Encontro ocorre após condenação de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado
Por Naira Trindade e Rute Moraes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou nesta segunda-feira (15) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), no Palácio da Alvorada para discutir a tramitação do projeto de lei da anistia e o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 por mês.
O encontro ocorre após a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados por tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. Ele ainda pode recorrer.
Além disso, a reunião acontece na esteira da pressão da oposição no Congresso Nacional sobre Motta para a votação do projeto da anistia. O grupo deseja um perdão geral que valha para o ex-presidente, os condenados pelo 8 de Janeiro, os réus no processo do golpe e investigados no inquérito das fake news.
Outra ideia do grupo é incluir no texto a retomada dos direitos políticos de Bolsonaro. A ala governista enxerga que existem chances reais de Motta pautar o projeto.
O governo e a oposição contam votos para aprovar ou reprovar o texto. Em reunião de líderes prevista para ocorrer nesta terça-feira (16), a oposição vai pedir a Motta para marcar a votação pelo menos de um requerimento de urgência ao projeto.
Imposto de Renda
Com relação ao IR, o governo espera que o Congresso aprove a proposta até o início de outubro. Contudo, enfrenta resistência de alguns partidos de centro com relação à compensação da isenção, pois há um trecho do projeto que amplia a cobrança de Imposto de Renda para quem recebe ao menos R$ 50 mil por mês.
Na Câmara, uma comissão especial já aprovou o projeto com o parecer do deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Casa. Lira manteve a cobrança aos mais ricos na compensação.
Em outra frente, o senador Renan Calheiros, presidente da Comissão Especial que discute a Medida Provisória 1303 no Congresso, pretende pautar na Comissão de Assuntos Econômicos um projeto de lei que isenta do imposto de renda trabalhadores com renda mensal de até R$ 5.000.
O projeto, de seu aliado Eduardo Braga (MDB-AM), prevê compensação fiscal por meio de tributação dos dividendos. Calheiros é adversário político de Lira em Alagoas.
Governador de SP já se coloca como "herdeiro" do espólio eleitoral de Bolsonaro, ainda que os filhos legítimos pleiteiem a candidatura de um deles
Por Luiz Carlos Azedo
Apesar de condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro (PL) continua sendo o eixo da base eleitoral da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao seu lado, mais duas lideranças convergem para formar um tripé difícil de ser batido: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), potencial candidato em 2026, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cuja política externa pressiona o governo brasileiro com tarifas de até 50% sobre exportações e sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal.
O cenário é sem precedentes. Pela primeira vez, um ex-presidente e generais de alta patente foram condenados por tentativa de golpe, enquanto a Casa Branca intervém diretamente na vida política brasileira. Tarcísio já se coloca como "herdeiro" do espólio eleitoral de Bolsonaro, ainda que os filhos legítimos pleiteiem a candidatura de um deles. Apesar das pressões, Lula, o Senado e mesmo a Câmara (ainda) resistem à ofensiva para aprovação de uma anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso, que devolva a liberdade e a elegibilidade ao ex-presidente, cada qual com suas razões. Isso significaria perigosa inflexão autoritária, antes mesmo das eleições.
O fato é que a condenação de Bolsonaro não encerra de imediato o seu protagonismo na vida política. É uma linha divisória, cuja consolidação dependerá do resultado das eleições de 2026, ou seja, da derrota das forças ligadas ao trumpismo e ao bolsonarismo. Ocorre que governo Lula tem dificuldades para ampliar sua base social e parlamentar em direção ao centro político, que pode acabar capturado pelas forças conservadoras e de extrema-direita. O risco de um retrocesso político é real, como se vê nos EUA, onde Trump retornou ao poder. Maior ainda porque a estratégia de Lula nas eleições parece reproduzir a frente de esquerda que o levou ao segundo turno nas eleições de 2018. Mesmo reeleito, o risco de retrocesso permanecerá, porque a oposição pode vir a ter maioria na Câmara e no Senado, mesmo derrotada na disputa pela Presidência, um cenário de precária governabilidade.
Em artigo no New York Times, Filipe Campante e Steven Levitsky, autor de Como as Democracias Morrem, alertaram que os EUA já vivem um "autoritarismo competitivo": Trump instrumentaliza agências governamentais, intimida críticos, desafia a Constituição e fragiliza a sociedade civil. A experiência mostra que forças antiliberais não jogam limpo: recorrem à demagogia, à desinformação e até à violência. Como nos anos 1920-30, quando fascismo e nazismo usaram o rádio para conquistar massas, hoje as novas tecnologias digitais de comunicação foram apropriadas pela extrema-direita com mais competência técnica e retórica de fácil assimilação nas redes sociais. Eis a nova ameaça à democracia.
