Por Romilton Messias
O deputado Wanderlei Barbosa (PHS), nesta segunda-feira, 9, renunciou ao Parlamento Estadual, e tomou posse para o mandato-tampão, como vice-governador até 31 de dezembro deste ano, juntamente com o governador eleito, Mauro Carlesse (PHS), na Assembleia Legislativa. A decisão de permanecer na vice-governadoria, foi concretizada após ser tratada com o próprio governador Mauro Carlesse e aliados, e também enfatizada em seu discurso de posse, onde citou o novo efetivado na vaga, “Deputado Stalin Bucar, vossa excelência assume hoje uma cadeira por mim deixada, sem nenhuma tristeza. Vou para a missão a mim conferida, junto com o governador, por mais de 368 mil tocantinense, em que nós acreditaram”, pronunciou.
Segundo o vice-governador, a retração econômica que vem se estendendo a vários anos no Brasil, pode ser combatida na atual gestão do Estado, com uma relação institucional “forte” entre o parlamento legislativo e Governo, “Deputada Luana que tenhamos uma missão e uma relação institucional forte, o Tocantins precisa disso. Como precisa dos órgãos de controle, para que possamos tirar o Estado de uma crise que vem assolando o Brasil”, assegurou o portuense, filho do primeiro prefeito de Palmas, Fenelon Barbosa. PROJETO POLÍTICO
Wanderlei disse que a atual equipe de governo tem como missão estudar tratativas para que o Estado não perca a eficiência nas entregas de benefícios à população tocantinense, “governador Carlesse, o povo compreendeu a sua maneira nova de governar, entendeu também que nós temos uma responsabilidade grande. Veja bem presidente do Tribunal de Contas, nós que estamos nesse momento assumindo o Estado com dívidas, com fatores negativos para o seu crescimento, temos que resgatar sem olhar para atrás, é isso que temos de fazer. O meu juramento aqui, vai ser levado à risca, no cumprimento das leis, mas principalmente, em fazer com que os tocantinenses voltem a confiar no aparelho público, que eles coloram em nossas mãos”, destacou.
Ainda sobre as demandas das políticas públicas, completou seu discurso afirmando em “Manter a humildade, não deixar de olhar e ouvir o que fala uma senhora simples da sociedade, ou um senhor de mãos calejadas, é dessa maneira que iremos trabalhar, humildes, comprometidos com o desenvolvimento, e em melhorar a prestação de serviço público nesse Estado. Com a missão de tirar aqueles que estão nos corredores dos hospitais, de recuperar as nossas rodovias, de melhorar a educação desse Estado, de compreender a importância do homem e da mulher tocantinense”, “O pequeno e grande produtor, nossos comerciantes e empresários, todos precisam de política públicas voltadas para o crescimento e para o engrandecimento desse Estado”, concluiu.
A presidente da Assembleia, Luana Ribeiro (PSDB), deu posse na tarde desta segunda-feira, 9, aos deputados Stalin Bucar (PR) e Solange Duailibe (PT), que ocuparam as vagas deixadas pelos ex-deputados Mauro Carlesse (PHS) e Wanderlei Barbosa (PHS), eleitos governador e vice, respectivamente, nas eleições suplementares.
Com Assessoria
Após solenidade, realizada na sala da Presidência, Stalin disse que, mesmo tendo apoiado outro candidato nas eleições suplementares, fará todo o possível para ajudar a gestão de Carlesse. “Trabalhei muito contra ele, mas entendi que a vontade popular é que tem que ser respeitada. Portanto, cabe a nós parlamentares fazer o possível para que ele resolva os problemas do Estado”.
Já a deputada Solange Duailibe – que já foi titular do cargo por três mandatos – garantiu que volta à Casa com a mesma vontade de trabalhar pelo desenvolvimento do Estado. “E vou exercer [o mandato] com ética e muito trabalho e respeito ao povo do Tocantins”.
Sobre a eleição de Carlesse, a parlamentar disse que a política tocantinense vive um novo momento. “Eu também não o apoiei no primeiro turno, mas precisamos respeitar a vontade popular. Em seu discurso eu pude entender porque ele tem uma votação tão expressiva: ele fala a linguagem do povo”, disse Solange, referindo-se à simplicidade contida no discurso de posse do governador, na manhã desta segunda-feira, no plenário da Casa.
Presidente da Casa até o final da legislatura – 31 de janeiro de 2019 –, Luana Ribeiro disse que fará o possível para merecer o posto que ocupa, a partir de agora. “Ainda mais sendo a única mulher a presidir uma Assembleia Legislativa no País, e a primeira a assumir a Assembleia do Tocantins. Este é um momento difícil, devido à frustração de receita do Estado, e teremos que fazer adequações. Mas é nos momentos de crise que os grandes líderes se destacam”, concluiu.
