Partido se aproxima de trato para punir deputado contrário à reforma da Previdência
Com IG-SP
A bancada do PMDB firmou acordo para fechar questão em relação à votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados . Isso significa que o peemedebista que não seguir a orientação do partido e votar contra a proposta poderá receber punição.
O acordo entre os deputados do PMDB pela aprovação da reforma da Previdência foi costurado pelo líder da legenda na Câmara, deputado Baleia Rossi (PMDB). A equipe do parlamentar confirmou ao iG que o trato pelo fechamento de questão estava, até o fim da tarde dessa quinta-feira (4), "na iminência de ser sacramentado", e que ele deve ser anunciado em breve.
Para a decisão ser sacramentada, é necessário o aval da executiva nacional do partido, que ainda irá se reunir para discutir o tema. Caso o fechamento de questão seja efetivado, qualquer um dos atuais 60 deputados do PMDB que descumprirem a orientação poderá ser punido com a suspensão temporária de suas funções partidárias. Isso pode implicar no impedimento do deputado em participar de comissões na Câmara, e de exercer atividades na bancada do partido e nos diretórios da agremiação.
Escudeiros de Temer
Confirmando a medida, o PMDB será o primeiro partido a fechar questão a favor da reforma da Previdência – o que é visto com naturalidade, uma vez que é o partido do presidente Michel Temer, principal interessado na aprovação da proposta de emenda à Constituição que altera as regras para o acesso à aposentadoria.
O partido já adotou essa estratégia de exigir determinada posição de seus integrantes em outras votações de interesse de Temer, como naquelas que acabaram por rejeitar as denúncias oferecidas contra o presidente .
Também em defesa de Temer, o conselho de ética do partido decidiu expulsar a senadora Kátia Abreu dos quadros da legenda. Ex-ministra e aliada de Dilma Rousseff, Kátia vinha fazendo reiteradas críticas contra o presidente Temer.
A reforma que parou
Considerado "fundamental" pelo Planalto para o equilíbrio fiscal, o pacote de alterações nas regras para o acesso à aposentadoria ainda não tem data para ser votado no plenário da Câmara dos Deputados.
O texto da reforma está pronto para ir à votação desde maio, mas teve sua tramitação interrompida por conta do surgimento das denúncias contra o presidente Temer.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem reconhecido que não agendou a votação até agora pois o governo ainda não possui os votos suficientes para aprovar o projeto. Nessa segunda-feira (4), no entanto, o parlamentar indicou que o governo poderá garantir até 325 votos a favor da reforma da Previdência – mais do que os 308 necessários para a aprovação.
ISTOÉ ELEGE SÉRGIO MORO O BRASILEIRO DO ANO. ÁPOCA FALA DO PSDB DESUNIDO E VEJA DIZ EU TEMER QUER REELEIÇÃO
ISTOÉ
Ele condenou Lula e derrotou os barões da corrupção
Aos 45 anos, o juiz Sergio Fernando Moro conseguiu uma inalcançável façanha em 2017: mandou um lote de políticos dos mais poderosos para a cadeia, como o ex-governador Sergio Cabral, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci. A mais estrepitosa sentença, no entanto, pela repercussão e simbolismo, foi a que condenou a nove anos e meio de prisão o ex-presidente Lula. Se confirmada pela segunda instância, e não houver liminares marotas capazes de sustentar uma ilegalidade até o pleito, o petista, mesmo que em última hipótese não seja preso, estará impedido de concorrer às eleições de 2018. Daí o peso e a relevância histórica do veredicto de Sergio Moro. Graças ao infatigável trabalho no combate à corrupção, norte que perseguiu com desassombro ao longo dos últimos 12 meses, o juiz será homenageado pela ISTOÉ na noite de terça-feira 5 como o Brasileiro do Ano.
Depois de três anos e meio à frente da Operação Lava Jato, Moro leva uma faina exaustiva. Trabalha mais de dez horas por dia. Não raro, sequer almoça. Como magistrado, já condenou 114 pessoas, sobretudo políticos importantes, ex-diretores da Petrobras e os mais conhecidos empreiteiros brasileiros, sentenciados a penas que somam mais de 2.100 anos de cadeia. O mais emblemático empresário a ser preso pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba foi o empreiteiro Marcelo Odebrecht, dono de um império que faturava R$ 130 bilhões por ano. Devido à atuação implacável da Lava Jato, e, claro, de Sergio Moro, Marcelo e outros envolvidos no esquema já devolveram R$ 11 bilhões aos cofres públicos. Estima-se que a Petrobras foi desfalcada em R$ 40 bilhões pela quadrilha organizada a partir do PT, PP e PMDB.
