As últimas 72h colocaram o governador de SP na iminência de ser ‘excomungado’ do bolsonarismo. De fato, a petulância do carioca é um sinal claro de rebelião

 

 

Por Henrique Rodrigues

 

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), parece cada vez mais fascinado com o poder, e confiante de que pode trilhá-lo por conta própria. Em franco movimento de independência e autonomia, ele vem acumulando sinais claros de que já vislumbra um futuro político sem receber ordens ou instruções de Jair Bolsonaro (PL), apostando numa trajetória própria que pode culminar em uma candidatura presidencial no ano que vem. Essa ambição já havia sido revelada quando o governador participou de um evento com empresários e outros ricaços em Nova York, nos EUA, há poucos dias, onde praticamente admitiu, à revelia do “capitão”, que pensa em disputar o Palácio do Planalto. Naquela ocasião, foi duramente criticado e humilhado por Bolsonaro, que passou a tratá-lo como carta fora do baralho para 2026, dizendo que o carioca que governa os paulistas “não tem experiência” e que “não seria nada sem seus votos”.

 

Agora, o rompimento parece ainda mais próximo. A filiação do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, ao PP, realizada na última quinta-feira (22), numa casa noturna luxuosa paulistana, escancarou o distanciamento assumido de Tarcísio em relação ao “bolsonarismo raiz”, em que pese seu discurso e postura fascistoides, iguaizinhos ao do “chefe”. O evento, recheado de simbolismo político e repleto de lideranças do Centrão, funcionou não apenas como vitrine para o projeto de Derrite de chegar ao Senado, mas também como palco para que Tarcísio reafirmasse sua suposta força nacional, ignorando de forma deliberada o clã Bolsonaro e a liderança do ex-presidente.

O discurso de Tarcísio foi direto no evento: “Para quem duvida que esse grupo vai estar unido no ano que vem, eu digo para vocês: esse grupo estará unido”. O grupo ao qual se referia era composto por caciques de partidos de centro-direita, como Valdemar Costa Neto (PL), Ciro Nogueira (PP), Gilberto Kassab (PSD), Renata Abreu (Podemos) e Antonio Rueda (União Brasil). Não, você não leu errado. O fiel escudeiro não tal fiel assim Ciro Nogueira sinalizou estar prestes a deixar o barco também, assim como o próprio Valdemar Costa Neto, “dono” do partido de Bolsonaro, bem como o onipresente Kassab, ícone máximo do fisiologismo do centrão. Todos estavam com Tarcísio no palco, em um ambiente lotado, alegre, com a presença de mais de 80 prefeitos do estado de São Paulo.

Mais do que uma suposta demonstração de força, o evento sinalizou a articulação de uma frente ampla da direita tradicional (se é que ele ainda existe) que não dependa de Bolsonaro, um bufão desajustado e insuportável que, certamente, para essas próprias lideranças, estará condenado e preso dentro de poucos meses, sem direitos políticos.

 

É dispensável dizer que o incômodo entre bolsonaristas foi imediato. Parlamentares e outras figuras de primeira linha ligados a Bolsonaro e ao movimento ideológico ultrarreacionário liderado por ele não compareceram à cerimônia. A bem da verdade, a maioria sequer foi convidada, pois os organizadores já sabiam de antemão que respostas malcriadas e incivilizadas seriam disparadas de pronto por essa corja do chapéu de alumínio. Os poucos que foram convidados nem deram as caras, uma vez que isso seria encarado como “dar palanque” a um político que já é visto como rival do candidato oficial de Bolsonaro em 2026.

 

Derrite também rompe o script

 

Ao lado de Tarcísio, o secretário Derrite também deu demonstrações de que já não se pauta mais pela cartilha bolsonarista. Assumiu publicamente sua pré-candidatura ao Senado, sem fazer qualquer alusão às pautas cansativas do rosário intragável dos bolsonaristas, como anistia e “Bolsonaro 2026”.

 

“São Paulo tem a possibilidade real de eleger dois senadores conservadores”, bradou Derrite, junto com a conhecida e batida história de que providenciará mudanças na legislação penal, outra vez apelando ao tema da violência como garantia de votos fáceis.

 

Essa ausência de acenos ao ex-presidente de extrema direita foi criticada nos bastidores de Brasília por aliados próximos de Bolsonaro, que veem em Derrite mais um nome que segue os passos do governador rumo a um pretenso projeto político independente.