Participantes
Também participaram da solenidade de posse o presidente da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), Ciro Simoni (PDT-RS), os deputados estaduais Valderez Castelo Branco (PP) e José Bonifácio (PR), além de prefeitos, vereadores e lideranças políticas de vários municípios tocantinenses.
O Procurador-Geral de Justiça, José Omar de Almeida Júnior, e o presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins, desembargador Eurípedes Lamounier, participaram da manhã desta segunda-feira, 09, da solenidade de posse do governador e do vice-governador do Tocantins, Mauro Carlesse e Wanderlei Barbosa, respectivamente, eleitos para mandato tampão que vai até 31 de dezembro.
Com Assessoria
A posse aconteceu na Assembleia Legislativa do Tocantins (AL/TO), quando também foi empossada, em definitivo, como presidente da casa, a deputada estadual Luana Ribeiro.
Presidindo a sessão, Luana Ribeiro leu o termo de posse e, após o juramento do eleito, declarou Mauro Carlesse governador do Tocantins. No discurso, Carlesse falou sobre a experiência de ter trocado a vida de empresário pela vida pública, há 3 anos e meio, quando passou a ocupar o cargo de deputado estadual. Em seu discurso, também frisou a importância da parceria entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, mas completou ao enfatizar a relevância da sintonia entre todos poderes em prol do desenvolvimento do Tocantins. “Peço a união de todos os poderes para fazer este Estado diferente, em que o povo possa se sentir protegido”.
Para o Procurador-Geral de Justiça, José Omar de Almeida Júnior, o Tocantins passa por um momento delicado e necessita de políticos comprometidos para que venha a superar a atual crise. Ele parabenizou Mauro Carlesse por conclamar união, mas destacou a irrestrita importância da independência dos poderes. “O Ministério Público continuará contribuindo com o Tocantins, cumprindo com o dever de manter a ordem jurídica no Estado e de fiscalizar o poder público em várias esferas, respeitando os cidadãos e as instituições”, declarou.
Ao fim da solenidade na Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse e demais autoridades seguiram para o Palácio Araguaia, onde o governador fez novo pronunciamento.
Composição de Mesa
Também participaram da solenidade de posse o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Eurípedes Lamounier; o defensor público-geral, Murilo da Costa Machado; o presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Manuel Pires; o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Tocantins, Walter Ohofugi; o presidente da Associação Tocantinense de Municípios (ATM), Jairo Soares Mariano; o senador da República Ataídes de Oliveira; a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro; os deputados federais Dorinha Seabra, César Halum, Carlos Gaguim e Lázaro Botelho; o presidente da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), deputado Ciro Simoni; e os deputados estaduais Cleiton Cardoso e Eduardo Siqueira Campos, este representando o ex-governador Siqueira Campos. (Denise Soares)
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Presidente do TJTO prestigia posse de novo governador do Tocantins
O presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins, desembargador Eurípedes Lamounier, participou, nesta segunda-feira (09/07), das solenidades de diplomação e posse do novo governador do Estado do Tocantins, Mauro Carlesse, e do vice, Wanderley Barbosa.
O diploma aos eleitos foi entregue pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-TO), durante sessão solene da corte eleitoral, presidida pelo desembargador Marco Villas Boas. Em seguida, Mauro Carlesse e Wanderley Barbosa seguiram para a Assembleia Legislativa, onde tomaram posse nos cargos de governador e vice. O mandato tampão segue até 31 de dezembro.
Com a posse do parlamentar como chefe do Executivo, a deputada estadual Luana Ribeiro assumiu oficialmente a presidência da Casa de Leis.
Por Edson Rodrigues
O saudoso senador João Ribeiro partiu para viver com Deus, mas deixou plantadas no solo fértil do Tocantins duas sementes da melhor qualidade, capazes de continuar seu legado como um dos melhores políticos que o Tocantins já teve trabalhando em favor do povo.
Com seu jeito simples de ser, foi um dos políticos tocantinenses de melhor atuação no Congresso Nacional, sempre disposto a servir ao Tocantins e ao seu povo.
Mas, enquanto trabalhava em Brasília, trabalhava no seio da sua família para que duas sementes frutificassem em benefício do povo tocantinense. Estamos falando de sua filha, presidente da Assembleia Legislativa, deputada Luana Ribeiro e de sua esposa, prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro.
DISCÍPULA
Luana Ribeiro sempre demonstrou, desde criança, que seria uma discípula política do seu pai, transformando-se em uma das maiores benfeitoras do povo tocantinense, atuando como deputada estadual e representando com galhardia os municípios que compõem a sua base eleitoral, sem esquecer dos demais que compõem o nosso Estado.
Como presidente da Assembleia Legislativa, tem se mostrado extremamente atuante e enérgica, agindo com competência e consolidando seu nome como uma parlamentar dedicadas às causas populares, sem se envolver em negociatas ou conchavos políticos, mantendo limpo o seu nome e o legado do seu pai.
