Acre, Pará e Tocantins foram os únicos estados brasileiros nos quais não houve piora da pobreza entre novembro de 2019 e janeiro de 2021. É o que mostra estudo feito pelo economista e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), Daniel Duque.

 

Luciana Cavalcante - Colaboração para o UOL, em Belém

 

A pesquisa concluiu que, em 24 dos 26 estados e o Distrito Federal, houve aumento da população pobre em relação ao total. Os dados refletem as consequências da pandemia de coronavírus na economia.

 

Rio de Janeiro, Distrito Federal e Roraima foram os estados onde houve maior expansão da pobreza. No Rio de Janeiro, o incremento foi de 6,9 pontos percentuais, passando de 16,9% em 2019 para 23,8% em 2021, chegando a quase um quinto da população. O Rio de Janeiro foi o segundo estado com a maior alta na concentração da população mais pobre; em primeiro lugar está o Distrito Federal, no qual a população pobre foi de 12,9% para 20,8% no período.

 

Em São Paulo, a população pobre chegou a 19,7%, alta de 5,9 pontos percentuais em relação a 13,8% no final de 2019.

 

A pesquisa considerou índices de pobreza do Banco Mundial, cuja renda per capita é de até R$ 400 ao mês. Para a condição de pobreza extrema, a pesquisa tem como referência a renda per capita de R$ 160 por mês.

 

No Nordeste, o Piauí teve a maior alta (5,3 pontos): de 41,1%, para 46,4%.

 

No norte, estão os únicos três estados que não tiveram piora: Acre, Pará e Tocantins, respectivamente com 46,4%, 45,9% e 35,7% de sua população em situação de pobreza.

 

O Amapá é o Estado com a maior concentração de população pobre: 55,9% (eram 51,4% na medição anterior).

 

Para chegar a essas conclusões, o pesquisador combinou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad contínua), do primeiro trimestre de 2019 com a Pnad-Covid, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 

Os levantamentos trazem informações sobre a renda da população entre janeiro de 2019 e novembro de 2020. "A partir daí fiz uma projeção até janeiro de 2021", afirmou o pesquisador.

 

Extrema pobreza subiu em 18 estados

 

O economista também analisou o crescimento da extrema pobreza no país. Das 27 capitais, 18 estão nessa situação. Segundo o estudo, todas as capitais apresentaram crescimento tanto da pobreza, como da sua situação extrema. Mas ele destaca Roraima com uma situação peculiar, por causa da migração de venezuelanos.

 

"Pela crise migratória, com uma grande entrada da população venezuelana, sem perspectiva, sem possibilidade de se inserir no mercado de trabalho. Por isso houve um aumento muito grande da extrema pobreza nesse estado." Foi o Estado com a maior alta na população em extrema pobreza, de 11,2% a 19,9%, alta de 8,7 pontos.

 

Principais causas da piora da pobreza

 

Para Daniel Duque, essa alta pode ser explicada principalmente pelas consequências econômicas da pandemia do novo coronavírus, como a inflação e o desemprego.

 

"Os principais fatores são a grande perda de vagas, devido à pandemia. E não apenas isso, pois houve uma perda de rendimento real de diversos trabalhadores que mantiveram seus empregos. Isso é devido a uma alta inflacionária no último período, que está se acelerando agora ao longo de 2021", declara.

 

Ele destaca a distribuição menor do auxílio emergencial, o que deixou parte da população sem opção de renda. No caso de Rio de Janeiro e São Paulo, a atividade econômica ficou prejudicada com as medidas de isolamento social.

 

"Nos dois estados, mas principalmente no RJ, há grande participação de serviços e não há tanta população em programas sociais, como Bolsa Família."

 

O mesmo acontece com o Nordeste, que, apesar de ter maior participação nos programas sociais, sofreu com a perda de empregos desde o início da pandemia.

 

"O problema principal do Nordeste é que é uma região de muita informalidade, de de muitos serviços tradicionais que precisam de aglomeração, de movimento de pessoas. Essa característica econômica, de empregos que não podem ser feitos por home office, acabou tendo um impacto muito negativo sobre a renda do trabalho.".

