Até então um dos favoritos nas pesquisas, Raul Filho se vê, novamente, citado pela Operação Monte Carlo e rejeição dos eleitores a candidatos investigados pulveriza suas chances
Por Edson Rodrigues
O Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro negou, no último dia 6, pedido, do ex-prefeito de Palmas Raul Filho (PR), para suspensão de Inquérito Policial instaurado pela Polícia Federal (PF). A investigação apura envolvimento do político em possíveis desvios de recursos federais do Sistema Único de Saúde (SUS) e outros fatos descritos no relatório de análise de material apreendido na "Operação Monte Carlo".
No recurso, a defesa do político alegou que Raul Filho está sofrendo “constrangimento ilegal”, pois o ex-prefeito já responde à ação penal, em trâmite no Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO). Para a defesa, o político estaria sendo investigado duas vezes pelo mesmo delito. A persecução do crime corresponde “exatamente ao mesmo fato apontado como delituoso no Inquérito Policial”, afirmou.
Nefi Cordeiro destaca que há indícios de que Raul Filho tenha cometido crime contra a administração pública no âmbito federal. Portanto, se justifica a investigação realizada via PF. “Os fatos mencionados na Portaria (fls. 11) de que se originou o Inquérito cujo trancamento é pretendido evidenciam o cometimento, em tese, de condutas delituosas envolvendo recursos públicos federais, notadamente vinculados ao Sistema Único de Saúde, circunstância que justifica a atuação da autoridade apontada como co-autora”, relatou.
FORA DO PÁREO
A decisão do STF e, principalmente, a volta da exposição do nome de Raul Filho na mídia, vinculado a crime de probidade administrativa, tira o ex-prefeito de Palmas – de vez – do páreo pela sucessão municipal desta ano.
OAB, Ministério Público, entidades classistas e os próprios eleitores de Palmas têm demonstrado que não darão vez a candidatos ficha-suja, pois o sentimento de indignação que tomou conta das ruas nos últimos meses parece que se instalou com mais força entre os cidadãos da capital mais nova do País. As instituições prometem não dar trégua na caça e exposição dos nomes de candidatos que tenham qualquer tipo de problema com a justiça. Já os cidadãos, os eleitores, desenvolveram uma verdadeira ojeriza a nomes ligados a casos de corrupção.
Enquanto o nome de Raul Filho estava associado apenas à questão de crime ambiental, ainda havia uma certa tolerância do eleitorado, pois não se tratava de crime de corrupção ou malversação de recursos público. Agora, com a lembrança dessa acusação contra o ex-prefeito, suas chances de eleição ficam bem próximas de zero.
RECADO DAS RUAS
A constatação de que os eleitores e as entidades estarão muito mais alertas a partir de agora em relação aos políticos, serve de alerta para os partidos, para que façam uma checagem muito bem feita, um levantamento minucioso da vida pregressa de seus pretensos candidatos, para não serem tragados junto pela indignação em relação à corrupção.
Colocar nomes ficha-suja ou envolvidos em qualquer tipo de crime, seja eleitoral ou não, como candidatos a cargos eletivos, será a deixa para os eleitores identificarem de imediato quais são os partidos sérios e quais são aqueles que só se interessam por si próprios.
Se a imagem dos partidos já está bastante deteriorada ante o eleitorado, não saber escolher seus candidatos nas eleições de outubro próximo pode representar a pá de cal para muitas legendas.
No Tocantins, agora, são dois os políticos que preferem seus nomes longe dos holofotes: Marcelo Lélis e Raul Filho, cada um com seus próprios problemas com a Justiça.
OPERAÇÃO MONTE CARLO
Um vídeo encontrado pela Polícia Federal no dia da Operação Monte Carlo, na casa do ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira, mostra o então prefeito de Palmas, Raul Filho (PT) negociando com o grupo de Cachoeira.
O vídeo é de 2004 e foi gravado durante a campanha que elegeu, pela primeira vez, o atual prefeito de Palmas, Raul Filho. Cachoeira e Raul entram na sala com assessores para uma reunião. Cachoeira está de camisa branca, de costas para a câmera. Raul Filho, por sua vez, está do lado direito do sofá, em frente à Cachoeira.
