Marconi Perillo, presidente nacional da sigla, disse que via partido reduzido a 'pó de traque' em São Paulo antes das eleições, mas Datena ajudou a manter legenda 'na mídia'
Por Pedro Lima
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que governou o Estado de São Paulo por quase três décadas, viu o número de candidatos eleitos para os Executivos municipais despencar pelo segundo pleito municipal consecutivo. Neste ano, os tucanos elegeram 273 prefeitos em todo o País — 250 a menos do que em 2022, quando comemoraram a vitória de 523 postulantes.
Na região metropolitana de São Paulo, a vitória foi restrita a um único município: Santo André. A sigla presidida por Marconi Perillo (PSDB) não conquistou nenhuma das capitais brasileiras, mas conseguiu ter destaque em estados como Mato Grosso do Sul e Pernambuco.
Na cidade de São Paulo, o resultado deste ano foi ainda pior para os tucanos — que já conseguiram vencer uma eleição em primeiro turno na cidade com João Doria, em 2016. O nome escolhido pelo partido, José Luiz Datena (PSDB), encerrou sua participação no pleito com amargos 1,84% dos votos válidos. Foi o pior desempenho da sigla na história das eleições paulistanas, local considerado pela legenda como "berço político". O apresentador disse ao Estadão que não pretende voltar à política e quer retornar ao comando de seu telejornal na TV Bandeirantes depois das suas "férias até o dia 30."
Perillo negou que tenha sido um erro escolher o jornalista como o candidato da legenda. Na avaliação dele, o PSDB estava reduzido a "pó de traque" em São Paulo antes deste pleito. "O partido ficou na mídia. O Datena protagonizou um debate permanente (nestas eleições)", disse o presidente nacional da sigla ao Estadão. "Ele nunca teve entrosamento com a política, então teve as limitações para se envolver nesse meio. Ele fez uma campanha limpa e verdadeira."
O verdadeiro erro do PSDB, para ele, é que o partido não contou com candidato próprio à Presidência da República em 2022. "Depois do tsunami sofrido em 2022, nossa performance foi bem razoável. A gente reduziu a bancada a 13 deputados federais, apenas. E isso tem tudo a ver com o desempenho municipal. Quem cuida das eleições municipais são os deputados federais, que têm as emendas", comenta.
Perillo acrescenta que, para ele, o apresentador perdeu votos na reta final por conta do chamado voto útil. "Houve uma migração de votos dele também para candidatos que estavam disputando pau a pau o primeiro turno", pondera. "Houve um ataque sistemático de partidos da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) aos nossos prefeitos", comenta Perillo. "Resistimos heroicamente."
O PSDB foi o oitavo partido que mais elegeu prefeitos em todo o Brasil, atrás do PSD, MDB, PP, União Brasil, PL, Republicanos e PSB. Há quatro anos, a legenda era a quarta do País em número de candidatos eleitos para os Executivos municipais. Mesmo assim, o presidente tucano se vangloria de ter ficado à frente do PT, que terminou em nono lugar no ranking. "Têm a máquina federal na mão e nós não temos nada." O Cidadania, que faz federação com o PSDB, elegeu de seus candidatos.
Sem vereador em SP
Ainda na capital paulista, os tucanos não conseguiram eleger um vereador sequer. A Coluna do Estadão havia antecipado que o clima no partido já era de "desânimo" entre os candidatos ao Legislativo municipal e que seria "sorte" se conseguissem eleger um único postulante. A aposta era no nome de Mario Covas Neto (PSDB), o Zuzinha, que encerrou sua participação no pleito com 5.825 votos —Perillo, porém, avalia que ele "foi muito bem votado". Em todo o País, a sigla elegeu 883 vereadores, e o Cidadania, 413.
O partido já não tinha representantes na Câmara Municipal de São Paulo desde a última janela partidária, quando todos os oito vereadores da legenda deixaram o PSDB por confrontos com a direção nacional da sigla.
