Resultado foi influenciado por queimados do segundo semestre de 2024; Cerrado e Pantanal apresentaram queda na devastação
Por Camila Stucaluc
A área sob alertas de desmatamento na Amazônia teve alta de 4% em 2025 (de agosto de 2024 a julho de 2025) em comparação com o período anterior. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram derrubados 4.495 km² no período, área equivalente a três cidades de São Paulo. É o segundo número mais baixo da série histórica iniciada em 2016, perdendo apenas para 2024.
Entre os estados que concentram a maior área sob alerta de desmatamento na Amazônia no período, Rondônia registrou queda de 35% (com 194 km²), e Pará, de 21% (1.325 km²). Por outro lado, foi identificado aumento de 74% em Mato Grosso (1.636 km²) e de 3% no Amazonas (814 km²), impulsionados pelos incêndios no segundo semestre do ano passado.
Já no Cerrado houve redução de 21% nos alertas de desmatamento nos últimos 12 meses. O resultado (5.555 km²) reverteu a tendência de alta registrada desde 2021 no bioma, mas a área derrubada continua superando o total na Amazônia. No Pantanal, o desmatamento caiu 72% (319 km²) no mesmo período.
O resultado do Deter é um indicativo de tendência da taxa anual de desmatamento, que deverá ser divulgada até novembro deste ano. A taxa é medida sempre de agosto a julho pelo sistema Prodes do Inpe, que usa imagens de satélites precisas para identificar áreas sob alertas de desmatamento.
“Dentro da margem, podemos dizer que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é o desmatamento zero até 2030”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Segundo ela, nos últimos 12 meses, foram realizadas mais de 9,5 mil ações fiscalizatórias na Amazônia, que resultaram em mais de 3,9 mil autos de infração, totalizando R$ 2,4 bilhões em multas.
Documento do Departamento de Estado dos EUA sobre direitos humanos é divulgado em meio a escalada de tensão diplomática com o Brasil
Por Leandro Prazeres - Da BBC News Brasil em Brasília
O Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou um relatório, nesta terça-feira (12/8), afirmando que a "situação dos direitos humanos no Brasil piorou" durante o ano de 2024.
A alegação faz parte do relatório anual sobre direitos humanos que o órgão elabora anualmente em relação a diversos países.
O documento do governo americano cita como exemplos de piora ações tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para supostamente censurar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, o bloqueio do X (antigo Twitter) e as mortes causadas por policiais militares em dois Estados governados por políticos bolsonaristas: São Paulo e Roraima.
"Questões significativas de direitos humanos incluíram relatos críveis de: assassinatos arbitrários ou ilegais; tortura ou tratamento ou punição cruel, desumano ou degradante; prisão ou detenção arbitrária; e restrições graves à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, incluindo violência ou ameaças de violência contra jornalistas", diz um trecho do documento.
Na avaliação do Departamento de Estado, "o governo [brasileiro] nem sempre tomou medidas críveis para identificar e punir autoridades que cometeram abusos de direitos humanos".
A divulgação do relatório ocorre em meio a um momento de forte tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos desde que o presidente americano, Donald Trump, assumiu o segundo mandato, em janeiro.
Em julho, Trump anunciou tarifas de 50% sobre diversos produtos brasileiros, que passaram a entrar em vigor neste mês. Ele também atribuiu as tarifas ao processo criminal no qual Bolsonaro é réu no STF por seu suposto papel na trama golpista que resultou na invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.
Em entrevista à rádio BandNews FM na terça-feira (12/8), o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a comentar sobre a crise com os EUA e disse querer diálogo com Trump.
"Espero que algum dia eu possa encontrar com o presidente Donald Trump e conversar como dois seres humanos civilizados, dois chefes de Estado, como deve ser a relação", afirmou Lula.
Os Estados Unidos também revogaram vistos de viagens para ministros do STF como Alexandre de Moraes e impuseram sanções econômicas ao magistrado por meio da lei global Magnitsky, destinada a punir violadores de direitos humanos.
O governo brasileiro, por sua vez, já classificou as tarifas e as sanções a Moraes como uma "chantagem" e "interferência indevida" em assuntos domésticos.