 

O silêncio do “mito” e a bênção do Centrão

 

O movimento incomodou a capital federal. Segundo aliados de Bolsonaro, o antigo ocupante do Palácio do Planalto ainda não escolheu quem apoiará caso permaneça inelegível (e ele continuará), mas a tendência é que opte por alguém da própria família, com sinais de preferência por sua esposa Michelle Bolsonaro. Ainda assim, figuras como Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto, que cravam a faca nas costas de Bolsonaro abertamente, não escondem que Tarcísio é o nome de suas preferências.

 

“Se houver essa decisão, governador, tanto o União Brasil quanto o Progressistas estarão ao seu lado”, declarou Ciro. Já Valdemar afirmou que “quem vai dizer quem será o candidato a presidente é o Bolsonaro. Por quê? Porque ele é o dono dos votos”. Mas admitiu: “Temos que ver o que o Tarcísio vai resolver para que a gente possa resolver a nossa vida”.

 

Mesmo diante dessa cautela verbal, o gesto de reunir as principais lideranças do centrão em torno de um evento que o exalta, e que ensaia até uma linha sucessória, aproxima Tarcísio de uma ruptura definitiva com seu padrinho político. Em breve, pelo andar da carruagem, o carioca colocado artificialmente por Bolsonaro no governo de São Paulo sairá debaixo das asas do padrinho de maneira oficial. O que resta saber é: isso vai dar certo, tendo em vista a máquina de assassinar reputação das redes digitais do bolsonarismo?

 

 

Posted On Segunda, 26 Mai 2025 06:27 Escrito por

Parlamentares argumentam que, para equilibrar as contas públicas, em vez de aumentar a arrecadação, o governo deve cortar despesas

 

 

Por Larissa Alvarenga

 

 

A oposição no Congresso se articula para barrar o aumento no IOF, imposto que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguros. Os parlamentares argumentam que, para equilibrar as contas públicas, em vez de aumentar a arrecadação, o governo deve cortar despesas.

 

Logo que o aumento do IOF se tornou público, a oposição se mobilizou para barrar a medida. Os líderes no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), e na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), e deputados do partido Novo, apresentaram projetos para suspender o decreto do governo, que eleva para 3,5% a alíquota.

 

O senador Efraim Filho (União-PB), presidente da Frente Parlamentar do Comércio, diz que o governo deveria cortar gastos antes de pensar em aumentar impostos.

 

"O governo também tem de fazer gestos de redução de despesas, de eliminação do desperdício, da qualificação do gasto público para poder depois passar para a sociedade alguma ideia de que é preciso ajustar arrecadação para poder ter o equilíbrio fiscal, não dá para buscar a responsabilidade fiscal apenas pelo lado da receita, esquecendo o lado da despesa, que é exatamente o que está acontecendo hoje", diz Efraim.

 

O vice-líder do governo na Câmara, deputado federal Rogério Correa (PT-MG), defende que o aumento na alíquota é necessário porque a arrecadação este ano foi menor.

 

"É para fazer uma justiça social e econômica no Brasil. Este ano nós tivemos uma arrecadação menor, principalmente no segundo bimestre, e o governo teve que fazer um contingenciamento orçamentário na faixa de R$ 30 bilhões. Quando você corta no orçamento, isso significa que áreas serão prejudicadas de investimento social", afirma Correa.

 

Para suspender o aumento de imposto, que deve afetar o consumo dos brasileiros no exterior e o desempenho da economia, ao tornar mais caros os empréstimos para as empresas, o projeto precisa ser aprovado tanto pela Câmara quanto pelo Senado. Ainda não há previsão para a tramitação do texto.

 

 

 

Posted On Domingo, 25 Mai 2025 04:54 Escrito por

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) protocolou, na quinta-feira, 22, um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

 

 

Por Lucas Keske

 

 

“O prolongamento dessa omissão prejudica diretamente a eficácia da atuação parlamentar e compromete a celeridade das investigações sobre um escândalo que afeta milhões de cidadãos brasileiros, especialmente aposentados e pensionistas, vítimas de um esquema de fraudes de proporções bilionárias”, afirma Nikolas no pedido feito ao STF.

 

O deputado solicita que a Corte reconheça o direito das minorias parlamentares e determine a instalação imediata da CPI pela Câmara. A ação ainda não tem relator definido.

