Embate agora é pela escolha do candidato do partido à Casa no ano que vem, quanto termina mandato do tucano
Por Pedro Venceslau
Em compasso de espera pela anunciada decisão do ex-governador Geraldo Alckmin de deixar o PSDB, os tucanos abriram uma nova frente de disputa interna na legenda em São Paulo, desta vez pela escolha do candidato ao Senado em 2022. O mandato de José Serra termina no ano que vem, mas ele se afastou do cargo após ser diagnosticado com Parkinson.
Tucano da ala histórica do PSDB, o ex-deputado José Aníbal é o suplente de Serra e assumiu o cargo por pelo menos quatro meses, mas se cacifou na sigla para ser o candidato no ano que vem. Os prefeitos tucanos Orlando Morando (São Bernardo do Campo) e Duarte Nogueira (Ribeirão Preto) chegaram a articular um apelo público para que Alckmin fosse indicado para disputar o Senado e, assim, ficasse no partido, mas o ex-governador resiste à ideia e já anunciou publicamente que planeja sair do PSDB.
Embora ainda não tenha feito nenhum gesto formal de que pretende disputar o Senado, Aníbal já tem um adversário interno que está em campanha aberta no partido: o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, que encabeça a ala "covista" da sigla. "Se ele (Aníbal) quiser ser candidato, terá que se inscrever nas prévias. Hoje eu sou o único inscrito", disse Alfredo ao Estadão.
O presidente do PSDB paulistano já reuniu o apoio de 22 dos 52 diretórios zonais do partido e espera selar a adesão dos demais até o fim de setembro. "Eu só não vou disputar o Senado se o Geraldo (Alckmin) ficar e for candidato. Essas conversas não serão tratadas em uma sala com charuto e vinho caro. É a militância que vai decidir", afirmou o dirigente tucano.
Procurado pela reportagem, o senador José Aníbal não quis comentar o assunto.
A escolha do candidato do PSDB ao Senado na disputa do ano que vem é tratada com cautela e causa desconforto nos bastidores do partido. Dirigentes da legenda disseram, por exemplo, que houve constrangimento no ato de filiação de Tomás Covas, filho de Bruno Covas. Na ocasião, com Aníbal no palanque, aliados de Alfredo colocaram faixas defendendo o seu nome para o Senado, o que provocou mal-estar.
Divergências. A cúpula do PSDB paulista descarta realizar as prévias para o Senado no mesmo dia das prévias nacionais e para governador, marcadas para 21 de novembro, e afirmou que Serra será ouvido na hora de definir o nome do candidato.
Já aliados do governador João Doria consideram a possibilidade de o partido abrir mão de lançar um nome próprio na disputa para contemplar um dos partidos da coligação.
Em coletiva realizada nesta quinta-feira (2), no Palácio Araguaia, o governo do Tocantins esclareceu que concessão dos parques naturais do Estado não será feita “a toque de caixa” e sem que sejam ouvidas todas as partes interessadas, tudo com a participação do Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público Estadual e Federal.
Por Edson Rodrigues
As audiências públicas devem ocorrer nos próximos 27 dias e todo o processo deve estar encerrado até o dia 30 deste mês, segundo o secretário de Parcerias e Investimentos do Estado do Tocantins, Claudinei Quaresemin.
Todo o processo será capitaneado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, cujo superintendente da Área de Governo e Relacionamento Institucional do banco, Pedro Bruno Barros de Souza, garantiu que "um representante da instituição deve visitar o Jalapão, nas próximas semanas, para fazer escuta junto à comunidade. Esse processo vai acontecer dentro dessa fase que precede as audiências públicas."
PARQUES NÃO SERÃO PRIVATIZADOS
Os parques estaduais do Jalapão, do Cantão, da Serra do Lajeado e o Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Estado do Tocantins não serão privatizados, como vem sendo ventilado erroneamente. Será uma concessão, entre 15 e 30 anos para a sua exploração comercial por uma empresa do ramo turístico. A empresa vencedora ter, obrigatoriamente, que investir um montante preestabelecido, assegurando a preservação ambiental, disponibilizando infraestrutura básica para o turismo, dando prioridade às comunidades e municípios abrangidos, com treinamento e aproveitamento de mão de obra.
Os grandes fiscais da atuação dessas empresas serão o Tribunal de Contas do Estado, os Ministérios Públicos Estadual e Federal e o próprio povo tocantinense.