Procurado, o STF disse por meio de sua assessoria de imprensa que não se manifestaria sobre o relatório.
Os governos de São Paulo e Roraima não responderam aos questionamentos enviados pela BBC News Brasil. O Palácio do Planalto e o Ministério dos Direitos Humanos também não responderam.
'Censura' e 'liberdade de expressão'
A atuação do STF em relação ao direito de expressão e à atuação de redes sociais no país foi a principal crítica do relatório à situação dos direitos humanos no Brasil.
"A situação dos direitos humanos no Brasil piorou ao longo do ano. Os tribunais tomaram medidas amplas e desproporcionais para minar a liberdade de expressão e a liberdade na internet, bloqueando o acesso de milhões de usuários a informações em uma importante plataforma de mídia social em resposta a um caso de assédio", diz um trecho do documento.
Em outro ponto, o relatório faz críticas diretas ao STF.
"A Constituição e a lei garantem a liberdade de expressão, inclusive para membros da imprensa e de outros meios de comunicação. Decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, restringiram a liberdade de expressão de indivíduos considerados, pela Corte, em violação à lei que proíbe discurso antidemocrático", diz o relatório.
O documento faz menção, ainda, a supostas ordens secretas proferidas por Moraes contra o X (antigo Twitter) relacionadas ao bloqueio de usuários e derrubada de conteúdo publicado por aliados do ex-presidente Bolsonaro.
"Registros judiciais revelam que o ministro Alexandre de Moraes ordenou pessoalmente a suspensão de mais de 100 perfis de usuários na plataforma de mídia social X (antigo Twitter), suprimindo de forma desproporcional a fala de defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em vez de adotar medidas mais restritas para punir conteúdos que incitassem ação ilegal iminente ou assédio".
O relatório diz que outras companhias, além do X também teriam sofrido com a suposta investida do STF contra a liberdade de expressão.
O documento citou ainda a multa imposta em agosto de 2024 por Moraes para quem tentasse acessar o X por meio de VPN — tipo de rede virtual privada que permitiria acesso a usuários mesmo com os provedores brasileiros cumprindo a medida judicial e bloqueando o acesso.
"Essa repressão ampla bloqueou o acesso dos brasileiros a informações e pontos de vista sobre uma série de questões nacionais e globais. Além disso, a proibição temporária, pelo tribunal, do uso de VPN, sob pena de multa, deteriorou ainda mais a liberdade de imprensa ao retirar proteções de privacidade de indivíduos cuja capacidade de denunciar casos de corrupção governamental dependia de poder fazê-lo de forma anônima", diz o documento.
Críticas a mortes causadas por PM de Tarcísio
O relatório do Departamento de Estado faz citações diretas a mortes causadas por ações policiais realizadas em Estados comandados por governadores bolsonaristas na seção "Execuções Extrajudiciais".
A principal menção é a casos ocorridos no Estado de São Paulo, comandado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), um ex-ministro do governo Bolsonaro e visto como um de seus possíveis sucessores na direita brasileira.
A principal citação é em relação às mortes ocorridas na chamada "Operação Escudo", realizada na Baixada Santista, em julho de 2023.
"Houve vários relatos de que a polícia cometeu assassinatos arbitrários ou ilegais ao longo do ano. Algumas mortes foram atribuídas a uma operação policial contra organizações criminosas transnacionais no Estado de São Paulo, no primeiro semestre do ano, e a uma operação policial realizada entre julho de 2023 e abril na Baixada Santista, região costeira que inclui o porto de Santos", diz o relatório.
A Operação Escudo foi desencadeada após a morte de um policial por um atirador que seria ligado ao tráfico de drogas — deixou ao menos 16 mortos no Guarujá, cidade do litoral de São Paulo.
A operação envolveu 600 agentes das polícias Civil e Militar de São Paulo no bairro Vila Zilda.
O governo federal criticou a ação policial, mas o Estado de São Paulo defende a operação.
Neste ano, um relatório sobre a Operação Escudo,elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e da Defensoria Pública de São Paulo, apontou o abuso de força policial. De acordo com o documento, a ação foi classificada como vingança contra jovens negros e pobres da Baixada Santista.
