Medida pode ser adotada quando há "risco de dano grave" à imagem da legenda; ministro é alvo de críticas por atuação diante da crise do desmatamento
Por Paula Reverbel, O Estado de S.Paulo
A Comissão de Ética do partido Novo decidiu suspender a filiação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A decisão foi divulgada pelo partido nesta quinta-feira, 31.
Em nota, o partido cita dispositivo de seu estatuto que prevê suspensão em caráter liminar (temporário), quando há "risco de dano grave e de difícil reparação à imagem e reputação do Novo". A decisão foi tomada dentro do processo que analisa a expulsão de Salles, solicitada pelo deputado estadual Chicão Bulhões, do Rio.
Atualmente, o ministro não participa de atividades partidárias e não tem cargo na legenda. Ele têm sido alvo de críticas por suas declarações controversas e pela sua atuação diante da crise do desmatamento e das ações de monitoramento e retirada do óleo encontrado nas praias do Nordeste.
Salles não foi uma indicação do partido para assumir o Ministério. Depois que já estava à frente da pasta, o diretório nacional da legenda emitiu resolução determinando a suspensão de filiados que ocupem cargos públicos sem que tenham sido apontados pela legenda. A regra, porém, não tem efeito retroativo e, portanto, não se aplicou ao titular do Meio Ambiente.
Em agosto, em meio à crise das queimadas na Amazônia, alguns membros do Novo protocolaram um pedido para que Salles tivesse a filiação suspensa.
Perguntados pelo Estado no último sábado, lideranças do partido afirmaram que Salles permaneceria na legenda se assim desejasse, argumentando que ele cumpre com as obrigações dos filiados.
"O que a gente pode exigir dos filiados é que eles sejam ficha limpa e que paguem a contribuição, que são R$ 30 por mês. Mas a nossa ingerência sobre a atuação dos filiados é limitada, temos 48 mil membros”, disse ao Estado o presidente do Novo, João Amoedo, na ocasião do 5.º encontro nacional da legenda.
No mesmo evento, deputado federal gaúcho Marcel van Hattem, líder da bancada do partido na Câmara, afirmou que a pauta ambiental de Salles "tem muito a ver com os valores do Novo".
Procurado pelo Estado, Salles afirmou que não irá se manifestar sobre a suspensão e que aguarda o desfecho do processo interno.
Íntegra da nota do partido:
O Novo informa que a Comissão Nacional de Ética Partidária, no exercício de suas atribuições, conforme determina o Estatuto do Novo nos artigos 19 e 72, inciso V, suspendeu, em caráter liminar, a filiação do Sr. Ricardo de Aquino Salles, confirme previsto no § 2º, alínea "b" do art. 21 do Estatuto, até o julgamento final da denúncia apresentada perante a Comissão.
Por Edson Rodrigues
A situação dos mais de mil pais e mães de famílias que formam um grupo de funcionários nomeados pelos 24 deputados estaduais do Tocantins está, segundo decisão judicial transitado em julgado (da qual não se pode mais recorrer) foi um cochilo jurídico, segundo consulta feita pelo paralelo 13 a vários profissionais do Direito. Para eles, esta ação tinha um grande elástico jurídico que poderia ser postergado, ganhando meses ou até mesmo anos sem ter que ser transitado em julgado. Mas ninguém recorreu.
Correu a revelia e não há mais recursos no processo. A ação está conclusa, a decisão transitada em julgado e o que resta é cumprir a lei.
Porém, como diz o ditado popular; só não há jeito para morte.
O poder legislativo tocantinense até pode, através da mesa diretora sob a presidência do deputado Antônio Poincaré de Andrade (dep. Toinho Andrade), propor um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual, na pessoa do Dr. José Omar - como representante do ministério público, autor da ação e o Tribunal de Justiça, na pessoa do senhor presidente, o desembargador Helvécio de Brito Maia Neto e juntos formalizarem um TAC, cujo fundamento seria o impacto social que tal decisão causará na vida familiar de mais de mil chefes de família.