 

Ma

Posted On Segunda, 30 Agosto 2021 05:41 Escrito por O Paralelo 13

Por Eduardo Katah e Pedro Venceslau

 

O senador Tasso Jereissati (CE) admitiu em entrevista ao Estadão que pode formar uma frente com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e com o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio para enfrentar o governador de São Paulo, João Doria, nas prévias presidenciais do PSDB marcadas para 21 de novembro. Expresidente do partido, Tasso reconheceu que o paulista é o favorito na disputa interna.

 

De volta ao Senado de forma presencial, o tucano, que já tomou as duas doses da vacina contra a covid, também avaliou o cenário econômico como "péssimo sob todos os aspectos" e disse que a elite financeira e empresarial do País "demorou muito" para reagir ao presidente Jair Bolsonaro. "Estamos vivendo a tempestade mais que perfeita. É lastimável, mas tudo isso poderia ter sido evitado", declarou.

 

João Doria disse no programa Roda Viva que o sr. havia desistido das prévias do PSDB. Depois disso, Eduardo Leite afirmou que o sr. e ele estarão juntos na eleição interna. O sr. fechou uma aliança com Leite?

 

Soube com um certo espanto e, em um primeiro momento, sem acreditar que o governador Doria afirmou que eu tinha desistido. Fiquei realmente surpreso. Nunca disse isso para ninguém ou conversei com o próprio Doria. Tenho uma afinidade muito grande com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e com o Arthur Virgílio, do Amazonas. Estamos fazendo um esforço muito grande para termos uma candidatura só nas prévias que possa competir com o Doria. Evidentemente que Doria, como governador de São Paulo, onde o partido é maior, leva vantagem. Ele polariza dentro do partido. Para haver uma competição justa no PSDB, fazer alianças é importante. A probabilidade de uma aliança com Eduardo Leite e Arthur é grande. Estamos avaliando qual será a melhor alternativa, sem nenhum tipo de projeto pessoal, qual dessas candidaturas pode agregar mais os outros partidos de centro.

 

Então no ato da inscrição das prévias é provável que seja apresentado apenas um nome?

 

É possível.

 

O sr. não está viajando e fazendo uma campanha ostensiva nas prévias. Sua candidatura é para valer ou está marcando posição?

 

Minha posição ajuda a fazer esse trabalho de agregar. Meu nome está colocado de uma maneira descontraída, sem que isso seja um projeto pessoal.

 

Por que o sr. decidiu encontrar o ex-presidente Lula?

 

Porque todos os homens de bom senso deste país que entendem um pouco de história sabem que o ódio e o radicalismo não levam a coisa alguma. Se não tivermos a capacidade de dialogar com todas as correntes de pensamento, da esquerda à direita, da região Sul ao Norte, vamos ficar parados vendo essa decadência. O diálogo é fundamental. Não é a primeira vez que encontro com o Lula. Dialogar não significa ser cooptado ou cooptar. Somos muito diferentes em relação ao PT, mas queremos ter as portas abertas para dialogar.

 

 

A ideia é abrir diálogo com o PT para o partido estar junto com o PSDB na eventualidade de um segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro?

 

Não necessariamente para o segundo turno, mas para governar. Se nós ganharmos as eleições, vamos precisar ter um diálogo com o PT. Não é bom para o Brasil viver em um clima de confronto. Pelo que conversamos, o presidente Lula está consciente disso.

 

A terceira via tenta consolidar um nome. Ela está disputando uma vaga no segundo turno contra Bolsonaro ou Lula?

 

Se você me fizesse essa pergunta há quatro ou cinco meses, eu diria que nós iríamos disputar com um dos dois. Mas, pelo cenário de hoje, estaremos disputando o segundo lugar com Bolsonaro. Mas tem muita água para rolar. O Lula está muito preservado. Todos os canhões estão virados para o Bolsonaro. Na campanha os canhões vão se voltar para o favorito. As coisas mudam. Nosso objetivo é fragmentar o menos possível a candidatura de centro.

 

Na votação na Câmara sobre o voto impresso, 14 deputados do PSDB apoiaram a proposta, o que contrariou a orientação da Executiva do partido. O que isso significa?