A BBC News Brasil enviou questionamentos ao governo de São Paulo sobre as menções feitas pelo relatório do governo americano, mas até o momento, nenhuma resposta foi dada.
O relatório também menciona uma suposta atuação de milícias formadas por policiais militares no Estado de Roraima, governado por Antônio Denarium (PP), que também é apoiador de Bolsonaro.
"Em abril (de 2024), a Polícia Civil do Estado de Roraima informou que lançou uma operação para expulsar um grupo de policiais militares de Roraima suspeitos de fazer parte de uma milícia e de um grupo de extermínio [...] Mais de 100 policiais foram investigados e várias prisões foram realizadas", diz o relatório.
A BBC News Brasil enviou questionamentos ao governo de Roraima, mas nenhuma resposta foi dada até o momento.
Trump ainda não indicou novo embaixador para ocupar representação dos EUA em Brasília
Escalada diplomática
O relatório sobre direitos humanos no Brasil do Departamento de Estado veio a público em meio ao que especialistas apontam ser o pior momento das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
O período de tensão se intensificou em julho, quando Trump ameaçou impor sanções de 50% sobre produtos brasileiros, e atravessou o mês de agosto com a imposição das tarifas e de sanções econômicas contra Alexandre de Moraes.
Na semana passada, o atrito entre os dois países ganhou novos contornos nas redes sociais. No dia 7 de agosto, a Embaixada americana em Brasília publicou, no X, uma mensagem na qual chamava Alexandre de Moraes de "principal arquiteto da censura e perseguição" contra Bolsonaro e seus apoiadores.
O texto acusava o magistrado de cometer "flagrantes violações de direitos humanos" e justificava as sanções impostas por Washington com base na Lei Global Magnitsky.
A postagem também alertava integrantes do Judiciário e de outros setores a "não apoiar nem facilitar" as ações de Moraes, afirmando que a situação estava sendo "monitorada de perto" pelo governo americano.
No dia seguinte, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, para uma reunião em Brasília.
Escobar é o diplomata de mais alto escalão da missão desde que Trump reassumiu o mandato e ainda não indicou um embaixador para o posto.
No sábado (9/8), a crise se intensificou quando o vice-secretário do Departamento de Estado, Christopher Landau, publicou novas críticas, acusando Moraes de exercer "poder ditatorial" e de "destruir a relação histórica de proximidade entre Brasil e Estados Unidos".
A embaixada republicou as declarações, reforçando o tom de confronto.
O Palácio do Planalto respondeu classificando as falas como "um ataque frontal à soberania" e acusou os Estados Unidos de "reiteradas ingerências" em assuntos internos.
Em nota, o governo disse que "não se curvará a pressões".
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi além, chamando a publicação de "gravíssima ofensa ao Brasil, ao STF e à verdade", com um tom "arrogante".
O STF, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre o episódio.
Da Assessoria
Personalidades e instituições que prestam relevantes serviços na área social e da saúde foram homenageadas, nesta terça-feira, 12, na primeira edição da Comenda Santa Dulce dos Pobres, em Sessão Solene no Senado Federal. Entre os presentes, o vice-presidente do Senado e presidente do PL Tocantins, Eduardo Gomes, destacou a importância do trabalho de líderes e entidades que transformam vidas por meio da solidariedade.
A cerimônia, presidida pelo senador Eduardo Girão, reconheceu, in memoriam, a própria Santa Dulce, representada por sua sobrinha Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, e homenageou ainda o médico Henrique Prata, da Fundação Pio XII (Hospital de Amor); Frei Hans Stapel, da Fazenda da Esperança; a Comunidade Filhos da Misericórdia – Fundação São Padre Pio de Pietrelcina (PB); a Fundação Altino Ventura (PE); a Associação Peter Pan (CE) e a Obra Social Dona Meca (RJ).
Durante a sessão, Eduardo Girão fez referência direta à atuação de Eduardo Gomes em prol de instituições de saúde e acolhimento. “Faço questão de dar meu testemunho: desde que conheci o senador Eduardo Gomes, ele sempre foi um baluarte da causa da Fazenda da Esperança. O doutor Henrique Prata também me falou do apoio dele ao Hospital de Amor do Tocantins. Que Deus abençoe e retribua o que tem feito por essas e outras instituições”, afirmou.