Afinal, com a confiança que cada nomeado depositou em seus ‘padrinhos’, e a esta altura do ano, salários estão comprometidos em faculdades, colégios, sustento familiar, consignados, prestações diversas, dentre outros compromissos financeiros. Muitos desses funcionários pagam aluguéis e outros tantos vieram do interior do estado e nem parentes têm na cidade, para recorrer a eles.
Também não podemos esquecer que dentre esses funcionários há muitos técnicos em vários departamentos dentro da Assembleia Legislativa, prestando relevantes serviços àquela casa de leis e que no momento que o poder legislativo discute a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) e o orçamento para 2020, ficará impossível o poder legislativo suprir os funcionários hora ameaçados de demissão.
Por isso, socialmente e tecnicamente justifica-se um Termo de Ajustamento de Conduta entre os três poderes, compostos por homens e mulheres que sabem o tamanho da importância deste TAC, para juntos encontrarem uma forma de não prejudicar o funcionamento em sua plenitude do poder legislativo.
O respeito ao poder judiciário e o importante papel do nosso competente ministério publico é fundamental nesse momento e o que não pode faltar é sabedoria e equilíbrio para agir. Firmar um pacto para o cumprimento da decisão judicial sem ferir as leis pode ser pactuada através de um TAC.
Dessa forma os mais de mil funcionários poderão ter um natal e uma festa de ano novo em família, com a presença de nosso senhor Jesus Cristo. Para isso, só depende dos senhores membros do poder judiciário, do ministério publico e do poder legislativo tocantinense.
Que Jesus fale em suas mentes a palavra da paz, da harmonia e da família e que vossas mãos possibilitem uma saída humana e honrosa a todos que estão prestes a perder a única fonte de renda que hora possui.
Por Edson Rodrigues
O prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia, começa a dar os primeiros e decisivos passos para consolidar o seu grupo político, com a definição de aliados e da sua filiação à uma agremiação partidária que lhe garanta seu registro como candidato à reeleição. Nossas fontes garantem que seu candidato a vice-prefeito virá do partido dos Vicentinhos, o ex-senador Vicente Alves e o deputado federal Vicentinho Jr., presidentes estadual do PL, antigo PR.
Joaquim Maia deverá, também, ter em sua equipe de auxiliares do primeiro escalão, uma pessoa indicada pelo casal de ex-prefeitos, Fábio e Tereza Martins, que estão, politicamente, fechados com Maia.
Nossa fonte dá como certa a filiação de Joaquim Maia em uma sigla de grande porte, com raízes políticas em Porto Nacional e, a partir de primeiro de janeiro, ou até antes, começará a implantar um governo de coalizão, inserindo em sua equipe de auxiliares, em todos os escalões, membros das agremiações que farão parte da sua coligação majoritária em 2020.
EXONERAÇÕES
O primeiro passo para que isso aconteça foi dado nesta quarta-feira, quando os auxiliares do primeiro escalão do governo de Joaquim Maia entregaram seus cargos e foram exonerados, em um acordo de cavalheiros entre os secretários e o prefeito.
Deixaram o governo a secretária de Ação Social, Verônica Fontoura, Jefferson Lopes, secretário de Produção, Indústria e Comércio, e vereador Geílson, secretário de Governo. Outros cargos estarão sendo entregues no decorrer da semana e uma nova equipe assumirá os trabalhos na gestão de Joaquim Maia, que tem conversas marcadas com os senadores Kátia e Irajá Abreu e com a deputada federal, Dorinha Seabra, antes do fim de semana, em Palmas.
Verônica Fontoura
Sem dúvida nenhuma, uma chacoalhada e tanto, visando a sucessão municipal.
PALMAS
Enquanto isso, em Palmas, quem vem surpreendendo é o ex-prefeito Carlos Amastha. Conversas de bastidores revelam que Amastha e líderes de diversos partidos estão se unindo com a intenção de formar uma frente partidária para ter um candidato competitivo.
Essa movimentação de Amastha envolve dois ou três nomes da política portuense que podem encabeças a chapa majoritária dessa coligação, que são o ex-deputado Paulo Sardinha Mourão, o deputado federal Vicentinho Jr. E o deputado estadual Ricardo Ayres.