 

Lamento muito. Não é a cara do PSDB, que nasceu com uma inspiração democrática e social. Critico de forma veemente o voto impresso e o fundão eleitoral.

 

Que leitura o sr. faz desse recente confronto entre o governador João Doria e o deputado Aécio Neves?

 

Lamento. Já fiz essa autocrítica quando fui presidente interino do PSDB. Está na hora de sairmos desse mundo de xingamentos e ofensas. O momento é de baixar a bola e reconciliação. Chega de ódio.

 

Qual é o significado da adesão do deputado Rodrigo Maia ao projeto do Doria para 2022?

 

Respeito muito o Rodrigo Maia, mas não vejo nenhuma sinalização política relevante.

 

Como é a sua relação com Ciro Gomes? Se ele estiver mais bem posicionado em 2022, pode ser o nome do centro?

 

A minha relação com ele é a melhor possível. Não é de hoje que admiro Ciro. Ele se distanciou um pouco dos potenciais aliados. Ciro é um homem de centro, não de esquerda.

 

Como essa crise institucional afeta a economia do País?

 

Infelizmente, estamos enfrentando de uma maneira desnecessária um cenário péssimo sob todos os aspectos. Temos a inflação subindo e começando a sair do controle, 14 milhões de desempregados, uma crise fiscal, a pandemia ainda em evolução e uma crise institucional inédita desde a redemocratização. O presidente da República está alienado dos problemas. Entrou em atrito com o Supremo, que é uma instituição vigorosa, e agora com o Senado. Essa crise institucional que vem da Presidência da República é a gota d'água que está causando um pessimismo gigantesco na economia. E ainda o próprio ministro da Economia dando declarações desastrosas. Estamos vivendo a tempestade mais que perfeita. É lastimável, mas tudo isso poderia ter sido evitado.

 

Como o sr. avalia as manifestações do 7 de Setembro?

 

Vou tentar ser otimista. Criou-se uma expectativa enorme ao redor destas manifestações do dia 7 de setembro, mas as declarações do cantor Sergio Reis, que alarmaram o País e foram rejeitadas pela sociedade de uma maneira veemente, podem ter furado um balão que estava crescendo. Aquilo que o cantor falou não era uma bravata, mas a rejeição da sociedade pode ter furado o balão. Tenho a esperança de que pode ser muito menor do que o presidente alardeia.

 

Como está o debate no Senado em torno da indicação do André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal?

 

Se o presidente da República mandou a indicação do nome dele para o Senado, tem que votar. Simplesmente ficar segurando não é a melhor conduta. Se (o Senado) não gosta e não quer, então vota e rejeita.

 

Esse cenário político conturbado pode ter reflexo na votação para a aprovação dele?

Claro que pode. Sem dúvida nenhuma. Apesar de ele ter algumas simpatias, à medida que o presidente exacerba suas posições, isso pode prejudicá-lo.

 

Essa exacerbação do presidente é reflexo do enfraquecimento do capital eleitoral ou só a falta de rumo do governo?

 

Essa tática de confronto vem desde o início do governo. O primeiro confronto que ele abriu foi com a classe política. Isso gerou uma incompatibilidade com o Parlamento que paralisou o governo. Ele foi de confronto em confronto. Vira uma coisa meio paranoica.

 

A sociedade reagiu com um manifesto amplo e contundente que reuniu intelectuais, banqueiros, políticos e economistas contra as ameaças de Bolsonaro às eleições. A elite empresarial e financeira do Brasil demorou a se posicionar contra o governo?

 

Muito. Desde as eleições, essa chamada elite, com honrosas exceções, dentro de um clima anti-Lula, fez qualquer coisa que fosse contra o PT. E essa qualquer coisa foi sem nenhum tipo de qualificação ou mérito. Quem tinha um pouco de noção previu que isso ia acontecer. Até hoje há movimentos que, em nome do antipetismo, levam o País ao caos em um terreno de ameaça às eleições.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Posted On Segunda, 30 Agosto 2021 05:35 Escrito por O Paralelo 13

Preso há 16 dias no Rio de Janeiro, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, divulgou na noite deste domingo, 27, uma segunda carta escrita à mão de dentro da cela

 

Por Cássio Bruno 8 horas atrás

 

A mensagem foi postada por sua filha, a também ex-deputada Cristiane Brasil, no Twitter. No texto, Jefferson, aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), diz não aceitar ir para uma possível prisão domiciliar.

Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo a ida de Roberto Jefferson para prisão domiciliar. Segundo o documento, a PGR pede também para que o ministro Edson Fachin não seja mais o relator do habeas corpus do ex-deputado na Corte. Para a PGR, Jefferson deveria usar tornozeleira eletrônica e que a sua prisão preventiva fosse revogada. O parecer está assinado pela procuradora-geral Lindôra Araújo.

 

"É mais uma afronta à minha honra. Preso por crime de opinião, numa decisão indecorosa e arbitrária tomada por um ministro suspeito, pois litigante pessoal contra mim, que está requerendo execução antecipara da sentença condenatória de cem mil reais, por alegados danos morais, que repilo", escreveu Jefferson referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes. "Não aceito a coleira de tornozelo", completou o chefão do PTB.

 

https://twitter.com/crisbrasilreal/status/1432105853889519617

 

Jefferson está na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, mais conhecida como Bangu 8, na Zona Oeste do Rio, desde o último dia 13. O ex-deputado é investigado por suspeita de integrar uma organização criminosa voltada a atacar instituições, como o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de abalar a democracia. Nas redes sociais, que atualmente estão bloqueadas, Jefferson aparecia em vídeos manuseando armas.

 

No pedido de prisão de Jefferson, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-deputado divulgou vídeos e mensagens com o "nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao TSE e ao seu presidente, o ministro Luís Roberto Barroso".

 

Jefferson é corrupto confesso. Em 2005, ele denunciou o esquema de mensalão do PT. Em 2012, foi condenado pelo mesmo STF a sete anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ficou preso num presídio de Niterói, município da Região Metropolitana do Rio, durante um ano, dois meses e 23 dias. Nos bastidores, Jefferson não esconde a intenção de ser candidato novamente a deputado federal nas eleições de 2022.

 

Leia o trecho da carta publicada pela filha de Roberto Jefferson:

 

"Recebi, nesse momento, a Folha de ontem com o parecer da Procuradora Lindôra. É no sentido de que eu vá para casa, por razões de saúde pessoal, cumprir prisão domiciliar com tornozeleira. Agradeço, mas não aceito. É mais uma afronta à minha honra.

 

Preso por crime de opinião, numa decisão indecorosa e arbitrária tomada por um ministro suspeito, pois litigante pessoal contra mim, que está requerendo execução antecipara da sentença condenatória de cem mil reais, por alegados danos morais, que repilo.

 

Não aceito a coleira de tornozelo. Vejo o Zé Dirceu e o Lula, condenados por grave corrupção em todas as instâncias, no mérito, flanando pelo Brasil, ameaçando as Igrejas, defendendo a tomada do poder pela força e armando coletivos vermelhos, como na Venezuela, para violentar o povo cristão e patriota. Pior: ameaçando derrubar, pela força, o governo honesto do Presidente Bolsonaro. E para mim, como para outros conservadores, prisão domiciliar com tornozeleira, transformando meu lar num canil. NÃO ACEITO. É desonra. Não me fará outra humilhação e afronta a abominável e lombrosiana figura do Alexandre de Moraes. Fico onde estou.

 

Profetizo que o povo cristão patriota, antes que seja tarde demais, com seu RUGIDO DE LIBERDADE, em 7 de setembro, nos livrará desses URUBUS que pousaram, com mau agouro, nas costas do Brasil.

 

Creio em Deus, um Supremo renovado nos libertará da tirania atual.

 

Nossa Força e Vitória é Jesus,

 

Com amor,

 

Roberto Jefferson"

 

Posted On Segunda, 30 Agosto 2021 05:32 Escrito por O Paralelo 13

Afirmação foi dada durante 1° Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos de Goiás. Sem máscara, presidente causou aglomeração ao participar do evento, em Goiânia.