Em seu discurso, Eduardo Gomes prestou homenagem aos agraciados. “Cumprimento a todos em nome do Frei Hans Stapel e do dr. Henrique Prata, brasileiros que modificaram para melhor a vida de milhões, mostrando que, por intermédio da solidariedade, é possível servir, fazendo o bem”, declarou.
A Comenda Santa Dulce dos Pobres, criada para reconhecer iniciativas de impacto social e humanitário, homenageia a primeira santa nascida no Brasil, conhecida como “o anjo bom da Bahia”, e reforça o papel do Senado no estímulo à solidariedade e ao trabalho voluntário.
Prisões ocorreram durante a Operação Ícaro, deflagrada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo
Com SBT
O dono da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o diretor da Fast Shop, Mario Otávio Gomes, foram presos na manhã desta terça-feira (12) durante a Operação Ícaro, deflagrada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (GEDEC) e com apoio da Polícia Militar.
O objetivo da operação é desarticular um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários lotados no Departamento de Fiscalização da Secretaria De Estado da Fazenda.
A investigação conduzida pelo GEDEC identificou um grupo criminoso responsável por favorecer empresas do setor de varejo em troca de vantagens indevidas.
Já a Fast Shop informou que "ainda não teve acesso ao conteúdo da investigação, e está colaborando com o fornecimento de informações às autoridades competentes."
Segundo o MP, foram cumpridos ao menos três mandados de prisão temporária, incluindo o de um fiscal de tributos estadual, apontado como o principal operador do esquema, e os dos empresários, sócios de empresas beneficiadas com decisões fiscais irregulares.
Uma grande quantia em dinheiro foi encontrada na casa do auditor fiscal da secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
Além disso, foram apreendidos euros em um cofre e pacotes de esmeraldas na casa de outros envolvidos no esquema. Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão em diversos endereços.
A secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) disse em nota que está à disposição das autoridades e colaborará com os desdobramentos da investigação.
"Enquanto integrante do CIRA-SP – Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos - e diversos grupos especiais de apuração, a Sefaz-SP tem atuado em diversas frentes e operações no combate à sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e ilícitos contra a ordem tributária, em conjunto com os órgãos que deflagraram operação na data de hoje. Além disso, a Sefaz-SP informa que acaba de instaurar procedimento administrativo para apurar, com rigor, a conduta do servidor envolvido e que solicitou formalmente ao Ministério Público do Estado de São Paulo o compartilhamento de todas as informações pertinentes ao caso.
A administração fazendária reitera seu compromisso com os valores éticos e justiça fiscal, repudiando qualquer ato ou conduta ilícita, comprometendo-se com a apuração de desvios eventualmente praticados, nos estritos termos da lei, promovendo uma ampla revisão de processos, protocolos e normatização relacionadas ao tema.", finaliza a nota.
Investigações de esquema bilionário
Segundo o MPSP, o fiscal manipulava processos administrativos para facilitar a quitação de créditos tributários às empresas.
Em contrapartida, recebia pagamentos mensais de propina por meio de uma empresa registrada em nome da mãe. Constatou-se também que o fiscal já recebeu, até este momento, mais de R$ 1 bilhão em propina.
A operação é fruto de meses de trabalho investigativo, com análise de documentos, quebras de sigilo e interceptações autorizadas pela Justiça.
Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As diligências seguem em andamento.
No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 6,18% em junho para 6,01% em julho
Por Estadão Conteúdo
A inflação de serviços - usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços - passou de um aumento de 0,40% em junho para uma alta de 0,59% em julho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,60% em junho para uma alta de 0,67% em julho.
No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 6,18% em junho para 6,01% em julho.
A inflação de serviços - usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços - passou de um aumento de 0,40% em junho para uma alta de 0,59% em julho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,60% em junho para uma alta de 0,67% em julho.
No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 6,18% em junho para 6,01% em julho.
A inflação de monitorados em 12 meses saiu de 5,15% em junho para 4,73% em julho.