Apesar dos resultados altamente positivos, Moro acha que o Brasil pode não conseguir acabar com a corrupção endêmica. “A passagem do Brasil de um ambiente de corrupção disseminada para um ambiente de integridade corre riscos. Faltam reformas gerais mais incisivas que diminuam incentivos e oportunidades para a prática de corrupção. A omissão da maior parte de nossas lideranças políticas a esse respeito é notável e frustrante”, disse Moro em entrevista à ISTOÉ. Ele não acredita, porém, que o Brasil vá retroceder em matéria de punição aos corruptos, a despeito de os fantasmas do atraso insistirem em assombrar o País. “Pelas aspirações da sociedade brasileira, acredito que, apesar da sombra do retrocesso, não há como voltar ao status quo da impunidade dos barões da corrupção”.
O laborioso cotidiano de Moro o motivou a insinuar, em palestras pelo Brasil, que a Lava Jato estaria chegando ao fim e que eventualmente ele poderia descansar. Em função da repercussão, o juiz logo corrigiu seu desabafo. Disse que irá até o fim. Explicou, contudo, que o trabalho da operação em Curitiba realmente aparenta estar na reta final. “Há uma lista de julgamentos relevantes, como a condenação criminal de vários corruptores e corrompidos, entre eles quatro ex-diretores da Petrobras e diversos ex-parlamentares. Então grande parte do trabalho já foi feita em Curitiba”.
Foro privilegiado
Paralelamente à Lava Jato, o juiz tem se posicionado contra o fim do foro privilegiado. Entende que essa medida acabará com privilégios que protegem os mais ricos e poderosos. Há duas semanas, o STF praticamente restringiu a prerrogativa de foro. A maioria dos ministros decidiu que só terão direito ao foro privilegiado políticos acusados por crimes cometidos no exercício do mandato e que também tenham relação com o cargo ocupado. A sessão foi interrompida por um pedido de vistas do ministro Dias Toffoli, mas só uma improvável reviravolta, embalada por revisões em série de votos, impedirá a corte de seguir por esse caminho. “A decisão do STF, ainda em formação, vem em boa hora, mas o ideal seria acabar de vez com o foro privilegiado, para todos, inclusive para juízes. Não quero para mim esse privilégio”, frisa.
Outra discussão sobre a qual o juiz do Paraná tem se debruçado é a prisão dos condenados em segunda instância. Ele faz coro de que a Justiça brasileira é morosa e há um generoso sistema de recursos que, manejado por criminosos poderosos e habilidosos, pode impedir que qualquer ação penal chegue a um final. Processo sem fim, sublinha Moro, “é o equivalente à impunidade”. Sensível a essa realidade, o STF mudou sua jurisprudência em 2016 e passou a admitir que, após uma condenação por uma Corte de Apelação, se possa desde logo executar a pena. “Foi um grande golpe contra a impunidade dos poderosos. Isso não impede que, havendo um recurso com plausibilidade, não se possa, como exceção, suspender a execução da pena”, disse. Moro lembra bem que, em outros países, como EUA e França, o preso condenado em primeira instância já pode ir para a cadeia. No Brasil, desde 2016, o destino de qualquer condenado em segunda instância é aninhar-se atrás das grades, mas já há articulações em curso para dar um cavalo de pau na herança bendita do ex-ministro do STF Teori Zavascki.
O contraste entre as céleres condenações de Sergio Moro e as decisões do STF a passos de cágado, corte que ainda não condenou nenhum réu da Lava Jato com foro privilegiado, é gritante e salta aos olhos do mundo jurídico. Neste ano, o feito do magistrado foi destacado por vários órgãos de imprensa nacionais e além-mar. Mesmo assim o juiz dá um desconto e fala em falta de vocação das cortes superiores para processar. “Como Teori, o ministro Edson Fachin tem realizado um destacado trabalho. Tem tomado decisões rápidas e muito bem fundamentadas. Agora, os Tribunais Superiores, por melhores que sejam as intenções, não estão vocacionados para processar, instruir e julgar ações penais desde o início”.
A respeito das naturais especulações acerca de uma eventual candidatura a presidente da República, Moro repete como um mantra não ter interesse de ingressar na política partidária”. Na verdade, o juiz pretende dar prosseguimento à carreira jurídica. Ele não esconde acalentar uma vaga como desembargador em instância superior. Ou, quem sabe, um dia chegar ao STF.
Embora já tenha repetido inúmeras vezes que não pretende ser candidato a presidente, Sergio Moro acha que o legado da Lava Jato pode contribuir para mudar os rumos das eleições no ano que vem. “A corrupção será tema central nas eleições de 2018 e será uma oportunidade para que os eleitores cobrem dos candidatos posições concretas para a eliminação da corrupção sistêmica, propiciando talvez a superação, a partir de 2019, da omissão atual de nossas lideranças políticas”. O magistrado entende que, graças à Lava Jato, os candidatos a presidente no ano que vem não irão escapar de responder a questões cruciais como a posição sobre o foro privilegiado, a execução da prisão em segunda instância, como os aspirantes ao Planalto pretendem atuar para que o STF consolide sua atual jurisprudência e o que será feito para evitar o loteamento político de cargos públicos, gênese dos crimes na Petrobrás “Submeter os candidatos a essas questões concretas parece ser mais relevante do que discussões sobre as suas preferências ideológicas ou sobre sua condição de outsider ou não”, justificou Moro. Pelo que já contribuiu para o País tecer com os fios da Justiça e da contumaz retidão de caráter páginas fundamentais de sua história, Sergio Fernando Moro é uma unanimidade nacional. A única unanimidade que de burra não tem nada. Indubitavelmente, o juiz é o brasileiro de maior destaque em 2017.