Demonstrou um enorme amadurecimento político com a presidência interina da Casa de Leis, enfatizando o respeito ao regimento interno, conduzindo os trabalhos de forma republicana e correta em meio ao pleito suplementar que movimentou a vida política do Tocantins de forma inédita.
A partir de hoje, com a posse de Mauro Carlesse como governador, Luana deixará de ser interina e assumira definitivamente a presidência da Assembleia Legislativa, imbuída de manter a honra e a dignidade que traz em seu sobrenome.
CINTHIA RIBEIRO
Quando escolhida para ser a vice-prefeita na chapa de Carlos Amastha, muitos achavam que seria apenas um “sacada” de gênio do ex-prefeito associar seu nome à uma das mais tradicionais famílias políticas do Tocantins. Mas, ao assumir a prefeitura de forma definitiva, Cinthia Ribeiro mostrou que não estava ali a passeio e tratou de implantar uma nova maneira de administrar e de se relacionar com o Legislativo municipal.
Cinthia implantou em sua gestão a mesma lealdade e determinação com que acompanhou seu saudoso esposo, com caráter, coragem e humildade, encarando de frente os problemas da “herança maldita” deixada por Carlos Amastha, com um rombo de mais de 1,3 bilhão de reais e, sem mandar aviso, tem “se virado nos30” para colocar a casa em dia, administrando uma dívida que não é sua e, de forma inteligente e talentosa, trazendo para junto de si o Legislativo Municipal, vem tentando contornar os impedimentos do município em receber recursos federais, inclusive os constitucionais, bloqueados por conta da inadimplência deixada pelo ex-prefeito.
Cinthia já conseguiu uma liminar para que Palmas volte a receber os recursos que tanto necessita e, a partir de agora, poderá mostrar, junto ao seu grupo de auxiliares, nomeados por ela, sua forma de administrar, calcada nos ensinamentos do saudoso João Ribeiro, promovendo uma faxina nas contas da prefeitura da Capital e fazendo política domo deve ser feita.
Ainda bem que João Ribeiro soube fazer em casa, o que fez em sua vida pública e nos deixou estes dois “presentes” que estão sendo exceções entre os políticos tocantinenses!
VEJA REVELA O NAMORO ENTRE PARTIDOS POR TEMPO DE RÁDIO E TV. ÉPOCA TRAZ O ASSÉDIO AO ESPÓLIO POLÍTICO DE EDUARDO CAMPOS E ISTOÉ MOSTRA QUE STF VIROU “VIDRAÇA”
VEJA
Eleições 2018: o ‘namoro’ dos pré-candidatos pelo tempo de TV
“
Marina Silva amava PSB que amava Ciro Gomes
que amava DEM que amava PR que amava Jair Bolsonaro
que não amava ninguém”.
É provável que os nomes citados acima não gostem de estar em uma versão de um poema intitulado Quadrilha, como é o clássico do escritor Carlos Drummond de Andrade, mas a verdade é que nas últimas semanas o flerte entre pré-candidatos e partidos viu muitos amores e poucos casamentos. No próximo mês, daqui até o último dia das convenções partidárias para as eleições de 2018, em 5 de agosto, saímos da poesia modernista e começamos um reality show, um “namoro na TV”, ou melhor, um flerte pelo precioso tempo de rádio e televisão que vem embutido nas alianças.
Apesar de muito ter mudado, com as redes sociais ganhando cada vez mais relevância, os principais pré-candidatos à Presidência dão sinais cada vez mais claros de que ainda consideram o tempo de exposição nas emissoras como uma das principais formas de se fazerem conhecidos entre os eleitores. Neste ano, serão 121 minutos e 22 segundos diários para os partidos, entre os blocos de 25 minutos (candidatos a presidente terão 12 minutos e 30 segundos três vezes por semana) e as muitas inserções ao longo do dia, que vão compor a maior parte da divulgação de campanha e estão sob o critério das direções das legendas.
Nome que se fez basicamente pelas redes sociais, o deputado Jair Bolsonaro, pré-candidato pelo pequeno PSL, “namora” com o tradicionalíssimo (e complicadíssimo) PR por uma aliança. O movimento faz todo o sentido. Se Bolsonaro conta hoje com apenas 2 minutos e 14 segundos por dia de exposição na televisão, aliado ao PR esse número saltaria para 11 minutos e 12 segundos, entre o tempo reservado aos partidos nos blocos diários de 25 minutos e nas inserções. Se ainda “casar” com o nanico PRP, que abriu suas portas para candidatos militares, fecha a conta em 11 minutos e 44 segundos.