 

Por Millena Barbosa, G1 GO

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, na manhã deste sábado (28), durante o 1° Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos de Goiás, que tem três alterativas para o futuro: estar preso, morto, ou obter "vitória". Sem máscara, ele causou aglomeração ao cumprimentar apoiadores na porta da igreja, em Goiânia.

 

"Eu tenho três alternativas para o meu futuro: estar preso, estar morto ou a vitória. Pode ter certeza que a primeira alternativa não existe. Estou fazendo a coisa certa e não devo nada a ninguém. Sempre onde o povo esteve, eu estive", afirmou.

A declaração de Bolsonaro ocorre em meio a um momento de crise para o governo e para o presidente.

 

Do ponto de vista judicial, Bolsonaro é investigado em cinco inquéritos, que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Um deles, no STF, o chamado inquérito das fake news, investiga um esquema de disseminação sistemática e organizada de informações falsas com o objetivo de fragilizar as instituições e a democracia.

 

Outro inquérito, no TSE, investiga Bolsonaro por ataques sem provas às urnas eletrônicas e tentativa de deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro.

 

Além disso, nos últimos dias, aliados do presidente foram alvo de operações contra atos ofensivos à democracia e às instituições do Estado.

 

Bolsonaro também enfrenta desgaste nos campos político e econômico, com inflação, desemprego e pobreza em alta, e o risco de apagão no fornecimento de energia elétrica, diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas.

 

Em Goiânia, ao lado de líderes evangélicos, o presidente discursou por cerca de 20 minutos. No fim, disse: "Deus me colocou aqui, e somente Deus me tira daqui", repetindo uma frase já comum em declarações do presidente

 

Já do lado de fora da igreja, Bolsonaro tirou fotos com apoiadores e tomou caldo de cana. Depois de falar com o público, ele se encontrou com políticos e empresários de Goiás em um local onde foram colocadas tendas e montado um palco.

 

O governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM) e o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) estiveram no local. Caiado e Rogério Cruz usaram máscaras durante o evento.

 

 

Posted On Domingo, 29 Agosto 2021 05:01 Escrito por O Paralelo 13

O presidente do PSD tenta conquistar governos estaduais para a sigla, aposta na terceira via e diz ser triste um país onde poucos levam a sério o presidente, diz ele em um entrevista a revista

 

Com Revista veja

 

Um experiente parlamentar costuma brincar que, em meio a uma confusão generalizada provocada por uma catástrofe nuclear, procuraria Gilberto Kassab para saber o que fazer. Atual presidente do PSD, ele já ocupou cargos como o de prefeito de São Paulo e de ministro de Dilma Rousseff e Michel Temer. Não perdeu o prestígio de “oráculo” político mesmo depois de ter sido atingido por suspeitas de corrupção (responde no momento a um processo por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, caixa dois eleitoral e associação criminosa, denúncias negadas por ele). Respeitado pela sua habilidade nos bastidores, prepara uma mudança de patamar do seu PSD: a sigla deve ter candidatos próprios e bastante competitivos em alguns dos maiores colégios eleitorais do país, e flerta com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, hoje no DEM, para uma inédita candidatura presidencial. Segundo Kassab, há espaço para um nome de centro romper a polarização entre Lula e Bolsonaro. Nos últimos tempos, aliás, tem subido o tom das críticas ao capitão e enxerga nele sinais preocupantes de quem deseja um golpe.

 

Políticos da esquerda à direita costumam se referir ao senhor como “oráculo”. Previa lá atrás que o governo atual teria tantos problemas?

 

Estou acostumado a conviver com resultados que não corresponderam à expectativa. Hoje, mais do que nunca, estou convencido de que a vitória do Geraldo Alckmin teria sido melhor para o Brasil em 2018. A eleição de Bolsonaro não foi boa para o país. Essa é a razão de eu estar entre aqueles que procuram hoje alternativas. Vejo com muita preocupação a continuidade de um governo que tem uma série de problemas e que em nada tem ajudado.

 

O senhor se surpreendeu com o comportamento de Bolsonaro no governo?