ÉPOCA
O PSDB se afunda na saída do governo
Diante do elevador no 14º andar do prédio do Senado, na quinta-feira, dia 30, um senador despedia-se do anfitrião, Tasso Jereissati, quando perguntou: “Esse gabinete aqui no alto dessa torre não te dá a sensação de isolamento?”. Tasso riu, suspirou e respondeu: “Tem o lado bom. Aqui não é fácil chegar, então ninguém vem para jogar papo fora. Ninguém está passando por acaso, vê a plaquinha com meu nome e entra para tomar café”. Tasso está só.
Protagonista de críticas enfáticas a procedimentos da cúpula de seu partido, o PSDB, enquanto foi presidente interino, Tasso passou a semana passada se justificando. “Eu não queria ser o problema” e “Calma, vamos conversar” foram as frases que mais repetiu para tentar debelar as manifestações de desagrado de uma ala nada pacificada, que não se conforma com o acordo firmado em São Paulo, do qual ele participou. Na noite da segunda-feira, dia 27, em São Paulo, Tasso sentou à mesa de jantar com o governador de Goiás, Marconi Perillo, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e aceitou um acordo. Pelos termos, Tasso e Perillo desistiram de disputar a presidência da legenda, em favor de Alckmin – ele nem era concorrente, mas é pré-candidato à Presidência da República. Nada mais tucano que líderes celebrando acordos em torno de uma mesa de comida num palácio ou restaurante caro.
Após o jantar na noite da segunda-feira, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Alckmin negou o óbvio. “Foi só uma conversa e a retirada de ambas as candidaturas (de Perillo e Jereissati), mas a escolha da Executiva será na convenção do dia 9”, disse
Alckmin. “Se meu nome puder unir o partido, é nosso dever.” Nada disso. Já estava certo que ele seria aclamado presidente do PSDB, algo que a convenção partidária do dia 9 só vai oficializar – os militantes farão sua parte: aclamar o que seus guias decidiram. Parte dos tucanos foi eficiente em divulgar a versão edulcorada, pela qual Alckmin “aceitou” a candidatura, como num gesto de generosidade, e que Tasso e Perillo desistiram da disputa para “pacificar” o partido, imerso em divisões.
DUPLA
Enquanto caciques tucanos propagandeavam a ordem, a bagunça e a divisão ainda reinavam no mundo de verdade. À vista de seus apoiadores, Tasso sucumbira a um acordão com a cúpula, algo que tanto criticou. Tucanos chamados cabeças pretas – que defendem o rompimento com o governo Temer – reclamavam. O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, partiu para cima de Tasso em busca de explicações. O motivo é outro: Virgílio é pré-candidato à Presidência e o gesto é de claro favorecimento a Alckmin. “É difícil pacificar e eu não quero que a culpa seja minha”, repetiu Tasso diversas vezes. Toda a tarde de terça-feira foi empenhada na tentativa infrutífera de convencer a economista Elena Landau, tucana de décadas, a permanecer no partido. Ela ficou revoltada ao saber que o PSDB divulgara um programa de diretrizes elaborado pelo Instituto Teotônio Vilela sem ouvir economistas com afinidade com a sigla, como ela.
A vida no PSDB é de conflitos. O racha é ululante em questões como reforma da Previdência, a saída imediata ou mais à frente do governo de Michel Temer e até sobre o documento interno que levou ao descontentamento de Elena Landau. “Há gente que não leu e não gostou”, disse o deputado Marcus Pestana, de Minas Gerais, em ironia a Elena. Pestana é apoiador do presidente tucano afastado Aécio Neves e um dos representantes da ala que quer permanecer mais tempo no governo Temer. Provocações assim não são gratuitas; são um sinal de que a oposição entre grupos é tão forte que um não desperdiça a chance de espezinhar o outro.
A questão mais urgente dos tucanos é a posição em torno da reforma da Previdência. A bancada tucana na Câmara está dividida em relação à reforma. Alguns querem uma regra de transição especial para servidores públicos, permitir o benefício integral na aposentadoria por invalidez e o acúmulo de pensão e aposentadoria até o teto do INSS, de R$ 5.531. Aécio e o presidente interino do partido, Alberto Goldman, chegaram a anunciar na semana passada a intenção de “fechar questão” pela reforma, o que não contemplaria essas mudanças. No jargão, isso significa que o parlamentar desobediente pode ser punido pelo partido se votar diferente. Houve gritaria.