Raul Filho diz: "Viu Carlinhos, o que a gente busca é o seguinte. Nós temos um projeto político, um projeto de poder no Tocantins. Palmas é um estágio".
E Carlinhos Cachoeira, que parece interessado em participar do projeto, pergunta: "Mas Raul, o que você está precisando lá hein?". Depois, Cachoeira oferece ajuda para a campanha: "Você acha que um grande show seria bom pra você lá na reta final?". E ouve a resposta de Raul Filho: "Ah, com certeza".
Raul Filho e Cachoeira conversam por quase uma hora e o futuro prefeito fala sobre as oportunidades que poderiam ser exploradas pelo grupo de Cachoeira. Raul Filho diz: "Lá é tudo na base mesmo da (...)". Uma pessoa não identificada completa a resposta: "truculência".
Em seguida, o futuro prefeito afirma: "Do arranjo sabe. Palmas tem uma série de oportunidades a serem exploradas, no campo imobiliário, transporte. Lá tem uma questão que nós vamos rever ela mesma, a concessão da água".
Ao final da reunião, Carlinhos Cachoeira deixa claro como vai ajudar e o que espera em troca. "Eu posso falar que dou uma posição para você no show. E tem como disponibilizar uma verba aí. Aí você vê com o Alexandre aí. Qual o nicho que a gente pode participar posteriormente".
Segundo a Polícia Federal, semanas depois, às vésperas da eleição, Cachoeira se reúne novamente com um suposto assessor de Raul Filho, identificado pelos investigadores como Silvio ou Ciro. E, desta vez, eles citam valores. Falam até em conseguir uma aposentadoria para o futuro prefeito.
"Comprometer esses 150 e o show com coisas palpáveis. Vai acontecer o seguinte, nós vamos tentar fazer isso, certo? Mas é o seguinte. Porque? Se eu puder ter uma aposentadoria e o Raul ter uma, tudo bem", diz o suposto assessor de Raul Filho.
A partir daí, a conversa passa a ser como levar os R$ 150 mil para Tocantins.
Cachoeira: "Você trabalha com cheque?".
Suposto assessor: "Cheque. Dinheiro não".
Cachoeira: "Você não pode passar com esse dinheiro... no raio-X, você vai de avião né?".
Suposto assessor: "Eu não mexo com dinheiro de jeito nenhum".
Cachoeira: "É pra pagar quem? É um só?".
Suposto assessor: "Lá é o seguinte. Sabe o que fazer: Eu passo pro Alexandre amanhã um fax assim de umas cinco contas pulverizadas, que não têm nada a ver com a campanha e pulveriza assim pequenininho. De pessoas que não têm nada a ver com campanha".
Denunciados são acusados da prática de cartel, de corrupção, de lavagem de dinheiro e de crimes de licitação
Assessória do MPF
O Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) ofereceu na última quarta-feira, 11 de maio, a primeira denúncia contra envolvidos na chamada operação “O Recebedor”, deflagrada no dia 26 de fevereiro deste ano (ver notícia). A operação, que é um desdobramento de fatos apurados na Operação Lava Jato, decorreu de acordo de leniência e colaboração premiada fechados com o MPF/GO pela empreiteira Camargo Corrêa. A empresa confessou a prática de cartel, corrupção, lavagem de dinheiro e crimes de licitação referentes às obras de construção dos trechos das ferrovias Norte-Sul e Interligação Oeste-Leste em Goiás. As licitações foram realizadas pela empresa pública Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. Foram denunciados o então diretor-presidente e o diretor de engenharia da Valec, José Francisco das Neves (mais conhecido como Juquinha) e Ulisses Assad, respectivamente. Além deles, foram denunciados João Ricardo Auler (diretor da Camargo Corrêa); José Ivanildo Santos Lopes (superintendente da Queiroz Galvão); Rafael Mundim Rezende (sócio-administrador da Evolução Engenharia); Heli Lopes Dourado (sócio-administrador de Heli Dourado Advogados Associados); Juarez José Lopes de Macedo (proprietário e administrador da Elccom Engenharia) e Josias Gonzaga Cardoso (ex-assessor do presidente da Valec) (clique aqui e confira os crimes