Até o mês passado, havia cerca de R$ 2,52 bilhões pertencentes a mais de 4,59 milhões de pessoas falecidas
Por Clarissa Lemgruber
O prazo para resgatar os recursos “esquecidos” no SVR (Sistema de Valores a Receber) do Banco Central termina nesta quarta-feira (16). Atualmente, segundo a divulgação mais recente feita pela autoridade monetária, são mais de R$ 8,59 bilhões para resgatar. A partir desta data, segundo a lei que instituiu uma reoneração gradual da folha de pagamento para 17 setores da economia, o recurso que não for sacado será direcionado ao Tesouro Nacional e poderá ser usado pelo governo federal para fechar as contas públicas.
No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que permite que o governo recolha recursos esquecidos em instituições financeiras que não foram solicitados pelos titulares. Segundo a norma, esses valores serão considerados pelo Tesouro Nacional para fins de cumprimento da meta fiscal do governo, podendo ser usados para compensar eventual déficit nas contas do governo.
O texto da lei diz que “os saldos não reclamados remanescentes junto às instituições depositárias passarão ao domínio da União e serão apropriados pelo Tesouro Nacional como receita orçamentária primária e considerados para fins de verificação do cumprimento da meta de resultado primário prevista na respectiva lei de diretrizes orçamentárias”.
Como recuperar os valores
Para consultar se tem valores a receber, basta acessar o sistema no site do Banco Central (www.bcb.gov.br/meubc/valores-a-receber) e preencher os campos com o CPF (Cadastro de Pessoa Física) ou CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica).
Depois de 16 de outubro, o Ministério da Fazenda terá de publicar no Diário Oficial da União um edital informando sobre o valor recolhido, além de dados do banco, da conta e da agência em que o dinheiro está depositado.
Os titulares das contas terão 30 dias para contestar o recolhimento dos recursos. Caso a contestação não seja aceita, será possível recorrer ao CNM (Conselho Monetário Nacional) em 10 dias. Quem não contestar após os 30 dias perderá o dinheiro, que será incorporado de forma definitiva ao Tesouro Nacional.
A lei, por fim, prevê a possibilidade de que os titulares das contas peçam à Justiça o reconhecimento de direito aos depósitos. Isso pode ser feito em até seis meses depois da publicação do edital do Ministério da Fazenda no Conselho Monetário Nacional.
E atenção, termina quarta-feira o prazo para fazer o resgate de valores no sistema do Banco Central.Play Video
Pessoas falecidas
Até o mês passado, havia cerca de R$ 2,52 bilhões pertencentes a mais de 4,59 milhões de pessoas falecidas. Pelo sistema, o herdeiro, inventariante, testamentário ou representante legal pode consultar os valores.
Para saber se há dinheiro esquecido em banco ou em outra instituição financeira de pessoa falecida, é necessário acessar o site e informar o CPF e data de nascimento da pessoa falecida. Caso haja valores esquecidos, o herdeiro, inventariante, testamentário ou representante legal pode clicar em “Acessar o SVR”.
Para acessar a plataforma, o solicitante deve logar na conta Gov.br, com nível de acesso ouro ou prata. Atenção: nesta etapa os dados são do herdeiro, inventariante, testamentário ou representante legal, não da pessoa falecida.
Após entrar no sistema, o solicitante verá duas opções: “meus valores a receber” e “valores para pessoas falecidas”. Nesse caso, deve escolher a segunda opção. Então, deverá preencher os dados da pessoa falecida, CPF e data de nascimento.
O próximo passo é a ler e assinar para concordar com o termo de responsabilidade de acesso a dados de terceiro, confirmando que está autorizado a fazer essa consulta por ser herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal da pessoa falecida. Só pessoas nessas condições estão autorizadas a realizar o resgate dos valores.
O que é o SVR?
O SVR é um serviço do Banco Central no qual o cidadão pode consultar se ele próprio, empresa ou pessoa falecida tem dinheiro esquecido em algum banco, consórcio ou outra instituição e, caso tenha, saber como solicitar o valor. O valor a ser resgatado na plataforma era de R$ 8,56 bilhões em julho, e R$ 8,51 bilhões, em junho.
O sistema engloba valores disponíveis em contas-corrente ou poupança encerradas; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito; recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados; tarifas cobradas indevidamente; parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente; contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas e outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.