As comunidades e municipalidades impactadas participarão de todas as discussões e tomadas de decisão junto com os técnicos do governo do Estado e do BNDES. As sugestões e ideias da população serão incluídas em um documento que será submetido a um rito obrigatório para que, só então, seja elaborado um edital público para o recebimento de propostas.
Realizada a concorrência, a empresa vencedora terá que demonstrar capacidade total de arcar com as obrigações constantes do edital.
MELHORAS E DESENVOLVIMENTO
O secretário Claudinei Quaresmin fez uma explanação onde garantiu que o governo do Estado, juntamente com o BNDES, está buscando a melhor forma de promover melhorias e trazer desenvolvimento para as regiões abrangidas pelos parques envolvidos no projeto, salientando que o governo está se esforçando para levar pavimentação asfáltica às rodovias que interligam as localidades dos parques ao restante do Estado e construindo aeroportos com pistas pavimentadas.
Os atuais proprietários de pousadas, hotéis e restaurantes terão, em breve, milhares de turistas desembarcando em seus empreendimentos. Está no planejamento da concessão dos parques a abertura de linhas de crédito, por parte do próprio BNDES, para esses empresários, assim como incentivos às atividades culturais das comunidades.
Segundo Claudinei Quaresmin, o governo Don Estado determinou que todas as exigências do edital sejam cumpridas à risca, sem exceções e que a palavra das comunidades abrangidas terá sempre vez na tomada de decisões.
“Hoje, estamos aqui, nesta coletiva de imprensa, trazendo uma amostra do quão seriamente está sendo levada essa questão da concessão dos parques estaduais, para que reste dúvida quanto à lisura e às boas intenções do governo do Estado”, afirmou Quaresmin.
Já o superintendente da Área de Governo e Relacionamento Institucional do BNDES, Pedro Bruno Barros de Souza afirmou que, apesar de ser uma novidade para o povo do Tocantins, a parceria irá gerar centenas de empregos diretos e milhares de indiretos, garantindo um fluxo de turistas em todas as estações do ano, aquecendo a economia com reflexos em todas as camadas sociais.
OPOSIÇÃO CRITICA
Como em toda democracia, a oposição vem colocando contrapontos a respeito da concessão dos parques estaduais, com críticas – algumas mais acaloradas – no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa e nas redes sociais.
Como disse o saudoso Golbery do Couto e Silva, “triste é o governo e o povo que não têm uma oposição forte, responsável e atuante” e as críticas fazem parte de todo o processo democrático. Logo, o embate de ideias é saudável e se faz importante quando vem baseado em sugestões que busquem formas de que o povo seja sempre beneficiado, sem interferis na busca pelo progresso, pelo desenvolvimento e pela geração de renda.
Nestes 33 anos como dirigentes de O Paralelo 13 já testemunhamos, por duas vezes, representantes do Tocantins no Congresso Nacional assumirem o papel de empecilho para a liberação de recursos importantíssimos para o Estado e para a população, como foi o caso dos reservatórios de abastecimento de água para Gurupi e Porto Nacional, além da nova ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional, em governo anteriores.
Mas, os atuais representantes do Tocantins no Congresso precisa, sim, fiscalizar e denunciar qualquer irregularidade – ou suspeita de – em ações do governo do Estado.
Esperamos que eles continuem a ser os olhos e ouvidos da população tocantinense, sem que coloquem os interesses pessoais e as picuinhas a serviço dessa obrigação.
Estar alerta é uma coisa. Prejudicar, propositalmente, é outra!
Após anúncio da Prefeitura Municipal em realizar ações do Programa, ainda no mês de agosto, as ações foram iniciadas nessa quarta-feira, dia 1 de setembro, com abertura oficial e palestra. Programação segue até o próximo sábado.