O governo Temer tem pressa, mas não possui os 308 votos suficientes para aprovar a matéria na Câmara. Defensores da reforma há 20 anos, os tucanos recusam apoio por uma questão estratégica. Aprovar a reforma – ainda que reduzida – agora é dar ao governo
Temer sua realização mais prodigiosa, um feito inimaginável há dois meses. Dono do pior índice de popularidade da história recente, Temer hoje não é candidato a nada. A reforma, porém, significa proporcionar uma melhora de expectativas em torno da economia, algo que pode fortalecer o presidente perto da eleição. Para os tucanos, é melhor Temer em dificuldades do que em condições de se impor como candidato ou com poder de influência em sua sucessão. Alckmin é o adversário que pode, no raciocínio de muitos políticos, ser um moderado entre Lula e o deputado Jair Bolsonaro, os dois candidatos colocados hoje. O espaço a ser ocupado por Alckmin é justamente o que Temer ou um candidato seu ocuparia.
ARRANJO
A divisão sobre a reforma envolve uma questão maior, sobre a hora de deixar o governo Temer. Neste campo, a escolha de Alckmin trouxe tudo, menos a tal pacificação interna e externa. Em uma de suas primeiras declarações o governador paulista disse que examinaria a hora da saída e que estava à vontade porque, por ele, o PSDB “nunca deveria ter entrado” no governo. Tucanos governistas que ajudaram a colocar Alckmin no comando do partido ficaram atônitos. “Foi desnecessário, não ajuda em nada”, disse um senador. Ato reflexo, na quarta-feira, dia 29 de novembro, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, escancarou a porta de saída. “O PSDB não está mais na base do governo”, afirmou. “O PSDB já disse que vai sair no dia 9.” Temer nada afirmou publicamente sobre as manifestações de Alckmin. O PSDB conseguiu, com os dois pés fora do governo, ser empurrado para fora pelo ministro, não pelo presidente.
Auxiliares de Temer acreditam ser difícil que, com tanta discordância, o presidente concorde no futuro em dar apoio formal do PMDB à eventual candidatura de Alckmin à Presidência da República. Embora seja pragmático, Temer vê no comportamento do governador uma aversão incontornável entre ambos. O desembarque tucano ainda está sendo resolvido de modo um tanto heterodoxo. O PSDB sai, mas deixa o ministro tucano Aloysio Nunes Ferreira na Pasta das Relações Exteriores. “O que disse o ministro Padilha é que o PSDB não faz parte da base de governo”, disse Aloysio, em sua difícil posição. “O PSDB não rompeu com o governo.” A justificativa fabricada é que Aloysio não ocupa um cargo político e sua permanência é importante para a manutenção da política externa.
A saída desordenada do governo, associada ao movimento em favor de Alckmin, traz reflexos em setores normalmente desprezados pelos políticos. Os tucanos da ala mais jovem, que quer sair do governo, reclamam de dificuldades para atrair novos nomes. As negociações para o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, deixar o PMDB e voltar para o PSDB estão congeladas. Lideranças apartidárias, como Rogerio Chequer, do Movimento Vem Pra Rua, avisou a tucanos que o assediavam que, sem mudanças profundas, prefere ficar longe do partido. Pacificação é algo que está longe do PSDB.
VEJA
Impopular, Temer ainda pensa em disputar a reeleição
Em certas situações, há uma diferença abissal entre o que os políticos dizem em público e o que armam nos bastidores. Na quarta-feira 29, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, declarou que o presidente Michel Temer não tem a pretensão de disputar a reeleição: “O presidente diz, desde sempre, que cumprirá sua missão se conseguir colocar o Brasil nos trilhos. E, graças a Deus, o Brasil está começando a andar nos trilhos”. Nos gabinetes de Brasília, no entanto, o mesmo Padilha aparece como entusiasta da candidatura de Temer à reeleição. Seu principal parceiro nesse projeto é o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco. Para a dupla, Temer, o mandatário mais impopular desde a redemocratização do país, pode conquistar um novo mandato se reerguer a economia. O crescimento do PIB e do nível de emprego transformaria a rejeição recorde de hoje em votos em 2018.
Não é só a economia que alimenta esse sonho eleitoral. Acusados de cobrar propina, Padilha e Moreira, identificados como “Primo” e “Gato Angorá” nas planilhas da Odebrecht, apostam na reeleição para que eles mesmos, além de Temer, preservem o foro privilegiado.
