Por Aguirre Talento
A Polícia Civil abriu uma apuração contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para verificar se ele cometeu crime contra a honra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Inicialmente, o Ministério da Justiça informou que pediu a abertura de inquérito na Polícia Federal, em ofício enviado no dia 7 de julho.
Mas a PF analisou as informações e entendeu que o caso seria de competência estadual. O Ministério Público também opinou nesse sentido. Por isso, a apuração foi enviada à Polícia Civil do Distrito Federal, que ficará com o caso.
Bolsonaro teria veiculado, por meio do WhatsApp, uma imagem vinculando Lula ao regime de Bashar Al Assad, ex-ditador da Síria, associando-o a execuções de pessoas LGBTQIA+.
A apuração teve início a partir de uma denúncia apresentada ao Ministério Público Federal, que encaminhou o caso à Justiça Federal. Provocado sobre os fatos, o Ministério da Justiça decidiu enviar uma representação à Polícia Federal solicitando a abertura de inquérito.
Por se tratar de um crime contra a honra, era necessário ter a autorização de algum representante do ofendido, no caso o presidente Lula, para prosseguir com a abertura de investigação. A PF também deve verificar se a conduta configura outros crimes, já que a informação divulgada era falsa.
Como os fatos são posteriores ao mandato de Bolsonaro como presidente da República, essa investigação deve tramitar na primeira instância.
Bolsonaro atualmente cumpre prisão domiciliar e é réu em uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de ter tentado realizar um golpe de Estado após sua derrota nas eleições. Quando determinou a prisão domiciliar, no último dia 4, o ministro Alexandre de Moraes também proibiu Bolsonaro de usar telefones celulares e redes sociais.
Presidentes das Casas atuaram de formas diferentes diante de obstrução organizada por parlamentares da oposição
Por Rute Moraes
Entre terça (5) e quinta-feira (7), parlamentares de oposição ocuparam os plenários da Câmara dos Deputados e do Senado em protesto após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Na Câmara, o grupo pleiteava a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que acaba com o foro privilegiado de políticos e a retomada da discussão sobre o projeto de lei que anistia os presos pelos atos extremistas do 8 de Janeiro.
No Senado, a pauta era votar o pedido de impeachment de Moraes. Na noite da quarta-feira (6), deputados de oposição permitiram que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), retomasse o controle do plenário após firmarem acordo com lideranças partidárias.
O combinado foi fechado a portas fechadas no gabinete do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) com União, PP, PSD, PL e Novo.
Segundo o acordo, na próxima semana, a Câmara vai votar a PEC e, em seguida, retomar as conversas sobre a anistia. O acerto não envolveu Motta. O plenário foi desocupado após as 22h da quarta. Na quinta-feira (7), houve sessão na Casa.
Ameaça de suspensão
Já no Senado, os oposicionistas alegam que desobstruíram o plenário após angariarem as 41 assinaturas em prol do impeachment de Moraes.
Além disso, dizem que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), teria prometido que não barraria as pautas prioritárias da oposição oriundas da Câmara, a exemplo da anistia.
Alcolumbre, contudo, rejeitou pautar o pedido de impeachment, alegando que não iria acirrar ainda mais os ânimos entre os Poderes.
Conforme líderes partidários ouvidos pelo R7, em reunião, o presidente do Senado ameaçou suspender os mandatos dos senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES), caso a oposição não desocupasse o plenário. Magno e Girão negaram tal informação.
Conforme apurou a reportagem, apesar de mais senadores terem participado da ocupação do plenário, Alcolumbre teria ponderado que apenas Girão e Magno se sentaram na cadeira da presidência.
Magno, inclusive, chegou a se acorrentar à cadeira na madrugada de quarta e registrou o momento em vídeos divulgados nas redes sociais, o que teria irritado Alcolumbre.
Ele ainda teria dito que nem se a oposição tivesse as assinaturas de 81 senadores em prol do impeachment ele pautaria o requerimento, pois se trata de uma prerrogativa do presidente do Senado.
Com relação às pautas da oposição, outros líderes contaram que o presidente não se comprometeu a pautar as prioridades do grupo.
Alcolumbre retomou a presidência na manhã da quinta-feira. Horas antes, os senadores de oposição saíram do plenário.
Caso motivou pedidos de investigação por quebra de decoro parlamentar
Por Nathalia Fontana
A Mesa da Câmara dos Deputados, presidida por Hugo Motta (PL-PB), decidiu nesta sexta-feira (8) encaminhar à Corregedoria Parlamentar as denúncias que envolvem os deputados que ocuparam o plenário nos dias 5 e 6 de agosto. A medida foi tomada em reunião extraordinária da Mesa, segundo nota divulgada pela Secretaria-Geral. As informações são do g1.