Algoritmos e avatares
A propósito, o cientista político ítalo-francês Giuliano da Empoli, em seu mais recente livro, Os Predadores (2024), oferece uma chave para compreender esse fenômeno, ao descrever o comportamento de líderes que se alimentam do caos, como Donald Trump, Vladimir Putin e Viktor Orbán: eles fragilizam a democracia por dentro e sobrevivem da crise permanente. Essa obra compõe uma trilogia, ao lado do romance O Mago do Kremlin (2022), que descreve o poder como teatro, encenado por figuras como Vladislav Surkov, conselheiro de Putin, que manipulam narrativas e corroem a confiança coletiva, e do ensaio político Os Engenheiros do Caos (2019), no qual desnuda como atores políticos até então invisíveis, como Steve Bannon, transformaram algoritmos, fake news e ressentimentos e m método político.
No Brasil, Bolsonaro espelhou esse fenômeno, ao encenar narrativas conspiratórias, quando ele próprio conspirava, e recorrer à engenharia digital para multiplicar fake news. Seu julgamento revelou que agiu como um "predador" institucional na Presidência, para corroer a democracia, como demonstrou o 8 de janeiro de 2023. Entretanto, a condenação de Bolsonaro não significa encerrar, aqui no Brasil, a marcha do "autoritarismo competitivo". Em que pese a segurança das urnas eletrônicas, a inteligência artificial aplicada às campanhas eleitorais e a surpreendente emergência das big techs na política externa norte-americana são vetores estratégicos da disputa política em curso.
A experiência eleitoral da Índia, em 2024, mostrou um salto qualitativo no emprego de inteligência artificial na campanha eleitoral. Candidatos criaram avatares digitais em dezenas de idiomas, geraram discursos personalizados e vídeos realistas, ocupando espaços inalcançáveis pela presença física. Na clonagem política, o líder se multiplica ao infinito e subverte as fronteiras entre realidade e simulação. No Brasil, nas eleições passadas, já houve deepfakes em disputas locais, manipulação de áudios e vídeos, difusão massiva de conteúdos falsos por IA.
Se o bolsonarismo já explorou ao limite WhatsApp e Telegram para chegar ao poder em 2018, a próxima eleição pode assistir à multiplicação de clones virtuais de candidatos capazes de dialogar com cada eleitor em tom personalizado, em todo o território nacional, para abordar problemas locais. Nem gravar os candidatos precisarão. A legislação vigente e a Justiça Eleitoral não estão preparadas para lidar com isso, ainda mais se a oposição receber ajuda da Casa Branca e dos algoritmos secretos das bigh techs, devido ao nível de interferência de Trump na política brasileira. A campanha eleitoral pode se tornar uma selva digital, na qual engenheiros, magos e predadores encontrarão na inteligência artificial um instrumento sem precedentes para dominar corações e mentes. Condenado, porém, Bolsonaro não pode ser um avatar na campanha e pedir voto para seus candidatos. A lei da inelegibilidade impede seu protagonismo, mesmo nas formas de holograma ou desenho animado.
Da Assessoria
Em sessão especial que presidiu nesta sexta-feira, 12, o vice-presidente do Senado e presidente do PL Tocantins, Eduardo Gomes, destacou a importância dos 40 anos do Programa Calha Norte (PCN). Criado em 1985, o programa nasceu com foco na defesa e na segurança nacional, mas ao longo das décadas ampliou sua atuação para projetos de infraestrutura, fortalecimento das Forças Armadas e investimentos sociais voltados a comunidades tradicionais, indígenas e ribeirinhas. Hoje, é considerado uma ferramenta estratégica para garantir a soberania do Brasil e promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal.
Durante a cerimônia, Eduardo Gomes ressaltou a relevância histórica do programa. “O Calha Norte é um marco da história do Brasil. Em 40 anos, consolidou-se como instrumento fundamental para integrar regiões sensíveis, garantir segurança e levar desenvolvimento sustentável às comunidades da Amazônia e de fronteira. É um programa que reafirma a soberania nacional”, afirmou.
O senador frisou ainda que o PCN deve seguir como política de Estado. “É essencial assegurar a continuidade e a ampliação do Calha Norte, para que mais investimentos cheguem às populações que mais precisam, sem abrir mão da defesa e do fortalecimento da nossa soberania”, reforçou.
Por: Edson Rodrigues
O Observatório Político de O Paralelo 13 apurou, junto à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Tocantins, que não existe em curso nenhum processo de impeachment contra o governador afastado Wanderlei Barbosa.
Apesar da repercussão causada por um pedido protocolado pelo vereador de Palmas, Carlos Amastha, a iniciativa não passou de uma ação isolada, sem sustentação legal ou respaldo político dentro do Parlamento estadual.