Com Assessoria
Preocupados com a formação de profissionais das áreas de educação, assistência e saúde, com foco na redução de risco social de crianças, adolescentes e até mesmo de adultos e idosos, foi iniciada nesta quarta-feira, dia 1 de setembro de 2021, as formações do Programa Recriar Vidas, conduzido pela Recriar Vida Consultoria e Gestão em parceria com a Prefeitura de Marianópolis por meio da Secretaria Municipal de Educação. A formação, com carga horária total de 44 horas, conta com aulas, palestras e oficinas. O lançamento, realizado na última noite, contou com a participação do proprietário da empresa, empreendedor social e idealizador do Projeto, Ricardo Ribeirinha, e com as presenças da Primeira Dama e Secretária da Saúde, Idalina Diniz, que no momento representou o Prefeito Isaías Piagem, da Secretária de Educação Mara Andréia Prediger, da Secretária de Assistência Social Maria de Jesus e ainda dos vereadores David e Valmir da Manchete. Além das falas das autoridades, o evento contou com uma apresentação institucional do Projeto e com uma palestra de introdução, com o tema “As vulnerabilidades sociais associadas ao risco do consumo de drogas”, ministrada pelo palestrante Geferson Barros.
Tanto o evento de abertura, quanto as ações de formação serão realizadas no salão da Igreja CIADSETA, conduzida pelo Pastor José Paulo, que disponibilizou o local para realização das ações. A formação, com previsão de duração total de 44 horas, está capacitando mais de 90 profissionais das redes de educação, assistência e saúde do município, sendo o público alvo professores, psicólogos, coordenadores pedagógicos, diretores de escolas e profissionais da saúde, a exemplo dos agentes de saúde da família. Na abertura, já foram entregues os kit´s “Viver de Cara Limpa, Uma Escolha”, com três livros voltados para os profissionais, pais e alunos. Os livros serão utilizados durante a formação de instrumentalização, que prevê três etapas: a primeira pedagógica, posteriormente psicológica e concluindo com a instrumentalização métrica para geração de projetos permanentes de prevenção e redução de riscos sociais. O encerramento da formação será neste sábado, dia 4 de setembro.
A Primeira Dama, Idalina Diniz, destacou a pretensão da prefeitura em desenvolver o projeto ainda em 2020, mas acredita que a programação se encaixa perfeitamente no momento vivenciado pela cidade, de retomada das aulas e redução nos casos da COVID-19. “Pretendíamos fazer esse trabalho ainda em 2020, mas percebemos que estamos fazendo na hora certa. O Prefeito Isaias tem uma preocupação diferente, ele pensa muito no bem estar e na motivação das pessoas de Marianópolis. Toda gestão está focada em garantir melhor infraestrutura pra nossa cidade, e isso não pode parar. Mas ao mesmo tempo precisamos cuidar da saúde das pessoas, tanto física quanto mental. Até para não permitir o aumento do consumo de drogas na região, que já é preocupante. Estamos animados com os resultados que virão e certos de que o conteúdo será importante para formação dos profissionais”, afirmou Idalina.
Para Secretária de Educação, Mara Andreia Prediger, a formação vai ajudar os professores a promoverem o autocuidado na saúde mental e melhor a atuação no cuidado aos alunos. “Estão demonstrados os dados em diversas pesquisa, e sentimos isso no retorno das aulas: quebramos o ritmo da educação e isso afetou a saúde emocional de profissionais e alunos. Com esse projeto pretendemos aumentar a motivação, melhorar a autoestima de todos, ampliar os cuidados psicossociais com alunos e até com os pais. Com isso vamos envolver todos numa ação de prevenção as drogas, com o foco certo. Estou muito satisfeita também por abordar na formação as competências socioemocionais da BNCC. Precisávamos dar instrumentos para atuação pedagógica dos professores, dentro da matriz curricular. Sinto que Marianópolis sai na frente na região, e esse é nosso espírito. De estar a frente, com desenvolvimento na agricultura e com crescimento das pessoas, da figura humana. Isso importa muito”, finalizou a Secretária.
"Tem idiota achando que vou dar golpe. Eu sou presidente, vou dar golpe em mim mesmo? É muita idiotice, muita idiotice." Disse o presidente
Por Gustavo Côrtes e Lorenna Rodrigues
Cerca de duas horas após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, dizer que não vai tolerar ataques à democracia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o País “está em paz” e que “ninguém precisa temer o dia 7 de Setembro”, em referência aos atos marcados para a próxima terça-feira. A convocação dos atos pelo presidente tem sido feita com críticas a outros Poderes e a um clima de ruptura institucional. “Quem quer paz que se prepare para a guerra”, disse Bolsonaro nesta quarta-feira, em evento com militares.
