Por Edson Rodrigues

 

 

 

A sucessão estadual de 2026 no Tocantins não começou em comícios ou convenções partidárias, mas nos tribunais superiores. A decisão da Corte Especial do STJ de afastar o governador Wanderlei Barbosa por 180 dias, no âmbito da Operação Fames-19, e a expectativa de julgamentos no Supremo Tribunal Federal representam o verdadeiro apito inicial da corrida eleitoral. Desde esse episódio, o cenário político passou a girar em torno de duas frentes: a jurídica, com recursos e habeas corpus que podem ou não devolver o governador ao Palácio Araguaia, e a política, marcada pela ascensão do vice Laurez Moreira ao comando interino do estado. O que vier do Supremo, seja favorável ou não a Wanderlei, ditará os rumos imediatos da sucessão.

 

 

No comando do governo interino, Laurez Moreira começou a se movimentar com velocidade. Em poucos dias promoveu nomeações, sinalizando que pretende usar o poder da caneta para consolidar apoio em diferentes regiões. Palmas, maior colégio eleitoral do estado, tornou-se prioridade e trouxe para seu grupo a ex-prefeita Cínthia Ribeiro e o deputado Eduardo Mantoan, além de abrir espaço para o ex-prefeito Raul Filho, que já integra o círculo laurezista por meio do filho, Raul Filho Jr., nomeado secretário da Governadoria. Essas articulações ampliam o arco de alianças de Laurez, mas também carregam riscos. Nos bastidores, circulam críticas a demissões que podem ser interpretadas como “caça às bruxas”, atingindo servidores de carreira prestes à aposentadoria e que nunca se envolveram em disputas partidárias. Esse ponto frágil da gestão interina pode ser explorado politicamente por adversários.

 

 

Enquanto isso, Wanderlei Barbosa, mesmo afastado, segue no centro do tabuleiro. Seus direitos políticos preservados ele pode disputar o Senado em 2026, mas enfrenta imbróglios que precisam ser resolvidos. Dois pedidos de impeachment foram protocolados contra ele na Assembleia Legislativa pelo vereador e presidente estadual do PSB, Carlos Amastha, além de uma representação por improbidade administrativa encaminhada ao Ministério Público. Essas peças, mesmo que não avancem, criam desgaste público e podem gerar questionamentos sobre a legalidade de uma eventual candidatura.

 

 

O cenário eleitoral já se movimenta intensamente. A senadora Professora Dorinha, do União Brasil, aparece nas pesquisas como favorita para a disputa ao governo e percorre o estado ao lado de aliados fortes, entre eles o senador Eduardo Gomes, vice-presidente do Senado e candidato à reeleição, e o deputado Carlos Gaguim. O trio tem marcado presença em inaugurações de obras viabilizadas por suas emendas, reforçando imagem e visibilidade.

 

Vicentinho Júnior articula candidatura

 

Ao mesmo tempo, o deputado Vicentinho Júnior, presidente estadual do PP, lançou sua pré-candidatura ao Senado e articula com prefeitos e lideranças de sua base, aguardando o próximo ano para avaliar o melhor caminho. O tabuleiro do Senado, aliás, promete ser um dos mais concorridos da história política tocantinense: além de Eduardo Gomes e Carlos Gaguim, Wanderlei pode entrar na disputa, transformando a eleição em uma batalha de gigantes.

 

O silêncio de Amélio Cayres

 

Nesse ambiente de incertezas, o silêncio do deputado Amélio Cayres, presidente da Assembleia Legislativa e aliado histórico de Wanderlei, chama a atenção. Pré-candidato ao governo, ele prefere aguardar o julgamento no STF antes de anunciar qualquer passo. Sua postura pode ser lida tanto como cálculo político quanto como gesto de lealdade pessoal, uma raridade na política. Para além das especulações, o que se percebe é que Amélio tem clareza de que seu futuro depende diretamente do destino de Wanderlei, seja na retomada do governo ou numa eventual migração do aliado para a disputa ao Senado.

