ISTOÉ TRAZ ENTREVISTA COM FHC. VEJA FALA SOBRE EXTORSÃO A BOLSONARO E ÉPOCA DESTACA VOTOS NULOS E BRANCOS
ISTOÉ
FHC: Bolsonaro é autoritário e Ciro Gomes, imprevisível e errático
Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse considerar um atraso para o desenvolvimento do País a polarização entre Jair Bolsonaro, que para ele representará a volta do autoritarismo, e Ciro Gomes, considerado como “imprevisível” por não ser possível caracterizá-lo nem como direita nem como esquerda. Por isso, o ex-presidente, que nesta segunda-feira 18 completa 87 anos, defende com vigor a união dos sete candidatos do centro em torno de uma única candidatura que, necessariamente, não precisa ser a do PSDB. “Eu não posso dizer: só caso se for com a Maria”. FH afirma que até às convenções a negociação em busca da unidade será importante para a consolidação de um “projeto progressista e democrático”. Alegou estar convencido, porém, que Geraldo Alckmin é o melhor candidato e que o PSDB “não tem plano B”.
O senhor subscreveu há alguns dias o manifesto “Por um pólo democrático e reformista”, pedindo a união dos partidos do centro, para evitar uma volta ao passado. Qual é a ameaça política que o senhor vê ao futuro do Brasil?
Eu falo da criação de um pólo progressista e democrático, respeitando a Constituição e o Estado de Direito. No quadro atual, a gente até se esquece das ameaças que podem acontecer. De forma dramática, acho pouco provável que aconteça uma quebra formal das regras do jogo. De forma não dramática, ou seja, pela absorção paulatina dos que vierem a governar o País, com a adoção de medidas mais arbitrárias, isso pode acontecer sim. Temos que evitar uma volta ao passado. Eu não me refiro tanto ao lulopetismo, do risco do PT voltar a governar, porque a gente já tem experiência do que é o PT no poder. Não acredito que eles quebrem as regras e rumem para o viés autoritário. O risco vem do pólo à direita. As declarações do candidato Jair Bolsonaro nos assustam. Ele é autoritário. Tem feito declarações autoritárias. É preciso que o Brasil não tenha também um governo imprevisível e arbitrário. No caso do Ciro Gomes, eu não posso dizer que ele seja de direita ou de esquerda. Ele não é uma coisa, nem outra. Ele é mais errático, portanto, é imprevisível.
Como unir o centro? O deputado Marcus Pestana, do PSDB, chegou a propor que todos os sete candidatos do centro desistam de suas candidaturas e se escolha então um nome de consenso. Isso é possível?
Na vida partidária, é difícil imaginar que as pessoas, no ponto de partida, se disponham a abrir mão. Elas se dispõem a dizer que vão ganhar. No momento em que estamos há o risco de que nenhuma dessas candidaturas de centro chegue ao segundo turno. Há o risco sim de termos uma imprevisibilidade ou uma tendência autoritária no segundo turno. Portanto, seria aconselhável que as pessoas olhassem para as pesquisas. Como os políticos, naturalmente, puxam a brasa para a sua sardinha, têm que ter capacidade de entender que isso é um processo. Mesmo os candidatos ligados a grandes partidos não têm mostrado capacidade de juntar e acho que precisamos chegar a um entendimento até as convenções.
Ou seja, faltam menos de dois meses…
Sim, as convenções vão até 5 de agosto. É o tempo que vamos ter para isso. Os que têm consciência histórica e o sincero desejo de ver o Brasil andar, e que não vêem apenas a sua candidatura, têm esse tempo para alinhavar uma possibilidade de se chegar a um nome que represente a maioria da população. A população não quer que fiquemos na mão dessas duas candidaturas mais radicais e que hoje estão à frente nas pesquisas. Quer alguém mais palatável. Centro não quer dizer “centrão”, que no Brasil significa a união de tendências fisiológicas. O País cansou disso. A chave de tudo é alguém que inspire confiança. A crise mais perceptível hoje é de confiança. Temos que voltar a ter entusiasmo pelo Brasil. A falta de entusiasmo deriva dos fracassos recentes que sofremos.