A medida foi tomada depois dos protestos e atos de obstrução no plenário que interromperam os trabalhos do legislativo nesta semana. Por conta do ocorrido, foram feitos pedidos de investigação por quebra de decoro parlamentar.
Durante a tarde, Motta esteve em reunião para definir quais seriam as atitudes tomadas em relação ao ocorrido. O envio das denúncias para a Corregedoria dá andamento ao trâmite, que pode resultar em suspensão dos mandatos dos deputados por seis meses.
A ação que ocupou o plenário da Câmara e interrompeu os trabalhos foi um ato contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado.
“A fim de permitir a devida apuração do ocorrido, decidiu-se pelo imediato encaminhamento de todas as denúncias à Corregedoria Parlamentar para a devida análise”, informou a Mesa.
De acordo com o Ato da Mesa nº 180, de 2025, o corregedor parlamentar tem 48 horas para, a partir do conhecimento do fato ou da provocação de qualquer deputado, comunicar à Mesa Diretora a proposta de suspensão cautelar do mandato, procedimento previsto no Ato da Mesa.
Quem são os deputados
Foram encaminhadas 14 representações à Corregedoria, sendo 12 contra parlamentares do PL, uma contra deputado do PP e outra contra um parlamentar do Novo.
A representação apresentada pelo PL contra a deputada Camila Jara (PT-MS) não constou na lista final. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) alega que ela o empurrou enquanto o presidente da Câmara comandava os trabalhos.
O deputado Diego Coronel (PSD-BA), corregedor da Câmara, irá analisar representações contra os deputados:
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido
Carlos Jordy (PL-RJ)
Nikolas Ferreira (PL-MG)
Zucco (PL-RS), líder da minoria
Allan Garcês (PP-MA)
Caroline de Toni (PL-SC)
Marco Feliciano (PL-SP)
Domingos Sávio (PL-MG)
Marcel Van Hattem (Novo-RS), líder do partido
Zé Trovão (PL-SC)
Bia Kicis (PL-DF)
Paulo Bilynskyj (PL-SP)
Marcos Pollon (PL-MS)
Julia Zanatta (PL-SC)
Lula diz a Kassab que centrão e oposição podem pagar preço ao atuar contra o país
Catia Seabra
O presidente Lula (PT) afirmou em almoço com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que parlamentares do centrão e da oposição erram ao inviabilizar a votação de pautas de interesse do governo e apoiarem sanções impostas pelo governo Donald Trump, sob pena de serem acusados de trabalhar contra o país.
Um dia depois de bolsonaristas obstruírem as votações no Congresso, ocupando até mesmo a cadeira do presidente da Câmara, Lula lembrou, segundo relatos obtidos pela Folha, que oposicionistas foram criticados por apoiarem as sanções econômicas impostas pelo governo Trump contra o Brasil.
A reportagem apurou que o petista citou na conversa pesquisas segundo as quais as ameaças de prejuízos econômicos têm recaído sobre a oposição.
A imagem mostra um homem de perfil, com cabelo grisalho e barba. Ele está usando um terno escuro e uma camisa branca, com uma gravata azul. O homem parece estar pensativo, olhando para baixo, com uma expressão séria.
O presidente Lula (PT), que almoçou com Gilberto Kassab nesta quinta - Adriano Machado/Reuters
O almoço ocorreu enquanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem Kassab é secretário de Governo, estava em Brasília para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar.
Embora tenham representantes na Esplanada dos Ministérios, os partidos do centrão (União Brasil, MDB, PP, PSD e Republicanos) têm enfileirado derrotas no Congresso ao Palácio do Planalto, com núcleos de oposição aberta em alguns casos.
O PSD, por exemplo, lidera três pastas, mas tem dois pré-candidatos à Presidência para 2026 (os governadores Ratinho Junior, do Paraná, e Eduardo Leite, Rio Grande do Sul).
Além disso, Kassab teceu no início do ano críticas públicas ao governo petista e foi uma das lideranças que se solidarizaram com Bolsonaro após sua prisão domiciliar ser decretada.
Segundo a Folha apurou, Lula disse no almoço que a saída do Brasil para o tarifaço imposto pelos EUA aos produtos brasileiros é buscar novos parceiros comerciais. No encontro, ele teria elogiado o papel do PSD no Congresso.
Ao ser convidado para o encontro, Kassab ressaltou à ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) que o partido tem candidato à Presidência da República e que uma aliança com vistas a 2026 não deveria estar em pauta.
Em resposta, a ministra disse que Lula tem conhecimento da decisão do partido. Além dela, o almoço contou com a participação dos ministros do PSD e do líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA). Também estavam presentes o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e o presidente da CCJ (Comissão e Constituição e Justiça) da Casa, Otto Alencar (PSD-BA).
