Partidos pretendem lançar um programa conjunto e apresentar candidatos próprios. Ideia é unir forças para evitar a polarização entre Bolsonaro e Lula

 

Com Correio Braziliense

 

Depois de eleger 52 deputados federais na esteira de Jair Bolsonaro, em 2018, e romper com o presidente no ano seguinte, o PSL fechou uma aliança estratégica com o MDB para tentar se manter relevante nas articulações políticas visando as eleições de 2022. A aproximação entre as legendas começou durante um jantar em São Paulo, no início de junho, que reuniu o ex-presidente Michel Temer, o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE).

 

Pelo acerto inicial, as duas siglas vão lançar um programa conjunto produzido pelas fundações Indigo (PSL) e Ulysses Guimarães (MDB), e apresentar candidaturas presidenciais próprias com o intuito de convergir em uma chapa única no começo do ano que vem. Os emedebistas apostam na senadora Simone Tebet (MT) e o PSL, no apresentador José Luiz Datena.

 

Nos bastidores, porém, Datena já avisou que prefere disputar o Senado. Bivar, então, seria indicado como vice de Simone nas negociações que buscam um nome da terceira via para enfrentar Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

 

“O MDB e o PSL largaram na frente e estarão irmanados. Lá na frente vamos conversar sobre quem será nosso candidato (a presidente)”, disse o deputado federal Júnior Bozella (SP), vice-presidente do PSL. Segundo ele, quem estiver “mais bem posicionado” vai indicar a cabeça de chapa.

 

Apesar das tratativas, há obstáculos. Um deles é a proximidade de emedebistas com Lula e o PT em palanques estaduais prioritários — incluindo Pará, com Jader e Helder Barbalho; e Alagoas, com Renan Calheiros e Renan Filho.

 

Existem dificuldades também na órbita bolsonarista. Foi Baleia Rossi quem articulou a ida de Datena para o PSL. O objetivo foi isolar a ala bolsonarista da sigla, que ainda tem influência do deputado Eduardo Bolsonaro (SP). “Há uma tentativa de juntar as fundações dos dois partidos em uma reflexão conjunta sobre os rumos do país. Até meados de setembro vamos apresentar um documento conjunto”, disse o presidente da Fundação Indigo, Marcos Cintra. O documento já tem nome: Ponto de Equilíbrio.

 

“A gente não se curvou. Seria mais fácil ter ficado no projeto de poder do Bolsonaro, como fez o Centrão. Mas não nos deixamos seduzir. Ficamos fiéis aos nossos objetivos: as bandeiras liberais”, afirmou Bozzella.

 

 

Posted On Segunda, 09 Agosto 2021 06:22 Escrito por

Entrega do DEM-Rio ao televangelista e radical Silas Malafaia representa guinada na condução do partido, antigo reduto de defensores do liberalismo

 

Por José Casado Por José Casado

 

Jair Bolsonaro e Antonio Carlos Magalhães Neto, presidente do Partido Democratas (DEM), ex-prefeito de Salvador e candidato ao governo da Bahia, se acertaram sobre as eleições do ano que vem.

 

O acordo foi intermediado pelo televangelista Silas Malafaia. Ele é líder da fração neopentencostal Vitória em Cristo, nascida no bairro da Penha, no Rio, dona de uma centena de templos no Rio, Minas Gerais, Pernambuco e Espírito Santo, e, também, de uma bancada de meia dúzia de deputados federais abrigados em diferentes partidos.

 

Bolsonaro incorpora à sua campanha de reeleição toda a estrutura do DEM em cidades consideradas estratégicas à sua campanha de reeleição.

 

Em troca, o ex-prefeito de Salvador obtém garantia de apoio do governo e consolida uma aliança de ativistas evangélicos para a disputa contra o PT na Bahia, que há década e meia detém a hegemonia eleitoral no governo estadual, nas bancadas legislativas e em 410 dos 417 municípios.

 

O acordo Bolsonaro-ACM Neto para 2022, na prática, formaliza uma situação existente: o DEM apóia o governo desde o início, mantém dois ministros (Tereza Cristina, na Agricultura, e Onyx Lorenzoni, no Trabalho) e integra o aglomerado parlamentar governista conhecido como Centrão.

 

Para ACM Neto, a prioridade é a reconquista do domínio eleitoral perdido na Bahia desde a morte do avô, Antônio Carlos Magalhães, em 2007.

 

Deixou isso claro quando o deputado carioca Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, passou a confrontar Bolsonaro. Em seguida, ajudou o governo a alavancar a eleição de Arthur Lira (PP-AL) na Presidência da Câmara, isolando Maia que pretendia eleger o sucessor. Expulsou-o do partido no mês passado, em rito sumário e sem ocultar traços de vingança pessoal.