Geraldo Alckmin não consegue sair dos 6%. Por que não decola?
No primeiro momento de qualquer campanha você tem a seguinte dificuldade: tornar-se conhecido ou ser demasiadamente conhecido. Até o muito conhecido, como é o caso do Geraldo, precisa fazer as pessoas tomarem conhecimento de que ele é candidato outra vez e isso leva tempo. No Brasil tem muita coisa nova acontecendo. Tem o novo no cinema, tem o novo no teatro, na música, tem novo no futebol. Agora, o que falta é o novo na política.
O PSDB tem o novo?
Nem o PSDB e nenhum outro partido tem o novo.
Como se obter o novo?
Isso passa pelos meios de comunicação e nós estamos habituados aos meios de comunicação tradicionais, rádio, televisão, jornal e revista. Mas hoje temos as mídias sociais. Os meios de comunicação estão ansiosos pelo bizarro ou pelo novo. Então, um político tradicional como o Geraldo, leva mais tempo para se consolidar. Mas também esse novo não pode queimar na largada. O Geraldo é um candidato experimentado, é maratonista. Tem que se dar tempo ao tempo. Isso não significa, porém, que temos que ficar de braços cruzados.
Alckmin está jogando parado?
Ele está fazendo o que é necessário. Procurando alianças, com o objetivo de ter mais tempo de rádio e televisão. E ele tem um outro objetivo: as estruturas políticas estão desgastadas, mas elas existem. Quem imaginar que a Câmara vai mudar de cabo a rabo, está enganado. Os candidatos a deputado dependem muito das estruturas organizadas, dos clubes, das empresas, das igrejas. Então, o candidato está costurando alianças para ter apoios nos Estados. E ele precisa escolher também o vice. Vai escolher no Sul, Sudoeste ou no Nordeste? E o que faz com Minas e com o Rio, que são Estados que decidem? Em Minas, ele tem o Anastasia, mas e no Rio? Dificilmente o PSDB terá um candidato próprio com força lá. Vai se aliar a quem no Rio?
O MDB, DEM, PP e outros estão resistindo em fazer aliança com o PSDB?
Li hoje que o DEM já está decidindo não ter candidato a presidente. Acho que o nosso candidato, como ex-governador de São Paulo, tem um problema a resolver. Os palanques no Estado. O problema é que há dois candidatos a governador que apoiam o Geraldo (João Doria pelo PSDB e Márcio França pelo PSB). Eu tive dois palanques dificílimos em São Paulo quando fui candidato: Mário Covas e Paulo Maluf. Não foi fácil, mas saí com uma votação estrondosa de São Paulo. O que une hoje é a crença no candidato, que ele toque o coração das pessoas. Alckmin ganhou várias eleições e do jeito dele. Eu sei que São Paulo não é o Brasil, mas de qualquer maneira ele é bom de televisão, fala claro, e é simples. Se o Brasil cansou de desordem, de imprevisibilidade, o Geraldo é o candidato mais seguro. Me lembro que quando me elegi presidente pela primeira vez, em junho eu estava com 12% e o Lula com 40%. Aí veio o Plano Real em julho e disparei em agosto. Tá certo que agora não tem o Plano Real…
O senhor acha que o eleitor continua procurando o novo?
E não é só aqui, essa tendência de se procurar o novo. Aconteceu na Espanha, na França e nos Estados Unidos, embora o Trump não seja o novo que eu goste, mas ele propôs uma coisa que juntou os cacos. E aqui tem que juntar, ter coesão, uma chama nova. Aqui estamos às cegas. Com o quadro atual para o segundo turno, o empresário reflui, o consumidor compra menos, as pessoas ficam preocupadas com o futuro.
O senhor já disse que a população quer o novo e lá atrás pensou em nomes como o do apresentador Luciano Huck, mas ele não aceitou ser candidato. O senhor também já defendeu nomes como o de João Doria.