Segundo o BC, 63,21% dos beneficiários (33 milhões de pessoas) têm até R$ 10 para receber. As quantias entre R$ 10,01 e R$ 100 representam 25,05% dos correntistas (13,1 milhões de pessoas); entre R$ 100,01 e R$ 1 mil estão 9,94% – 5,2 milhões de pessoas.
Apenas 1,8% (940 mil pessoas) tem direito a receber mais de R$ 1 mil.
Alertas
O Banco Central alerta os correntistas a ter cuidado com golpes de estelionatários que alegam fazer a intermediação para supostos resgates de valores esquecidos. O órgão ressalta que todos os serviços do Valores a Receber são totalmente gratuitos, que não envia links nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.
O BC também esclarece que apenas a instituição financeira que aparece na consulta do Sistema de Valores a Receber pode contatar o cidadão. O órgão também pede que nenhum cidadão forneça senhas e esclarece que ninguém está autorizado a fazer esse tipo de pedido.
Rombo é revelado em documento oficial da estatal deste dia 11/10
Com site Mais Brasil
Um ofício circular de nº 52618459/2024, sobre a Ata sobre Contingência Orçamentária e Custeio dos Correios, datado de 11 de outubro deste 2024, revela que o atual prejuízo da estatal, até o mês de agosto de 2024, está em aproximadamente R$ 1,8 bi. O documento – sigiloso – foi conseguido com exclusividade pelo portal Mais Brasília (MB).
O documento, encaminhado aos executivos, superintendentes estaduais, chefes de departamento e órgãos de mesmo nível diz que:
“Como é de conhecimento de todos, a Empresa vem enfrentando dificuldades na manutenção de um patamar razoável de equilíbrio entre Receitas e Despesas. No período de janeiro/24 a agosto/2024, as disponibilidades de caixa registraram redução de, aproximadamente, R$ 1,8 bilhão relativamente ao saldo negativo no início do exercício. Na mesma direção, o cenário prospectivo aponta que, ao encerramento do ano corrente, o saldo em caixa seja em torno de 83% inferior ao reportado no início de 2024”.
Recentemente, em setembro, a revista Veja veiculou que a estatal voltou a ter prejuízo no primeiro semestre deste ano, registrando R$1,3 bi de rombo. As demonstrações contábeis do período estão disponíveis no site da empresa. Caso a estatal não consiga reverter a situação nestes próximos meses, a empresa se encaminha para o terceiro ano seguido no vermelho em 2024.
Segundo a revista, “enquanto a receita somou 4,78 bilhões de reais e teve uma ligeira queda, de 0,5%, na comparação com o mesmo trimestre em 2023, o prejuízo líquido cresceu 36% e saltou para 553,2 milhões de reais.”
Mesmo sendo o atual dono do do monopólio da entrega de cartas e correspondências no Brasil, um nicho em franco declínio há décadas, os Correios enfrentam um avanço crescente da concorrência no filão de mercado que mais cresce: o de encomendas, que integra os pacotes de compras do comércio eletrônico.
Durante o governo passado, de Jair Bolsonaro, a estatal chegou a entrar na fila das privatizações. Mas os Correios saíram desta fila com a entrada de Lula no governo.
No semestre passado, de acordo com a tendência dos últimos anos, a receita com a entrega de cartas caiu 8%, para 2,28 bilhões de reais, enquanto as encomendas avançaram 1,4%, somando 4,64 bilhões de reais.
Já o segmento Internacional dos Correios, que distribui os pacotes de compras feitas no exterior e foi um dos que mais cresceu em anos recentes, perdeu força e avançou 1% (para 2,1 bilhões), revelando uma desaceleração das compras internacionais.
Em 2024, as estatais brasileiras registraram, de janeiro a agosto, um déficit de R$ 7,2 bilhões. Desse valor, 47% envolvem estatais federais, e os outros 53% restantes são de empresas estaduais. O prejuízo é considerado o maior desde o início da série em 2002.
Como as estatais são controladas pelo governo, o Tesouro Nacional precisa cobrir esse déficit. Isto vai gerar um impacto extra nas contas públicas.
Segundo relatório do Banco Central, em agosto de 2024, o setor público consolidado teve um déficit primário de R$ 21,4 bilhões, pouco inferior ao registrado no mesmo mês de 2023.