Por sua vez, São Bernardo do Campo, berço político e domicílio eleitoral do presidente Lula (PT), é um dos triunfos para a Federação PSDB/Cidadania, de acordo com Perillo. Por lá, o candidato do PT, Luiz Fernando, não conseguiu avançar ao segundo turno. O nome do Cidadania, o deputado federal Alex Manente, disputa a segunda etapa do pleito com Marcelo Lima (Podemos). Ainda no ABC paulista, Gilvan Júnior (PSDB) venceu no primeiro turno em Santo André, contra a petista Bete Siraque.
Na capital paulista, logo depois do resultado do pleito, a Federação PSDB/Cidadania formalizou o apoio ao candidato do MDB, Ricardo Nunes, no segundo turno. "É algo absolutamente natural. Nunes era vice do Bruno Covas. E nós somos adversários históricos do PT e da esquerda aqui. O PSDB tomou uma atitude coerente com a sua história", declarou Perillo.
O presidente do PSDB nacional argumenta que o partido não errou em lançar um candidato próprio ao invés de apoiar a candidatura do MDB desde o início da disputa, como defendia uma ala dissidente. Na visão de Perillo, o primeiro turno existe para que os partidos "se apresentem", enquanto a segunda etapa do pleito serve para "reunir pensamentos diferentes" e garantir "maioria absoluta" dos votos. "O 'não natural' seria a gente apoiar a candidatura do (Guilherme) Boulos."
Sobre a possibilidade da ampliação da federação PSDB/Cidadania, que será discutida depois do término das eleições, Perillo disse ao Estadão que precisa conversar com os integrantes do Cidadania. "Depois vamos avançar em eventuais acréscimos e ampliações com outros partidos. Solidariedade, PDT, que a gente já conversou", afirmou. A expansão do grupo partidário, para ele, seria importante para governos estaduais, futuros candidatos ao Congresso, Câmaras Municipais e Presidência da República.
Os tucanos ainda podem ampliar, um pouco, a quantidade de prefeituras sob seu comando depois da segunda etapa da eleição. Isso porque avançaram na disputa os peesedebistas de Piracicaba (SP), Ponta Grossa (PR), Caxias do Sul (RS), Santa Maria (RS) e Paulista (PE), esta última fora do eixo Sul-Sudeste. Mesmo assim, o PSDB teve a maior perda da chefia de Executivos municipais entre todos os partidos.
Mato Grosso do Sul e Pernambuco
O grande destaque do partido neste ano, no entanto, é Mato Grosso do Sul. Das 79 cidades do Estado, mais da metade (44) serão governadas pela legenda. Por lá, os tucanos conseguiram ganhar mais sete prefeituras para deixar sob suas asas. O atual governador do Estado, Eduardo Riedel, é do PSDB. É o terceiro mandato consecutivo da sigla no comando de MS.
Campo Grande, a capital sul-mato-grossense, não ficou com a legenda. O candidato tucano, Beto Pereira, terminou o pleito em terceiro lugar, com 25,95% dos votos válidos — cerca de 16 mil votos de diferença para a segunda colocada. O PSDB, no entanto, conseguiu conquistar cidades importantes, como Dourados, Três Lagoas, Ponta Porã, Nova Andradina e Paranaíba, por exemplo.
Pernambuco, governado pela tucana Raquel Lyra, é outro lugar de destaque para o partido, de acordo com o presidente da sigla. Por lá, o PSDB conseguiu eleger 32 prefeitos, ante os 5 da última eleição municipal, em 2020. O PSB, de João Campos, prefeito de Recife reeleito com mais de 78% dos votos, saiu vitorioso em 31 cidades. Os dois partidos se enfrentarão em Paulista no segundo turno, para empatar ou ampliar ainda mais a diferença de prefeitos eleitos pelas duas legendas.
Já em outro Estado governado por um peesedebista, o Rio Grande do Sul, de Eduardo Leite (PSDB), o destaque não é tão positivo. Os tucanos elegeram 33 prefeitos neste ano, mas o partido terá o comando de apenas 7% dos 497 municípios gaúchos. Em números absolutos, Minas Gerais foi o estado em que o PSDB se deu melhor, com 60 eleitos. A legenda dá o crédito do feito aos deputados federais Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel.