Segundo nossas fontes, Carlos Amastha pode surpreender e vir candidato a vereador, assim como o policial aposentado Nelcivan, que pode se candidatar a uma vaga na Câmara Municipal pelo PL de Vicentinho Jr.
Sem dúvida nenhuma, caso essas informações tomem corpo, estará se formando em Palmas um grupo político com lideranças capazes de fazer frente a muitos partidos e pré-candidaturas consolidados, abocanhando nacos consideráveis do horário eleitoral gratuito de Rádio e TV e do fundo partidário, deixando muita gente de queixo caído.
Essa “fusão” de políticos de Porto Nacional e Palmas pode vir a ser a grande surpresa eleitoral em 2020.
Com a palavra, o eleitor!
Por Edson Rodrigues
Na última segunda-feira, 28 de outubro, dia de ponto facultativo em homenagem ao funcionalismo público, um deles estava trabalhando e nos recebeu em seu gabinete: o senador Eduardo Gomes, o mais bem votado do Tocantins nas últimas eleições.
Nada de surpreendente ver esse servidor público, na essência da palavra, servindo ao seu povo enquanto a maioria, com justiça, tirava o dia de descanso. Aliás, sua equipe, como seu chefe de gabinete, o agradável Bosco, também estavam trabalhando.
O que nos surpreendeu foi a decoração do gabinete do senador, líder do governo Jair Bolsonaro, relator setorial do Ministério do desenvolvimento Regional, muito simples, marcada pela presença de três fotos, todas do mesmo tamanho: a primeira, de Eduardo Gomes e dos seus dois suplentes, José Wilson Siqueira Campos e Ogari Pacheco, a segunda com foto e nome dos Congressistas e foto e nome dos 24 deputados estaduais do Tocantins, e a terceira, com os 139 prefeitos tocantinenses, o governador Mauro Carlesse e seu vice, Wanderlei Barbosa.
Ao me ver admirando as fotos, Eduardo explicou: “aqui, no meu gabinete, somos todos irmãos, unidos,trabalhando pelo Tocantins”.
DOIS DEDOS DE PROSA
Entre telefonemas de ministros, senadores, prefeitos e lideranças do Congresso e outras autoridades, Eduardo Gomes nos concedeu, como dizia nosso saudoso irmão e amigo Salomão Wenceslau, “dois dedos de prosa”, quando fez uma análise do quadro político no Brasil e nos explicou sua missão como líder do governo Bolsonaro.
Eduardo Gomes se mostrou muito otimista com o futuro do Brasil sob o comando de Bolsonaro e muito entusiasmado com o futuro do Tocantins que, segundo ele, “conseguiu reunir um grupo de congressistas e deputados estaduais que colocam os interesses do Estado acima dos interesses pessoais e que os frutos serão colhidos mais à frente”.
“O Tocantins passa por um momento de muita sorte. É o único Estado a ter três relatores e três comissões das mais importantes do Congresso – Vicentinho Jr., relator da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, Kátia Abreu, relatora da Comissão de Turismo do Senado e ele próprio, relator Setorial do Orçamento do Ministério do Desenvolvimento regional – e os demais congressistas membros de comissões relevantes e vice-líderes em suas bancadas. Juntos somos uma grande força política, que pode ser – e será – um dos grandes facilitadores para a liberação de recursos para o governo e para todos os 139 municípios”.
PALMAS
O senador também traçou um panorama sobre a sucessão municipal no Tocantins e em Palmas, e sobre o seu partido, o MDB, traçando um ano de 2020 de muitas conquistas para o Tocantins, ressaltando sua convivência de parceria com o governador Mauro Carlesse, e profetizou que o Tocantins será um grande canteiro de obras, “o maior da Região Norte do Brasil”, fruto do trabalho de Carlesse e da união de forças da bancada do Congresso Nacional e dos deputados estaduais. “O Tocantins terá um crescimento acima da média nacional”, profetizou.
“LIBERDADE”
Ainda em Brasília, acompanhado do ex-presidente da Conorte e empresário, nosso amigo José Carlos Leitão, fizemos uma visita ao grande jurista eleitoral Dr. João Leite, fundador do PROS, partido do qual se afastou por discordar dos métodos utilizados por seu atual presidente.