Primeiro vamos falar do Luciano Huck. Ele é popular, tem densidade social e é ligado ao PSDB. Mas ele teve que tomar uma decisão. A decisão era dele e não minha. E ele escolheu ficar na Globo
E o Doria, tem gente do PSDB que defende trocar Alckmin por ele?
Nunca vi ninguém defender. Vejo no jornal, mas nunca vi nenhum líder do partido defender isso. Acho a troca pouco provável. E o Doria tem chance de ser governador de São Paulo.
Então o partido tem que insistir com o Alckmin até o fim?
Não sei qual será seu potencial de crescimento, mas certamente o candidato do PSDB é o Alckmin. Não vejo plano B.
O senhor acha que pode ter um nome alternativo para impedir a polarização do Bolsonaro e Ciro, que o senhor já disse que representam um atraso para o País?
Não se pode dizer: eu só caso se for com a Maria. Tem que ver o que vai acontecer nesses dois meses até as convenções. Eu, por exemplo, não acho a Marina um terror. Acho que a Marina tem muitas virtudes. O Alvaro Dias não sei qual é a base efetiva. Hoje tem votos no Paraná. O problema do Alvaro é que quem vota nele, votaria no Geraldo.
Mas esses nomes seriam para cabeça de chapa ou para vice do Alckmin?
Estou dizendo que você não pode, no ponto de partida de uma negociação para se encontrar um candidato de centro, falar que eu só caso se for com a Maria…O Geraldo tem mais conhecimento da máquina, capacidade administrativa, olha para o fiscal. Podem dizer: ah ele é muito religioso. Sim, pode ser. Mas não é uma pessoa que julgue as coisas pelo ângulo da religião ou pela ideologia. Ele é tolerante. A Marina também é tolerante. O que ela não tem é partido, tempo de televisão. É barreira grande.
Ela seria uma boa vice para o candidato do PSDB?
Ela não quer ser vice. Eu não vou propor uma coisa que pode ser entendida como menor. Eu respeito a Marina. Na eleição de 2014, ela apoiou o Aécio contra a Dilma. Ela é previsível. Mas neste momento não há razão para propor também que o Geraldo seja seu vice.
O centro unido vence a eleição?
Sim, podemos vencer. E qual é o medo de não ganhar? Nós já perdemos muito tempo. É patético. Perdemos a centralidade no mundo. Temos que resolver problemas óbvios. Não dá para ter o endividamento público crescente como temos. Isso termina em inflação ou algo pior, como confisco, sei lá o que. Temos que tomar decisões cruciais, que já deveríamos ter tomado a mais tempo. O Brasil vai acabar? Não, não vai acabar. Mas se não unirmos o centro e permitirmos a vitória dos que polarizam hoje vamos atrasar nosso desenvolvimento.
E polarização entre esquerda e direita? O senhor acha que é tudo o que a maioria da população não quer ou ainda há quem prefira o Fla-Flu?
Não ajuda. Não é nem a questão de esquerda. O PT é previsível. Eu posso não gostar, mas sei mais ou menos o que eles vão fazer. Eu tenho mais medo da imprevisibilidade do Ciro. Com ele, não se sabe o que vem pela frente. O País fica tonto. Não estamos num momento de arriscar. Não podemos voltar atrás. Se crescermos 3% ou 4% durante dez anos, mudaremos o sentimento de todo mundo. Isto aqui não é para principiantes.
A denúncia de que recebeu caixa 2 da Odebrecht pode estar afetando desempenho de Alckmin?
Geraldo tem passado limpo. Ele é pobre, classe média/média, e todo mundo sabe que ele não rouba.
Falando em Odebrecht, o senhor pode explicar o pedido de dinheiro que fez a Marcelo Odebrecht para campanhas de tucanos em 2010?
Eu pedi mesmo. Sou presidente de honra do PSDB e quando via candidatos razoáveis que precisavam de apoio, eu pedia. Não só para a Odebrecht. Pedi, mas dei o número da conta de campanha. E eu não tinha cargo nenhum no governo. Não teve toma-lá-dá-cá.