 

Cenários políticos

 

Diante desse quadro, três cenários se desenham. No primeiro, Wanderlei retorna ao cargo, reassume o controle da sucessão e pode decidir entre disputar o Senado ou para deputado federal. No segundo, o afastamento é mantido e Laurez ganha tempo para consolidar apoios e estruturar sua candidatura ao governo, valendo-se da força do cargo. No terceiro, avançam os processos políticos na Assembleia e no Ministério Público, aumentando as dificuldades jurídicas de Wanderlei e forçando uma reorganização das forças em torno de outros nomes.

 

A política tocantinense entrou numa fase em que cada decisão judicial tem impacto direto sobre as alianças eleitorais. O STF, com seu veredito, definirá se Wanderlei Barbosa volta ao Palácio para comandar sua sucessão ou se entra em campo como candidato ao Senado. Enquanto isso, Laurez Moreira move suas peças, Dorinha Seabra consolida liderança nas pesquisas, Eduardo Gomes fortalece palanque com entregas de obras, Amélio Cayres aguarda em silêncio e Vicentinho Júnior articula sua candidatura ao Senado. O jogo está aberto, e o tabuleiro, mais do que nunca, depende da próxima palavra do Supremo.

 

 

Posted On Segunda, 22 Setembro 2025 13:10 Escrito por

Conta passa a levar em consideração apenas 60% dos recolhimentos previdenciários

 

 

Da Agência Brasil

 

 

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou nesta sexta-feira (19) para validar a regra da reforma da previdência de 2019 que reduziu o valor das aposentadorias por invalidez.

 

O tema começou a ser julgado no plenário virtual, às 11h, em sessão prevista para durar até as 23h59 da próxima sexta-feira (26), salvo se houver algum pedido de vista (mais tempo de análise) ou destaque (remessa para o plenário físico). Até o momento, apenas o relator votou.

 

O plenário julga um caso com repercussão geral, que servirá para resolver todos os processos similares em qualquer instância da Justiça.

Antes da reforma, o valor do benefício era calculado a partir de uma média aritmética simples de 80% das contribuições, mas, depois da Emenda Constitucional 103/2019, a conta passou a levar em consideração apenas 60% dos recolhimentos previdenciários, acrescidos de 2% para cada ano que exceda os 20 anos de contribuição.

Para Barroso, apesar de “ruim”, a mudança foi uma opção do Legislador no sentido de resolver a solvência da Previdência Social, e não caberia a um juiz, por cautela, interferir em questões atuariais complexas e com efeitos sistêmicos imprevistos.

 

No voto, ele escreveu que “qualquer intervenção nesse campo pode produzir consequências desastrosas, dado o grande número de pessoas afetadas”. O ministro sublinhou que “a viabilidade financeira do regime previdenciário é condição indispensável à continuidade do pagamento dos benefícios”.

“Sem dúvida alguma, é ruim não poder garantir proventos integrais a quem se torne incapaz para o trabalho por sofrer de determinada doença grave, contagiosa ou incurável. Mas nem tudo que é ruim ou indesejável afronta cláusula pétrea [da Constituição]”, escreveu o ministro.

 

Barroso negou ainda que a redução no valor da aposentadoria por invalidez viole o princípio da irredutibilidade de benefícios, isto é, a regra segundo a qual as aposentadorias não podem ter seus valores diminuídos com o passar do tempo.

 

 

No caso concreto, um segurado havia obtido na segunda instância da Justiça Federal o direito ao cálculo mais benéfico, alegando que não poderia receber na aposentadoria um valor de benefício menor do o auxílio-doença que recebia quando precisou se afastar por determinação médica.

 

O relator afirmou, porém, que a regra não se aplica ao caso, pois o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez “são institutos distintos”, cada um com regras atuariais próprias. Ele votou por dar razão ao INSS e reverter a vitória do aposentado.

 

 

 

 

Posted On Segunda, 22 Setembro 2025 06:19 Escrito por

Evento reuniu poder público e sociedade civil para debater a construção de um Sistema Nacional de Direitos Humanos e fortalecer as políticas públicas no Tocantins

 

 

 

Da Assessoria

 

 

O Ministério Público do Tocantins (MPTO) marcou presença na 1ª Conferência Regional dos Direitos Humanos (CRDH), realizada nessa quarta-feira, 17, no auditório da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Palmas. A conferência reuniu representantes de diversas instituições públicas, movimentos sociais e sociedade civil, com o objetivo de debater e formular diretrizes que serão levadas à etapa estadual e, posteriormente, à 13ª Conferência Nacional de Direitos Humanos. Pelo MPTO, participou a coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, da Cidadania, dos Direitos Humanos e da Mulher (Caoccid) e promotora de Justiça, Cynthia Assis de Paula, além de equipe do Caoccid.