*Com informações da revista Veja e do InfoMoney
O número é a soma dos prejuízos de empresas federais e estaduais
Site Pleno.News
Empresas federais e estaduais registraram um déficit de R$ 7,2 bilhões entre os meses de janeiro e agosto de 2024. O número é o resultado de gastos maiores que o fluxo de entrada de caixa, se tornando o maior déficit já registrado desde 2002, quando o Banco Central passou a acompanhar esses dados.
De acordo com a CNN, as empresas federais têm R$ 3,3 bilhões de prejuízos e as estaduais R$ 3,8 bilhões. O resultado desse rombo afeta as contas públicas de diferentes formas, podendo levar o Executivo a cobrir esses custos, aumentando o endividamento do país.
No âmbito federal, os recursos são promovidos pelo Tesouro Nacional e também impactam a meta fiscal. Para este ano e o próximo, o governo pretende zerar o déficit público, mas com a questão das estatais com problemas, esse projeto ficará ainda mais difícil.
O mesmo vale para os estados e municípios que terão que assumir os déficits de suas empresas tirando dos recursos em caixa.
Publicitário foi um dos maiores nomes da área; entre criações, está o movimento que ficou conhecido como Democracia Corintiana
Por Guilherme Resck
Morreu neste domingo (13), aos 73 anos, o publicitário Washington Olivetto. Ele estava internado no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, e a morte foi confirmada pela própria unidade de saúde, que se solidarizou com a família e amigos pela "irreparável perda".
Horas após o anúncio, uma mensagem foi divulgada pelo perfil de Olivetto em redes sociais. A publicação agradecia as ações do publicitário enquanto em vida, além de lembrar do aspecto pessoal, como marido, pai e avô.
"É com muita alegria que celebramos a vida do maior publicitário do mundo. Do mais generoso dos amigos. Do mais brilhante dos brasileiros. Do mais fiel dos corintianos. Do mais maravilhoso marido, pai e avô. O melhor Washington Olivetto de todos os tempos. Obrigado, obrigado, obrigado", diz a publicação.
Trajetória
Washington Olivetto nasceu em 29 de setembro de 1951, em São Paulo. Cursou faculdade de publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Em 1978, criou o "Garoto Bombril". Na década de 80, foi um dos criadores do movimento que ficou conhecido como Democracia Corintiana, além de ter criado a peça publicitária "O Primeiro Sutiã" para a Valisère.
Em sua trajetória, conquistou mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes, na categoria filmes, e foi o único latino-americano a ganhar um Clio em 2001. Chegou a ser nomeado um dos 25 publicitários-chave do mundo pela revista britânica Media International e eleito duas vezes o publicitário do século pela Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade (Alap) e pelo site de notícias Monitor Mercantil.
Foi nomeado vencedor do "2014 Clio Lifetime Achievement Award" e, em 2015, foi escolhido como o primeiro anglo-saxão da história a entrar para o "Creative Hall of Fame" (Hall da Fama Criativo), da ONG americana The One Club.
O Corinthians lamentou a morte, cuja causa não foi informada pelo hospital. "Um dos ícones da publicidade, herdou a paixão pelo Corinthians de seu tio Armando. Olivetto foi vice-presidente de Marketing do Clube e além de ser um dos fundadores do movimento Democracia Corinthians. Autor dos livros 'Corinthians x Outros' e 'Corinthians - É Preto no Branco'", ressaltou o clube, que ainda se solidarizou com a família "nesse momento de dor".
Análise da CNI mostra que Logística e Transporte é a área com maior demanda por qualificação – e que mais demandará profissionais de 2025 a 2027
Por Guilherme Resck
O Brasil precisará qualificar cerca de 14 milhões de trabalhadores entre 2025 e 2027 para atender a demanda da indústria brasileira por profissionais, segundo projeção trazida na nova edição do Mapa do Trabalho Industrial, lançado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (11).
Cerca de 2 milhões de pessoas precisarão ser preparadas para ingressar no mercado de trabalho, se formando no nível técnico ou superior. "São aquelas pessoas que vão iniciar uma carreira. Aqui também pode ter algumas que estão mudando completamente de profissão e precisam voltar para o ensino técnico, superior, para aprender uma nova ocupação", explica Anaely Machado, especialista em mercado de trabalho do Observatório Nacional da Indústria, da CNI.
Quase 12 milhões são trabalhadores que já estão empregados e precisarão de treinamento e desenvolvimento para atualizarem as competências para cumprir suas funções.