VEJA
Ex-colega quer dinheiro para contar ação de Bolsonaro em plano de atentado
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas nos cenários que excluem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda tem contas a acertar com seu passado. Em 1987, VEJA noticiou que ele e um colega pretendiam explodir bombas em quartéis do Exército para pressionar a cúpula do governo a conceder reajustes salariais para os militares. O colega é o coronel reformado Fábio Passos da Silva, que jamais falou publicamente sobre o episódio. VEJA o localizou em Fortaleza (CE). Silva disse à reportagem que, em troca de 250 000 reais, falaria “sobre o que está nos autos e sobre o que ficou de fora”. A revista não paga por informações.
Já a família de Passos da Silva não desiste de conseguir uma boa recompensa pelo segredo que mantém guardado. A mulher de Passos da Silva procurou recentemente Jair Bolsonaro, um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), aliado do presidenciável na Câmara. Bolsonaro admite que ela falou em dinheiro, mas assegura que encurtou a conversa porque notou que o pedido cheirava a extorsão.
ÉPOCA
O medo do eleitor diante do pênalti
A Copa do Mundo da Rússia já começou. Até meados do mês que vem, o futebol dominará o noticiário, apesar do surpreendente desinteresse que a maioria dos brasileiros tem demonstrado pela competição. Mais da metade da população, de acordo com pesquisa recente, revelou-se desanimada com a disputa, percentual recorde às vésperas do início dos jogos. É razoável supor que esse engajamento aumente no decorrer da participação brasileira.
Mesmo os mais precavidos analistas esportivos apontam a Seleção Brasileira como uma das favoritas ao título. Os números mostram que o atual grupo de jogadores brasileiros tem a melhor campanha na história dos jogos preparatórios para a Copa. Isso não significa que a vitória seja certa, mas permite antever que o brasileiro terá um mês dedicado a acompanhar um dos melhores selecionados de sua história.
Como escreve nesta edição o ensaísta José Miguel Wisnik, dos mais talentosos, lúcidos e criativos analistas do futebol brasileiro, a Seleção Brasileira comandada por Tite tem a função social de unificar o imaginário de um país faccionado e em frangalhos.
A despeito do resultado do futebol e das ilusões que suas vitórias e derrotas provocam, depois da Copa o Brasil terá de voltar sua atenção para a eleição presidencial de outubro.
É preocupante que se mantenha o recorde da taxa dos que pretendem votar em branco ou anular o voto nas próximas eleições, de acordo com o instituto Datafolha. Quando questionados sobre em quem pretendem votar para presidente, sete em cada dez brasileiros respondem não saber ou declaram pretender anular ou votar em branco.
Mesmo quando confrontados com uma lista de pré-candidatos, 17% dos entrevistados dizem que pretendem anular ou votar em branco. Com Lula (PT) fora da disputa, em razão de prováveis problemas legais, esse índice sobe para 28%. Nesse cenário, brancos e nulos superam até o candidato líder.
No campo da política, residem problemas graves do país. Corrupção, crise de legitimidade, distanciamento das prioridades da maioria dos cidadãos, falta de transparência, partidos sem linhas programáticas claras são alguns dos pontos que poderiam exemplificar tal afirmação. No entanto, a solução para tais problemas está vinculada ao engajamento dos brasileiros no processo de escolha de seus representantes. Informação, voto consciente e participação ativa são os caminhos necessários para a mudança da prática política.
A Copa do Mundo é um agradável interregno na realidade dura de um país que se arrasta numa recuperação econômica lenta e com desigualdade social em ampliação. O título no esporte, caso venha, merece exaltada comemoração. No entanto, o que mudará a realidade será a disputa de outubro, quando cada brasileiro, individualmente, vai para essa espécie de marca do pênalti que é a urna eleitoral. E até aqui o eleitor tem se mostrado amedrontado pelos nomes de que dispõe no pleito.
