveis no decorrer do processo sucessório municipal.
MAS, CONTUDO, TODAVIA PORÉM...
Quem conhece política já está careca de saber que o que se diz aqui, não se repete acolá e que o céu de hoje sempre é diferente do céu de amanhã e a palavra “impossível” jamais fará parte do vocabulário nem do dicionário político, seja de qual parte do mundo for.
Para os puxa-sacos, baba-ovos, incendiários e plantadores de boatos de plantão, um entendimento político entre Kátia e Marcelo jamais acontecerá.
Para os sábios e estudiosos da política, é muito cedo para traçar qualquer prognóstico e todo cenário político é sempre mutante. O tempo, as circunstâncias e os interesses pela sobrevivência política podem, no futuro, revelar um novo cenário político, um novo céu, com nuvens desenhando um caminho de união entre as partes mais opostas e mais discrepantes do teatro político.
Só ao futuro está reservado o desfecho desse novo processo político que se inicia.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos...
Nomeação de secretária ligada ao DEM interrompe tentativa de golpe pelo cargo, mas desagrada companheiros de Marcelo Miranda
Por Edson Rodrigues
As últimas mudanças na Secretaria Estadual da Educação do Tocantins têm causado um enorme constrangimento nos companheiros políticos e, principalmente, em quadros do PMDB, que não gostaram da atitude do governador Marcelo Miranda em dar a pasta para adversários diretos nas eleições de 2014. Esses companheiros se sentem desprestigiados, pois não aceitam o fato de o governador entregar uma das pastas mais importantes do seu governo a pessoas que não caminharam ao seu lado, gastaram sola de sapato, em sua campanha eleitoral.
Com ascensão de Wanessa Zavarase Sechim, umbilicalmente ligada à deputada federal professora Dorinha Seabra, ao posto de secretária da Educação, seu grupo político passa a comandar todos os cargos na Seduc, em detrimento dos companheiros do PMDB que estão sendo exonerados.
Vale lembrar que a nova secretária estadual da Educação já esteve envolvida em um caso nebuloso, quando foi secretária municipal de Educação na cidade de Nova Venécia, no Espírito Santo, conforme a reportagem a seguir, disponível em http://www.eshoje.jor.br/_conteudo/2013/09/politica/politica_capixaba/10062-ministerio-publico-pede-bloqueio-dos-bens-de-ex-prefeito-de-nova-venecia.html:
“Ministério Público pede bloqueio de bens de ex-prefeito de Nova Venécia
O Ministério Público Estadual (MPES) protocolou, na última semana, uma ação de improbidade administrativa contra o ex-prefeito de Nova Venécia (região noroeste) Walter De Prá, por supostas fraudes na aquisição de equipamentos de informática para a instalação de internet sem fio (wireless) nas escolas do município, em 2006. O órgão ministerial pediu o bloqueio dos bens do ex-prefeito e de outros dois acusados de participação no esquema, que teria lesado os cofres do município em R$ 183 mil.
De acordo com informações do MPES, as irregularidades teriam sido constadas após uma perícia feita pela Polícia Federal (PF) no contrato firmado entre a prefeitura e a empresa Redecia Comércio e Serviços Ltda ME – que também foi denunciada. Nos autos do processo, a promotoria narra que os peritos da PF encontraram indícios de superfaturamento, pagamento de equipamentos que não estavam previstos em contrato e a subcontratação de uma outra empresa para a realização de serviços sem a anuência da prefeitura.
Entre os pedidos do processo, o órgão ministerial quer a condenação do ex-prefeito Walter De Prá; da ex-secretária municipal de Educação Wanessa Zavarese Sechim; do ex-gerente de Tecnologia da Informação (TI) da prefeitura, Richardson Leão Mendes, e da empresa Redecia por atos de improbidade, bem como o ressarcimento do eventual prejuízo ao erário.
O Diário Oficial do Estado de ontem, 06 de julho de 2016, trouxe a exoneração de mais um companheiro político da base do governo, de Porto Nacional. Idelfonso João Borges Parente, superintendente de Administração, Infraestrutura e Finanças da secretaria da Educação, havia sido indicado pelo deputado estadual portuense, Paulo Mourão, mostrando que não é apenas boato a “caça às bruxas” que vem ocorrendo na Seduc, com a mira voltada aos companheiros do governador, que foram pegos desprevenidos e não entendem tais atitudes que vem ocorrendo na Secretaria.