Esse talvez seja um dos movimentos acompanhados com mais atenção, pelo potencial de aumentar em mais de 420% o capital midiático de um candidato que, a despeito da liderança nas pesquisas, é desacreditado justamente pela atual baixa estrutura de campanha. Mas outros namoros também prometem pontos altos de audiência para o reality, como as oscilações do chamado “Centrão”, que hoje namora os grandes Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), mas já flertou e agora é um amor platônico de outros, como Alvaro Dias (Podemos), Flávio Rocha (PRB), Henrique Meirelles (MDB) e Rodrigo Maia (DEM).
Abaixo, VEJA lista os principais pré-candidatos à Presidência e conta quem está de olho em quem e com qual intensidade, a partir das categorias “Amor platônico”, “Paquera” e “Namoro”. Foi também inserida a parcela a que cada legenda terá direito do Fundo Especial para o Financiamento de Campanha (FEFC), o chamado “fundo eleitoral”. O critério utilizado, tanto para o tempo quanto para os recursos, foi o total ao qual os partidos terão direito – na campanha presidencial, no entanto, o limite permitido de gastos é de 70 milhões de reais.
Os candidatos foram ordenados de acordo com as intenções de voto no cenário principal da última pesquisa do instituto Ibope, patrocinada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
BOLSONARO
Para Bolsonaro, a aliança com o PR seria um casamento quase perfeito. Além de maximizar a exposição de televisão do pré-candidato, também traria um partido com densidade eleitoral, deputados, senadores e prefeitos, necessários para qualquer campanha em um país de dimensões continentais.
Jogam a favor desse “namoro firme” as intenções de voto do político do PSL, em uma via de duas mãos que pode favorecer as reeleições dos mesmos parlamentares. Contra, as suspeitas sobre o PR em escândalos de corrupção e as relações da legenda com outras à esquerda, como o PT. Completam as conversas as discussões sobre o nome do candidato à vice – se o atual namoro avançar, Bolsonaro deve ir para as urnas com o senador Magno Malta (PR); a alternativa é o general Augusto Heleno, que traria para a coligação o nanico PRP.
MARINA
A pré-candidata da Rede está muito distante de repetir a razoavelmente sólida coligação de 2014, quando substituiu Eduardo Campos como candidata do PSB e contava, ainda, com PPS, PHS, PPL, PSL e PRP (sobre os dois últimos: sim, são os partidos que hoje estão ao lado de Bolsonaro), mas pretende melhorar um pouco a sua dramática situação. Se for sozinha, apenas com a Rede, ela terá 46 segundos por dia (9 segundos a cada bloco de 12 minutos), módicos 10 milhões de reais do fundo eleitoral e não terá participação garantida em debates.
Hoje, Marina conversa com legendas de pequena a média proporção na tentativa de ao menos robustecer sua participação e garantir o palanque dos encontros organizados pelas emissoras. A pré-candidata iniciou uma conversa com o PPS, que poderia indicar o ex-ministro Roberto Freire para ser vice, mas o partido segue mais próximo da órbita de Geraldo Alckmin. No radar de Marina, neste momento, aparecem ainda o Pros e o PHS. Com as duas legendas, ela iria para 4 minutos e 37 segundos. Mas sonho mesmo – cada vez mais distante – é contar novamente com o PSB, que, sozinho, disporia de mais 5 minutos e 49 segundos.
CIRO GOMESO
pré-candidato do PDT não sofre tanto quanto Marina Silva e Jair Bolsonaro por vir de um partido mais estabelecido no cenário nacional. A legenda garante a Ciro partir de 4 minutos e 33 segundos e 61,4 milhões de reais. Outra vantagem do ex-governador do Ceará sobre Marina é estar muito mais perto de “casar” com o PSB, que já deu vários sinais a favor de uma aliança com ele. Juntas, as legendas poderiam isolar o PT à esquerda e ocupar espaço considerável na televisão.
Por outro lado, enquanto conversa com os socialistas, Ciro também abriu as portas para o amorfo Centrão, capitaneado pelo DEM. Com a exceção do PRB, que lançou Flávio Rocha e tem restrições ao ex-ministro, os demais partidos são mais simpáticos à ideia, principalmente o Solidariedade e o PP. O PTB está mais próximo de Geraldo Alckmin e o PR, como já dito, de Bolsonaro.
Esses dois grandes namoros do pré-candidato do PDT não aparentam ser, no entanto, conciliáveis, dada a demanda do PSB por uma plataforma de esquerda, que não é exatamente a do Centrão. Uma coligação PDT/PSB contaria com 10 minutos e 22 segundos, já uma conformação PDT/DEM/SD/PP viria com 27 minutos e 41 segundos.
GERALDO ALCKMIN
Nesta quarta-feira 4, Alckmin se reuniu com as lideranças do Centrão, em uma tentativa de acerto que poderia preencher dois objetivos: 1. impedir os partidos do grupo de se coligarem a Ciro Gomes; 2. trazê-los para a chapa tucana. Ainda não se sabe o real impacto, mas algo é certo: para chegar lá, o tucano vai precisar passar da atual marca de intenção de voto, que em nenhum levantamento recente chegou a dois dígitos.