Mesmo sem citar, referência direta é à candidatura do ex-presidente Lula
Da Redação
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga afirmou nesta sexta-feira, 15, que a Corte deve barrar de ofício – ou seja, sem contestação prévia – o registro de candidaturas de condenados em segunda instância, considerados "fichas sujas". Gonzaga não citou especificamente o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba desde abril e com condenação penal confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, mas disse que “não se pode brincar com o país” quando se trata de postulantes à Presidência.
“Quem decide qual cargo almeja é o candidato e não a Justiça Eleitoral. Quando se almeja um cargo de Presidente da República, não se pode brincar com o país. Não podemos fazer com que milhões de brasileiros se dirijam à urna eletrônica para votar nulo. Não contem comigo para isso”, declarou em debate durante o VI Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral, em Curitiba.
Depois, em entrevista à imprensa, Gonzaga reafirmou que esta não é apenas sua posição como deve ser a dos demais ministros do TSE. “Chegando à mesa de todos os ministros, que são muito responsáveis [deve ser barrada a candidatura]”, disse. O magistrado afirmou ainda que a jurisprudência o TSE é da mesma posição. “No momento em que o candidato traz para o TSE uma certidão criminal positivada, ou seja, uma prova da sua inelegibilidade, isso já tem jurisprudência de 50 anos, eu posso indeferir o registro de candidatura de ofício”, apontou.
Adotando tal posição, numa eventual tentativa de registro de candidatura de Lula, o TSE impediria o petista de participar da campanha eleitoral, fazer propaganda na TV e no rádio e participar de debates.
Admar foi lembrado por debatedores que, no entendimento atual do TSE, mantém-se a campanha eleitoral do candidato até que se julgue possível recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) – exemplo do que ocorreu em 2006, na campanha de Rui Costa Pimenta (PCO) à Presidência. “Se isso [julgamento de ofício da inelegibilidade] ocorrer, o TSE estará avançando na jurisprudência e ignorando parte da legislação”, afirmou o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, destacando que a decisão tomada na questão de Lula vai valer para todos outros casos do país.
Ao fim da exposição, Gonzaga afirmou que, apesar de defender o indeferimento de ofício de candidaturas "fichas sujas", haverá respeito ao contraditório em eventual recurso que o partido ou candidato proponha junto ao STF. “Haverá respeito ao contraditório, mas existem situações e situações.
Uma coisa é você entregar a jurisdição a prova de sua inelegibilidade [a certidão criminal positivada]. A certidão traz a condenação que me dará condições de abrir o código penal e verificar se há inelegibilidade”, finalizou.
Posicionamento
A posição de Admar é parecida com a já exposta pelo presidente do TSE, ministro Luiz Fux, que já afirmou que pretende discutir com os colegas da Corte Eleitoral o veto automático a registro de candidatura de candidatos que se enquadrem na Lei da Ficha Limpa. Já a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, refutou no mês passado a possibilidade de que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja bloqueada sem que haja contestação prévia - ou "de ofício", como se diz no jargão jurídico.
Em duas semanas, o deputado federal Jair Bolsonaro apresenta queda de 5% na pesquisa espontânea e de 6% na estimulada. Levantamento foi feito pelo Ipespe
Da Redação
A intenção de votos do pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) diminuiu nas últimas semanas, aponta pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). O deputado federal fluminense ainda lidera quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é incluído, mas tem índices mais baixos que os mostrados em mostras anteriores.
Na pesquisa em que não são apresentados nomes dos candidatos, Bolsonaro aparece com 13%. Na última semana de maio, nessa mesma situação, sua marca foi de 18%; e na primeira semana de junho, 14%. Seu índice, portanto, caiu 5% em duas semanas, índice maior que a margem de erro da pesquisa, de 3,2%.
essa situação, o ex-presidente Lula variou dentro da margem de erro. Na última semana de maio, aparecia com 12%; subiu para 14% na semana passada e, agora, voltou a marcar 12%, tecnicamente empatado com Bolsonaro. Os demais presidenciáveis não chegam a 2%.