 

Em abril, deputados da oposição protocolaram um pedido na Câmara para a criação da comissão, com o intuito de investigar os descontos indevidos nas aposentadorias do INSS. Embora o pedido tenha o número mínimo de assinaturas necessário, a instalação está parada, pois depende de decisão do presidente da Casa, Hugo Motta. A solicitação já tem o apoio de 185 deputados.

 

No X (antigo Twitter), Nikolas afirmou que a fraude do INSS se trata de “um dos maiores escândalos de fraudes da história”. Para o parlamentar, a não instalação da CPI por Motta é um caso de omissão e de desrespeito à Constituição e à população brasileira.

 

Ainda segundo Nikolas, caso o STF negue seu pedido, “não será surpresa para ninguém, mas escancarará para todo o Brasil que o STF expressamente também não deseja a investigação do rombo do INSS”, escreveu.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o governo aposta no “pacote do INSS” anunciado por Motta para tentar elevar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afetada pelo caso.

 

Os governistas pressionam pela rápida aprovação de projetos de lei, apresentados nas últimas semanas, para vedar descontos automáticos de sindicatos e associações na folha de pagamento de aposentados e pensionistas. Embora a medida seja inócua em relação ao que já foi debitado, a ideia é passar a imagem de que as ilegalidades não voltarão a ocorrer.

 

De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF), os descontos começaram a ser aplicados em 2016, mas tiveram um crescimento significativo nos anos de 2023 e 2024. Associações e sindicatos, atuando como entidades de classe, firmavam Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS, o que possibilitava o abatimento direto na folha de pagamento dos beneficiários do instituto. No entanto, em diversas situações, a autorização para esses descontos era forjada.

“Para o desconto ser realizado, a entidade precisa da autorização expressa e individual de cada beneficiário para realizar o desconto de sua mensalidade associativa. Na investigação, foram identificadas, porém, a ausência de verificação rigorosa dessa autorização e a possibilidade de falsificação de documentos de filiação e autorização”, diz apresentação da PF.

 

Conforme o relatório, desde 2023, 11 entidades associativas passaram a ser alvo de decisões judiciais, período em que a CGU iniciou investigações sobre o crescimento no número de entidades

 

 

 

Posted On Sexta, 23 Mai 2025 14:40 Escrito por

Presidente do Senado descartou realizar sessão na próxima semana apenas para ler requerimento da comissão de inquérito; adiamento ocorre por falta de acordo sobre vetos

 

 

Por Rebeca BorgesEmilly

 

 

O presidente do Senado e do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou nesta quinta-feira (22) que deve adiar para 17 de junho a sessão conjunta de deputados e senadores. A previsão inicial era que fosse realizada em 27 de maio, na próxima terça-feira.

O adiamento ocorre por falta de acordo sobre os vetos presidenciais que devem ser analisados. Alcolumbre também descartou realizar uma sessão apenas para a possível leitura do requerimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as fraudes no INSS. A oposição, que patrocina a iniciativa, queria a leitura do pedido na próxima semana.

 

“Não irei publicar amanhã [convocação de sessão] porque não houve reunião e eu repito, não vou publicar uma sessão do Congresso para ler um requerimento. Não cabe isso, não tem fundamento eu fazer isso”, afirmou Alcolumbre em declaração a jornalistas no Senado.

 

A nova convocação da sessão conjunta deve ser publicada na tarde desta sexta-feira (23). Segundo Alcolumbre, a sessão inicialmente passaria para 24 de junho, mas a data coincidiria com um período esvaziado no Congresso pela proximidades com as festividade de São João.

 

O presidente do Senado também declarou que, na próxima sessão, os parlamentares devem analisar todos os vetos presidenciais, mesmo sem acordo definido, incluindo os relacionados às leis orçamentárias. No total, o Congresso tem 61 vetos pendentes de análise.

 

De acordo com integrantes do governo, como a CNN mostrou, Alcolumbre teria alertado que seria inevitável não instalar a comissão e sugerido como opção adiar a sessão do Congresso para o governo ganhar tempo.

 

A jornalistas nesta tarde, Alcolumbre negou construir uma “manobra” para atrasar a instalação da CPMI. “Não cabe a mim fazer juízo de valor sobre isso [pedido da CPMI], o que cabe ao presidente do Senado Federal numa sessão do Congresso é única e exclusivamente cumprir as regras e o regimento do Senado, da Câmara e por que não dizer do Congresso Nacional”, afirmou.