imputados a cada um dos denunciados). De acordo com o procurador da República Helio Telho Corrêa Filho, autor da denúncia, o esquema criminoso teve início quando executivos das principais empreiteiras do país formaram cartel para, mediante acordo de divisão de lotes, combinação de preços e oferecimento de propostas não competitivas (de cobertura, apenas para simular a competição), eliminar a concorrência no mercado de construção ferroviária, frustrando o caráter competitivo das licitações realizadas pela Valec para a construção das ferrovias Norte-Sul e Integração Oeste-Leste no estado de Goiás. Com isso, dominaram o mercado e, combinando, manipulando e elevando arbitrariamente os preços (sobrepreço), maximizaram, assim, seus lucros em prejuízo da Administração Pública. O cartel teve início ainda no ano 2000 e se manteve após as últimas licitações realizadas no ano de 2011. Parte dos recursos decorrentes dos próprios contratos com a Valec, obtidos com os crimes de cartel, ajuste e fraude de licitação e participação em peculato, foi submetida a operações de ocultação e dissimulação (lavagem de dinheiro) e utilizada para o pagamento de propina a dirigentes da empresa pública, em especial a Juquinha, seja para prevenir interferências no funcionamento do cartel, seja para obter deles o apoio necessário ao desenvolvimento de suas atividades criminosas. Superfaturamento – O sobrepreço nos contratos decorreu da conjugação de quatro causas: exigências injustificadas de qualificação técnica do edital e a proibição de consórcios, que restringiram a concorrência e permitiram a formação do cartel; a cartelização das únicas empresas participantes que tinham condições de atender às exigências editalícias, que combinaram preços, eliminando a concorrência; o sobrepreço já no orçamento do edital, que elevou indevidamente o patamar referencial de preços que a Valec estimou, e o beneplácito da comissão de licitação que aceitou, sem questionamentos ou justificativas, as propostas vencedoras com preços em percentuais superiores ao orçamento de referência. Os denunciados Juquinha e Ulisses Assad consentiram e endossaram o cartel, as fraudes e o superfaturamento, autorizando e celebrando termos aditivos, permitindo, assim, que fossem pagos os valores com sobrepreço. A atuação de ambos foi consciente, concertada e com unidade de propósitos, seja por terem direcionado os subsequentes editais de licitação em benefício das empresas do cartel, seja por terem atuado diretamente para evitar que o cartel se desestabilizasse ou se desmanchasse, seja solicitando e recebendo propina. Perícia criminal apurou que a atuação do cartel resultou na celebração de contratos com sobrepreço de mais de R$ 230 milhões, em valores não atualizados. Lavagem de dinheiro – De acordo com a denúncia, ficou apurado que Juquinha, que assumiu o papel de maior relevância atuando como garante do esquema criminoso, solicitou e recebeu mais de R$ 2,24 milhões em propina. Em 2011, o Consórcio Ferrosul (composto pela Camargo Corrêa e pela Queiroz Galvão) celebrou contratos simulados com o escritório de advocacia do denunciado Heli Lopes Dourado para ocultar a origem e a destinação dos recursos provenientes dos crimes de cartel e de peculato e para pagar propina a Juquinha. Heli Dourado teria recebido R$ 360 mil, em três parcelas, por meio de contrato simulado de consultoria com o Consórcio Ferrosul, para o qual nunca prestou serviços, emitindo três notas fiscais “frias”. Na verdade, o beneficiário dos serviços jurídicos foi Juquinha, sua mulher e filhos. Em outra ocasião, novamente Juquinha recebeu da Camargo Corrêa quase R$ 900 mil em propina. O dinheiro teria sido pago em quatro parcelas ao longo de 2010 e 2011. Para ocultar a origem do dinheiro, Juquinha indicou a empresa Evolução Engenharia, de propriedade do denunciado Rafael Mundim, que