Pesquisas estimuladas
Quando os esntrevistados são solicitados a escolher um candidato de uma lista de nomes pré-definidos, Lula fica à frente, com 29% das intenções de voto, oscilando dentro da margem de erro (no fim de maio, tinha 28%; e na semana passada, 30%). Bolsonaro aparece em segundo, com 19%, mais uma vez com tendência de queda. Na última semana de maio, ele tinha 25%; e na semana passada, 20%.
O índice dos que dizem que não votariam em ninguém nessa situação é de 18%, mais alto que os demais candidatos incluídos na pesquisa: Marina Silva (10%), Geraldo Alckmin (7%), Ciro Gomes e Álvaro Dias (6%), Henrique Meirelles (2%), Manuela D'Ávila e João Amoêdo (1%).
No cenário sem o ex-presidente Lula e com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) na disputa, Bolsonaro lidera com 21%, seguido pelo empate técnico entre Marina Silva (13%) e Ciro Gomes (10%). Haddad aparece com apenas 2%, e os brancos, nulos e indecisos somam 33%.
O cenário, no entanto, muda quando Haddad é apresentado como o indicado por Lula. Nesse caso, o ex-prefeito sobe para 11% e fica à frente de Marina (10%), Ciro (9%), Alckmin (8%) e Álvaro Dias (6%). Nessa situação, Bolsonaro tem 20%.
Segundo turno
No cenário de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista tem 42% contra 34% do candidato do PSL. Há uma semana, a vantagem era de 5% e configurava empate técnico entre os candidatos.
Numa eventual disputa entre Marina Silva e Bolsonaro, o cenário é de empate técnico, com a ex-senadora liderando por 38% a 34%. O empate se repete com Ciro Gomes (34% a 33% a favor do deputado do Rio de Janeiro) e com Alckmin (33% a 31%, novamente a favor de Bolsonaro).
Rejeição
Os pré-candidatos continuam com grande rejeição por parte do eleitorado. Os principais nomes aos Palácio do Planalto aparecem empatados tecnicamente quando se pergunta em quem o eleitor não votaria. Alckmin e Lula lideram com 60%, seguidos por Marina (57%), Haddad (57%), Ciro (56%), Meirelles (55%) e Bolsonaro (52%).
Irregularidades já se tornaram de conhecimento público e primeiros pareceres e avaliações complicam situação da chapa de Carlesse
Por Edson Rodrigues
Pronto! Chegou à grande mídia, mais precisamente ao jornal Folha de São Paulo que, depois da exibição da reportagem na Globo News, apurou e publicou, para vergonha dos tocantinenses, tudo o que aconteceu no Palácio Araguaia após a posse de Mauro Carlesse como governador.
Alertada por denúncia feita pela coligação “É a Vez dos Tocantinenses”, do senador Vicentinho Alves, a Justiça Eleitoral ligou o alerta sobre fatos e atos praticados no palácio Araguaia, na secretaria da Fazenda e na Redesat, que resultaram nas ações da Polícia Federal desta semana.
As ações foram determinadas pela corregedora regional Eleitoral do Tocantins, Ângela Prudente, com pedido de tutela de urgência.
São investigados Mauro Carlesse, seu vice, Wanderlei Barbosa, Jackson Soares Marinho, prefeito Darcinópolis; Roberta Maria Pereira Castro, presidente da Agência Tocantinense de Saneamento; Claudinei Aparecido Quaresemin, Secretário de Infraestrutura do Estado; Sandro Henrique Armando, secretário da Fazenda do Estado; e Wagner Coelho, presidente da Redesat, suspeitos de praticarem condutas vedadas aos agentes em período eleitoral.
“A Ação de Investigação Judicial (AIJE) em questão busca apurar abusos de poder político e econômico que estariam sendo perpetrados pelos investigados, candidatos a Governador e Vice-Governador, além de alguns servidores públicos. Relatam os requerentes que tais condutas seriam graves o suficiente para influenciar no resultado do pleito, além de provocar desequilíbrio entre os candidatos”, informou a desembargadora.
