Cartel teria sido realizado em contratos firmados com o Dnit e a Codevasf. Operação é realizada pelo Cade e pela CGU
Tácio Lorran / Manuel Marçal - Metrópoles
A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realizam, nesta quarta-feira (4/12), operação de busca e apreensão contra construtoras suspeitas de formação de cartel em contratos públicos e de fraudes em licitações públicas nas contratações de obras e serviços de engenharia rodoviária.
Os valores homologados nas licitações analisadas totalizam quase R$ 9 bilhões.
O cartel teria sido realizado em contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
A reportagem apurou que as seguintes construtoras são investigadas:
Bruno Mineiro Construtora LTDA
Engefort Construtora e Empreendimentos LTDA
Ethos Engenharia de Infraestrutura
Ibiza Construtora LTDA
LCM Construção e Comércio SA
Mobicon Construtora
Pavienge Engenharia LTDA
V. F. Gomes Construtora LTDA
Proplan Construtora
“Os indícios apontaram para um conjunto de empresas que se destacaram nos indicadores de risco para formação de cartel e, constatados indícios robustos de cartel, será instaurado processo administrativo”, explicou o Cade.
A ação foi autorizada pela Justiça Federal e conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Mais de 70 servidores foram mobilizados.
Os mandados são cumpridos nas sedes e filiadas das construtoras, em cinco estados: Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Pará e Maranhão.
“A operação tem como objetivo coletar elementos para subsidiar investigações em andamento sobre práticas anticompetitivas, como a formação de cartel, que prejudicam tanto a livre concorrência quanto os interesses da administração pública. A medida está amparada no artigo 13 da Lei nº 12.529/2011, que regula as competências do Cade em defesa econômica”, explicou a CGU, em nota.
Esta é a primeira vez que CGU e Cade realizam operação conjunta dessa natureza, com base na decisão judicial que autorizou a participação da CGU para dar maior efetividade às ações.
O que dizem os investigados
A coluna procura contato com as empresas para se manifestarem. A reportagem será atualizada na medida que as empresas se pronunciarem.
LCM Construção e Comércio SA: “A LCM Construção e Comércio S/A recebeu com surpresa a notícia da instauração de investigação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, da qual originou a descabida ordem de busca e apreensão cível cumprida nesta data. A companhia nega veementemente qualquer prática de ilícitos concorrenciais ou licitatórios, o que restará devidamente esclarecido no curso das investigações”.
Mobicom Construtora: “Em nome de Barra & Brasileiro Advogados, representando a Mobicon Construtora, agradecemos o contato e a oportunidade de nos pronunciarmos. Gostaríamos de esclarecer que, até o momento, não tivemos acesso ao conteúdo dos processos mencionados por estarem sob sigilo. Reiteramos nossa plena convicção na inocência de nossos clientes e reforçamos o compromisso da Mobicon Construtora com a ética e a conformidade legal em todas as suas atividades”.
Ethos Engenharia de Infraestrutura S/A : “Tendo tomado conhecimento da instauração de investigação cível pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, da qual originou a diligência de busca e apreensão efetivada na data de hoje, a Ethos Engenharia de Infraestrutura S/A reafirma o seu indeclinável compromisso com a ética e idoneidade na condução de suas atividades. A empresa está à inteira disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários, os quais afastarão qualquer suspeita da prática de ilícitos licitatórios e/ou concorrenciais”.
Novas possibilidades de comércio por via marítima podem reduzir custos com transportes e aumentar a competitividade das empresas tocantinenses
Por Adenauer Cunha
O Governo do Tocantins está prospectando novas possibilidades para impulsionar o escoamento da produção tocantinense com menos perdas e maior competitividade para os produtores e ganhos reais para a economia do Estado. Nesta quarta-feira, 4, a Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (Sics) tratou do assunto com executivos do Terminal Portuário de Alcântara (TPA), no Maranhão, e do Porto Piauí.