 

Eu tinha certeza de que ele teria dificuldades para ser presidente. Convivi com Bolsonaro como deputado federal em dois mandatos e não enxerguei qualidades que o credenciassem a ser presidente. Ser candidato e ganhar as eleições não é tudo. Aprendi que o importante não é apenas ganhar as eleições. Se é para ganhar com um projeto ruim, é melhor perder, porque isso vai trazer um desgaste talvez irreversível à sua carreira, e do ponto de vista de políticas públicas a um município, um estado, um país, o resultado será também muito danoso.

 

Na mais recente crise entre o presidente e o STF, Bolsonaro pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O que achou desse gesto?

 

Bolsonaro errou. A tensão no país está sendo criada pelo presidente, e não pelo STF, que tem se manifestado adequadamente. Felizmente, o presidente do Senado rejeitou esse pedido de impeachment. É um absurdo vindo do presidente, porque ele sabe que quem está acirrando os ânimos, provocando tensão, é ele, procurando, intencionalmente ou não, gerar confusão no processo eleitoral. Isso é lastimável para alguém que foi eleito democraticamente por esse sistema de votos. Convivi com a época da apuração em cédulas de papel. Aquele sistema, sim, possibilitava fraudes.

 

Teme que o presidente tente alguma ruptura democrática caso seja derrotado em 2022?

 

Tenho uma forte percepção de que ele pensa no assunto, sim, e dá sinais de que deseja o golpe. Ele verbaliza isso. É muito preocupante. Um presidente da República, quando sinaliza um golpe, pode estar brincando ou falando sério. Se estiver brincando com isso, é um irresponsável. Se estiver falando sério, pior ainda. Diante das suas manifestações mais recentes, temos de estar preparados para tudo. Acho que o Supremo e o Tribunal Superior Eleitoral estão se preparando para que ele não tenha sucesso, caso não seja uma brincadeira. O Congresso vai se preparar e eu, pessoalmente, também.

Depois do desfile com tanques de guerra em Brasília, o bolsonarismo está se mobilizando para fazer manifestações barulhentas em 7 de setembro. O senhor teme tumultos?

 

Espero que sejam atos democráticos, que são sempre bem-vindos. Sobre aquele desfile militar, foi uma piada. Fez muito barulho nos dias que antecederam, provocou polêmica e depois virou galhofa pela maneira como foi feito. É triste, mas imagino que talvez daqui a alguns meses as pessoas vão parar de dar importância a Bolsonaro.

 

O impeachment já foi mais possível do que é hoje?

 

Tenho muitas críticas ao governo, mas sempre descartei o impeachment. Não vejo até agora nenhum motivo para isso na conduta do presidente. Ele tem dado opiniões, mas não deu passo concreto em direção a um golpe. Se em algum momento as opiniões virarem ações, o Congresso precisa ser célere e defenderei a ideia de que meu partido apoie o impeachment. O partido nunca fechou questão, mas, quando Bolsonaro ultrapassar essa linha, dentro do partido vou defender o afastamento.

 

A CPI da Pandemia pode favorecer um clima para o impeachment?

 

Tem de ter algo concreto, não se pode banalizar o impeachment. Os erros dele na pandemia foram desastrosos, promovendo aglomerações, a demora na compra das vacinas… Tudo isso causou um desgaste de imagem, mas não sei se justifica o impeachment. Justifica, sim, punições, ações do Ministério Público… Se ele avançar mais alguns passos no sentido de trabalhar por um golpe, a Câmara tem o dever de abrir o processo de impeachment.

Além de Bolsonaro, já há outros candidatos em campanha para 2022. O que deve influenciar mais o voto do eleitor no ano que vem?

 

A vontade de mudar. Hoje, apenas aproximadamente 25% dos brasileiros querem continuar com este governo. A cada semana, a cada mês, está havendo queda na sua popularidade. Há uma aspiração por uma mudança tranquila. O brasileiro não aguenta mais enfrentamento, acirramento de ânimos.

 

Por que o centro ainda não tem um candidato competitivo?

 

O eleitor vai escolher isso no momento certo, na pré-campanha vai sinalizar o seu apoio. No Brasil existe a tradição do voto útil, que acontece com muita frequência. Acredito que acontecerá de novo. Aposto em uma proposta nova, conciliadora.