Entre as condutas abusivas apontadas pelos denunciantes, requerentes da investigação, estão: transferência de recursos provenientes de emendas parlamentares; pagamentos de débitos de exercícios anteriores com privilégios aos municípios que apoiam a candidatura dos investigados; compra de apoio político de prefeitos, vereadores e lideranças locais; uso indevido de bens públicos móveis e imóveis; e uso de servidores públicos, durante o expediente, em campanha eleitoral.
CHUMBO GROSSO
As denúncias, a apuração e as ações da Polícia Federal dão o tom do tamanho e do grau das irregularidades que vinham sendo cometidas a partir do palácio Araguaia.
Em uma análise preliminar e de fácil entendimento, Mauro Carlesse e Wanderlei Barbosa correm o risco de ficar inelegíveis, pois a interpretação é a mesma usada no caso que cassou Marcelo Miranda e Cláudia Lelis, ou seja, contra a chapa e, não apenas contra Carlesse, e a vida dos deputados estaduais e federais que os apoiaram, além das lideranças citadas pela corregedora, passa a ser um mar de inseguranças e incertezas, pois, dependendo do grau do envolvimento de cada um nas irregularidades já comprovadas, não há pra onde correr, é “caixão e vela preta” e o chumbo que vem por aí, é grosso!
Pior para Wanderlei Barbosa, que em anos de vida pública, nunca havia se envolvido em nenhum ato que o desabonasse e, agora, vê-se enroscado com a Justiça porque resolveu aceitar ser vice do candidato errado.
Foi só “subir na gilete” que Carlesse achou-se o todo poderoso, agindo como ditador, obrigando funcionários de carreira a trabalhar em seu favor e servidores a cometer irregularidades. Assim como Hugo Chaves, Nícolas Maduro, Muamar Gadaffi e outros ditadores, o atual governador do Tocantins misturou o público com o privado e resolveu que tudo deveria funcionar em seu benefício.
Bem, todos sabem como terminaram as histórias dos demais ditadores. Resta saber como terminará a história de Carlesse...
Aguardando os próximos capítulos...
Novidade histórica: os militares voltarão ao poder, pela via democrática
DENIS LERRER ROSENFIELD*, O Estado de S.Paulo
Eis um cenário altamente provável, que foge totalmente do padrão das últimas eleições. Estamos diante de um fato novo, que não se deixa mais reduzir aos moldes de uma polarização hoje vencida entre PT e PSDB. É forçoso reconhecer que o País mudou.
Essa provável volta contará com o apoio da sociedade e, certamente, das Forças Armadas. Para a opinião pública, os militares representam uma instituição da mais alta confiabilidade, que não foi tomada pela onda da imoralidade pública. Eles se tornaram, para muitos, uma opção, uma alternativa de poder. Seu prestígio só tem aumentado.
É bem verdade que todos os governos após a redemocratização contribuíram amplamente para isso. A segurança pública foi deixada em frangalhos, o crime assola a Nação, e tudo tem sido tratado com leniência e ineficiência, se não com complacência e simpatia ideológica. Crime não seria crime, mas uma forma de resposta social. Se os mortos falassem, eles lhes dariam uma resposta adequada!
As pessoas estão aterrorizadas, nas ruas e em casa, e ainda são obrigadas a ouvir o discurso ensurdecedor do politicamente correto. Mais de 60 mil pessoas são mortas por ano e temos de ouvir as falas insensatas sobre a manutenção do Estatuto do Desarmamento, como se esse fosse o maior problema do País. Os cidadãos de bem tornam-se, graças ao legítimo direito à autodefesa, os responsáveis pela criminalidade!
A candidatura Bolsonaro surge como uma resposta a esse tipo de questão, por mais impreciso que seja ainda o seu discurso político e, sobretudo, econômico. Soube escutar esse anseio da sociedade, ciente de que o Estado não se pode sustentar sem o exercício da autoridade estatal.