Lula tem 34%, Bolsonaro, 17% e Marina, 9%, aponta pesquisa Datafolha para 2018. Percentuais são iguais a pesquisa anterior
Da Redação, com informações do G1
Uma pesquisa do Instituto Datafolha foi divulgada neste sábado (2) pelo jornal "Folha de S.Paulo" com índices de intenção de voto para o primeiro turno da eleição presidencial de 2018. Veja os resultados dos nove cenários pesquisados:
Cenário 1 (com Marina, Joaquim Barbosa, Temer e Meirelles):
Lula (PT): 34%
Jair Bolsonaro (PSC): 17%
Marina Silva (Rede): 9%
Geraldo Alckmin (PSDB): 6%
Ciro Gomes (PDT): 6%
Joaquim Barbosa (sem partido): 5%
Alvaro Dias (Podemos): 3%
Manuela D´Ávila (PCdoB): 1%
Michel Temer (PMDB): 1%
Henrique Meirelles (PSD): 1%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 12%
Não sabe: 2%
Cenário 2 (com Joaquim Barbosa):
Lula (PT): 37%
Jair Bolsonaro (PSC): 18%
Geraldo Alckmin (PSDB): 8%
Ciro Gomes (PDT): 7%
Joaquim Barbosa (sem partido): 6%
Alvaro Dias (Podemos): 4%
Manuela D’Ávila (PCdoB): 1%
Guilherme Boulos (sem partido): 1%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 14%
Não sabe: 3%
Cenário 3 (com Meirelles):
Lula (PT): 37%
Jair Bolsonaro (PSC): 19%
Geraldo Alckmin (PSDB): 9%
Ciro Gomes (PDT): 7%
Alvaro Dias (Podemos): 4%
Manuela D’Ávila (PCdoB): 2%
Henrique Meirelles (PSD): 1%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
Guilherme Boulos (sem partido): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 14%
Não sabe: 5%
Cenário 4 (com Marina):
Lula (PT): 36%
Jair Bolsonaro (PSC): 18%
Marina Silva (Rede): 10%
Geraldo Alckmin (PSDB): 7%
Ciro Gomes (PDT): 7%
Alvaro Dias (Podemos): 4%
Manuela D’Ávila (PCdoB): 1%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
Guilherme Boulos (sem partido): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 13%
Não sabe: 2%
Cenário 5 (com Doria e Marina)
Lula (PT): 36%
Jair Bolsonaro (PSC): 18%
Marina Silva (Rede): 11%
Ciro Gomes (PDT): 7%
João Doria (PSDB): 5%
Alvaro Dias (Podemos): 4%
Manuela D’Ávila (PCdoB): 1%
João Amoêdo (Partido Novo): 1%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
Guilherme Boulos (sem partido): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 14%
Não sabe: 2%
Cenário 6 (sem Lula, com Joaquim Barbosa):
Jair Bolsonaro (PSC): 21%
Ciro Gomes (PDT): 12%
Geraldo Alckmin (PSDB): 11%
Joaquim Barbosa (sem partido): 8%
Alvaro Dias (Podemos): 6%
Fernando Haddad (PT): 3%
Manuela D’Ávila (PCdoB): 2%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
Guilherme Boulos (sem partido): 1%
João Amoêdo (Partido Novo): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 28%
Não sabe: 4%
Cenário 7 (sem Lula, com Meirelles):
Jair Bolsonaro (PSC): 22%
Ciro Gomes (PDT): 13%
Geraldo Alckmin (PSDB): 12%
Alvaro Dias (Podemos): 6%
Fernando Haddad (PT): 3%
Manuela D’Ávila (PCdoB): 3%
Henrique Meirelles (PSD): 2%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 2%
Guilherme Boulos (sem partido): 1%
João Amoêdo (Partido Novo): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 30%
Não sabe: 5%
Cenário 8 (sem Lula, com Marina):
Jair Bolsonaro (PSC): 21%
Marina Silva (Rede): 16%
Ciro Gomes (PDT): 12%
Geraldo Alckmin (PSDB): 9%
Alvaro Dias (Podemos): 5%
Fernando Haddad (PT): 3%
Manuela D’Ávila (PCdoB): 2%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
Guilherme Boulos (Sem Partido): 1%
João Amoêdo (Partido Novo): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 25%
Não sabe: 3%
Cenário 9 (sem Lula, com Doria e Marina):
Jair Bolsonaro (PSC): 21%
Marina Silva (Rede): 17%
Ciro Gomes (PDT): 13%
João Doria (PSDB): 6%
Alvaro Dias (Podemos): 6%
Fernando Haddad (PT): 3%
Manuela D’Ávila (PCdoB): 2%
Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%
Guilherme Boulos (Sem Partido): 1%
João Amoêdo (Partido Novo): 1%
Em branco/nulo/nenhum: 27%
Não sabe: 3%
O Datafolha fez 2.765 entrevistas entre 29 e 30 de novembro, em 192 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Como houve alteração dos cenários pesquisados, não é possível comparar diretamente o resultado desta pesquisa com a anterior, realizada pelo Datafolha em setembro (naquele mês, em um dos cenários, Lula registrou 36%, Bolsonaro, 16%, e Marina, 14%).
Simulações de 2º turno:
(29 e 30 de novembro)
Lula 52% x 30% Alckmin
Lula 48% x 35% Marina
Lula 51% x 33% Bolsonaro
Alckmin 35% x 33% Ciro
Marina 46% x 32% Bolsonaro
A Folha publica nesta segunda uma entrevista concedida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a Fernando Rodrigues. Reputo o tucano, todo mundo sabe, o governante mais importante do Brasil em muitas décadas. Em razão de valores que nem são os dele, mas são os meus, ele ocupa um lugar superior na minha galeria ao de Getúlio Vargas.
