Redução geral foi de 10% e produtos do Brasil ainda enfrentam 40% de taxa; medida ocorre sob pressão de norte-amerianos afetados por alta de preços
Com SBT
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu uma ordem executiva nesta sexta-feira (14) que reduz as tarifas de reciprocidade impostas a quase todos os países sobre carne bovina, tomates, café e bananas. A redução está relacionada aos 10% de sobretaxa geral imposta à vários países exportadores em abril deste ano.
Anteriormente, havia uma dúvida se a redução do tarifaço valeria para os 40% adicionais impostos ao Brasil por razões políticas. No início da noite, porém, a agência Reuters confirmou que a redução que já está valendo é apenas de 10% .
A medida ocorre em um momento em que os eleitores norte-americanos se mostram cada vez mais cautelosos em relação à economia. Desde agosto, o Brasil, maior fornecedor de café para os EUA, e um dos principais de carne, enfrenta sobretaxa de 50% sobre seus produtos aplicada pelo governo norte-americano. Ambos os produtos enfrentam alta nos preços nos mercados dos EUA.
Na ordem executiva, Trump afirmou ter determinado que "é necessário e apropriado modificar ainda mais o escopo dos produtos sujeitos à tarifa recíproca". A decisão foi tomada com base em "informações e recomendações" de funcionários, "o andamento das negociações com diversos parceiros comerciais, a demanda interna atual por certos produtos e a capacidade interna atual de produzir certos produtos, entre outros fatores."
Um funcionário da Casa Branca, que pediu anonimato para falar sobre a ordem executiva, disse que Trump está cumprindo sua promessa de negociar acordos comerciais e depois ajustar as tarifas conforme necessário. Outra fonte, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, acrescentou que a medida se encaixa na estratégia mais ampla de Trump de criar isenções tarifárias para setores e bens essenciais.
"Agora é o momento certo para, você sabe, liberar alguns desses itens que o presidente disse que iria liberar", declarou Greer. "Isso é um desdobramento natural exatamente do que o presidente sinalizou, e é isso que ele está fazendo hoje."
Trump e autoridades de seu governo têm rejeitado as críticas de que suas políticas comerciais aumentaram o custo de vida. O presidente insiste que quaisquer custos mais altos foram desencadeados por decisões promulgadas pelo ex-presidente Joe Biden, e não por suas próprias diretrizes tarifárias.
Medida é anunciada após encontro de EUA e Brasil
A medida é anunciada um dia depois que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que resolução sobre as tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros virá "muito proximamente". A declaração veio após o chanceler brasileiro se reunir, na noite de quinta-feira (13), com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para discutir as questões bilaterais entre os dois países.
Esta foi a terceira vez que Vieira voou para Washington para conversar com Rubio sobre o tarifaço. Dessa vez, teve aperto de mão diante das câmeras de TV e até sorriso do secretário de Estado. Os dois se encontraram na sede do Departamento de Estado e tiveram duas reuniões na sequência — uma particular e a outra com integrantes das equipes dos dois países.
"O secretário de Estado disse que [o governo americano] está examinando [a resolução] com toda a atenção e todo o tempo, que quer resolver rapidamente as questões bilaterais com o Brasil e que a resposta virá muito proximamente, amanhã ou na próxima semana", afirmou Vieira.
"É importante dizer que há demonstração do interesse do governo americano e do secretário de Estado em solucionar todas as questões ainda pendentes na relação com o Brasil (...), de virar essa página e de se aproximar do Brasil", acrescentou.
Evento também marca os 95 anos do Ministério da Educação. Presidente anuncia a inauguração de mais universidades ainda este ano — entre elas, as voltadas para os indígenas e para os quilombolas
Com Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condecorou, na tarde desta sexta-feira (14/11), a primeira-dama Janja com a medalha de Ordem Nacional Mérito Educativo. Além dela, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e o presidente da Câmara Federal, Hugo Motta (Republicanos), foram reconhecidos por, na avaliação do governo, ações em prol do desenvolvimento da educação.
Realizada no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília, o evento em que Lula condecorou políticos e personalidades — como o influenciador digital Gil da Vigor — também marcou os 95 anos do Ministério da Educação (MEC). Ao todo, foram 262 nomes homenageados nos graus de grã-cruz, de grande oficial, de comendador e de cavaleiro.
Ao discursar, Lula enalteceu o ministro da Educação, Camilo Santana, e anunciou que o governo vai inaugurar novas universidades neste ano. "Vamos criar uma universidade de esporte, a universidade indígena e, possivelmente, para quilombolas", garantiu.