 

A etapa nacional está prevista para ocorrer em dezembro de 2025, em Brasília, e terá como tema central "Por um Sistema Nacional de Direitos Humanos: consolidar a democracia, resistir aos retrocessos e avançar na garantia de direitos para todas as pessoas".

 

Constituição Cidadã

 

Durante sua participação, Cynthia Assis de Paula enfatizou a importância da Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, e das normativas internacionais que garantem a proteção dos direitos humanos. Ela destacou que a efetivação desses direitos depende de uma atuação conjunta e firme das instituições e da sociedade. "O pleno exercício desses direitos depende da atuação firme e articulada das instituições públicas e da sociedade civil, de modo a efetivar, na prática os direitos previstos", afirmou a promotora.

 

Consolidação de estruturas estatais

 

O servidor do MPTO Fáustone Bandeira também teve participação nos debates, apresentando e dirigindo os trabalhos do eixo "Fortalecimento da Institucionalidade na Promoção e Proteção dos Direitos Humanos", que visa discutir a consolidação de estruturas estatais e sociais capazes de sustentar políticas efetivas na área. Entre os subtemas abordados nesse eixo, estão a formação de um pacto nacional pelos direitos humanos, a estruturação de um sistema nacional e a consolidação de mecanismos de monitoramento das obrigações internacionais do Brasil.

 

As propostas debatidas durante a conferência regional em Palmas servirão como base para as discussões na etapa estadual, contribuindo para a formulação de políticas públicas mais robustas e eficazes para a promoção e proteção dos direitos humanos no Tocantins e em todo o país.

 

 

Posted On Sexta, 19 Setembro 2025 12:14 Escrito por

Unidade é a quarta fiscalizada pelo projeto TCE de Olho; avaliação analisou desde o atendimento até as condições de medicamentos e acomodações

 

 

Da Assessoria

 

 

O relógio marcava 19 horas da quarta-feira, 17 de setembro, quando a equipe da Coordenadoria de Auditorias Especiais (Coaes) do Tribunal de Contas do Tocantins (TCETO) chegou ao Hospital Municipal de Pequeno Porte Dr. Jhon Derik Partata, em Divinópolis, para realizar mais uma fiscalização surpresa.

 

A avaliação do atendimento prestado ao cidadão, a disponibilidade de medicamentos para os pacientes e o tipo de acomodação foram alguns dos itens observados pelos técnicos do Tribunal durante a vistoria.

 

A movimentação de pacientes era tímida quando a equipe iniciou a fiscalização, acompanhada pela direção do hospital. A secretária municipal de Saúde também esteve presente para recepcionar os servidores do Tribunal.

 

 

“Estamos dando continuidade às fiscalizações, desta vez no período noturno, com o intuito de verificar junto à gestão as melhorias necessárias e, de forma colaborativa, assegurar os direitos dos cidadãos”, destacou o coordenador da Coaes, Saulo Souza.

 

Quando o assunto é prestação de serviços públicos, o Tribunal de Contas tem atuado de norte a sul do Estado para garantir atendimentos e saúde de qualidade, observando de forma qualitativa e quantitativa, aplicando questionários e conversando com pacientes.

 

Vistorias

 

São vistoriados aparelhos, salas, medicamentos, ambulâncias, leitos de internação e a escala de plantão. Tudo é verificado de perto. Documentos e procedimentos também passam por avaliação, com o intuito de cooperar com a gestão para a melhoria dos serviços de saúde.

 

Quando são identificadas irregularidades, a equipe do Tribunal propõe um plano de ação e elabora um relatório apontando as deficiências. Todo o material é encaminhado à Primeira Relatoria, responsável pela fiscalização do município, que dará andamento aos procedimentos para que os gestores atendam às demandas.