O Estado, em negociações “democráticas”, virou refém de corporações de funcionários e empresários que se apoderaram de uma fatia do bolo público e são avessos a qualquer mudança. Se a tão necessária reforma da Previdência não foi realizada, foi por que as corporações de privilegiados se negaram a reduzir seus benefícios dos mais diferentes tipos.
A esquerda, seguindo sua degradação ideológica, ficou do lado das corporações públicas, como se elas representassem os trabalhadores, estes, sim reféns de baixos salários e do desemprego. As corporações do Judiciário e do Ministério Público também se recusaram a aceitar a igualdade básica dos cidadãos enquanto membros do Estado. Este se tornou presa de seus estamentos, perdendo o sentido da moralidade e do bem coletivo.
Tachar o discurso do deputado Jair Bolsonaro de extrema direita é o melhor atalho para refugiar-se na miopia ideológica. Só teria sentido se se considerasse a defesa da vida e do patrimônio das pessoas uma bandeira de extrema direita. Isso significaria, então, que a esquerda valoriza o crime e a violência? Ou não se preocupa com a vida e o patrimônio dos cidadãos?
A greve dos caminhoneiros mostrou com inusitada clareza que os militares se tornaram uma opção para boa parte dos cidadãos. Os pedidos de intervenção militar alastraram-se pelo País e foram muito maiores do que o noticiado. A sociedade clama por moralidade pública e por segurança física e patrimonial. Cansou-se do discurso de uma classe política que não mais a representa. Partidos com forte estruturação ideológica, como PT e PSDB, ficaram literalmente perdidos, tontos. Evidentemente, tal saída seria uma ruptura institucional, ferindo uma democracia cambaleante. E mais imprópria ainda por ter o atual governo levado a cabo uma agenda reformista que está mudando o País, apesar de seus percalços. Não seria esse o destino desejável.
Nas últimas décadas os militares têm tido um comportamento exemplar, defendendo a democracia e a Constituição. Passaram por momentos muito delicados, sendo objeto de acusações as mais diversas, com a ameaça de revisão da Lei da Anistia pairando sobre eles. Souberam resistir no estrito respeito às normas constitucionais, enquanto seus opositores pretendiam jogá-las pelos ares.
Agora, todo um setor importante da sociedade brasileira clama para que voltem ao poder, por intermédio da candidatura Bolsonaro. Ele não representa apenas a si mesmo, mas responde a um apelo social, podendo contar com o apoio dos militares, embora as Forças Armadas permaneçam, enquanto instituição estatal, neutras e equidistantes em relação ao processo eleitoral.
É visível o empenho de militares da reserva em favorecer essa via democrática de volta ao poder. Generais importantes estão empenhados nesse processo, dando o seu aval a uma candidatura que, vitoriosa, poderá contar com o apoio daqueles que querem restaurar a autoridade estatal. Acontece que a Nação apresenta uma condição de anomia, cada estamento puxando para o seu interesse particular, como se o Estado pudesse ser esquartejado, perdendo-se até mesmo a própria noção do bem coletivo. A desordem toma conta do espaço público, como amplamente demonstrado na greve dos caminhoneiros, que conseguiu curvar o governo no atendimento de suas demandas.
O caminho está aberto para que outras corporações sigam o mesmo caminho. A greve contou com o apoio da sociedade, que, do ponto de vista público, terminou prejudicada em todo esse episódio. O que contou, porém, foi a expressão de uma insatisfação generalizada, que encontrou aí uma canalização para o seu mal-estar.
E é esse mal-estar que está sendo a condição mesma do apoio social à volta dos militares ao poder. Talvez os que defendam a ideia da bolha da candidatura Bolsonaro, como se ela fosse logo explodir, não tenham compreendido que a sociedade não mais aceita uma classe política que se corrompeu e dela se distanciou.
Se há uma bolha, diria crescente, é a de uma sociedade que deseja mudanças. E ela, sim, pode explodir!