Viagem acontece em meio a divergências políticas com o governo de Donald Trump
Por Camila Stucaluc
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Nova York, no domingo (21), onde participará da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). O líder chegou acompanhado de uma comitiva reduzida composta por ministros e outras autoridades do governo (veja lista mais abaixo), além de assessores.
Esta é a primeira viagem de Lula aos Estados Unidos no auge da crise com o governo Donald Trump. As gestões vêm enfrentando divergências desde agosto, quando Trump taxou em 50% os produtos brasileiros em resposta a “injustiças comerciais” e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, Washington promete novas punições ao Brasil pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Por enquanto, não há previsão de uma reunião entre Lula e Trump para debater a crise diplomática. Segundo o Planalto, a agenda do presidente em Nova York desta segunda-feira (22) engloba apenas uma Conferência Internacional para a Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada por França e Arábia Saudita.
Na terça-feira (23), Lula atenderá à Assembleia Geral da ONU. Como é tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do Debate Geral, após as falas do secretário-geral da ONU, António Guterres, e da presidente da 80ª Assembleia Geral, Annalena Baerbock, da Alemanha. Depois, ao lado de Guterres, o líder participará de um evento sobre ação climática.
Já na quarta-feira (24), Lula irá presidir, ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric, e do presidente da Espanha, Pedro Sánchez, a segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia”. A iniciativa, que reúne líderes de todas as regiões do mundo, visa fortalecer o multilateralismo, o Estado de Direito e a cooperação contra o extremismo, a desinformação, o discurso de ódio e o enfraquecimento das instituições democráticas.
Comitiva reduzida
Desta vez, Lula viajou para Nova York com uma comitiva mais reduzida, sem congressistas, devido à tensão com os Estados Unidos. Ao todo, participam da delegação seis ministros e dois governadores, além de assessores. São eles:
Camilo Santana, ministro da Educação
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e da Segurança Pública
Márcia Lopes, ministra das Mulheres
Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima
Embaixador Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
Elmano de Freitas, governador do Ceará
Helder Barbalho, governador do Pará
Embaixador Celso Amorim, assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República
Marina e Vieira já estavam em Nova York quando Lula desembarcou na cidade, assim como a primeira-dama Janja da Silva, que participou de eventos ligados a temas sociais como enviada especial para mulheres da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cancelou a ida aos Estados Unidos após receber um visto restrito, com limitações de circulação em Nova York. A medida foi imposta pelos Estados Unidos em razão da participação dele na criação do programa Mais Médicos, no governo Dilma Rousseff.
Já Fernando Haddad, que lidera o Ministério da Fazenda, decidiu ficar no Brasil para tratar de projetos prioritários do governo no Congresso. É o caso da proposta que isenta o Imposto de Renda (IR) para brasileiros que ganham até R$ 5 mil mensais, que deve ser votado pelo plenário da Câmara ainda nesta semana.
Rubens Oliveira Costa teria sido diretor financeiro de empresas de Antônio Carlos Camilo Antunes
Por Rute Moraes
A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) vai ouvir, nesta segunda-feira (22), Rubens Oliveira Costa. Segundo a Polícia Federal, ele seria um dos sócios de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.
Costa teria sido diretor financeiro de empresas que pertenciam ao “Careca”. A convocação dele consta em 11 requerimentos da CPMI, sendo um deles de autoria do relator da comissão, deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL).
No pedido, Gaspar cita as empresas de Antunes das quais Costa seria sócio. Entre elas, está a Acca Consultoria Empresarial, apontada como parte do esquema das fraudes do INSS.
O antigo diretor financeiro também seria sócio de pessoas apontadas como recebedoras de valores provenientes de entidades associativas, que faziam descontos não autorizados nos benefícios de aposentados e pensionistas.
A CPMI já aprovou um pedido de prisão preventiva de Costa. Ele foi convocado na condição de testemunha, mas sua defesa alega que ele teria de vir na condição de investigado em virtude do pedido de prisão.
Isso, conforme os advogados, daria a Costa garantias constitucionais, a exemplo do direito de ficar calado para não produzir provas contra si mesmo.
O pedido, no entanto, foi negado pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG). Viana afirmou que a decisão de convocar o depoente como testemunha foi colegiada e que não haveria amparo regimental, legislativo ou constitucional para que isso fosse alterado pela presidência da comissão.
Ex-ministro e ex-governador do Ceará pode deixar o PDT; Ciro mira 2026 no alto escalão do governo cearense
Por Fernanda Tavares e Manoela Carlucci
De olho no alto escalão do governo cearense, um nome começa a ressurgir em Brasília nas últimas semanas. Ciro Gomes, que atualmente integra o PDT, tem chamado atenção de grandes partidos como o União e Progressitas. Até o PSDB, em busca de nomes com densidade política, já sinalizou interesse e mantém Ciro no radar.
A ideia principal de Ciro, segundo interlocutores ouvidos pela CNN, é concorrer ao governo do Ceará em 2026, cargo que já ocupou de 1991 a 1994, além de já ter sido ministro da Fazenda (1994-1995) e ter desempenhado outros cargos no governo federal ao longo de sua trajetória política.