 

 

Posted On Sexta, 23 Mai 2025 06:08 Escrito por

Aliados do presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), André do Prado (PL), traçam planos para convencer o vice-governador, Felício Ramuth (PSD), a também renunciar caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) deixe o governo no ano que vem para disputar a Presidência

 

 

Por Bruno Ribeiro

 

 

A medida tornaria André governador e, no cálculo desses aliados, ficaria fortalecido em uma eleição para o governo do estado, uma vez que teria controle da máquina pública a partir de abril.

 

A estratégia seria similar à adotada por Cláudio Castro (PL) no Rio de Janeiro, que articulou para emplacar seu vice, Thiago Pampolha (MDB), em um assento no TCE (Tribunal de Contas do Estado), de forma a abrir caminho para que o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), assuma o governo fluminense no ano que vem. Pampolha teve a indicação ao TCE aprovada pela Assembleia nesta quarta (21).

 

Um homem está em pé em um palco, segurando um microfone e falando. Ele usa um terno escuro e uma camisa branca. Ao fundo, há bandeiras do Brasil e do estado de São Paulo, com um fundo em tons de roxo. O homem parece estar em um evento oficial, possivelmente fazendo um discurso.

 

O presidente da Alesp, deputado André do Prado (PL), em evento no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo - Pablo Jacob - 20.mai.25/Divulgação/Governo de SP

Pela linha sucessória, o presidente do Legislativo é quem assume o governo no caso de ausência tanto do governador quanto do vice. No caso de São Paulo, André do Prado, à frente da Alesp, ficaria na cadeira de governador durante as eleições.

 

O plano, contudo, não teria a participação de Tarcísio, que vem se mostrando avesso a qualquer conversa com aliados que envolva sua eventual candidatura presidencial.

 

O governador, aliado de Jair Bolsonaro (PL), aguarda uma sinalização do ex-presidente sobre quem será o candidato do grupo. Oficialmente, ele se coloca como pré-candidato à reeleição em São Paulo.

 

Ramuth disse à Folha que não foi procurado por ninguém com propostas para que dispute uma cadeira na Alesp ou na Câmara dos Deputados e reforçou não ter interesse em concorrer a cargos no Legislativo.

 

"Já estão arrumando lugar para o Tarcísio e já estão arrumando lugar para mim. Acho esse tipo de conversa bastante precoce", disse o vice-governador.

 

André do Prado disse, por meio de sua assessoria, que desconhece qualquer conversa a respeito e que acha o tema "sem nenhum sentido, porque o vice-governador tem feito um grande trabalho ao lado do governador Tarcísio".

 

O presidente da Alesp tem tentado se viabilizar como candidato a vice de Tarcísio no próximo ano ou mesmo a governador, caso o chefe do Executivo paulista queira se candidatar ao Palácio do Planalto. No entanto, nesse segundo cenário, o deputado, que tem a região do Alto Tietê como reduto eleitoral, precisará de maior reconhecimento no restante do estado.

 

O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, que se filia ao PP nesta quinta-feira (22), também disputam a indicação de candidato de Tarcísio ao governo caso ele concorra à Presidência.

 

Segundo o entorno do presidente da Alesp, o posto de governador durante o período eleitoral o deixaria em evidência e ampliaria as chances de vitória. O grupo admite, no entanto, que será difícil convencer Ramuth. Por isso, eles têm debatido se vale a pena oferecer ao vice um acordo para que ele seja o presidente da Alesp na próxima legislatura, caso aceite disputar uma vaga de deputado estadual.

 

Na hipótese de Tarcísio concorrer à Presidência, Ramuth permaneceria como governador por cerca de oito meses, mas sem acordos que viabilizem sua eleição ao governo estadual, segundo deputados ouvidos pela Folha.

 

André do Prado tem apoio da base de Tarcísio na Alesp na disputa pela indicação ao cargo de governador.

 

O grupo interpretou como um desconforto de Ramuth o fato de o vice-governador ter saído do evento de lançamento do programa de erradicação da pobreza pelo governo Tarcísio, no Palácio dos Bandeirantes, na terça (20), antes do discurso do deputado.

 

Ramuth negou veementemente o desconforto e disse que só saiu mais cedo porque tinha um voo para São José do Rio Preto (a mais de 400 km da capital paulista). "Se o evento tivesse começado no horário, eu teria ficado até o fim", disse ele à reportagem.

 

 

 

Posted On Quinta, 22 Mai 2025 13:37 Escrito por
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