 

Na quarta-feira passada, sem aviso, fez uma intervenção no diretório do DEM no Rio, presidido pelo vereador Cesar Maia, pai do deputado Rodrigo, ex-prefeito da capital e candidato ao governo estadual no próximo ano.

 

Entregou o DEM no Rio a Malafaia, que passa a controlar uma base partidária no terceiro maior colégio eleitoral do país (13 milhões de pessoas).

 

Com isso, abriu as portas do partido ao ativismo neopentecostal que cresce na esteira do televangelismo da teologia da prosperidade. Representa uma guinada na condução do Democratas, partido de centro-direita que nasceu em 1985 como reduto de defesa do liberalismo — chamava-se Partido da Frente Liberal (PFL).

 

Desde os anos 70, o Rio tem sido uma plataforma para o ativismo de grupos neopentecostais. O grupo de Malafaia vai disputar votos nos redutos evangélicos — uma fatia de 20% do eleitorado fluminense — já pulverizados, mas com ascendência da Assembleia de Deus (Convenção Geral), com a qual ele rompeu há uma década. A máquina eleitoral mais dinâmica nesse segmento, até agora, tem sido a da Universal do Reino de Deus, do televangelista Edir Macedo, que é dona do Partido Republicanos.

 

A anexação do DEM-Rio por Malafaia amplia as possibilidades de avanço dos pregadores da teologia da prosperidade nas eleições para o Congresso e assembleias legislativas, no próximo ano.

 

Eles competem por fiéis e por votos nas mesmas áreas de periferia urbana, mas convergem para Bolsonaro.

 

Alguns identificam nele a chance de defesa de uma agenda conservadora nos costumes, considerada essencial no embate permanente com o liberalismo católico e o laicismo estatal.

 

Outros, encontraram afinidade no radicalismo. É o caso de Malafaia. Ele tem viajado com Bolsonaro na campanha pela reeleição. Ontem fizeram um comício em Florianópolis.

 

Posted On Segunda, 09 Agosto 2021 06:20 Escrito por

Ex-petista e ex-simpatizante do presidente, apresentador da Band representa o poder de influência que a televisão ainda tem nas eleições

 

Por Jeff Benício

 

José Luiz Datena já foi visto como bolsonarista. O tempo muda tudo. Hoje, ele se torna um obstáculo à reeleição de Jair Bolsonaro. Pesquisa da Genial Investimentos em parceria com o Instituto Quaest mostra o apresentador com 10% das intenções de votos à Presidência da República.

 

O âncora do ‘Brasil Urgente’ quer se lançar candidato pelo PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018. Pretende incorporar a terceira via em contraponto à polarização representada pelo atual presidente, à direita, e o ex-presidente Lula, do PT, à esquerda.

 

A cada edição de seu programa, Datena atinge público relevante. Na Grande São Paulo, chega a marcar 5 pontos, índice equivalente a 1 milhão de telespectadores. No PTN (Painel Nacional de Televisão), que espelha as 15 maiores regiões metropolitanas, é visto em quase 700 mil residências.

Estar de segunda a sexta ao vivo por mais de 3 horas no ar (parte delas na faixa nobre) dá ao apresentador visibilidade valiosa e vantagem em relação aos outros pré-candidatos. Ainda que as redes sociais ganhem cada vez mais influência, a televisão ainda é vista no meio político e entre marqueteiros como o principal cabo eleitoral.

 

Crítico contumaz da ‘velha política’, Datena já transitou entre os polos ideológicos: foi filiado ao PT, PP, PRP, DEM e MDB. É conservador em algumas questões e liberal em outras. Afirma ser um “democrata até a morte”.

 

Nos últimos dias, ele subiu o tom contra Bolsonaro, a quem fez afagos no passado. Criticou a cruzada do presidente contra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo voto impresso. “Nunca vi o cara ganhar as eleições e discutir votos. Então quer dizer que vocês todos foram eleitos, inclusive o presidente da República, por eleições fraudulentas?”, disse na TV, irritado e irônico ao mesmo tempo.

 

Na quinta-feira (5), ele lançou uma provocação diante das câmeras da Band. “Alterar a regra do jogo na hora de começar o jogo? Isso não existe. Parece até que o presidente está com medo de perder as eleições”, disse. O apresentador afirmou ainda que o País não pode ser tratado como “republiqueta de bananas”.

 

A irritação de Datena não é de agora. “Bolsonaro é negacionista e sempre foi”, afirmou no programa de rádio ‘Manhã Bandeirantes’, em maio. No início do ano, ao condenar a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, incentivada por Donald Trump, o âncora reprovou o alerta de Bolsonaro de que violência parecida poderia acontecer no Brasil se o voto impresso não fosse aprovado.