Lula destacou ser o presidente que mais investiu em educação e na criação de universidades. "Sou o único presidente que não teve acesso universidade, mas tenho orgulho de ser presidente que mais fez universidades, institutos federais e investimentos na educação", afirmou.

Ao lado do presidente da República estavam, além de Camilo Santana e Gil do Vigor, o imortal da Academia Brasileiria de Letras Ailton Krenak, Rodrigo Mendes (ativista da educação inclusiva), Fernando Morais (escritor), Nina Abramo Corrêa (neta de Zilah Wendel Abramo, cientista social eu uma das fundadoras do PT), Joana Maria de Oliveira Santos (filha de Nego Bispo, escritor, líder quilombola e ativista), Mikhail Cancellier (parente de Luis Carlos Cancellier, ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina) e Fernanda Moraes Barros (filha de Elisabeth Tenreiro, professora).
Investigação indica que Alessandro Stefanutto usava empresas de fachada para ocultar valores e manter convênios irregulares
Por Natália Martins
A Polícia Federal revelou, em relatório obtido pela reportagem, que o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto recebia uma ‘mesada’ de R$ 250 mil mensais da organização criminosa investigada na Operação Sem Desconto.
Segundo o documento, os repasses ocorreram entre junho de 2023 e setembro de 2024, com parte dos pagamentos disfarçada em contratos de consultoria e honorários técnicos.
O valor, de acordo com a PF, foi reajustado após Stefanutto assumir a presidência do instituto. As propinas eram pagas por meio de empresas de fachada ligadas ao operador financeiro Cícero Marcelino de Souza Santos, entre elas a Stelo Advogados e Associados, a Delícia Italiana Pizzas e a Moinhos Imobiliária.
O relatório aponta que Stefanutto atuava como facilitador institucional dentro do INSS, aprovando e mantendo convênios irregulares entre o órgão e a Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais).
Mesmo após alertas técnicos sobre irregularidades e falsificação de autorizações de desconto, ele autorizava o processamento de cadastros de filiação sem a checagem da manifestação dos beneficiários.
As investigações identificaram também o envolvimento de Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-chefe do INSS, que teria recebido R$ 6,57 milhões em propinas entre 2022 e 2024.
Ele é apontado como um dos principais beneficiários do esquema comandado por Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer.
Operação Sem Desconto
A Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (13) pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU), cumpriu 63 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão preventiva em 15 estados e no Distrito Federal.
Entre os alvos está também o ex-ministro da Previdência Ahmed Mohamad Oliveira, que deverá usar tornozeleira eletrônica.
A investigação apura crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa, estelionato previdenciário, inserção de dados falsos em sistemas oficiais e lavagem de dinheiro.
Segundo a PF, o grupo fraudava descontos em aposentadorias e pensões sem o consentimento dos beneficiários, desviando valores estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Stefanutto presidia o INSS quando a primeira fase da operação foi deflagrada, em abril deste ano, e foi exonerado no mesmo dia. A PF afirma que os repasses a ele representavam o elo entre a cúpula do instituto e os operadores do esquema.
São apontadas falhas na segurança, além de problemas de infraestrutura e falta de ar-condicional. Casa Civil rebateu as críticas
Correio Braziliense
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta semana, uma carta assinada pelo secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, com uma série de críticas à organização da 30 ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças do Clima, a COP30, em Belém. No documento enviado à Casa Civil, são apontadas falhas na segurança registradas na noite de terça-feira (11/11) — quando manifestantes tentaram invadir o local restrito a pessoas credenciadas.
Os ativistas conseguiram ultrapassar o sistema de raio X, mas foram parados por um bloqueio de segurança antes de acessarem a área. Portas da entrada foram quebradas e um segurança ficou ferido durante o caos.
Na carta destinada ao governo brasileiro, Stiell descreveu vulnerabilidades no local da COP30, como portas sem segurança, efetivo de segurança insuficiente e nenhuma garantia de que as autoridades federais e estaduais responderiam às invasões, apesar dos acordos com o Brasil.
“Isso representa uma grave violação da estrutura de segurança estabelecida”, diz um trecho da carta, divulgada pela imprensa internacional.
Leia também: COP30: Unicef cria protocolo para proteger crianças em desastres naturais
O manifesto da ONU também relata uma série de problemas de infraestrutura, como altas temperaturas e ar-condicionado inadequado. Segundo Stiell, essa condição se mostra necessária um “intervenção imediata” para “salvaguardar o bem-estar dos delegados e da equipe”.
Governo rebate
A Casa Civil respondeu às críticas feitas pela ONU sobre a segurança do evento realizado em Belém. A segurança interna da COP30, diz o governo, é de responsabilidade do Departamento das Nações Unidas para Segurança e Proteção (UNDSS, na sigla em inglês).