Da Redação, com informações de Veja.com
Não aplaudo políticos que põem o país em risco quando matam ou quando se matam. Não tolero nem ditadores nem mártires porque as instituições sempre pagam o pato. O grande valor de FHC foi ter deixado instituições melhores do que encontrou. E há, claro!, o Plano Real, que teria naufragado sem a sua habilidade política.
Não gosto da obra de alguns políticos, mas gosto de sua visão de futuro e de suas prefigurações. De FHC, prefiro a obra. Ainda que seja notavelmente inteligente – e é, como poucos –, acho que erra bastante quando faz análise de conjuntura e quando pensa os próximos passos da oposição. É um erro pessoal que reflete as indecisões e indefinições do seu partido, o PSDB. Vai aqui uma constatação e uma mirada de futuro: ou esse partido se dá conta das suas dificuldades e de seus erros (que não são, a meu ver, os que ele aponta) e cria um fato político novo – QUAL??? –-, que corresponda uma real mudança interna, ou as coisas ficarão muito difíceis.
Deu-se de barato, até as eleições presidenciais de 2010, que é o PSDB a alternativa de poder ao PT. Não são poucos os que consideram, e essa questão começa a tomar corpo também para mim, que a chance de o PT ser apeado do poder está não numa candidatura tucana, mas num racha do bloco hoje governista. E a entrevista de FHC explica por que, a cada dia, menos gente aposta que os tucanos terão condições de desalojar os petistas do poder. Comento em azul alguns trechos de sua entrevista. No fim, volto para arrematar.
Folha/UOL – A crise econômico-financeira internacional colocou na defensiva as ideias liberais. Essa onda muda a abordagem de partidos como o PSDB?
Fernando Henrique Cardoso – Os que estão no governo passaram a ter uma espécie de perdão para utilizar recursos públicos para reativar a economia.
O PSDB nunca foi um partido que tivesse muito amor pelo mercado. Como todos os partidos brasileiros, as pessoas gostam mesmo é de governo, é de Estado. Isso desde Portugal, da Península Ibérica. O grande ator, querido, é o governo.
Estamos de volta a “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro, e a “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda. O “amor” dos brasileiros pelo estado teria sido herdado. É inegável, mas incompleto. Acho que FHC deveria ter sido mais explícito, deixando claro que os tucanos nunca foram (e aqui digo eu: infelizmente!) liberais. Nem ele próprio. A privatização de algumas estatais nunca significou opção pelo neoliberalismo. O ex-presidente perdeu a chance de apontar a grande fraude intelectual petista. Cumpria destacar ainda as privatizações recentemente feitas por Dilma, não é? São diferentes daquelas do passado num única aspecto: o improviso.
(…)
O PSDB nasceu de centro-esquerda. Em eleições recentes, abordou temas morais e religiosos. Deslocou-se para a centro-direita. Por quê?
Por engano eleitoral. Esses temas são delicados. Acho que você tem que manter a convicção. Você pode ganhar, pode perder. Em termos de comportamento e de valores morais, o PSDB tem que se manter progressista. Quando não se mantém, não tem o meu apoio. Eu não vou nessa direção.
Há vários equívocos aí, a começar da pergunta. Se eu pedir a Fernando Rodrigues que aponte uma só peça de propaganda eleitoral do PSDB que toque nos tais problemas morais e religiosos, ele não conseguirá apontar. Não existe. Em 2010 e neste 2012, quem primeiro se ocupou dessas questões, e de maneira preventiva, foi o PT. Isso é apenas um fato. A tática é quase infantil, mas dá certo, como se nota.
FHC endossa a inverdade e segue adiante com esta formulação que dá pano pra manga: “Em termos de comportamento e de valores morais, o PSDB tem que se manter progressista”. É mesmo? E em que o partido poderia ser, sei lá, “conservador”? Em economia?
O ex-presidente não se dá conta de que tenta a quadratura do círculo – ele e os tucanos todos. Foi Dilma quem primeiro levou a questão do aborto para a disputa em 2010. Foi Fernando Haddad quem primeiro levou a questão do kit gay para a eleição neste 2012.
O ERRO DO PSDB, NOS DOIS CASOS, FOI TER FUGIDO DO DEBATE
Questões chamadas nesta entrevista de “morais e religiosas” são tema de disputa eleitoral em todo o mundo democrático – ou será que minto, presidente? E jamais ocorreria a alguém tentar deslegitimá-las. Uma das perdições dos tucanos está, justamente, em tentar fazer um campeonato de “progressismo” com o PT.
O sr. tem dito que o PSDB tem que se aproximar mais “do povo”. Como fará isso?
Os partidos, por causa de uma mudança tão rápida no Brasil, ainda continuam com uma visão de sociedade anterior à atual. A atual é essa do UOL, da pessoa que fica aí navegando o tempo todo, que tem informação fragmentada. Minha tese é a seguinte: é preciso ouvir. Não é pregar. É ouvir. É reconectar com o que está acontecendo com o país.