As tratativas fazem parte do planejamento estratégico de desenvolvimento econômico do Governo do Tocantins, um dos eixos do Programa de Impulsionamento da Indústria, Comércio e Serviços (PICS).
“O agronegócio tocantinense está em pleno crescimento, o que vai exigir novas soluções logísticas. O que pretendemos é apresentar essas novas possibilidades para escoar a produção tocantinense, que atualmente é absorvida quase totalmente pelo Porto de Itaqui, no Maranhão. Essas novas possibilidades vão gerar economia, permitindo que os produtores façam novos investimentos, aumentando a produtividade e, consequentemente, o PIB tocantinense, nos permitindo atingir a meta de aumentar em 25% o Produto Interno Bruto do Estado até o final de 2025, tomando como base o ano de 2021”, afirmou o Secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, Carlos Humberto Lima.
TPA
Uma dessas possibilidades é o Porto de Alcântara (MA), que começará a operar no início de 2028. O principal diferencial do porto é a profundidade de 25 metros, permitindo a ancoragem de navios de 220 mil toneladas (ton), gerando economia de até R$ 80/ton nos fretes marítimos para Xangai, na China, conforme levantamento do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística (Esalq-Log).
Executivos da TPA foram convidados a apresentar as potencialidades de escoamento aos produtores rurais do Tocantins em janeiro de 2025
O TPA possui acesso rodoviário e ferroviário interligado à Ferrovia Norte-Sul (FNS) e à Estrada de Ferro Carajás (EFC), permitindo uma redução de até 40% nos custos com transporte. O hub logístico permite, ainda, a exportação direta pelos produtores, com aumento das margens, crescimento da produção, sem limitação de embarque, redução de custos e economia de frete com navios, além da possibilidade de acordos de longo prazo.
Porto Piauí
Localizado no município de Luís Correia, o Porto Piauí já está em operação e pode receber embarcações com até 60 metros de comprimento, calado de 6 metros e boca de 11 metros. O principal modal de transporte explorado atualmente no terminal é o rodoviário, mas até 2030 o porto será integrado aos modais hidroviário e ferroviário, permitindo a movimentação de navios com minério de ferro.
Agrotins 2025
O secretário Carlos Humberto Lima convidou os executivos para participarem da Agrotins 2025, com espaço para expor os atrativos e vantagens dos empreendimentos, apresentar as especificidades técnicas dos portos e o cronograma dos investimentos.
“Vamos ouvir os produtores, saber quais as necessidades deles e apresentar os benefícios que o porto pode trazer, já que o Tocantins tem uma produção agrícola importante e enorme potencial de crescimento. A parceria pode resultar em importantes ganhos para ambos os lados, tanto para produtores quanto para o próprio empreendimento portuário”, disse Nuno Martins, diretor executivo da Grão Pará Maranhão (GPM), empresa que administra o TPA.
“Será uma ótima oportunidade para aproximar os estados do Tocantins e Piauí, onde vamos destacar não apenas as oportunidades e vantagens do projeto, mas também a integração com o terminal pesqueiro, que pode impulsionar também a aquicultura tocantinense”, avaliou Igor Pontes, diretor comercial do porto.
“As novas possibilidades logísticas prometem impactar positivamente todo o setor produtivo tocantinense, e o governador Wanderlei Barbosa faz questão de que os representantes das empresas participem da Agrotins, que é o maior evento do setor da região Norte, para apresentar essas oportunidades aos nossos produtores”, finalizou o secretário.
Evento reúne gestores dos 139 municípios em final de mandato e aqueles eleitos ou reeleitos no pleito deste ano, para discutir medidas que garantam uma transição de gestão juridicamente segura
Por Ivan Trindade
O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, participou nesta quarta-feira, 4, do lançamento da 4ª Fase do Compromisso Tocantinense pela Primeira Infância, que ocorreu durante o Encontro de Transição Municipal Segura e Transparente do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE/TO). A nova etapa do programa irá atender crianças filhas de pessoas privadas de liberdade no Tocantins. Já o encontro com os prefeitos, reúne até esta quinta-feira, 5, no auditório da Corte, em Palmas, gestores dos 139 municípios tocantinenses em final de mandato e aqueles eleitos ou reeleitos no pleito deste ano, para discutir medidas que garantam uma transição de gestão juridicamente segura.