Dr. João Leite nos contou que está, praticamente, com um novo partido”na forma” do TSE, com mais de 400 mil nomes já cadastrados em nove estados brasileiros, dentre eles o Tocantins. O nome provisório do partido é “Liberdade”, mas deverá se chamar “Aliança” na hora do registro final, marcado para o fim de fevereiro, início de março de 2020.
“Estamos sendo consultados por políticos detentores de mandato tanto no Congresso Nacional como nas Assembleias Legislativas de vários estados, assim como vereadores de municípios do interior e capitais, que se encontram descontentes com suas agremiações ou com o posicionamento dos dirigentes desses partidos. A Lei Eleitoral faculta ao detentor de mandato filiar-se a outro partido sem correr o risco da perda do mandato. Temos o governador de Brasília em conversações conosco, co boas possibilidades de vir para o nosso lado”.
Segundo Dr. João Leite, o nome do partido, Aliança, representará a aliança de forças, de lideranças, de oportunidades, de boas ideias e novos ideais. Ele também adiantou que, mesmo com agenda corrida, deve estar no Tocantins ainda este ano, a convite do seu amigo e parceiro José Carlos Leitão, um dos fundadores da nova agremiação partidária.
“O Leitão é ex-presidente da Conorte, que foi crucial para a criação do Tocantins, empresário da área de comunicação, aqui em Brasília, onde já foi presidente da Associação das Empresas de Publicidade, é um dos membros da cúpula do nosso novo partido, que já nascerá forte no Tocantins, com nomes limpos e de relevância para a história do Estado, alguns com mandatos nos executivos municipais em cidades importantes, que estão em conversação direta conosco. Por isso, não posso deixar de prestigiá-lo e estamos fazendo tudo com muito sigilo, correção e ética, para começarmos com o pé direito”, finalizou Dr. João Leite.
Há exatamente um ano o advogado Gustavo Bebianno devolvia a presidência do PSL ao deputado Luciano Bivar, após ter comandado o partido durante a vitoriosa campanha de Jair Bolsonaro, a pedido do próprio presidente. De lá para cá, porém, muita coisa mudou.
Por Edson Sardinha
Demitido pouco mais de um mês após assumir a Secretaria-Geral da Presidência, Bebianno avalia que Bolsonaro deixou o poder subir à cabeça, abandonou suas promessas de campanha para proteger e favorecer os filhos, cercou-se de “loucos” e faz uma gestão marcada pelo autoritarismo, pelo “desarranjo mental”, pela irresponsabilidade e pelo “desgoverno”.
Nesta entrevista ao Congresso em Foco (veja a íntegra abaixo), Bebianno anuncia que vai se filiar ao PSDB a convite do governador de São Paulo, João Doria, e indica que vai trabalhar por sua candidatura presidencial em 2022. Quanto ao governo que ajudou a eleger no ano passado, suas apostas são as mais pessimistas possíveis.
Bebianno acredita que o desfecho da passagem de Bolsonaro pelo Palácio do Planalto será mais uma página triste da história política brasileira: ou ele renunciará, ou sofrerá impeachment ou, na hipótese mais grave, tentará uma ruptura institucional, um golpe de Estado.
“Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real”, afirmou. Segundo ele, o presidente dificilmente teria o apoio das Forças Armadas para levar o plano adiante por não gozar da confiança dos militares.
O ex-ministro também dispara contra integrantes do chamado núcleo duro do governo e sugere ao presidente que afaste do poder seus filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro, a quem acusa de “destruir” o governo com suas “palhaçadas” e sua “beligerância”.
“A primeira coisa é afastar os filhos. Em segundo lugar, mudar o núcleo duro todo. Tem de afastar esse Filipe Martins [assessor especial da Presidência], trocar o ministro das Relações Exteriores [Ernesto Araújo], cortar relações com o Olavo de Carvalho, tem de ouvir pessoas normais. E não loucos. Ou ele muda radicalmente seu comportamento, afasta os filhos e passa a ouvir pessoas racionais e adultas, ou ele não vai terminar bem. Ou vai renunciar, dar uma de Jânio Quadros, ou vai sofrer impeachment ou ele próprio vai tentar ruptura institucional”, considera.