Alckmin parte de uma legenda grande, maior que a de Ciro, e conta com namoros muito adiantados com outras legendas de estatura, como PSD, PTB, PV e PPS. Se fechar “apenas” com elas, já serão 25 minutos e 43 segundos. Se ainda por cima, trouxer o Solidariedade, o PP e o DEM, serão impressionantes 48 minutos e 51 segundos. A cereja do bolo seria fechar com o MDB, de Henrique Meirelles, o que levaria Alckmin a contar com uma propaganda a seu favor de quase uma hora por dia. Impossível dizer se isso tiraria o tucano da posição estacionada em que está há meses, mas é de se imaginar que seria de grande ajuda.
ÁLVARO DIAS
Concorrendo à Presidência pela primeira vez, o senador paranaense ostenta índices mais elevados que pré-candidatos de partidos maiores, fato este que o levou a ser cogitado como uma possível opção do Centrão.
Sozinho com o Podemos, Dias estará exposto na televisão por 3 minutos e 43 segundos, sendo que seu partido contará com 36 milhões de reais na divisão do bolo do fundo eleitoral. Se eventualmente, conseguir uma reviravolta e DEM, PP, Solidariedade, PTB e PR o abraçarem, pode chegar a 39 minutos e 19 segundos.
FERNANDO HADDAD
Oficialmente, Fernando Haddad não é pré-candidato à Presidência – o PT mantém o discurso da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto. No entanto, para além da briga jurídica que Lula precisaria enfrentar para reverter a inelegibilidade em razão da Lei da Ficha Limpa, ele também completa três meses preso no domingo, dia 7, e não tem perspectivas de mudanças no curto prazo.
A indefinição é um dos principais fatores que têm dificultado as alianças do PT. O PR, que cogitava indicar o vice da chapa de Lula, hoje está muito mais próximo de uma aliança com Jair Bolsonaro. O único partido que manifestou apoio até agora, o PCO, é contra a substituição do ex-presidente por um “plano B”. O PSB, o PCdoB e o PSOL conversam, mas hoje o primeiro está mais próximo de Ciro Gomes, enquanto os outros dois lançaram os nomes de Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos.
Se precisar ir às urnas sozinho, o PT teria 12 minutos e 58 segundos de tempo de televisão, mais 212,2 milhões de reais. O PCO acrescentaria mais 32 segundos diários.
FLÁVIO ROCHA
Situação idêntica à de Alvaro Dias. O empresário foi lançado pelo PRB e chegou a ser cogitado como a opção do Centrão, mas essa possibilidade se reduziu nas últimas semanas. No caso de Rocha, uma das explicações é a dificuldade de engatar nas pesquisas e sair do patamar de 1% das intenções de voto.
Com o PRB sozinho, Rocha teria até 4 minutos e 33 segundos de exposição diária na televisão. A legenda tem direito a 66,9 milhões de reais do fundo eleitoral.
GUILHERME BOULOS
Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), pré-candidato à Presidência pelo PSOL, é, ao lado de João Amoêdo (Novo), um dos dois candidatos que já anunciaram seu companheiro da chapa – no caso dele, a líder indígena Sônia Guajajara (PSOL) será a vice. Boulos tem garantido o apoio do PCB, mas deve ser só isso, já que ser “o escolhido” do ex-presidente Lula e do PT é um sonho distante.
A coligação entre PSOL e PCB deve ter um espaço de apenas 2 minutos e 8 segundos na televisão. Somadas, as cotas das duas legendas no fundo eleitoral são de 22,4 milhões de reais.
HENRIQUE MEIRELLES
O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato pelo MDB, ainda não fechou nenhuma aliança, e não tem as melhores perspectivas. Ele conquistou seu partido ao prometer se autofinanciar – o que libera os estratosféricos 234,2 milhões de reais do fundo para os candidatos ao Congresso e aos governos dos estados –, então seu principal ativo pela legenda deve ser o tempo de televisão do partido, de 10 minutos e 52 segundos ao longo do dia.
Meirelles ainda tenta atrair o Centrão – e até o PSDB em um sonho distante –, mas sua baixa intenção de voto, em torno de 1%, e a percepção de que é ligado ao presidente Michel Temer (MDB), com recordes de impopularidade, afastam possíveis interessados.
JOÃO AMOEDO
O empresário e fundador do Partido Novo já avisou: só vai fechar alianças com partidos que não utilizam dinheiro público – ou seja, nenhum. O Novo promete dar aos 980 691 reais a que tem direito do fundo eleitoral o mesmo destino que dá ao fundo partidário: depositar em uma conta até que a legislação permita a devolução aos cofres públicos (atualmente, a regra diz que, se um partido desistir de receber, o valor deve ser redistribuído entre os demais, o que a legenda rejeita).