 

 

 

Posted On Sexta, 19 Setembro 2025 06:50 Escrito por

De acordo com o ministro, foram identificados indícios de crimes contra a administração pública em contratos, fraudes em licitações, superfaturamento e desvio de recursos públicos

 

 

Por Gabriela Boechat e Luísa Martins, da CNN

 

 

O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal) pediu abertura de inquérito na quarta-feira (17) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus três filhos e mais 20 aliados com base no relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19.

 

De acordo com o ministro, o documentro elaborado ao final da comissão apresentou indícios de crimes e continha os requisitos legais necessários para a instauração de Inquérito Policial.

 

"Destaco que a investigação parlamentar apontou indícios de crimes contra a Administração Pública, notadamente em contratos, fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de recursos públicos, assinatura de contratos com empresas de 'fachada' para prestação de serviços genéricos ou fictícios, dentre outros ilícitos mencionados no relatório da CPI", diz Dino.

 

Em 2021, a CPI indiciou os citados na ação. Dois anos depois, no final de 2024, a PF (Polícia Federal) pediu para converter a investigação parlamentar em Inquérito Policial. É este o pedido acatado por Dino na quarta-feira (17). Agora, a PF terá 60 dias para complementar as investigações da CPI. O prazo pode ser prorrogado, se necessário.

 

O pedido se dá dois dias após a Câmara dos Deputados aprovar a PEC da Blindagem, que dificulta a prisão e processos criminais contra deputados e senadores. A proposta restringe prisões em flagrante de congressistas e exige aval do Legislativo para abertura de ações penais. O texto estabelece ainda prazo de 90 dias para análise de licença prévia para prisão ou processos.

 

A propostaainda precisa passar pela aprovação do Senado. Dentre as 24 pessoas que serão investigadas, 7 delas são parlamentares com mandato. Veja a lista completa:

 

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República

 

Flavio Bolsonaro, senador

 

Ricardo Barros, deputado federal

 

Eduardo Bolsonaro, deputado federal

 

Osmar Terra, deputado federal

 

Beatriz Kicis, deputada federal

 

Carla Zambelli, deputada federal

 

Carlos Jordy, deputado federal

Onyx Lorenzoni, ex-ministro do governo Bolsonaro

 

Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro

 

Allan dos Santos, youtuber

 

Helcio Bruno De Almeida, tenente-coronel

 

Oswaldo Eustaquio, blogueiro

 

Helio Angotti Neto, ex-secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde

 

Bernardo Pires Kuster, youtuber

 

Paulo De Oliveira Eneas, ex-deputado estadual de São Paulo

 

Richards Dyer Pozzer, blogueiro

 

Leandro Panazzolo Ruschel, blogueiro

 

Carlos Roberto Wizard Martins, empresário fundador da Wizard

 

Luciano Hang, empresário fundador da Havan

 

Otavio Oscar Fakhoury, empresário

 

Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor de Bolsonaro

 

Tercio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro

 

Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores

 

CPI da Covid

Após 67 reuniões em mais de seis meses de atividade, a CPI da Covid aprovou o relatório final da comissão, que pedia indiciamento de 80 pessoas no final de 2021.

 

O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que a "mais grave omissão do governo federal foi o atraso na compra de vacinas". O documento apontava ainda que o governo federal teria agido de forma não técnica no enfrentamento à pandemia, "expondo deliberadamente a população a risco concreto de infecção em massa".

 

O relatório citava mais de 80 vezes o ex-presidente Jair Bolsonaro, atribuia a ele o cometimento de 10 crimes e pedia que fosse afastado de todas as redes sociais para a “proteção da população brasileira”.

 

O documento defendia ainda que o ex-presidente fosse acusado de ter cometido crimes contra a humanidade nos casos do colapso do oxigênio em Manaus, nas investigações envolvendo a operadora Prevent Senior e nas apurações de crimes contra povos indígenas.

Além de Bolsonaro, foi pedido o indiciamento de seis ex-ministros, seis deputados, um senador, um governador, um vereador, além de treze médicos e três empresários.

 

O relatório foi enviado para a PGR (Procuradoria-Geral da República), que pediu o arquivamento das ações por falta de elementos para abertura de inquérito. A PF, porém, pediu acesso às provas e concluiu pela necessidade de continuar as investigações, o que foi aprovado por Flávio Dino.

 

 

Posted On Quinta, 18 Setembro 2025 13:52 Escrito por
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