 

“Não entendo por que o presidente disse isso. Já praticamente chamando um golpe para 2022. Isso não existe”, analisou. “Presidente, se não fosse a democracia que o senhor contesta, o senhor nunca seria presidente da República. Dentro da hierarquia militar, vamos supor que a gente vivesse aqui uma ditadura militar, um capitão jamais seria presidente da República.”

 

 

Posted On Domingo, 08 Agosto 2021 05:02 Escrito por

Proposta foi rejeitada em comissão, mas regimento permite análise

 

Por Heloisa Cristaldo

 

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), anunciou em pronunciamento nesta sexta-feira (6) que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que torna obrigatório o voto impresso, será levada para votação no plenário da Casa.

 

“O voto impresso está pautando o Brasil. Não é justo com o país e com o que a Câmara dos Deputados tem feito para enfrentar os grandes problemas do Brasil desde que assumi a presidência desta Casa”, afirmou o deputado.

 

Segundo Lira, “a disputa já foi longe demais” e tem dividido o país. Dessa forma, apesar de ter sido rejeitada em comissão especial na noite desta quinta-feira (5), a proposta será analisada em plenário pelos 513 deputados.

 

“Pela tranquilidade das próximas eleições e para que possamos trabalhar em paz até janeiro de 2023, vamos levar a questão do voto impresso para o plenário, onde todos os parlamentares eleitos legitimamente pela urna eletrônica vão decidir. Para quem fala que a democracia está em risco, não há nada mais livre, amplo e representativo que deixar o plenário manifestar-se”, declarou Lira. “Só assim teremos uma decisão inquestionável e suprema, porque o plenário é nossa alçada máxima de decisão, a expressão da democracia. E vamos deixá-lo decidir”.O parlamentar argumentou ainda que continuará no caminho da institucionalidade e da defesa da democracia. "Não contem comigo com qualquer movimento que rompa ou macule a independência e a harmonia entre os Poderes, ainda mais como chefe do Poder que mais representa a vontade do povo brasileiro", disse.

 

Comissão

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a PEC do Voto Impresso rejeitou, por 23 votos a 11, o substitutivo apresentado pelo relator, deputado Filipe Barros (PSL-PR). Apesar de ter sido rejeitado pelo colegiado, o regimento interno da Câmara permite que a matéria seja analisada em plenário.

 

Neste momento, o colegiado está reunido novamente para votar um parecer contrário à PEC. O procedimento é padrão quando um parecer é rejeitado. O colegiado analisará parecer elaborado pelo deputado Raul Henry (MDB-PE).

 

Tramitação

Com a análise em plenário, a PEC do Voto Impresso precisa ser aprovada por três quintos dos deputados, o correspondente a 308 votos favoráveis, em dois turnos de votação. Caso seja aprovado na Câmara, o texto segue para apreciação do Senado, onde também deve ser analisado em dois turnos e depende da aprovação de, pelo menos, 49 senadores.

 

 

 

Posted On Sábado, 07 Agosto 2021 05:06 Escrito por

Presidente usou palavrão para se referir ao ministro do STF e presidente do TSE

 

Com G1

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a insultar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso --desta vez com um palavrão. Foi nesta sexta-feira (6) em Joinville, Santa Catarina, onde esteve para entregar chaves de dois caminhões doados pelo Exército ao Corpo de Bombeiros local.

 

O vídeo foi postado numa live na página do presidente em uma rede social e depois apagado.

 

Em um evento em São Paulo, Barroso falou sobre o insulto:

 

"Gosto de repetir, eu sou um ator institucional. Eu não sou um ator político. Portanto, eu não tenho interesse nem cultivo polêmicas pessoais. A conquista e a preservação da democracia foram as grandes causas da minha geração. E é a isso que eu dedico a minha vida pública. E por isso eu não paro pra bater boca, não me distraio com miudezas, o meu universo vai bem além do cercadinho".

 

Ataques

Barroso tem sido alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro, que vem ameaçando a realização de eleições do ano que vem.

 

Bolsonaro afirma que há fraude nos votos da urna eletrônica, mas já admitiu não ter provas. Os supostos indícios apontados por ele em uma live na semana passada foram desmentidos não só pelo TSE, mas por órgãos independentes.

 

Na segunda-feira, o TSE abriu um inquérito administrativo para apurar os ataques de Bolsonaro à legitimidade das eleições. O Tribunal também enviou um pedido ao STF para que apure a disseminação de fake news sobre as urnas eletrônicas.

 

Posted On Sábado, 07 Agosto 2021 04:59 Escrito por
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