De acordo com o Mapa, ocupações em Logística e Transporte e Construção e Operação industrial serão as áreas com maior demanda por qualificação de profissionais entre 2025 e 2027. A primeira demandará a preparação de cerca de 3,3 milhões de trabalhadores. A segunda, 1,4 milhões. E a terceira, 1,3 milhões.
Na sequência aparecem Metalmecânica (1,1 milhão), Manutenção e Reparação (987,1 mil), Alimentos e Bebidas (914,6 mil), Tecnologia da Informação (636,3 mil), Tecnologia e e engenharia (561 mil), Serviços administrativos (509,2 mil) e Têxtil e Vestuário (421,9 mil).
"A área de logística e transporte tem uma relevância muito grande. Essa área cresceu bastante após a pandemia, por uma necessidade de encadeamento da cadeia produtiva que demanda cada vez mais esse tipo de profissional", ressalta Anaely.
"A partir do momento em que temos cadeias produtivas muito mais integradas tecnologicamente, muito mais complexas também e uma inserção internacional mais relevante, esse profissional passa a ser bastante demandado, tanto dentro quanto fora da indústria", diz.
No Sudeste, será demandada a qualificação de cerca de 7 milhões de trabalhadores. No Sul, 3 milhões. No Nordeste, 2 milhões. No Centro-Oeste, 1,1 milhão. E no Norte, 671 mil.
Demanda por formação industrial em cada região do país, entre 2025 e 2027 | Reprodução/CNI
Em relação às 2,2 milhões de pessoas que precisarão ser preparadas para ingressar no mercado de trabalho, as áreas com maior demanda por novos profissionais entre 2025 e 2027 serão:
- Logística e Transporte (474,6 mil), com oportunidades para técnicos de controle da produção, motoristas de veículos de carga, almoxarifes e armazenistas, entre outros;
- Construção (364 mil), para atuar como profissionais na operação de máquinas de terraplanagem, ajudante de obras civis, trabalhadores de estruturas de alvenaria, fundações, entre outros;
- Manutenção e Reparação (179,4 mil), para mecânicos de manutenção de veículos automotores, de máquinas industriais, eletricistas de manutenção eletroeletrônica e muitos mais;
- Operação industrial (181 mil), que são profissionais que atuam como alimentadores de linhas de produção, embalagem, etiquetagem, trabalhadores de cargas e descargas de mercadorias;
- Metalmecânica (175,4 mil), com oportunidades para trabalhadores de soldagem e corte de ligas metálicas, trabalhadores de caldeiraria e serralheria.
"Quando a gente fala que existe um problema de formação, o Mapa do Trabalho busca trazer uma solução ou pelo menos uma ferramenta que ajude a solucionar esse problema", fala Anaely.
"E a expectativa é que à medida que as instituições de formação profissional e as empresas consigam casar as suas necessidades, nós teremos um ambiente em que os trabalhadores que são formados estão mais aderentes às necessidades do mercado, e os trabalhadores também vão ter uma empregabilidade maior".
Havendo uma oferta de educação profissional aderente às necessidades do mercado, ressalta Anaely, existirá ainda um potencial de produtividade muito mais alto na indústria e uma possibilidade de mais inovação.
A CNI salienta que o Mapa do Trabalho Industrial pode e deve ser utilizado como apoio ao planejamento estratégico de oferta de cursos de formação profissional que atendam às necessidades do setor industrial brasileiro.
Metodologia
A estimativa da demanda por qualificação industrial é feita com base na estrutura do emprego formal projetado para o período e na necessidade de formação de profissionais.
Em 2027, é estimado que haverá 8,1 milhões de pessoas com emprego formal em Logística e Transporte, por exemplo. Segundo Anaely, as projeções consideram que o Brasil está num momento em que a pandemia já passou, a economia está se recuperando, mas o crescimento não é tão alto.
Ao mesmo tempo, reforça, a indústria tem expectativa de que reformas estruturantes, como a tributária, começarão a dar resultados "um pouco mais no longo prazo".
Anaely pontua também que o mercado de trabalho está em constante transformação e formatos de trabalho diferenciados estão cada vez mais comuns.
"Todas essas transformações, e considerando também os processos de inovação e de transformação do mercado de trabalho e do setor produtivo, cada vez mais vão demandar que o trabalhador se aperfeiçoe e se requalifique constantemente ao longo da sua carreira", afirma a especialista.