Não entendi nada! Na entrevista, o ex-presidente cita até a novela Avenida Brasil, a tal nova classe média, o Elio Gaspari, o andar de baixo, o andar de cima… Fiquei com a impressão de que o ex-presidente está tateando a escuridão.
(…)
Como é a capacidade gerencial do atual governo?
Alguém me perguntou a respeito de o PIB ter crescido pouco: ‘Isso quer dizer que a presidente Dilma é má administradora?’. Não. O PIB cresceu pouco por mil razões. O erro, que eu acho que houve, é que o governo se colou ao PIB. Não precisava. Não acho que se deva colar na presidente Dilma [a queda do PIB]. Ela é que pode se colar nisso. Aí fica mal para ela.
Como se cantaria em Avenida Brasil, “Oi, oi, oi…” Se vocês notarem bem, FHC fala como conselheiro de Dilma, não como representante da oposição. Nem mesmo admite que ela é uma má administradora. Bem, se não é, então tudo bem! Trocar pra quê? Na sequência, o entrevistador indaga se a crítica à incompetência gerencial do governo é um bom discurso para a oposição. FHC responde: “A governança está falha. Mas campanha é outra coisa. Isso [falar da governança] pega quem? Por enquanto, não pega o povo.”
(…)
O sr. conviveu com alguns dos réus que foram condenados no mensalão. José Genoino, José Dirceu. O que o sr. achou dessas condenações?
Eles não foram condenados pelo que eles são. Mas pelo que eles fizeram. Uma coisa é você ser um bom homem. De repente, eu fico com raiva, dei um tiro e matei alguém. O que eu vou fazer? Vou para a cadeia.
Nunca vi nada do Genoino. É uma pessoa bastante razoável. O José Dirceu é um quadro. Eu respeito as pessoas que têm qualidade de quadro. Acho um episódio triste. Porque essa gente ajudou muito o Brasil no passado.
Taí! Dirceu estava esculhambando FHC ontem em seu site, mandando, na prática, o tucano ficar calado. Notem: nessa resposta e naquela sobre costumes e religião, quem fala é sociólogo que já foi de esquerda e que, em muitos aspectos, continua a sê-lo, ainda que os anos de governo o tenham empurrado para o pragmatismo. Dirceu e Genoino movem campanhas públicas contra o STF, como todo mundo sabe. O que quer dizer o trecho “José Dirceu é um quadro, e eu respeito pessoas que têm qualidades de quadro?” É próprio de um quadro se reunir com autoridades do governo em quartos de hotel? É próprio de um quadro articular uma CPI para perseguir jornalistas e o procurador-geral da República?
O PSDB está com o discurso afinado para 2014?
Não. Falta o que na esquerda costuma-se dizer “fazer a autocrítica”.
***Xiii, Marquim!!! Autocrítica? Talvez falte. Mas falta mesmo é fazer oposição. O PSDB entrou em greve em 2005, quando decidiu recuar e não articular o impeachment de Lula – estratégia que contou com o apoio de FHC – e não voltou mais ao trabalho.
(…)
Aécio deveria acelerar a busca do discurso? Está na hora?
Acho. [Deve] assumir mais publicamente posições. Falar, fazer conferência, viajar. Nossos políticos precisam voltar a tomar partido em bola dividida. A busca das coisas consensuais mata a política. E mesmo se for o caso de ser candidato, que diga que é. Acho que ele deve assumir.
Pois é… Com isso, concordo. Se Aécio será o candidato, tem de ir já à luta já. Com efeito, “a busca das coisas consensuais mata a política”, mas o que vi nessa entrevista foi um FHC em busca das… coisas consensuais!!!
Cadê a polarização?
Em praticamente todas as democracias do mundo, tem-se, na prática, o bipartidarismo. “Progressistas” disputam as eleições com “conservadores”, em confrontos realmente polarizados. Também o Brasil da redemocratização foi assim. Se o PSDB, em 1994 e 1998, não vestia o figurino conservador – ainda que contasse com o apoio do então PFL –, o PT se encarregava de falar a língua das esquerdas, e o confronto seguia, vamos dizer, o molde corriqueiro dos demais regimes democráticos.
A partir de 2002 (e com mais ênfase de 2006 para cá), o petismo renunciou à cascata socialista, associou o estado às demandas do grande capital – daí que seja hoje o preferido dos potentados da indústria e da área financeira – e acelerou os tais “programas sociais”, que se transformaram em verdadeiras máquinas caça-votos. Atenção! Não há grande novidade nisso, não! Os partidos ditos “progressistas” fazem escolhas semelhantes no mundo inteiro. A rigor, poderíamos dizer que o próprio PT jogou a pá de cal naquele antigo partido de esquerda!