Sozinho, o Novo terá direito a 32 segundos de exposição diária na televisão. Amoêdo anunciou o cientista político Christian Lohbauer (Novo) como pré-candidato a vice-presidente.
MANUELA D’ÁVILA
A deputada estadual do Rio Grande do Sul foi a única entre os principais pré-candidatos da esquerda a ensejar desistir em torno de uma candidatura única. Como o movimento não ganhou força, recuou e afirma que se manterá na disputa. Seu partido vem sendo cortejado para eventuais coligações com Ciro Gomes (PDT) ou com um candidato que será lançado do PT.
Sozinho, o PCdoB de Manuela D’Ávila tem direito a 2 minutos e 27 segundos de exposição diária na televisão. Apesar de altamente improvável, uma eventual escolha da pré-candidata do PCdoB pelo PT e pelo ex-presidente Lula faria esse número saltar para 15 minutos e 25 segundos. Os comunistas têm direito a 30,5 milhões de reais do fundo eleitoral.
RODRIGO MAIA
Neste momento, a possibilidade de Rodrigo Maia ser, de fato, candidato é considerada baixa, mesmo entre seus correligionários do DEM. Maia estaria se mantendo no páreo apenas até o partido definir qual será sua posição na disputa.
Sem fechar alianças, o DEM sairia com consideráveis 9 minutos e 36 segundos de exposição diária. Como o partido integra o bloco de legendas do Centrão, uma reviravolta em que essas siglas apoiassem Maia faria o presidente da Câmara saltar para 35 minutos e 36 segundos. O DEM tem direito a 89,1 milhões de reais do fundo eleitoral.
REVISTA ÉPOCA
PT de Lula e PDT de Ciro assediam Renata, a herdeira do espólio político de Eduardo Campos
Na tarde do dia 17 de agosto de 2014, com a então presidente Dilma Rousseff a tiracolo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou as vaias destinadas à candidata do PT por uma claque hostil presente ao velório do adversário Eduardo Campos, o ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência pelo PSB que morrera três dias antes num acidente aéreo em Santos. Com os olhos vermelhos, Lula pegou no colo Miguel, o caçula de Eduardo Campos, chorou e se abraçou com a devastada viúva, Renata. Passados quatro anos da tragédia da morte prematura do herdeiro de Miguel Arraes, a casa de Renata Campos voltou a ser endereço de uma romaria de políticos.
O PDT de Ciro Gomes e o PT de Lula estão travando uma briga de vale-tudo para selar uma aliança com o PSB, vista como decisiva para alavancar a campanha presidencial dos dois partidos. O voto da viúva Renata, que comanda o espólio político de Campos e conserva grande influência nos rumos do PSB, pode decidir para que lado penderá o partido, com seus dois minutos de TV e dez palanques estaduais de candidatos a governador. Pernambuco abriga o diretório mais forte do PSB.
Num ambiente hostil, já que o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), defende o apoio a Lula, o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, há duas semanas foi ao Recife pedir a bênção de Renata Campos. No encontro com a viúva, Ciro lembrou sua passagem pelo PSB, partido ao qual foi filiado por oito anos. Ele deixou o PSB em 2013 justamente por se opor à candidatura presidencial de Eduardo Campos. Apesar disso, Renata o recebeu muito bem. Não se manifestou, porém, nem contra nem a favor da aliança com o PDT.
Emissários do ex-presidente Lula, preso em Curitiba, também esperam um encontro com a viúva nos próximos dias. “Vamos procurá-la. Ela é uma liderança”, disse o deputado Paulo Teixeira (SP), um dos integrantes do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT e um dos responsáveis, com a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, pelas negociações com o PSB.
Segundo interlocutores da viúva, ela demonstra “afeto” por Lula e se dá bem com Ciro. Mas dá prioridade à unidade do PSB e à reeleição do governador Paulo Câmara, cria política de Eduardo Campos. A reeleição de Câmara está sob ameaça por causa da pré-candidatura ao governo de uma prima de Campos, Marília Arraes, vereadora no Recife pelo PT.
Rompida politicamente com a família de Campos, Arraes está bem colocada nas pesquisas de intenção de votos, proclama falar em nome dos eleitores órfãos do avô Miguel Arraes e de Lula e resiste à decisão da direção nacional do PT de buscar a aliança com o PSB. A candidatura de Arraes não é consensual, porém, nem no PT pernambucano. Um dos principais defensores da aliança do PT com o PSB é o senador Humberto Costa, que quer tentar a reeleição na chapa do governador Paulo Câmara. Para pressionar a cúpula do PSB, a direção do PT diz que a candidatura de Arraes só será retirada se for fechada uma aliança nacional.