De acordo com caciques do União e também do Progressistas, a candidatura de Ciro seria boa para firmar uma aliança de oposição ao governador cearense, Elmano de Freitas (PT), de forma que o ex-governador e ex-ministro poderia ajudar a puxar votos e aumentar as bancadas de ambos os partidos na Câmara dos Deputados.
Na última semana, Ciro circulou por Brasília e chegou a participar de um jantar promovido pelo presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira.
Segundo fontes, no entanto, a mudança de legenda está ainda no campo das ideias, já que não houve nenhuma conversa formalizando o interesse e a possibilidade dessa migração por parte do ex-governador com Carlos Luppi, o presidente do PDT.
Pessoas próximas à ele dizem que Ciro gosta do partido que está e que ainda está "avaliando os possíveis cenários".
Aumento é de 136% em relação ao mesmo período de 2024, quando havia 1,1 milhão de requerimentos
Por Ana Vinhas
A fila de espera por benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) atingiu 2,6 milhões em agosto. O número mais que dobrou em relação ao mesmo período de 2024, que tinha 1,1 milhão de requerimentos aguardando aposentadoria, pensão ou auxílio.
Comparando a julho deste ano, o aumento foi de 4%, com um acréscimo de 65.238 requerimentos. Os dados são do boletim Transparência Previdenciária, do Ministério da Previdência Social, divulgado nesta quinta-feira (18).
O volume inclui tanto os processos que estão com até 45 dias como os acima disso. A maioria dos pedidos aguarda análise do instituto ou perícia médica inicial.
Já o tempo médio de concessão foi de 42 dias nesse período.
A escalada da fila por benefícios começou em dezembro do ano passado, quando o número ultrapassou 2 milhões, e atingiu o auge em março deste ano, com 2,7 milhões de requerimentos. É o maior nível desde 2019.
O governo federal tem lançado programas para reduzir a fila do órgão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou neste mês uma lei que concede um bônus a servidores do INSS por atendimentos feitos.
A proposta já estava em vigor por uma Medida Provisória e tinha sido aprovada pelo Senado no mês passado.
O programa prevê pagamentos como incentivo por produtividade de R$ 68, por processo, para servidores do INSS, e outro de R$ 75, por perícia ou análise, para servidores da perícia médica.
Já o Programa de Gerenciamento de Benefícios, que já está em vigor, tem como meta reduzir em até 45 dias a análise dos pedidos de aposentadoria, pensões e auxílios.
Para isso, estão sendo realizados mutirões por servidores fora do expediente normal, inclusive aos fins de semana, com remuneração adicional.
Números
O número de benefícios pagos pelo INSS em agosto foi de 41.428.950, com um total de pagamento de R$ 83,7 bilhões. O benefício por incapacidade, antigo auxílio-doença, lidera o ranking de concessões em abril, com 291.109 (50,2%).
Ala próxima ao ex-presidente não esconde insatisfação com declarações do relator recém-nomeado, que já negou a possibilidade de anistia ampla
Com CNN
As primeiras declarações do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) sobre os rumos do PL (Projeto de Lei) da Anistia no Congresso Nacional incomodaram bolsonaristas que, até aqui, comemoravam a aprovação da urgência da proposta na Câmara.
Nos primeiros minutos após a nomeação, o dirigente do Solidariedade descartou a possibilidade de dar andamento a uma anistia "ampla e irrestrita", como ainda defendem os aliados de Jair Bolsonaro (PL).
Com um discurso alinhado ao do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o deputado destacou que vai buscar a "pacificação", mas que não "agradará extremos". E indicou ainda que vai procurar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para construir o texto.
Para integrantes do PL — que já admitiam internamente a inviabilidade de inclusão do ex-presidente no perdão —, o posicionamento do sindicalista é um indicativo de que a proposta se restringirá a redução de penas dos condenados pelos ataques no 8/1.
"É, no mínimo, estranho que o relator recém-indicado já venha com ideias pré-concebidas. Em princípio, demonstra que não há disposição de analisar o tema com a profundidade e a isenção que a pacificação nacional exige. A sociedade espera do relator uma postura aberta ao diálogo e ao espírito de reconciliação, não uma sentença antecipada", declarou a deputada federal Rosana Vale (PL-SP).
Já o deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP) destacou o perfil político de Paulinho, fundador da Força Sindical, mas com relações rompidas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"O deputado federal Paulinho da Força tem sido um nome crítico ao governo federal, mas passa longe de ser um parlamentar de direita. O tempo vai dizer para qual lado o vento irá soprar — e os movimentos dele devem provar isso", afirmou.
Para Adrilles Jorge (União), vereador na capital paulista e aliado de primeira ordem Bolsonaro, a escolha de Hugo Motta terá reflexos no texto do projeto.
"A direita recebe pessimamente mal a relatoria do Paulinho da Força que, todo mundo sabe, é aliado de primeira ordem do ministro Alexandre de Moraes. Ele simplesmente vai fazer uma anistia totalmente retalhada, asséptica e passiva", criticou o deputado