O ex-secretário, Adão Francisco, não suportou a pressão e acabou pedindo exoneração, logo após saber que estava havendo uma aproximação do governador Marcelo Miranda com a deputada Professora Dorinha, com o objetivo de que a presidente estadual do Partido Democratas – que tem, nada mais nada menos, no seus quadros partidários o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos – indicar um sucessor, no caso, sucessora, para o lugar de Adão – o que, de fato, ocorreu.
Corre à boca pequena, ainda, que a futura subsecretária da Educação será a ex-subsecretaria da Deputada Dorinha , na sua gestão à frente da pasta, Juscilene Borba, o que mostraria ainda mais claramente o poder auferido pelo governador à deputada federal Dorinha Seabra dentro da Secretaria.
Diante dos fatos, os companheiros do governador que sempre estiveram com ele nos momentos da planície, não estão entendendo mais nada, sentindo-se esquecidos e isolados das decisões políticas do Estado, que agora estão sendo comandadas pelo secretário-geral do Governo, Livyo Luciano, “importado” de Goiás, que não entende nada da política tocantinense.
Esses fatos vêm causando revolta, também, na Assembleia Legislativa, onde os Deputados Estaduais se sentem desprestigiados pelo secretário-geral do Governo, que não atende ao celular e nem recebe os deputados em seu gabinete.
PAULO MOURÃO
O desenrolar dessa “dança das cadeiras” expõe uma grande ferida na base de apoio ao governador Marcelo Miranda. Ao deixar que um indicado pelo seu ex-líder na Assembleia Legislativa, o ex-prefeito de Porto Nacional e ex-deputado federal, Paulo Sardinha Mourão, o governo do estado desprestigia e fragiliza um companheiro político que defendeu, com unhas e dentes, os interesses do Palácio Araguaia nos momentos mais sangrentos e complicados da atual gestão.
O cargo reservado para acomodar Idelfonso Parente é apenas decorativo, e já virou motivo de chacotas e humilhação nos bastidores políticos.
Fontes bastante próximas de Paulo Mourão, disseram que já está agendada uma reunião do deputado estadual com o governador Marcelo Miranda, na próxima segunda-feira. Pelo que comentam, não será uma simples audiência. Paulo Mourão estaria disposto a definir de uma vez por todas qual o seu tamanho no governo Marcelo Miranda: “será ou tudo ou nada”, confidenciou a fonte.
SONHO
O certo é que os verdadeiros companheiros do governador sonham, ainda, com a possibilidade de uma companheira leal do PMDB assumir o controle da secretaria estadual da Educação. Essa pessoa seria Elizangela Gloria Cardoso, Reitora da Unitins, que tem feito um belíssimo trabalho à frente da Instituição, e também conta com carinho e admiração e prestigio junto à deputada federal e primeira-dama do Estado, Dulce Miranda.
Resta somente agora esperar, onde isso tudo vai parar. De um lado, insatisfeitos, os companheiros de anos e anos de lutas e conquistas, do outro, pessoas que foram adversárias políticas em um passado recente assumindo postos de relevância no governo do Estado!
E, parafraseando o saudoso jornalista Salomão Venceslau na sua coluna “Dois Dedos de Prosa”: é, pois é. É isso aí.
Por Edson Rodrigues
Os governadores de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal fizeram um pacto com o governo do presidente interino, Michel Temer, que permitiu a rolagem das dívidas de cada um para com a União e como BNDES, além de voltar a avalizar a captação de recursos internacionais. Esse pacto contou com o apoio dos principais líderes do Congresso Nacional.
Para se habilitar aos benefícios desse pacto, os Estados tiveram que aceitar algumas condições impostas pela União. A principal delas é a proibição da concessão de quaisquer tipos de aumento salarial a servidores.
A questão é que faltou perguntar aos servidores públicos estaduais se eles estariam dispostos a se sacrificar por esse pacto. Em estados como o Tocantins, onde muitas progressões e promoções foram concedidas nos últimos anos, o descontentamento por parte do funcionalismo é latente e pode redundar em ações em cadeia que podem causar um verdadeiro caos à vida dos cidadãos.