Sob a liderança de Gilberto Kassab, o Partido Social Democrático (PSD) desbancou o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e conquistou o maior número de prefeituras do país: ao menos 888 dos 5.569 municípios brasileiros, quando já havia sido totalizado os votos de quase todo o país, na noite de domingo (6/10)
Por Mariana Schreiber
É a primeira vez desde 1988, após a redemocratização, que o partido de Ulysses Guimarães não conquista a maior quantidade de prefeituras.
O MDB, por sua vez, elegeu ao menos 861 prefeitos, ainda assim um aumento em relação a 2020 (793).
Os números foram contabilizados pelo portal Nexo, a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Cinquenta e uma cidades ainda terão segundo turno no país, incluindo São Paulo, em que o MDB tentará a reeleição com Ricardo Nunes, contra Guilherme Boulos, do PSOL.
O desempenho do atual prefeito, porém, também tem o dedo de Kassab, que hoje é aliado político principal do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi o maior cabo eleitoral de Nunes na campanha deste ano.
Nunes, inclusive, agradeceu Kassab em seu discurso após a confirmação de sua ida ao segundo turno, em uma disputa acirrada com Pablo Marçal (PRTB) pelo eleitor conservador da cidade.
Considerando os eleitos em primeiro turno, o ranking dos dez maiores partidos do país em número de prefeituras estava assim na noite de domingo:
PSD, com 888 prefeituras, alta ante 2020 (657);
MDB com 861 prefeituras, alta ante 2020 (793);
PP com 752 prefeituras, alta ante 2020 (690);
União Brasil com 589 prefeituras (partido foi criado da fusão de PSL e DEM, que elegeram juntos 568 prefeituras em 2020);
PL, com 523 prefeituras, alta ante 2020 (344);
Republicanos, com 439 prefeituras, alta ante 2020 (212);
PSB, com 311 prefeituras, alta ante 2020 (253);
PSDB, com 273 prefeituras, queda ante 2020 (523);
PT, com 251 prefeituras, alta ante 2020 (182);
PDT, com 151 prefeituras, queda ante 2020 (315).
O destaque do PSD ficou com a reeleição de três prefeitos no primeiro turno, com Eduardo Paes, no Rio de Janeiro (RJ); Topázio Neto, em Florianópolis (SC); e Eduardo Braide (PSD), em São Luís (MA).
O caminho da sigla de Kassab ao topo da eleição municipal foi rápido, seguindo o mesmo comportamento pragmático do MDB: ou seja, apoiando diferentes governos, independentemente de sua corrente ideológica.
O PSD, fundado em 2011 a partir de uma dissidência do antigo Democratas, estreou em disputas municipais no ano seguinte já como a quarta maior força eleitoral, conquistando 494 cidades em 2012, quando ficou atrás apenas dos tradicionais MDB, PSDB e PT.
Depois disso, cresceu para 539 municípios, em 2016, e alcançou 657, em 2020.
O partido já havia se tornado o maior em prefeituras ao atrair quase 400 prefeitos de outras siglas nos últimos quatro anos.
Em abril deste ano, quando acabou o prazo para troca de partidos antes das eleições, o PSD tinha 1.040 municípios, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo.
O crescimento recente foi puxado por São Paulo, onde a sigla se tornou a principal aliada do governo de Tarcísio de Freitas, que é, por sua vez, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mas o PSD também está no governo de presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comandando três ministérios: o de Minas e Energia, o da Agricultura e o da Pesca.
As alianças com diferentes governos dão mais acesso a investimentos públicos nos redutos eleitorais do partido, fortalecendo a sigla nas eleições, explicam cientistas políticos.
O PSD esteve tanto nas gestões de Dilma Rousseff (PT) como de Michel Temer (MDB). Kassab, que era ministro das Cidades da petista, deixou o governo em abril de 2016, para se tornar ministro das Comunicações de Temer no mês seguinte, assim que o início do processo de impeachment foi aprovado na Câmara dos Deputados.
Já no governo Bolsonaro, o partido se manteve neutro oficialmente, embora tivesse um ministro, Fabio Faria (Comunicações), que entrou em junho de 2020 como escolha pessoal do então presidente. Depois, em 2022, na janela de troca partidária, ele trocou o PSD pelo PP.