A exigência de uma aliança nacional para que a candidatura de Arraes seja retirada está sendo vista, porém, por alguns apoiadores de Paulo Câmara quase como uma “chantagem” do PT. “Os negociadores do PT estão jogando pesado”, queixou-se um dirigente do PSB. Quem participou da campanha presidencial de Eduardo Campos em 2014, depois substituído por Marina Silva, não se esquece também de como o PT e seu marqueteiro João Santana se esforçaram ao máximo para dinamitar a candidatura do partido. Esse ressentimento ajuda agora Ciro a arregimentar apoios dentro do PSB.
Ciro tem a preferência da maioria dos diretórios do PSB e está em vantagem em relação ao PT, mas enfrenta a resistência de alguns governadores importantes do Nordeste, como Paulo Câmara. Ele está também em um estágio mais avançado do que o PT para obter o apoio de outra peça importante no jogo de xadrez do PSB: o governador de São Paulo, Márcio França, que busca a reeleição.
Até um mês e meio atrás, o PSB de São Paulo defendia que o partido ficasse neutro na eleição presidencial — seria uma forma de ajudar a campanha presidencial do tucano Geraldo Alckmin, de quem França foi vice-governador até abril. Depois que Alckmin verbalizou apoio explícito ao candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, adversário de França, lideranças paulistas do PSB passaram a dizer que não estão em condições de oferecer qualquer resistência a um acordo nacional entre o partido e Ciro.
“Advogamos pela neutralidade, mas resistência tem de vir acompanhada de inteligência. Por que vamos oferecer resistência a algo em que vamos ser vencidos?”, questionou o presidente estadual do PSB em São Paulo, Jonas Donizette, numa conversa com ÉPOCA na última terça-feira, 3 de julho. Segundo um interlocutor de França, havia um acordo entre Alckmin e o atual governador de que o tucano somente sinalizaria um apoio mais explícito a Doria após as convenções partidárias, em agosto. A antecipação foi vista como sinal de desrespeito de Alckmin ao aliado.
Aproveitando-se do clima conflagrado, Ciro ofereceu o apoio regional do PDT para fortalecer a candidatura de França e avisou de antemão que o atual governador estará liberado para dar seu palanque a Alckmin. A proposta inebriou a campanha do pessebista. “Ciro está jogando com o peso que o momento exige porque um apoio do PSB pode levá-lo ao segundo turno. O PDT está colocando em primeiro lugar seu projeto nacional. Já o PSDB esteve mais preocupado com picuinhas regionais do que com o projeto de Alckmin”, disse um auxiliar de França. Para Ciro, o apoio do PSB é visto como crucial para alavancar sua campanha. Aliado ao PSB, seu tempo diário de propaganda no rádio e na TV triplicará — se tiver apenas o apoio do PDT, Ciro ficará limitado a um minuto e 11 segundos diários de exposição.
Com a mudança de postura de França, dirigentes do PSB dizem agora que a neutralidade é uma opção praticamente descartada e que o único erro que o partido não poderá cometer em 2018 será deixar de apoiar algum candidato. “Alckmin é carta fora do baralho. O rompimento de Márcio França com ele é inevitável. É questão de tempo”, disse um dirigente nacional do PSB. Um anúncio formal de apoio do PSB a Ciro representará para Alckmin a derrocada de um plano desenhado quatro anos atrás com vistas a seu maior projeto político — chegar à Presidência da República. Na eleição de 2014, o tucano escolheu França como vice em São Paulo, acreditando que a atitude jogaria o PSB em seu colo em 2018. Faltou combinar com Doria. “A beligerância do PSDB paulista está empurrando o PSB nacional para uma aliança ruim para o Alckmin que o PSB de São Paulo não terá força para barrar”, afirmou um dirigente do PSB paulista.
Para tentar neutralizar a ofensiva de Ciro em São Paulo, os dirigentes do PT nacional, nas negociações com o PSB, passaram a acenar com a possibilidade de uma retirada da candidatura ao governo de São Paulo de Luiz Marinho, petista histórico, e o apoio a França. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, desdenhou as possibilidades de êxito da manobra petista. “O antipetismo em São Paulo é muito forte. O PSB e o PT em São Paulo nunca se cruzaram, e eu acho que o Márcio França nem quer esse apoio do PT lá”, disse Lupi.
Na disputa entre PT e PDT, outra moeda de troca colocada nas negociações é a oferta ao PSB da vaga de candidato a vice-presidente. Um dos nomes cotados é o do ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda, pré-candidato ao governo de Minas Gerais. Mas o PSB ainda não discutiu quem será o nome que o partido vai indicar, seja para vice de Ciro, seja do candidato do PT. Se for confirmado o nome de Marcio Lacerda, sua saída da disputa pelo Palácio da Liberdade mexerá no tabuleiro da eleição mineira. Na feroz competição entre petistas e pedetistas, além da eleição presidencial, está em disputa também a liderança do campo de esquerda, da qual o PT não quer abrir mão, mesmo com a prisão de Lula. O vencedor dessa queda de braço deverá ser anunciado neste mês, quando a Executiva Nacional do PSB se reunirá para uma decisão.