GREVE GERAL E SEUS EFEITOS IRREVERSÍVEIS
Caso os servidores públicos estaduais progridam com as manifestações até chegar à decretação de uma greve geral no Estado, os efeitos da paralisação serão, além de nefastos a toda a sociedade, irreversíveis em alguns dos seus desdobramentos.
População e comerciantes serão extremamente prejudicados sem os serviços da Saúde Pública, da Educação, da Segurança Pública. A economia ficaria paralisada e, por conseguinte, deixaria de arrecadar os impostos necessários para que se consiga chegar, novamente, a um patamar de normalidade financeira nos cofres públicos, gerando, inclusive, a total impossibilidade de arcar com a folha de pagamento dos próprios servidores, já que, além de estarem diminuindo mês a mês, os repasses do FPE – Fundo de Participação dos Estados – é uma verba “carimbada”, ou seja, deve ser aplicada apenas ao que se destina e, dentre esses destinos, não está a folha de pagamento. Sem contar que faltariam recursos, também, para os repasses aos demais poderes – Legislativo e Judiciário – além de diversos órgãos, como TCE, TRE, Defensoria Pública, entre outros.
Caso o movimento dos sindicatos dos servidores progrida à uma greve geral, o governo do estado será obrigado, instantaneamente, a decretar estado de calamidade pública, já que os principais serviços à população – Saúde e Segurança Pública – ficarão comprometidos de tal maneira que será impossível garantir o bem-estar dos cidadãos.
Como Estado mais novo da federação, o Tocantins tem uma industrialização incipiente, sua arrecadação interna vem diretamente dos setores do comércio e de serviços, que ficariam paralisados em caso de greve. Paralisados, também, ficariam todos os benefícios que o governo conseguiu garantir a duras penas, como os recursos federais para o setor agrícola, para a recuperação e asfaltamento de estradas, construção de casas populares e, principalmente, da nova ponte sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional.
Trocando em miúdos, se o Estado ceder e pagar o que pedem os grevistas, todo o esforço da população ao aceitar o aumento de impostos, todo o sacrifício para ficar em dia com suas contas e ajudar o Tocantins a se manter equilibrado em meio ao atoleiro econômico que o País enfrenta, terá sido em vão, pois a União simplesmente congelaria os recursos já garantidos ao Tocantins e nos colocaria na “lista de desobedientes”, ou seja, toda e qualquer facilidade advinda de Brasília passará ao largo do Tocantins, que teria que resolver seus problemas econômicos por si mesmo, o que é, todos sabemos, impossível.
É bom que se ressalte que, nesse caso, não terá nem como solicitar auxílio da Força de Segurança Nacional que já está mobilizada para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Nossa população ficará entregue às moscas, à mercê dos criminosos, situação em que os bancos e alguns tipos de comércio serão obrigados a fechar suas portas e suspender o atendimento por falta de condições de trabalho. Nesse caso incluem-se, também, caixas eletrônicos, casas loterias, agências dos correios, supermercados, lojas de artigos de luxo.
Uma situação assim, propiciará, não só aos criminosos do nosso estado como aos dos estados vizinhos, a realização de arrastões nas ruas, nas praias, nos comércios e residências, já que policiais civis e militares não estarão nas ruas, ameaçando a segurança de toda a sociedade, que não tem nada a ver com a situação econômica e é a grande sacrificada por essa situação pois, mesmo com toda a recessão e atrasos de pagamentos, é obrigada a pagar seus impostos em dia.
Outro ponto importante é que estamos em plenas férias escolares e temporada de praias, quando o turismo interno é grande e pessoas de vários estados vêm visitar nossas atrações turísticas, matando de vez as chances dos comerciantes e cidadãos que aproveitam essa época para aumentar seus ganhos e faturar um dinheirinho suado no fim do dia.
Portanto, é bom que os líderes sindicais e representantes do funcionalismo estadual ponderem minuciosamente sobre a possibilidade de uma greve geral, pois ela pode ser o primeiro passo para uma situação insustentável e, talvez, irreversível, representando a pá de cal nas pretensões de recuperação econômica do nosso Estado.
Que Deus nos ajude!