simulou contrato de prestação de serviço à Camargo Corrêa para a roçada de área verde, jamais executado. Para tanto, a Evolução emitiu quatro notas fiscais “frias”. Por fim, Juquinha, por meio do denunciado Josias Gonzaga Cardoso, solicitou e recebeu quase R$ 1 milhão em propina vinculada à execução do contrato referente ao lote 03S, da Concorrência 04/2010, a cargo do consórcio Ferrosul. Josias Gonzaga indicou a empresa Elccom Engenharia, de propriedade do denunciado Juarez Macedo, que celebrou contrato e aditivos simulados de prestação de serviços com o Consórcio Ferrosul, emitindo, da mesma forma, notas fiscais “frias”. Balanço – As investigações referentes às irregularidades nas obras da Ferrovia Norte-Sul tiveram início no âmbito do MPF/GO no ano de 2009. Até o momento, já resultaram na instauração de 10 ações judiciais, entre cíveis e criminais, e o processamento de 37 envolvidos, entre eles 8 empreiteiras (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Constran S/A, Aterpa, Ebate, Ecoplan e STE), além dos principais integrantes da diretoria da Valec. Com a atuação do MPF/GO, foi possível apurar, até o estágio atual das investigações, prejuízos aos cofres públicos da ordem de mais de R$ 600 milhões apenas no trecho da ferrovia que corta Goiás. Esse valor é o montante que o MPF/GO busca na Justiça para ressarcimento pelos envolvidos. Judicialmente já estão bloqueados quase R$140 milhões em bens e dinheiro. Recentemente, a Camargo Corrêa concordou em devolver outros R$ 75 milhões por meio de acordo de leniência. Para mais informações sobre o funcionamento do esquema criminoso e a participação de cada denunciado, clique aqui e leia a íntegra da denúncia. O MPF/GO esclarece que a não inclusão, nesta primeira denúncia, de outros envolvidos ou fatos não implica pedido de arquivamento implícito, reservando-se a prerrogativa de, eventualmente, no decorrer das investigações ainda em curso, aditar ou oferecer nova denúncia.
Após um processo sangrento, Senado afasta a presidente Dilma Rousseff por 180 dias e Brasil ganha chance de se reerguer
Por Edson Rodrigues
A posse do vice-presidente Michel Temer como presidente interino da República nesta quinta-feira, 12 de maio de 2016 marcou o fim de um processo sangrento de embate político, institucional, e até mesmo físico, entre a tropa de apoio ä presidente afastada, Dilma Rousseff e os apoiadores do processo de impeachment.
Portanto, foi uma pose sem festa, sem comemorações e sem bravatas. Foi num momento de reafirmação constitucional do País, que remete a uma reflexão profunda dos cidadãos, das famílias, das instituições e, principalmente, da classe política brasileira.
Em seu discurso de posse, Michel Temer foi enfático ao afirmar que vai governar como veio, ou seja, pelo caminho da Constituição e em garantir a continuidade dos programas sociais e a independência do Banco Central.
Isso demonstra que Temer está ciente dos desafios que terá pela frente ao assumir um governo com um rombo de mais de 116 bilhões de reais, tendo que, em meio a isso, discutir as reformas tributária e previdenciária e as dívidas dos Estados para com a União.
O presidente interino foi extremamente feliz ao não criticar a presidente afastada, Dilma Rousseff e ao afirmar que o diálogo constante entre todas as esferas da sociedade e dos Poderes será crucial para que se transforme a “crise” em desenvolvimento e progresso.
Temer também foi feliz ao afirmar que as palavras de ordem do seu governo serão “trabalho, trabalho e trabalho”, como forma de buscar uma governabilidade estável junto com a sociedade, o empresariado e a classe política, prometendo, também, agir de forma republicana, mantando sempre uma boa convivência com o Legislativo e com o Judiciário.
A se cumprirem as palavras de Michel Temer, podemos estar presenciando o surgimento de um novo Brasil.