REVISTA ISTOÉ
Rebelião contra o Supremo
As recentes decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), favorecendo criminosos da Lava Jato, geraram reações em série da sociedade diante do teor injustificável das sentenças e da insegurança jurídica que provocaram. Após uma bateria de comentários críticos desde a semana passada, os promotores de Justiça, que atuam na ponta dos processos, junto às varas de 1ª Instância, resolveram abrir guerra declarada contra a tríade formada pelos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski da 2ª Turma do STF, aquela que, por sua camaradagem com quem comete delitos, ficou conhecida como “Jardim do Éden”. Na quarta-feira 4, divulgaram uma nota técnica assinada por quase 200 integrantes do MP pedindo ao STF o cumprimento da execução da pena a partir da condenação em 2ª Instância, acabando, assim, com a “Operação Libera a Jato” que o trio resolveu colocar em marcha.
No documento digital, de 15 páginas, juízes e promotores fazem um alerta: os integrantes da 2ª Turma tentam confundir o País e seus pares ao quererem empregar as mesmas regras da prisão preventiva à execução da pena após a condenação em 2ª Instância, como a de que o réu deverá ser encarcerado somente se representar perigo à sociedade ou se estiver incorrendo no mesmo tipo de crime. Os promotores argumentam que a prisão após condenação em 2ª Instância dispensa esses requisitos, porque não é processual. E esse foi o entendimento do pleno do Supremo. Assim, precisa ser seguido por todo o Judiciário, a começar pelas instâncias intermediárias do STF.
Entusiasta do manifesto, o promotor de justiça do Distrito Federal Renato Varalda disse que a adesão ao documento deve aumentar ao longo da próxima semana. “O objetivo é sensibilizar o Supremo para que ele mantenha o entendimento de vinculação das decisões do pleno aos ministros e às Turmas desse Tribunal, bem como sedimentar o entendimento de que a prisão, após a condenação em 2ª Instância, não possui como fundamento a cautelaridade, prevista no artigo 312 do Código de Processo Penal, porque já houve o esgotamento da apreciação do fato pelas instâncias ordinárias”, explica ele.
Liberou geral
A crítica se refere às últimas decisões do Supremo, que usou o subterfúgio de que a prisão após a 2ª Instância deve obedecer aos critérios da prisão preventiva como um dos argumentos para soltar presos da Lava Jato. No dia 26 de junho, o triunvirato Toffoli, Mendes e Lewandowski liberou o ex-ministro José Dirceu, depois dele ter voltado para a cadeia. Na semana passada, Toffoli foi além: contrariando uma decisão do juiz Sergio Moro, eximiu Dirceu de usar tornozeleira eletrônica. O coordenador da Lava-Jato no Paraná, procurador Deltan Dallagnol, reagiu de maneira contundente: “A 2ª Turma suspendeu pena contra decisão do STF que permite prisão em 2ª instância. Naturalmente, cautelares (tornozeleiras) voltavam a valer. Agora, Toffoli cancela cautelares de seu ex-chefe”. O ministro também derrubou outras cautelares de Moro, como a entrega de passaporte e a proibição de se comunicar com demais acusados e testemunhas.
Nunca integrantes do STF estiveram tão em xeque como agora. O ideal iluminista, defendido por magistrados de toga em seus votos, tinha como propósito pôr fim ao poder absoluto do rei e diluí-lo entre três poderes distintos. Coube ao Judiciário ser a “boca que reproduz as palavras da lei”, segundo Montesquieu em O Espírito das Leis. Ocorre que toda vez que é vilipendiada, sobretudo por ministros que deveriam ser o seu principal guardião, a Constituição vira letra morta, tábula rasa. As decisões levadas adiante nas últimas semanas carecem de juridicidade e escancaram à sociedade civil a precariedade da instância máxima do Judiciário e o que é pior: provocam insegurança jurídica decorrente de decisões parciais vindas de uma corte, cujas características são – ou ao menos deveriam ser – exatamente a sua natureza técnica e apolítica. Não se pode aceitar que, em nome da defesa de determinados interesses, se promova o absolutismo de um Poder Judiciário incontrolável, que se declara como detentor da última palavra sobre o sentido da Constituição e que hoje já não tem escrúpulos em promover interesses próprios às custas da constitucionalidade.
A sociedade está atenta. Após a soltura de Dirceu, as caixas de e-mails do STF ficaram inundadas com críticas à decisão da 2ª Turma. Numas das mensagens que chegou para todos os ministros, havia apenas a repetição de uma palavra: “vergonha”.