A jabuticaba brasileira é outra. O “partido progressista” está aí. Mas pergunto: onde está o partido conservador? A entrevista de FHC deixa claro, mais uma vez, que não é e que não será o PSDB. Existem conservadores no Chile, na França, na Alemanha, no Reino Unido, nos EUA, na Colômbia, na Índia… Até na Venezuela, no Equador e na Bolívia eles disputam eleições – por enquanto… No Brasil, todo mundo, inclusive o PSDB, é, como se nota, “progressista”… No Brasil, até Paulo Maluf canta “Lu-lá; Lu-lá” em festas do PT
Caminhando para a conclusão
A quem fala o PSDB e em nome de quais valores? Hoje, pensando no partido em escala nacional, não dá para saber. Eis um erro brutal de FHC: a maioria da população brasileira, em costumes, é conservadora. Se um dos principais formuladores dos tucanos acredita que se deve fugir desse debate como o diabo, da Cruz, então esqueçam. Os republicanos chegaram perto, sim, de fazer de Barack Obama um dos poucos presidentes da história americana a não ser reeleito – a chance de um republicano suceder o democrata é gigantesca. Por lá, conservadores falam com clareza.
A inexistência de uma alternativa conservadora no Brasil – infelizmente, o PSDB ocupa esse lugar estrutural, mas que não lhe pertence – está começando a pôr em risco a própria ideia de alternância de poder. É claro que é ruim para a democracia. Até porque o PT não é mais socialista, mas está longe de ter se convertido à democracia, como estamos cansados de saber.
Conclusão
A única chance de o PSDB se tornar viável eleitoralmente, com Aécio Neves ou outro qualquer, é mandar uma mensagem nova ao eleitorado brasileiro. Que novidade seria essa? Entendo que ela deveria ter dois pilares: a) o primeiro é a efetiva unidade, o que não se tem, é evidente, desde 2002; quais autores se apresentam para construí-la?; b) o segundo pilar é a crítica organizada, estruturada e clara às disfunções do modelo petista de gestão. Sem o primeiro, não se tem o segundo; sem o segundo, pra que o primeiro? Eu me atreveria a sugerir ainda um terceiro, com chances reduzidíssimas de ser erigido: c) o PSDB não deveria ter medo dos eleitores conservadores, mas tem. Afinal, como é mesmo?, os tucanos “têm que se manter progressistas”…
Ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente Michel Temer disse neste sábado (2) que o desembarque do PSDB do governo será "de modo cortês e elegante".
Com Folhapress
"Será uma coisa cortês e elegante. Como do meu estilo e do governador. Eu tenho certeza que o PSDB deu uma grande colaboração ao governo. Nós temos um ano e meio, o PSDB esteve presente um ano e meio, aliás em ministérios de grande porte", afirmou, após entregar unidades do programa Minha Casa, Minha Vida em Limeira (a 148 km de São Paulo).
Ele acrescentou que, até então, não havia discutido o assunto com o governador.
Antes, em discurso no evento, Alckmin (PSDB), pediu "entendimento" ao presidente.
Como publicado pela Folha, o encontro deste sábado (2) também é o primeiro passo para a costura de um eventual apoio governista à candidatura de Alckmin ao Planalto em 2018.
"Presidente, conte conosco", afirmou o governador na cerimônia. "A boa política é buscar entendimento. Entendimento para resolver os problemas do Brasil e melhorar a vida das pessoas."
Em um segundo discurso, na cidade de Americana, a 30 km de Limeira, o tucano voltou a falar de aliança com Temer.
Disse que viu recentemente um provérbio libanês, origem dos ascendentes de Temer, que diz "com uma mão só não dá para aplaudir". E, dirigindo-se ao presidente, afirmou: "Nós precisamos dar a mão, fazer parceria em beneficio do Brasil."
Na última quinta (30), o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) disse que o desembarque dos tucanos da Esplanada dos Ministérios dependia de um acordo entre Temer e Alckmin.
O PSDB ainda detém três pastas no governo: Secretaria de Governo, Direitos Humanos e Relações Exteriores.
O tucano Bruno Araújo, ex-ministro das Cidades, pasta que coordena o programa habitacional, foi o primeiro dos ministros da legenda a deixar o governo, em 13 de novembro.
DEFESA DA GESTÃO
Além de Alckmin, Temer estava acompanhado de uma comitiva de ministros que fizeram a defesa do legado da gestão governista, principalmente na área econômica.
Estiveram com ele Henrique Meirelles (Fazenda), que também tem manifestado a possibilidade de concorrer em 2018 pelo PSD, Moreira Franco (Secretaria Geral), Alexandre Baldy (Cidades) e o presidente da Caixa Gilberto Occhi.
Meirelles exaltou a gestão Temer, que, segundo ele, "em um ano fez uma diferença enorme na vida de todos", com a inflação reduzida e recuperação de empregos.
Em Limeira, Temer inaugurou 900 unidades do programa Minha Casa, Minha Vida. Em Americana, onde entregou mais 896 unidades, diferentemente do primeiro evento do dia, o presidente recebeu vaias, inclusive enquanto celebrava os feitos de sua gestão.
O presidente prometeu lançar um programa de término de obras paradas do governo federal. Segundo ele, ainda serão inauguradas 25 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida até o fim do ano.