Na avaliação de Bebianno, a divulgação do vídeo em que Bolsonaro é tratado como um leão cercado por hienas como o Supremo Tribunal Federal, partidos de oposição, imprensa e outras organizações, é mais um indicativo de que os filhos e o núcleo duro do presidente desejam uma ruptura institucional. Bolsonaro pediu desculpas nesta terça-feira e classificou o episódio como um "erro".
“Sim, é um indicativo, assim como a fala do Olavo e do Filipe Martins sugerindo um novo AI-5, o extermínio de partidos de oposição. Isso tudo claramente. O Eduardo disse que bastava um cabo e um soldado, não precisava nem de jipe, para fechar o Supremo. Outro dia o Carlos disse que as coisas são muito lentas na democracia. Não são sinais que precisam ser traduzidos. As falas deles são explícitas. Só estou observando o que eles próprios estão dizendo”, diz. Filipe Martins é um dos assessores da Presidência convocados pela CPI das Fake News.
Para ele, a situação do governo só não é pior graças aos “presidentes” – palavras dele – Sergio Moro e Paulo Guedes. Bebianno também vê aí potenciais novos riscos de conflito com Bolsonaro. “Moro é visto com desconfiança, o presidente teme que Moro será candidato. Eu acho que, no fim da linha, Paulo Guedes também será candidato.”
Bebianno foi demitido por Bolsonaro em fevereiro após ser bombardeado internamente e nas redes sociais por Carlos, seu desafeto desde a campanha eleitoral.
Veja a íntegra da entrevista de Gustavo Bebianno ao Congresso em Foco:
Congresso em Foco - O senhor recebeu convite do governador João Doria para se filiar ao PSDB?
Recebi o convite sim. Acho que o Brasil precisa hoje de eficiência de gestão e de seriedade no trabalho. Infelizmente a gente não observa isso no atual governo. Hoje existem dois ou três governos. Destacaria o governo do presidente Paulo Guedes, que é uma cabeça que pensa num novo Brasil. Há o governo do presidente Sergio Moro, que também pensa num Brasil diferente do que é hoje. Já o governo do presidente Jair Bolsonaro é uma decepção para todos os brasileiros que pensam, raciocinam e que querem não uma dinastia, um sistema ditatorial, personalíssimo, baseado numa entidade suprema, num mito.
Do que o Brasil precisa?
O Brasil precisa de um gestor. De um presidente que saiba exercer as suas funções em benefício do país. Infelizmente as promessas de campanha foram todas deixadas de lado, seja para proteger e favorecer os próprios filhos, seja porque infelizmente ele só olha para as eleições de 2022. É com muita perplexidade que eu e a maioria dos brasileiros assistimos a esse show de palhaçadas promovido principalmente por Carlos Bolsonaro. De uma maneira inconcebível, ele tem acesso exclusivo às redes sociais do presidente. Faz publicações cotidianas de forma infantilóide e irresponsável. Está destruindo o governo do pai. Afinal, num sistema democrático ninguém gere sozinho um país. É preciso que haja conjugação de esforços e o mínimo de boas relações com o Congresso, o poder Judiciário, a imprensa, a classe empresarial, os seus adversários políticos.
Quais os desdobramentos que o senhor antevê para esses problemas?
Infelizmente, o que vejo hoje me preocupa. Não vejo como o governo dele possa chegar ao final de uma maneira normal, pacífica, porque ele e os filhos alimentam essa beligerância. Veja agora o episódio com o PSL e o vídeo do leão e das hienas. É um negócio tão beligerante e personalista, mesquinho, egoísta e tão burro, sem estratégia, sem nada. Se não fossem os presidentes Paulo Guedes e Sergio Moro – pode botar ipsis litteris –, o Brasil já estaria mais no fundo do poço que já está. Vejo a gestão Jair Bolsonaro como irresponsável e desgovernada. Por conta disso, tudo, essa grande decepção, enxergo hoje que o Brasil não precisa de ideologias extremas para ser governado, mas de eficiência de gestão e seriedade. Precisa de uma pessoa que acorde cedo, durma tarde, tenha agenda de trabalho diferente da de Bolsonaro. Se pegar a agenda presidencial, você vai ver que não tem trabalho nenhum em benefício do Brasil, zero. Por conta desse quadro muito preocupante, não vejo como ele possa chegar ao fim de maneira pacífica.