UM NOVO TEMPO PARA O TOCANTINS
Uma coisa é bem nítida ao fim desse ciclo de governo de Dilma Rousseff. A presidente afastada foi muito boa para o Tocantins, desde asfaltamento à construção de UPAs, passando por incentivos ao Projeto Rio Formoso e maquinário agrícola para assentamentos e prefeituras, ampliação da Universidade Federal em Palmas e Porto Nacional, criação de cursos de medicina e engenharia e, principalmente os avanços nas obras da ferrovia Norte-Sul. Fica claro, que o povo tocantinense não pode reclamar de Dilma Rousseff (não estamos falando do PT, mas da pessoa da presidente), em relação a tudo o que proporcionou para o Estado enquanto presidente.
Mas há um fato que não pode ser esquecido. Durante o governo Dilma, dada a sua proximidade com a senadora Kátia Abreu, o governador Marcelo Miranda foi tratado como desafeto pela presidente, perdeu prestígio e credibilidade junto ao Governo Federal e o Tocantins foi posto de lado, com suas deputadas federais Josi Nunes e Dulce Miranda sendo ignoradas tanto por Dilma quanto por Eduardo Cunha, tendo como único interlocutor em Brasília, o homem que assume a presidência interina da República, Michel Temer.
Além de vice-presidente da República e, hoje, presidente interino, Temer é o presidente nacional do PMDB e é caminho natural que dê mais atenção aos parlamentares do seu partido, e é notório o apreço de Temer por Marcelo Miranda.
Antes de tomar posse, inclusive, Temer convidou Marcelo Miranda, na última quarta-feira, ä uma visita ao Palácio do Jaburu, onde trataram da nova composição do governo e do relacionamento da União para com o Tocantins.
VICENTINHO ALVES
Outro tocantinense que ficou em evidência nos últimos dias foi o senador Vicentinho Alves, primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, imbuído de notificar Dilma Rousseff do seu afastamento e de comunicar Michel Temer da sua condução ä presidência interina.
Antes disso, Vicentinho participou de três encontros com Temer no Palácio do Jaburu e foi encarregado de estreitar o relacionamento entre Temer e a Mesa Diretora do Senado.
Esse reconhecimento de Temer para com os parlamentares tocantinenses e para com o governador Marcelo Miranda mostra claramente que o governo federal abre novas portas para o Tocantins.
Mas, voltamos a lembrar que o momento não é de festa, mas de trabalho, trabalho e trabalho.
Que assim seja!
Às 15h, o presidente interino anuncia suas primeiras medidas à frente do comando do País. Veja os Ministros
Estadão Conteúdo
Terminada a fase de admissibilidade do impeachment no Congresso, os próximos passos são a posse do presidente interino Michel Temer e a abertura do julgamento no Senado cujo prazo máximo é de até 180 dias. Às 15h, o presidente interino anuncia suas primeiras medidas à frente do comando do País. Ele deve estar acompanhado de líderes dos partidos que apoiaram o impeachment.
É provável que ainda nesta quinta Temer assine uma Medida Provisória que prevê a redução do número de ministérios, de 32 para 22. A posse dos novos ministros deve ocorrer na sexta-feira, 13. Para o Ministério da Fazenda, Henrique Meirelles, já foi confirmado. A Casa Civil deve ser chefiada por Eliseu Padilha. Já a pasta de Relações Exteriores ficará com José Serra, senador pelo PSDB paulista.
Para as 16 horas, está marcada a posse do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, como presidente do Senado para conduzir o julgamento de impeachment. A ele caberá a decisão sobre recursos durante a instrução do processo contra Dilma. O calendário do julgamento deve ser definido pelo presidente da comissão especial, Raimundo Lira.
Fora o julgamento do impeachment, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), manterá suas funções como chefe da Câmara Alta. Nos próximos dias, ele deve dar início às discussões para convocação extraordinária do Congresso durante o recesso parlamentar de julho. A ideia conta com o apoio de Lewandowski e, sobretudo, de Michel Temer.
Os três desejam terminar o julgamento do impeachment de Dilma por crime de responsabilidade bem antes do prazo máximo de 180 dias. O mais provável é que dure a metade desse período.