"O PSD já nasce como um projeto de, em alguma medida, virar um novo MDB, e, assim, ser uma figura central para governabilidade", nota o cientista político Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria.
Ele lembra que o partido foi fundado em 2011 sob liderança do Kassab em um momento em que parte do Democratas estava cansada do papel de oposição.
A sigla estava acostumada a ser governo até o PT chegar ao poder em 2003, com a primeira eleição de Lula.
Democratas foi o novo nome adotado pelo Partido da Frente Liberal (PFL), em 2007, quando a legenda vivia um enfraquecimento.
A sigla nasceu em 1985, liderada por egressos da Arena, partido de sustentação da ditadura militar (1964-1985).
Depois, esteve nos governos de Fernando Collor (1990-1992), Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), cujo vice-presidente era o pefelista Marco Maciel.
"Havia uma percepção de que estava muito custoso ser oposição por tanto tempo e que, então, seria possível atrair parte do PFL [Democratas] a partir desse descontentamento. O PSD foi uma forma desse grupo se reaproximar do poder", destaca Cortez.
Foram ouvidas 1.000 pessoas entre os dias 30 de setembro e 1º de outubro; margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos
Por Jean Araújo
A pesquisa Real Time Big Data/Record divulgada neste sábado (5) mostra a deputada estadual Janad Valcari (PL) com 52% das intenções de voto na disputa pela Prefeitura de Palmas, no Tocantins.
Na sequência, Eduardo Siqueira Campos (Podemos) aparece com 22%; Professor Junior Geo (PSDB) tem 16%, e Lúcia Viana, 1%.
A pesquisa realizou 1.000 entrevistas com cidadãos de Palmas entre os dias 30 de setembro e 1º de outubro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.
O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o protocolo TO-03767/2024.
Confira o cenário:
Janad Valcari (PL): 52%
Eduardo Siqueira Campos (Podemos): 22%
Professor Junior Geo (PSDB): 16%
Lúcia Viana (Psol): 1%
Outros: 1%
Nulo/Branco: 5%
Não souberam/Não responderam: 4%
A CNN acompanha, em tempo real, a apuração dos votos em todas as cidades do Brasil neste domingo (6).
Da Assessoria
É inadmissível que o exercício da política tenha se tornado palco para manifestações de violência, constrangimentos e ameaças por parte de políticos alinhados ao neofascismo destes nossos tempos em ipueiras. São cada vez mais rotineiros o registro de atos que confrontam o livre exercício da democracia, no qual o debate livre de ideias é substituído por práticas agressivas e constrangedoras vindas daqueles que não têm propostas alinhadas aos anseios da população, mas posturas que defendem atitudes discricionárias e autoritárias.
As ameaças contra a candidata a prefeita o vice e demais apoiadores demonstram o desespero dos adversários . O boletim de ocorrência sobre mais esse lamentável episódio foi registrado na polícia e vamos acompanhar e cobrar a punição aos autores de mais esse ato de violência política.
Reafirmamos que nenhum de nossos representantes vai se intimidar diante de atitudes antidemocráticas, violentas e constrangedoras de qualquer natureza.
Tanto em ipueiras como nos demais distritos, os nossos candidatos, com sua militância, vai travar o bom combate das próximas eleições municipais com base na saudável disputa de ideias e apresentação das melhores propostas para a população, sempre com base nos princípios democráticos e constitucionais.
Hélio Carvalho
ex prefeito de ipueiras
Governador consolida base em Goiás e alimenta o projeto de tentar a Presidência, em 2026, com apoio de parte do bolsonarismo
Por Júlia Portela
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), segue investindo suas cartas em uma possível campanha à Presidência em 2026. Com um olho no futuro e outro nas eleições deste ano, ele vem fazendo campanha por todo o país para candidatos de direita e pavimentando o caminho como pré-candidato ao Palácio do Planalto. A expectativa é de que ele concorra com os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e Ratinho Junior (PSD) na disputa para o campo da direita em 2026.