Esse órgão, complementou a Casa Civil, tem o objetivo de definir como serão protegidas todas as áreas em seu interior. Quanto às críticas sobre possível falta de policiais na segurança do evento, o governo frisou que as solicitações da ONU têm sido atendidas.
"Ontem (12/11), os governos gederal e estadual, juntamente com o UNDSS, realizaram a reavaliação dos meios e quantitativos policiais para preservação dos perímetros de segurança, áreas Laranja e Vermelha, da COP30 que também foram ampliados", respondeu a Casa Civil.
Segundo o governo, a intervenção na COP já ampliou o espaço intermediário entre as Zonas Azul e Verde para aumentar a prevenção de incidente semelhantes, além de ter fortalecido o perímetro de segurança da Blue Zone, com instalação, em pontos vulneráveis, de gradis e barreiras metálicas.
Além disso, o governo brasileiro instalou novos aparelhos de ar-condicionados a serem usados no evento. Sobre a queixa da ONU de que houve alagamentos na COP30, a Casa Civil pontuou não terem sido registradas inundações. Segundo a pasta, foram goteiras apenas em pontos específicos.
"Vazamentos foram causados por rompimento de calhas no Mídia Center e Posto de Saúde 2, que já foram prontamente reparados, com substituição e vedação das estruturas", destacou o Executivo.
PF e CGU realizaram uma operação para localizar e prender 10 suspeitos de envolvimento no esquema
Por Giovana Cardoso
A Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e CGU (Controladoria-Geral da União) nesta quinta-feira (13), teve como alvos de mandado de prisão o ex-presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) Alessandro Stefanutto e outros nove suspeitos de envolvimento no esquema nacional de cobranças indevidas em aposentadorias e pensões.
No total, foram cumpridos 63 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares diversas de prisão. Dos estados envolvidos estão o Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e no Distrito Federal.
Veja quem foi preso na operação:
• Vinícius Ramos da Cruz - presidente do ITT (Instituto Terra e Trabalho)
• Alessandro Antônio Stefanutto - ex-presidente do INSS
• Tiago Abraão Ferreira Lopes - presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil)
• Antonio Carlos Camilo - empresário conhecido como “Careca do INSS”
• Samuel Chrisostmo do Bonfim Júnior - operador financeiro da Conafer
• Cícero Marcelino de Souza Santos - empresário ligado à Conafer
• Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho - ex-procurador-geral do INSS
• Thaisa Hoffmann Jonasson - esposa de Virgílio
• André Paulo Felix Fidelis, ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);
Também há um mandado de prisão aberto contra o presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, porém ele não foi localizado em sua residência.
Alvos de busca e apreensão:
• Ex-ministro da Previdência Ahmed Mohamad Oliveira (José Carlos) foi alvo de mandados de busca e apreensão e terá que usar tornozeleira eletrônica.
• Deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG)
• Deputado estadual do Maranhão Edson Araújo (PSB)
• Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS)
Na casa do deputado Edson, foi encontrado cédulas de dinheiro, mas o valor ainda não foi divulgado.

Indicação de Stefanutto é de "minha inteira responsabilidade", disse Carlos Lupi
Defesas
Por meio de nota, o deputado Euclydes Pettersen se manifestou, afirmando que o parlamentar nunca teve vínculo com o INSS, seus dirigentes ou decisões administrativas, porém “recebe a ação com serenidade e respeito às instituições”.
Sobre a CONAFER, o deputado reiterou o que já disse em plenário e negou ter participado da gestão da entidade ou ter qualquer relação ilícita com a empresa.
“Defendo investigações rigorosas e confio plenamente na Polícia Federal, no MPF e no STF. ”Estou à disposição para todos os esclarecimentos e certo de que a verdade prevalecerá“, completou Pettersen.
Em outra nota, o deputado defendeu que “toda operação representa, para alguns, um fim, e para outros, uma libertação” e que já foi alvo de duas outras investigações. “Em uma delas, fui absolvido, e na outra, o Judiciário sequer recebeu a denúncia, por falta de provas que comprovassem qualquer prática criminosa”, escreveu.
“Deixo claro que apoio integralmente o trabalho das autoridades competentes e me coloco à inteira disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários. Acredito na justiça, na verdade e na importância das investigações sérias, conduzidas dentro da legalidade e com total transparência”, finalizou o parlamentar.
Stefanutto
Em nota, o ex-presidente do INSS afirmou que não teve acesso ao teor da decisão que decretou a prisão dele e que vai buscar as informações que fundamentaram o decreto para tomar as providências necessárias.
Stefanutto disse, ainda, que se trata “de uma prisão completamente ilegal, uma vez que ele não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação”.