O encontro ocorreu num momento em que Lula tem se reunido com lideranças de partidos da base aliada numa tentativa de aproximação com as legendas. Nos últimos dias, ele esteve com ministros e lideranças do MDB e do União Brasil. No caso do União Brasil, o presidente também cobrou ministros da legenda sobre a falta de apoio do partido no Congresso e declarações do presidente e líderes do partido criticando o Executivo.
O PSD de Kassab ocupa os ministérios de Minas e Energia, com Alexandre Silveira, Agricultura, com Carlos Fávaro, e Pesca, com André de Paula.
Lideranças de partidos com espaços na Esplanada têm feito críticas à gestão petista e frequentemente ameaçam desembarcar do governo. Além disso, parlamentares dessas siglas, como PP e União Brasil, não têm acompanhado o governo em pautas de interesse do Executivo.
Mais recentemente, Lula se queixou de declarações de lideranças do União Brasil, que tem três representantes no Ministério. No fim de julho, convocou os ministros da sigla para uma reunião em que cobrou defesa do governo. A federação União Progressista, do União Brasil e PP, por exemplo, tem criticado publicamente a condução de Lula na crise do tarifaço.
Visita de Tarcísio a Bolsonaro
Enquanto o petista e Kassab almoçavam, Tarcísio estava em Brasília para visitar Bolsonaro.
O governador chegou por volta das 14h30, sem falar com a imprensa. Mais tarde, afirmou que o ex-presidente "está bem, está sereno".
Como mostrou a Folha, a prisão domiciliar do padrinho político reanimou aliados de Tarcísio quanto à possibilidade de ele ser o candidato à sucessão do bolsonarismo à Presidência em 2026.
O movimento, por ora tímido, ocorre após semanas de desânimo com uma potencial candidatura.
O governador foi alvo de críticas, de diferentes lados do espectro político, por sua tentativa de atuar no tarifaço, por não se manifestar sobre sanções dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes, do STF, e por não ter feito qualquer gesto a respeito dos atos bolsonaristas no domingo (3).
Com a antecipação da já esperada prisão de Bolsonaro, na última segunda (4), pessoas próximas disseram ter havido um novo movimento de pressão para que Tarcísio se mantenha no rol de sucessores.
Tarcísio foi ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro e, na pasta, endossou a postura negacionista do então presidente sobre a Covid. Estava ao lado dele na live em que o ex-presidente riu ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia.
Ampliação e retomada dos voos em Araguaína ocorre após dois anos de articulação com o Governo Federal, e é considerada estratégica para o desenvolvimento da região e de todo o Tocantins
Por Rafael de Oliveira
O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, garantiu a operação de novos voos comerciais regulares para o Aeroporto de Araguaína, que começam a operar no dia 22 de outubro. A conquista foi consolidada nessa quarta-feira, 6, após articulação com o Governo Federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos. Desde então, o Governo do Tocantins intensificou os esforços para viabilizar a circulação dos voos, como a isenção de impostos para o querosene.
“Esta é uma luta que começou há mais de dois anos, quando estivemos com o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e tratamos dessa pauta. Fico muito feliz com a conquista, realizamos uma série de intervenções, como a redução dos tributos sobre o uso do combustível para aviões, para chegar a este momento tão importante para o desenvolvimento logístico e econômico do nosso estado. Comemoro junto com o povo de Araguaína, de toda a região e com todos os tocantinenses e fico feliz por poder cuidar do nosso povo", destaca o governador Wanderlei Barbosa.
A articulação do governador Wanderlei Barbosa integra esforços contínuos com o ministro de Portos e Aeroportos, como uma reunião realizada em janeiro de 2024, que contou com a participação da Associação Comercial e Industrial de Araguaína (Aciara) e do deputado federal Alexandre Guimarães. Na ocasião, o ministro comprometeu-se a levar as demandas de Araguaína às principais companhias aéreas do país e a agilizar o processo de homologação do aeroporto. À época, o chefe do Executivo recebeu representantes da Aciara no Palácio Araguaia Governador José Wilson Siqueira Campos, em Palmas, e assumiu o compromisso de viabilizar novos voos para o município.
Novos voos
Aeroporto de Araguaína passa a contar com três voos semanais da GOL Linhas Aéreas, às terças, quintas e sábados ( Foto: Thiago Santos/Secom Araguaína)
O Aeroporto de Araguaína passa a contar, a partir do dia 22 de outubro, com três voos semanais da GOL Linhas Aéreas, às terças, quintas e sábados, com partidas e chegadas no município, incluindo destinos para Palmas e Brasília, o que possibilita conexões para diversos destinos. As passagens aéreas começarão a ser vendidas pela empresa ainda nesta semana.
A retomada e ampliação dos voos comerciais ocorre após um período em que o aeroporto deixou de operar voos regulares, oferecendo apenas serviços particulares. Para possibilitar a volta das operações, foram realizadas manutenções e ampliações na infraestrutura do terminal aéreo, adequando-o aos requisitos necessários para o funcionamento.