Como assim?
Ou ele vai buscar a ruptura institucional, ou vai renunciar ou vai acabar recebendo processo de impeachment, porque é impossível se manter mais três anos nesse ritmo. Ele entrou numa maratona de 40 e tantos km e está correndo como se fossem 100 m rasos. Ninguém aguenta isso. Nenhum lutador aguenta lutar 100 rounds. Lutador consegue lutar, três, dez. É impossível. Ou ele muda radicalmente sua postura...
O que ele deveria fazer?
A primeira coisa é afastar os filhos. Em seguindo lugar, mudar o núcleo duro todo. Tem de afastar esse Filipe Martins [assessor especial da Presidência], trocar o ministro das Relações Exteriores [Ernesto Araújo], cortar relações com o Olavo de Carvalho, tem de ouvir pessoas normais. E não loucos. Ou ele muda radicalmente seu comportamento, afasta os filhos e passa a ouvir pessoas racionais e adultas, ou ele não vai terminar bem. Ou vai renunciar, dar uma de Jânio Quadros, ou vai sofrer impeachment ou ele próprio vai tentar ruptura institucional.
O senhor acredita que possa haver uma ruptura institucional, um golpe?
É o que o núcleo duro dele fala, é o que ele fala. Não é que eu acredite ou não. As pessoas vinculadas diretamente a ele falam isso. Ele não diz o contrário. Esse Filipe Martins fala em ruptura institucional. O Olavo fala em ruptura. O Eduardo e o Carlos falam em ruptura institucional. O presidente em algum momento desdisse? Deu alguma manifestação contrária a isso? Não, ele silencia. O Brasil está caminhando para um lugar muito pantanoso, escuro e perigoso. Do jeito que esse núcleo duro do presidente se manifesta, vão fazer uma guerra civil? Olavo diz que tem de eliminar toda a oposição. O que significa eliminar a oposição? Diz que tem de fechar os partidos de esquerda. Como seria no mundo prático a operação disso? Eu aceitei o convite do João Doria porque enxergo nele hoje uma pessoa que é extremamente trabalhadora, que trabalha das 6h às 2h, todo santo dia, não tem fim de semana, feriado.
Enxergo nele um bom gestor e um gestor que tem uma fórmula que é praticamente novidade na gestão pública brasileira, que são as parcerias com a iniciativa privada. O Estado brasileiro quebrou depois de mais de uma década de PT. Não tem condições de fazer investimento. O João Doria tem capacidade muito grande de unir pontas. Enxergo nele uma luz no fim do túnel para o futuro do Brasil de maneira democrática. Acho que tem perfil de estadista e gestor de forma democrática. O Brasil não pode abrir mão da sua democracia. Não quero uma ditadura bolsonarista para ser governado por Eduardo e Carlos Bolsonaro, deus me livre. Por isso aceitei esse convite [de filiação ao PSDB].
Quando o senhor se filiará? O senhor mora no Rio. Vai para o PSDB de São Paulo?
Será em breve. Será no PSDB de São Paulo. Pretendo ficar boa parte do tempo em São Paulo ajudando no que eu puder.
O senhor será o coordenador do projeto presidencial de João Doria?
É um projeto pró-Doria, pensando no Brasil.
O senhor pretende se candidatar a algum cargo em São Paulo?
Por ora não tenho essa preocupação. Minha preocupação, assim desde o Jair, é pensar o Brasil. O que eu não podia imaginar é que com ele seria esse desarranjo mental o tempo inteiro. Não podia imaginar que o Brasil seria gerido de maneira tão irresponsável.
O senhor reconhece como um erro ou se arrepende do apoio dado a Bolsonaro?