Confira lista completa dos novos ministros do governo Temer:
Gilbeto Kassab- Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações
Raul Jungmann - Ministério da Defesa
Romero Jucá- Ministério do Planejamneto, Desenvolvimento e Gestão
Geddel Vieira Lima- Secretaria de Governo
Sérgio Etchegyen- Gabinete de Segurança Institucional
Bruno Araújo- Ministério das Cidades
Blairo Maggi- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Henrique Meirelles- Ministério da Fazenda
Mendonça Filho- Ministério da Educação e Cultura
Eliseu Padilha- Casa Civil
Osmar Terra- Ministério do Desenvolvimento Agrário
Leonardo Picciani- Ministério do Esporte
Ricardo Barros- Ministério da Saúde
José Sarney Filho- Ministério do Meio Ambiente
Henrique Alves- Ministério do Turismo
José Serra- Ministério das Relações Exteriores
Ronaldo Nogueira de Oliveira- Ministério do Trabalho
Alexandre de Moraes- Ministério da Justiça e Cidadania
Mauricio Quintella- Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil
Fabiano Augusto Martin Siveira- Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle
Fabio Osório Medina- AGU
É justo que a oposição procure meios de frear uma cobrança que considera abusiva e desnecessária, mas um membro da base de “apoio” contestar essa ação é, no mínimo, oportunista
Por Edson Rodrigues
O governo Marcelo Miranda passa por uma saia justa num dos piores momentos para que ela aconteça.
Em meio a vitórias, conquistas e ações que vêm resgatado sua credibilidade junto à opinião pública, uma série de ações da oposição, que vão desde projetos pedindo a revogação à abaixo assinados pedindo o fim da cobrança das novas taxas de inspeção veicular ambiental, um membro de sua “base aliada”, o deputado estadual Ricardo Aires, do PSB, entrou com um pedido de revogação da criação da taxa, alegando que o Estado tem outros meios para fazer o mesmo serviço.
O MÉRITO DA QUESTÃO
O deputado Eduardo Siqueira Campos ressaltou que já tramitava na Justiça uma ação que pede a anulação dessa cobrança, baseada no fato de o Tocantins ter uma frota considerada pequena e um número de habitantes que não justificaria tal cobrança, e que o ex-governado Siqueira Campos entendeu por bem não implantar a cobrança.
Outra alegação de Eduardo é a de que a empresa foi contratada por credenciamento e, não por licitação e que a idade da empresa não comprovaria experiência suficiente para a execução dos serviços a contento.
Até aí, tudo bem. É o papel da oposição.
FOGO AMIGO CONFUNDE E EXPLICA AO MESMO TEMPO
Mas o que mais surpreendeu em toda essa movimentação contra a cobrança foi a atuação oportunista e estranha do deputado estadual Ricardo Aires, do PSB.
Para início de conversa, Aires é vice-presidente do PSB, partido do prefeito de Palmas, Carlos Amastha, inimigo venal do governador Marcelo Miranda. O ponto mais grave é que Ricardo Aires foi voto decisivo pela rejeição de contas do governador Marcelo Miranda e de sua inelegibilidade por oito anos.
Tratar-se-ia de uma artilharia calculada mas sem poder de letalidade tão significativo, não fosse o prestígio de que goza Ricardo Aires na “base aliada” de Marcelo Miranda.
Simplesmente não faz sentido o governo aplicar uma lei e uma pessoa que se diz aliado a esse governo, na mesma semana, apresentar projeto contra essa lei.
Além de criar um clima se saia-justa dentro de um governo que o que menos precisa é de saias justas, ainda confunde a população sobre a credibilidade da equipe que comanda e apóia o Estado e coloca em xeque a capacidade do governador em manter sob controle a sua equipe.
Não entramos no mérito da real necessidade dessa taxa nem da lisura da empresa que – indiretamente – a aplica. Salientamos, apenas que uma ação do governo, por mais que seja herdade e precise ser colocada em prática, sofra sabotagens de que se diz membro da “base aliada” desse governo e ostente benefícios e indicações sem ser incomodado.
Afinal, que mistério é esse que envolve a relação entre Marcelo Miranda e Ricardo Aires? A população, o eleitorado, quer saber...