 

O senhor tem defendido a candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mas nomes como Ciro Gomes não indicam que abrirão mão da disputa presidencial. Esse número de candidatos correndo na mesma faixa não pode sufocar a terceira via?

 

É da democracia os partidos terem candidatos. Respeitamos as candidaturas colocadas, não acho que estejamos caminhando para um número excessivo de candidatos. O PSD se preparou para ter seu próprio nome, que é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Ele tem mais chance de conseguir recolher o voto daqueles que rejeitam os dois extremos.

Pacheco é visto como político conciliador, mas ainda muito desconhecido. Há tempo para fazer dele um candidato competitivo até 2022?

 

As razões das pessoas para rejeitarem o atual governo é constatarem que está à frente dele uma pessoa sem experiência de gestão, que não estava preparada para ser presidente. É quase uma aventura esse governo, o brasileiro não quer mais isso. Rodrigo Pacheco é um advogado bem-sucedido, bem preparado, com trajetória parlamentar admirável. Não se pode ficar impressionado com pesquisa no momento. Se ele aceitar o convite, muito possivelmente será o candidato que melhor representará a união nacional, o candidato dessa mudança tranquila.

 

Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador João Doria procura também ocupar esse espaço. Como avalia as chances dele?

 

Ele tem muita exposição e todos sabem que ele é candidato. Mesmo assim, tem dificuldades. É difícil o governador chegar aos 25% para ir para o segundo turno. As pesquisas também mostram que sua avaliação não é boa.

 

O senhor descarta apoio do PSD a outro candidato de centro, caso Pacheco não se filie, ou até mesmo uma aliança com Lula?

 

O PSD só tem seus planos A, B e C, que são: Rodrigo Pacheco candidato a presidente.

Em que medida a volta de Lula à disputa eleitoral e os movimentos dele ao centro podem reduzir o campo da terceira via?

 

A candidatura do Lula atinge mais a do Ciro Gomes, que tem muitas qualidades, mas o Lula dificulta a ida do Ciro para a esquerda, onde o ex-presidente tem mais força.

 

Acredita ainda numa candidatura do ex-juiz Sergio Moro?

 

Ele pode ser um bom candidato ou um bom apoiador. Moro tem um legado, sinaliza aos brasileiros um dos principais agentes públicos no combate à corrupção, com bastante êxito, e também com erros. O problema dele foi aceitar ser ministro de um governo em que muitas pessoas não acreditavam. Isso trouxe complicações à sua carreira, mas ele tem legitimidade para aspirar ao cargo.

 

Na disputa aos governos estaduais em 2022, seu partido quer lançar candidaturas próprias em estados importantes. Em São Paulo, vai mesmo tirar Geraldo Alckmin do PSDB para enfrentar os tucanos como cabeça de chapa do PSD do estado?

 

Acho que Alckmin tem vários motivos para se filiar ao PSD, um partido que está arrumado e tem várias lideranças. Ele foi quatro vezes governador, sempre muito bem avaliado. É uma candidatura segura. Só depende dele agora.

O senhor costuma negar que o PSD seja parte do chamado Centrão. O que os diferencia?

 

O PSD é de centro e não temos nenhum problema de convivência com o Centrão. Como qualquer sigla de centro, o PSD tem preocupação extremada com a saúde pública, com o ensino público, a ciência e as políticas sociais. E isso não é incompatível com algumas políticas públicas que pregam os liberais no campo da economia, como fortalecimento da iniciativa privada. A opinião pública não sabe o que pensam os partidos do Centrão.

 

O senhor disputou pela última vez uma eleição em 2014, ao Senado, e não foi eleito. Não tem mais aspiração a cargos majoritários?

 

Estava me preparando para ser candidato a senador, entendo que há circunstâncias favoráveis pela minha relação com prefeitos, com a sociedade, as realizações em São Paulo, o conhecimento e a experiência. Mas as circunstâncias de fortalecimento do PSD, um projeto que eu assumi o compromisso de coordenar, me levaram a deixar de lado a ideia. Penso no futuro em voltar a disputar eleições, mas não em 2022.

 

Veja

 

 

Posted On Domingo, 29 Agosto 2021 04:50 Escrito por O Paralelo 13