Naquela época os filhos dele pouco participavam. Eram contatos esporádicos. Depois que ele chegou ao poder, os filhos Eduardo e Carlos grudaram de modo que não sobra espaço para nenhuma cabeça mais preparada, racional, ninguém mais, influenciar o presidente. O Brasil hoje é governado de fato por Carlos e Eduardo Bolsonaro. Quem votou em Jair esperava outra coisa. O poder acabou subindo à cabeça dele, que começou a mostrar um perfil muito autoritário. Eu esperava uma coisa completamente diferente, esperava que depois da vitória ele tivesse uma postura mais nobre, mais conciliadora e apaziguadora. Metade do Brasil tem uma cabeça diferente da dele. Faz o que com essas pessoas? Elimina? Mata? Joga dentro do mar? Não é assim, não é com agressão, briga e hostilidade que o Brasil vai ser unido. O Brasil é de todos, tem lugar para todo mundo. Precisamos de um movimento de conciliação. Vejo no João Doria essa disposição. Como os próximos três anos vão passar voando, a gente tem de pensar numa solução para o Brasil que não seja o PT e muito menos o Jair Bolsonaro. É preciso que a população brasileira enxergue que, entre esses extremos que fazem mal para o país, há uma avenida gigantesca a ser percorrida. Acho que o Doria faz esse caminho.
Quanto a uma eventual tentativa de ruptura democrática, o senhor acredita que haveria apoio nas Forças Armadas?
É difícil dizer. Houve ali uma quebra de confiança no início da gestão. O que é até bom. Por conta desses mesmos filhos, o general Mourão foi muito agredido, o general Santos Cruz e o general Eduardo Villas-Boas também. As Forças Armadas também olham com muita desconfiança para ele. Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real. É difícil precisar o momento, mas que essa hipótese é cogitada na cabeça dos filhos, dele, do entorno, isso é.
O senhor vê no vídeo em que o STF e outras instituições são tratados como hienas que atacam um leão, o presidente, um indício disso?
Sim, é um indicativo, assim como a fala do Olavo e do Filipe Martins sugerindo um novo AI-5, o extermínio de partidos de oposição. Isso tudo claramente. O Eduardo disse que bastava um cabo e um soldado, não precisava nem de jipe, para fechar o Supremo. Outro dia o Carlos disse que as coisas são muito lentas na democracia. Não são sinais que precisam ser traduzidos. As falas deles são explícitas. Só estou observando o que eles próprios estão dizendo.
O senhor presidiu o PSL durante a campanha eleitoral. Quem tem razão nessa briga entre Bolsonaro e Bivar?
Isso é uma loucura. Quem definiu bem a situação foi o Major Olimpio. [Bolsonaro querer deixar o PSL] É como uma pessoa morar sozinha e fugir de casa. Quem mandava no partido era ele, Bolsonaro. Como o poder subiu à cabeça e ele é muito mal assessorado, há advogados em redor dele que não têm habilidade política, ele briga com todo mundo. Se não tiver com quem brigar, ele briga com ele mesmo no espelho. É muito complicado.
O senhor acredita na possibilidade de ele tentar criar novo partido?
Não sei o que ele vai fazer. Vai levar cinco anos para criar um novo partido? Vai migrar para o Patriotas? A situação do Patriotas é muito pior que a do PSL.
O presidente do Patriotas não quis ceder a ele todo o controle partidário...
Lógico que não. Ele vive daquele dinheiro. Como vai ceder? Bivar foi correto, deu tudo que foi combinado e foi até além. É uma briga totalmente desnecessária.
O que Bivar prometeu?
Para fazer tudo em todos os aspectos. Não tem motivo para essa briga. O motivo da briga foi a ganância do Eduardo Bolsonaro e de assessores dele em tomar o partido do sujeito, de olho no poder político e no fundo partidário e eleitoral. Ele não vai entregar o partido assim.
O senhor vê chance de o presidente se recuperar?
Se continuar nesse ritmo, nenhuma. Salvo se o presidente Paulo Guedes e o presidente Sergio Moro fizerem uma gestão excepcional. Mas o presidente Jair Bolsonaro atrapalha tanto os outros dois.
Moro e Guedes estão indo bem, na sua avaliação?
Paulo Guedes está tentando, existem dificuldades a serem superadas. Mas olhando a distância me parece que está indo bem. O ministro Moro é visto com desconfiança, o presidente teme que Moro será candidato. Eu acho que, no fim da linha, Paulo Guedes também será candidato.