Em Goiânia, principal reduto de Caiado, a disputa escancara um desafio extra para o governador. Jair Bolsonaro apoia outro candidato à prefeitura da capital. Enquanto o governador apostou suas fichas em Sandro Mabel (União Brasil), o ex-presidente está ao lado de Fred Rodrigues (PL). Segundo a última pesquisa Quaest, de 17 de setembro, Mabel estava na liderança, empatado tecnicamente com Adriana Accorsi (PT).
Isso demonstra que, para chegar a ser a cara da direita em 2026, Caiado terá que enfrentar o desafio de angariar apoio no segmento. O governador, inclusive, fez um aceno recente a Bolsonaro, ao comparecer ao ato do Sete de Setembro na Avenida Paulista. A manifestação teve como principal alvo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e a presença de Caiado é um indicativo de que pautas caras à direita estão na agenda do governador.
Entrevero
Desde bem antes da campanha, Caiado é alvo de críticas de Bolsonaro, com quem teve um entrevero, em 2020, pela implementação de lockdown durante a pandemia. Ortopedista, Caiado não afrouxou as regras de distanciamento social.
"Fui contra governadores que falavam: fiquem em casa, a economia a gente vê depois. Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir", criticou Bolsonaro, em um comício, sem citar Caiado.
O governador, entretanto, tem uma base sólida em Goiás. Oitenta e seis por cento da população aprovam sua gestão, de acordo com pesquisa Genial/Quaest divulgada em julho. Além disso, 38% dos eleitores goianienses afirmam votar em um candidato apoiado pelo governador, mesmo sem conhecê-lo. Já Bolsonaro só consegue transferir 29% dos votos e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apenas 15%.
Esse apoio, no entanto, não se traduziu em intenção de voto em outro importante reduto de Caiado: Anápolis. No município, o candidato do governador está atrás nas pesquisas. Segundo a sondagem mais recente do Instituto Real Time Big Data, o candidato de Bolsonaro, Marcio Correa (PL), lidera em todos os cenários. Erizania Freitas (União Brasil), apoiada por Caiado, está em terceiro lugar, a 21 pontos de distância do segundo colocado, Antônio Gomide (PT).
Em Aparecida de Goiânia, outra cidade importante para Caiado, seu candidato, Leandro Vilela (MDB), tem 40% das intenções de voto, segundo o mais recente levantamento do instituto Paraná Pesquisas. Mas está empatado tecnicamente, dentro da margem de erro — de 3,7 pontos percentuais — com Professor Alcides (PL), apoiado por Bolsonaro, com 38,2%.
Divisão da direita é problema
Na ditadura militar, circulava entre os intelectuais um mote que sintetizava a histórica divergência entre os esquerdistas: "A esquerda só se une na cadeia", diziam os militantes, numa mistura de conformismo e constatação. Era essa incapacidade de se unir em nome de um objetivo maior que, segundo os integrantes da corrente ideológica, impedia a esquerda de chegar ao poder. O problema, porém, parece ter se transferido para a direita, fragmentando-a e causando danos, sobretudo, ao bolsonarismo.
"O que sair do resultado do primeiro e do segundo turno (das eleições municipais) vai ser um novo mapa político. É o bolsonarismo tentando se reposicionar. Só o fato de o Bolsonaro estar inelegível já complica", aponta o cientista político André César, para quem Tarcísio e Ratinho Júnior são os nomes mais consistentes no espectro da direita para 2026.
O pesquisador Robson Carvalho, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, destaca que, apesar de ainda ser um ativo importante, Bolsonaro vem sendo, aos poucos, ultrapassado por setores da política. "Há uma tentativa de desintoxicar a direita da extrema direita. Uma tentativa de se descolar, sem perder os votos dos extremistas", observa.
Carvalho, porém, tem dúvidas sobre a capacidade de Caiado tornar-se competitivo para a Presidência. "Precisa tornar-se viável eleitoralmente. Quantas vezes ele percorreu o Brasil para se apresentar como possível candidato? Ele é conhecido o bastante? Há capilaridade do União Brasil, pelo país, como partido estruturado? Ele pertence a um colégio eleitoral muito pequeno, que é Goiás. Por mais que articule e consiga apoio do partido, creio que não há viabilidade em uma candidatura à Presidência", frisa.