O ex-ministro afirmou que o fanatismo no Brasil pode acabar em violência. Também considerou que há um desrespeito generalizado no país a ser enfrentado pela lei.
Com Agência Estado
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, chamou de "ameaça absurda" a afirmação do presidente Jair Bolsonaro sobre não haver eleições em 2022 caso não seja adotado o voto impresso. Ao participar de live organizada pelo grupo Parlatório na noite deste domingo, 11, o militar defendeu ainda uma "reação forte" da sociedade e das instituições contra a ameaça feita pelo chefe do Executivo.
"Algumas ameaças são absurdas, como de o presidente da República dizer que talvez não tenha eleição. Eleição é fundamento básico da democracia", disse Santos Cruz. "Esses pontos sofrem algum desgaste, mas tem de haver reação forte das pessoas e das instituições. Temos algumas instituições muito fracas, seja no Judiciário, seja no Congresso Nacional, que, na minha opinião, tem de ser mais forte", acrescentou.
O general afirmou que o fanatismo no Brasil pode acabar em violência. Também considerou que há um desrespeito generalizado no país a ser enfrentado pela lei. O ex-ministro disse ainda que a corrupção é um ponto que deve ser combatido por aumentar o risco de ruptura institucional.
Para Santos Cruz, as Forças Armadas estão no centro da discussão política devido à decisão de Bolsonaro de nomear diversos militares para o governo. O general avaliou que o caráter político da CPI da Covid criou um desgaste para as Forças Armadas.
Mesmo assim, ele julga que não contribui para melhorar o cenário a resposta institucional do Ministério da Defesa e dos comandantes das Forças Armadas em repúdio às declarações do senador Omar Aziz, presidente da CPI, a respeito do suposto envolvimento de militares em corrupção.
"Estamos vendo um contexto de manifestações que não contribuem em nada, que trazem alarmismo, prejudicam o ambiente institucional", disse Santos Cruz. "Isso começa com um mau exemplo vindo de cima", completou.
Participam da live do Parlatório, entre outros, o ex-presidente da República Michel Temer, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, o presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho, a vice-presidente Executiva do Santander, Patrícia Audi, o presidente da BR Distribuidora, Wilson Ferreira Júnior, e o ex-porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros.
Em Porto Alegre, presidente também voltou a defender o uso da cloroquina em seu discurso
Com Agência Estado
Em breve discurso realizado há pouco em Porto Alegre (RS), o presidente da República, Jair Bolsonaro, fez duras críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luís Roberto Barroso, ao defender o voto impresso nas próximas eleições.
“O que o Barroso quer é a volta da roubalheira, a volta da fraude eleitoral”, disse Bolsonaro. Pouco antes, o presidente usou palavras duras sobre o ministro do STF, acusando-o de defender a pedofilia e o aborto.
Bolsonaro também fez críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de “aquele de nove dedos” que tem 60% dos votos segundo o Datafolha, para em seguida dizer que “teremos o voto impresso e auditado”.
O presidente também voltou a defender o uso da cloroquina em seu discurso, falando do estado de saúde de um dos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). “Tem agora um elemento, um senador da CPI que está com Covid, quero saber se ele vai ficar em casa ou se vai tomar cloroquina”, disse Bolsonaro, sem citar o nome do senador.
Telejornal destaca pesquisa eleitoral do Datafolha e repercute reações veementes contra o presidente
Por Jeff Benício
Na GloboNews, o comentarista Valdo Cruz, com boas fontes nos bastidores de Brasília, disse que Jair Bolsonaro demonstrou “irritação acima do normal” em recente reunião com ministros. Caso o presidente tenha assistido ao 'JN' de sexta-feira (9), deve ter tido reação colérica.
O principal telejornal da Globo exibiu duas pautas prejudiciais à imagem dele. A primeira, com 9 minutos e 30 segundos, apresentou os dados de nova pesquisa do Datafolha a respeito de intenções de voto (Bolsonaro perde em todos os cenários, no 1º e 2º turnos) e sobre o desempenho do presidente no combate à pandemia (recorde de avaliação negativa).
Para aumentar sua fúria, o levantamento apontou que ele é considerado culpado pela situação da pandemia no País por 46% dos entrevistados, maior índice desde o início da crise sanitária. Enquanto isso, houve aumento da aprovação da performance dos governadores, alvos frequentes de ataques verbais de Bolsonaro.
O Datafolha indicou somente dois números favoráveis, ambos relacionados ao Ministério da Saúde. Subiu a avaliação 'ótimo ou bom' (de 30% para 34%, empate com 'regular') para a pasta ocupada agora pelo médico Marcelo Queiroga.
Melhorou também a opinião a respeito da ação do Ministério da Saúde na compra de vacinas contra a covid-19: 37% de 'ótimo ou bom' (antes, 32%). A apuração aconteceu nos dias 7 e 8, quando a imprensa já repercutia a queda relevante do número de casos e mortes no País. Os telejornais, incluindo o 'JN', demonstram otimismo em relação ao possível controle da pandemia.