A irresponsabilidade de Amastha
O gesto do vereador, ao apresentar um pedido de impeachment, soa mais como uma encenação para ganhar espaço na mídia do que como um ato sério de fiscalização política. O documento, conforme apurado, não apresenta fundamentos jurídicos sólidos e tampouco argumentos consistentes que poderiam mobilizar os 24 deputados estaduais, legítimos representantes da população tocantinense.
Na prática, trata-se de uma peça frágil, mais próxima de um roteiro circense do que de uma proposição legislativa. O ato, além de inconsistente, expõe a irresponsabilidade de se utilizar de um instrumento tão grave da democracia apenas para autopromoção.
Transparência é fundamental
Se não deseja ser acusado de agir apenas pelo espetáculo, caberia ao vereador Amastha tornar público o conteúdo do pedido protocolado. Afinal, não estamos aqui discutindo o mérito dos fatos relacionados ao governador afastado Wanderlei Barbosa, mas sim a falta de seriedade e de fundamento no documento que tenta, sem base real, levantar a bandeira do impeachment.
Em um momento delicado para o Tocantins, o debate político precisa ser conduzido com responsabilidade, serenidade e compromisso com a legalidade — e não com ações que apenas inflamam os ânimos e desviam a atenção do que realmente importa para a população.
Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
A movimentação política no Tocantins ganhou novos contornos com o afastamento do governador Wanderlei Barbosa e a ascensão de Laurez Moreira como governador interino. No centro das articulações está a família Abreu Silvestre, cujo objetivo é claro: eleger o caçula Iratã Abreu como deputado federal e garantir a reeleição do senador Irajá Silvestre.
O TABULEIRO POLÍTICO E OS SINAIS DE PODER
Ex senadora Kátia Abreu e o governador Laurez Moreira
A ex-senadora Kátia Abreu, figura influente com trânsito livre no governo Lula e relações pessoais nos principais poderes de Brasília, inclusive nas cortes superiores, tem se mostrado peça-chave nas articulações. Sua visita ao Palácio Araguaia, com direito a fotos e publicidade ao lado de Laurez Moreira, foi interpretada por analistas como um “passa recibo” — uma demonstração explícita de influência.
O desfile de 7 de setembro reforçou essa leitura: Irajá desfilou em carro aberto ao lado de Laurez, recém-empossado, gesto considerado por muitos como simbólico e até sádico, dado o contexto do afastamento de Wanderlei Barbosa. Os analistas políticos foram unânimes em interpretar ambas as situações como um aviso do clã dos Abreu: “estamos mandando ou vamos mandar neste governo.”
WANDERLEI BARBOSA: AFASTADO, MAS NÃO FORA DO JOGO
Apesar do processo de impeachment em curso na Assembleia Legislativa, Wanderlei Barbosa não é réu nem condenado. A possibilidade de renúncia pode tornar o pedido de impeachment inócuo — como um pai que paga a pensão antes de ser preso, anulando a ordem judicial.
Wanderlei é um fortíssimo candidato ao Senado, com chances reais de vitória, aparecendo em primeiro lugar nas intenções de voto nas últimas pesquisas, e o vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes, vem logo em seguida, alicerçado pelo seu histórico de maior captador de recursos para o Estado e seus 139 municípios.
Senador Eduardo Gomes
Com a senadora Professora Dorinha Seabra cotada para disputar o governo, o cenário sucessório se torna ainda mais complexo.
É por isso que chamamos o governador em exercício, Laurez Moreira, a uma reflexão: é preciso que ele tenha o comando pleno do seu governo, que não deixe nenhum dos seus companheiros ou auxiliares querer ser maior ou melhor que o próprio governador, pois o jogo sucessório será cheio de curvas, nuances, pegadinhas e surpresas, e Laurez Moreira e o núcleo duro do seu governo, que desejam - e precisam – fazer uma boa gestão, têm que errar o menos possível, varrer os conflitos internos para dentro e fazer de tudo para o fortalecimento do seu grupo político.
Outro ponto de suma importância tem a ver com a comunicação do governo. Laurez precisa estar de bem com os principais veículos de comunicação do Estado, interagindo diariamente com os formadores de opinião pública. Sua secretária de Comunicação, Luiza Rocha Pinheiro, seu chefe de gabinete, Aílton Araújo, que tem um ótimo relacionamento com os dirigentes da área da Comunicação, e o membro do Conselho Político do Governo, ex-prefeito de Palmas, Raul Filho, devem conduzir essa interação com muita sutileza e assertividade, pois com o tempo diminuto, quanto mais “comunicar” melhor para a gestão de Laurez, para ser lembrada e conhecida pelo povo.
Basta ver como age sua principal adversária, que está usando a comunicação em seu favor.
O tempo é curto para Laurez Moreira dizer a que veio, por isso é crucial errar pouco, comunicar muito e, principalmente, nem pensar em dividir as rédeas do seu governo com terceiros.
Laurez precisa deixar claro quem é o governador!