Nesta quinta-feira, 2, durante abertura de sessão de julgamento da tese do “marco temporal” para demarcações de terras indígenas, Fux disse que não vai tolerar atos contra a democracia. Mais cedo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e governadores defenderam uma solução para a crise entre Poderes e o fim de ataques às instituições, em um recado claro ao presidente Jair Bolsonaro.
“Pretendo ocupar um carro de som na avenida Paulista (em São Paulo) que deverá ter 2 milhões de pessoas. Pelo que tudo indica, será um recorde. O que essas pessoas estão fazendo lá? O que elas estão pedindo? O que elas estão clamando, a não ser aquilo que o ministro Fux disse hoje em sua sessão: não pode haver democracia se não tiver respeito à Constituição”, disse Bolsonaro, que pediu aplausos dos presentes ao presidente do STF. “Parabéns, mais uma vez, ministro Fux, é isso que eu quero, vossa excelência quer, Arthur Lira quer, Pacheco quer.”
Em discurso durante solenidade no Palácio do Planalto, o presidente pregou o diálogo entre os Poderes e afirmou que não havia necessidade de passar pelo atual momento de tensão institucional que o País atravessa. No entanto, fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que o incluiu no inquérito das fake news por declarações contra o sistema eletrônico de votos. “Quem não quer ser criticado fique em casa. Parabéns, Alexandre de Moraes”, disse em tom irônico ao citar a frase dita pelo magistrado.
“Quando um do STF começa a dar problema, com toda certeza, o presidente e seus pares devem conversar com eles, porque alguns de nós, somos humanos, extrapolamos. Não podemos ficar reféns de um do Parlamento, um do executivo ou um do STF. Essa é a harmonia”, afirmou.
Bolsonaro defendeu ainda a moderação dos Poderes, embora tenha atacado sistematicamente membros do Judiciário e, mais recentemente, Rodrigo Pacheco, com quem tinha boa relação até o parlamentar rejeitar o pedido de impeachment do Planalto contra Moraes. “Não podemos usar da força do poder que nós temos para censurar quem quer que seja, para desestabilizar a nação, para acirrar os ânimos. Ou somos democratas ou não somos”.
Bolsonaro, ao comentar pronunciamento de Fux, disse que é preciso respeitar todos os artigos da Constituição. Criticou aquilo que entende como censura às vozes de defesa do governo pela Corte. “Está faltando uma ou outra autoridade ter a humildade de reconhecer que extrapolou e trazer a paz para o Brasil”, disse.
O presidente afirmou que “todos os Poderes são importantes” e que cederia aos membros do Judiciário a oportunidade de discursar diante dos manifestantes em atos previstos para 7 de setembro.
Pouco depois, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, ironizou ser chamado de "golpista" pelos ataques às instituições. "Tem idiota achando que vou dar golpe. Eu sou presidente, vou dar golpe em mim mesmo? É muita idiotice, muita idiotice."
Economista José Roberto Mendonça de Barros diz que mercado estava excessivamente otimista e 'capitulou' diante de uma piora no cenário sem horizonte de reversão no curto prazo.
Por BBC
Os manifestos assinados nas últimas semanas por empresários, figuras do agronegócio e do mercado financeiro são o lado visível de um "desembarque silencioso" de parte da elite econômica da base de apoio do governo Bolsonaro.
Quem faz a avaliação é o economista José Roberto Mendonça de Barros, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1995 e 1998, fundador da consultoria MB Associados, em funcionamento desde 1978, e membro do conselho de diferentes empresas.
O "desencanto" de parte do mercado financeiro e de empresários com o governo se aprofundou nas últimas semanas diante do que ele considera uma virada no cenário político e econômico.
À tramitação atrapalhada da reforma do imposto de renda e à proposta de parcelamento de precatórios com o intuito de turbinar um novo Bolsa Família se misturaram a antecipação da sucessão presidencial, o aumento da inflação e dos juros e, agora, uma crise hídrica e energética.
A resposta veio como aumento do dólar, queda da bolsa e elevação das taxas de juros futuros (que mostram a expectativa do mercado em relação à Selic nos próximos anos e acabam sendo um termômetro da percepção de risco do país).
"Isso que aconteceu nas últimas duas, três semanas é que essa realidade se abateu no mercado financeiro. Houve uma revisão generalizada de cenários", diz Mendonça de Barros em entrevista à BBC News Brasil.
"Estamos falando de outro mundo, outro cenário, em que finalmente o mercado financeiro capitulou."