Na sequência do destaque à pesquisa do Datafolha, mais 4 minutos de críticas diretas e indiretas a Bolsonaro. William Bonner e Renata Vasconcellos repercutiram reações à fala do presidente colocando em dúvida a realização da eleição de 2022. Foi dado espaço ao comunicado do presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e a trecho do pronunciamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
O 'JN' de ontem começou com 27 pontos, bom índice herdado da novela 'Salve-se Quem Puder'. No momento do noticiário negativo a Bolsonaro, o telejornal oscilou entre 24 e 25 pontos. Em seguida, caiu um pouco por conta da transmissão do jogo Colômbia x Peru pela Copa América no SBT. Esses números são prévios da aferição minuto a minuto da Kantar Ibope.
As manchetes desfavoráveis ao presidente no 'Jornal Nacional' têm, certamente, contribuído para o baque em sua popularidade, de acordo com medição de diferentes institutos de pesquisas. Em dias de melhor público, o telejornal chega a ser visto por mais de 20% da população brasileira. Uma influência capaz de levantar ou derrubar a imagem de qualquer um, até do homem que ocupa o cargo mais poderoso do País.
Na tentativa de acalmar o setor produtivo, que demonstra insatisfação com os termos da proposta, acenou com um corte de até dez pontos percentuais no imposto de renda das empresas
Com Veja
A proposta de reformulação do Imposto de Renda, em tramitação na Câmara dos Deputados, não vai aumentar a carga tributária, disse nesta sexta-feira, 9, o ministro da Economia, Paulo Guedes. O ministro admitiu a possibilidade de ajustes no texto, mas disse que o texto está “na direção correta” e reiterou a defesa da tributação de dividendos (parcela do lucro das empresas distribuída aos sócios e acionistas).
“[A reforma tributária] vai sair bem feita ou não vai sair. Não vai ter esse negócio de aumentar imposto”, declarou Guedes em videoconferência promovida pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O evento homenageou o economista e ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni, que morreu de Covid-19 em junho.
Durante o evento, o ministro voltou a defender a reintrodução do Imposto de Renda sobre dividendos. A proposta prevê alíquota de 20% sobre a distribuição desses recursos, com lucros de até R$ 20 mil mensais isentos. Sem entrar em detalhes, o ministro citou pressões contrárias para evitar a tributação dos mais ricos, possibilitada pela medida.
“A renda dos mais ricos, não interessa se vem de salário, de aluguel, de bônus bilionários ou se vem de dividendos. Ela deveria cair no progressivo e ponto final. Nós temos tecnologia para fazer tudo direito, mas você sabe que tudo é mais difícil no mundo real, tem lobby, tem pressão”, afirmou.
Segundo Guedes, o ideal seria que todos os tipos de renda, até os ganhos com dividendos, pagassem as mesmas alíquotas do Imposto de Renda Pessoa Física, que atualmente vão de 7,5% a 27,5%. O ministro, no entanto, disse que esse modelo poderá ser adotado no futuro, mas que não pode ser implementado neste momento.
Petrobras
Além de homenagear o economista Carlos Langoni, Guedes elogiou o ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco. Na avaliação do ministro, Castello Branco fez um “trabalho extraordinário” no comando da estatal, ao vender subsidiárias e comprometer-se com a liberalização dos preços dos combustíveis.
Em fevereiro, Castello Branco foi substituído pelo general Joaquim Luna e Silva na presidência da Petrobras. A destituição, no entanto, só foi aprovada pelos acionistas da estatal em abril.
A decisão coloca em xeque os planos de filiação do presidente Jair Bolsonaro e sua família ao partido
Por Lauriberto Pompeu
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, decidiu acatar um pedido da ala do Patriota contrária à filiação de Jair Bolsonaro e afastar Adilson Barroso do comando do partido. A decisão é passível de recurso, mas já significa um revés para Bolsonaro, que quer se filiar ao Patriota para lançar sua candidatura ao segundo mandato.
"Foram anuladas todas as atitudes dele (Adilson Barroso), que nós chamamos de irregulares. Estão voltando todos os delegados (afastados pelo presidente) e contrários a filiação de Bolsonaro), está afastando Adilson e Ovasco Resende assume a presidência", afirmou Jorcelino Braga, secretário-geral do Patriota, ao Estadão.
Uma convenção nacional do Patriota decidiu, no dia 24 de junho, afastar por 90 dias Adilson Barroso da presidência do partido. A reunião foi convocada pelo vice-presidente da sigla, Ovasco Resende, que assume o comando de forma interina. A mudança ocorre no momento em que o presidente Jair Bolsonaro negocia a filiação à legenda para lançar sua campanha à reeleição. Barroso é a favor da entrada de Bolsonaro no partido e Resende, contra.
A articulação de Bolsonaro para se filiar ao Patriota e controlar diretórios estratégicos deflagrou uma guerra entre correligionários. Barroso, por exemplo, já promoveu duas convenções com o objetivo de abrir caminho para a filiação de Bolsonaro, mas uma ala contestou a validade dos encontros por delegados da Executiva Nacional terem sido trocados. A convenção do último dia 24 foi a terceira em menos de um mês.
Resende disse ao Estadão que Bolsonaro está exigindo o comando dos diretórios do Patriota em São Paulo, Rio e Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do País. Desde que deixou o PSL, em novembro de 2019, o presidente procura uma sigla para abrigar sua candidatura a um novo mandato, em 2022. Tentou montar o Aliança pelo Brasil, mas a empreitada não deu certo.