E é cada vez mais difícil pensar em uma reversão, diz ele, com a entrada precoce do elemento da sucessão presidencial de 2022 no jogo.
"O executivo puxou essa discussão e agora não tira mais. Então, nós vamos com isso até outubro do ano que vem. Com as incertezas, as pressões... o que só reforça esse cenário de desaceleração", pontua.
Sob esse pano de fundo, a decepção da elite empresarial e econômica do país com o governo foi ganhando novos contornos.
"Já existe um bom desembarque. Para a maior parte desses agentes, isso é feito de forma silenciosa...atualmente, porém, não mais tanto. Aquele primeiro manifesto, em que todo mundo foi na [pessoa] física, havia empresários de peso ali."
Mendonça de Barros se refere ao manifesto "Eleições serão respeitadas", uma reação às ameaças do presidente às eleições no próximo ano.
Bolsonaro faz reiteradamente acusações infundadas e sem provas de que a urna eletrônica seria fraudulenta e diz que o país só teria eleições justas com o retorno do voto impresso. Também desfere com frequência ataques contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e inflama sua base de apoio que defende uma ruptura institucional por meio de um golpe militar.
O economista foi um dos mais de 200 signatários iniciais no manifesto, ao lado de figuras como o industrial Horácio Lafer Piva, acionista da Klabin, gigante da área de celulose e papel, e da empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração da rede Magazine Luiza.
Mais recentemente, foi a vez do agronegócio. Sete entidades lançaram um manifesto em defesa da democracia que dizia que o Brasil não poderia se mostrar à comunidade internacional "como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais".
E há ainda o manifesto que vinha sendo costurado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), suspenso depois que os bancos públicos Caixa Econômica e Banco do Brasil ameaçaram deixar a Febraban caso o texto fosse divulgado.
Ainda que não tenha sido tornado público, o movimento seria mais um indicativo de que já há um desembarque desse grupo: "Eu sou testemunha disso, no mundo que eu consigo olhar, do qual eu consigo falar, é exatamente isso, um desencanto".
Mendonça de Barros diz que "ninguém está encantado pela esquerda", mas que há cada vez mais uma visão de que o caminho pelo atual governo tampouco é uma solução. "E aí todo mundo fica pensando e sonhando com o que se convencionou chamar de terceira via, algo tão desejável quanto difícil de se pôr em pé."
Otimismo exagerado
O mercado financeiro conseguiu segurar o otimismo até meados de maio e junho, lembra o economista.
Naquele período, havia uma visão de que a relação dívida/PIB vinha melhorando e de que a arrecadação crescia, além da expectativa de que o Congresso passaria reformas com alguma facilidade.
"Tinha uma certa [expectativa para] inflação, mas não era 8%, tinham um certo aumento de juro, mas não era 8,5%."
Mesmo naquele momento, contudo, a empolgação era exagerada, diz ele. A aparente melhora da parte fiscal sinalizada pela relação dívida/PIB, exemplifica Mendonça de Barros, era uma "ilusão estatística" causada pela aceleração da inflação.
A ideia é que, quando a inflação acelera, o PIB nominal cresce mais rápido (porque os preços sobem, não necessariamente porque a economia produz mais), enquanto o estoque da dívida demora mais a aumentar. Isso porque a dívida pública acompanha o movimento da taxa básica de juros, elevada pelo Banco Central em um segundo momento, em reação à inflação. Há, portanto, uma defasagem.
Na avaliação do economista, o mercado também se equivocou na análise de que a agenda de reformas caminharia de forma mais célere com a aliança entre o governo e o Centrão. O risco de que a qualidade do que fosse aprovado não valesse a pena — hoje materializado — sempre existiu.
Exemplo recente é a Medida Provisória de capitalização da Eletrobras, aprovada com tantos "jabutis" (termo comumente usado para se referir à inclusão de parágrafos completamente alheios ao tema do dispositivo) que, na avaliação de entidades do setor elétrico, deve encarecer o custo da energia. E há a reforma do Imposto de Renda, que tramita em uma versão com tantas modificações que, hoje, provocaria ainda mais distorções no já complexo sistema tributário brasileiro.
"Evidentemente que o mercado tinha muita vontade de acreditar no cenário otimista porque tinha negócios ali... eu sou consultor de mercado financeiro há 43 anos, já vivi o suficiente pra saber como é isso", pontua.