"Eventos como este são importantes para que os nossos prefeitos possam dar continuidade aos serviços públicos essenciais. O compromisso pela primeira infância, inclusive, é um trabalho com um alcance social muito forte, pois essa é uma faixa etária que carece de todos os cuidados do Estado e dos municípios. O Tribunal de Contas foi um protagonista importante nessa causa, pois tem levado informação, bons projetos e parcerias para que possamos auxiliar as mães e as crianças no momento inicial de suas vidas. Então, eu fico feliz ao ver projetos com esse alcance social sendo implementados no nosso estado", destacou o governador Wanderlei Barbosa, na ocasião.
Compromisso tocantinense pela primeira infância
Publicado na Emenda Constitucional nº 1, de 27 de fevereiro de 2024, no Diário Oficial do Estado (DOE), o Compromisso Tocantinense pela Primeira Infância incluiu na Constituição Estadual disposições sobre a primeira infância. De autoria do Governo do Tocantins, a emenda foi aprovada na Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) e atende a uma pauta proposta pelo Tribunal de Contas. O objetivo do pacto é mobilizar governo, prefeitos, gestores públicos e instituições sobre a importância de investir em políticas públicas que garantam qualidade de vida às crianças tocantinenses.
“Hoje [quarta-feira,4] lançamos a 4ª etapa do programa, que tem como foco atender crianças filhas de pessoas privadas de liberdade no Tocantins. Em um primeiro levantamento, descobrimos que existem aproximadamente mil crianças no estado que se enquadram nessa situação e precisam da união de todas as forças para assegurar que seus direitos sejam cumpridos. Nosso objetivo com este compromisso é, portanto, fortalecer laços com o Estado e os prefeitos presentes para reforçar essa necessidade do zelo com essas crianças e de uma boa gestão nos próximos anos", enfatizou o presidente do TCE/TO, conselheiro André Luiz de Matos Gonçalves.
Encontro de transição municipal
Durante dois dias, o Encontro de Transição Municipal Segura e Transparente terá palestras sobre regras na transição de mandatos, tópicos relevantes na prestação de contas, políticas públicas, gestão tributária e atenção aos sistemas do TCE. Ainda no evento, os municípios foram separados em grupos, para que fossem discutidas as relatorias de todas as cidades presentes. O objetivo é não só assegurar que os futuros gestores aprendam o necessário para uma transição municipal efetiva, mas também que possam avaliar os casos discutidos e encontrar soluções para eventuais problemáticas.
Presente na solenidade, o presidente da Associação Tocantinense de Municípios (ATM) e prefeito de Talismã, Diogo Borges, ressaltou a importância de momentos como este para as 139 cidades do estado. "É muito bom ver essa sensação de harmonia, união e proximidade com os prefeitos. Reunimos aqui aqueles que serão os responsáveis por transformar as realidades dos municípios tocantinenses nos próximos quatro anos e, para isso, é necessário que esses gestores contem com o auxílio do Governo do Tocantins e de órgãos como o Tribunal de Contas, para que todos lutem juntos por suas cidades e por um estado ainda melhor", salientou o representante da Associação.
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (4) que considera inconstitucional o Artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), norma que estabeleceu os direitos e deveres para o uso da internet no Brasil
Da Agência Brasil
A manifestação do ministro foi feita durante a sessão na qual a Corte julga processos que tratam da responsabilidade das empresas que operam as redes sociais sobre o conteúdo ilegal postado pelos usuários das plataformas. Toffoli é relator de uma das ações julgadas.
De acordo com o Artigo 19, "com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura", as plataformas só podem ser responsabilizadas pelas mensagens ilegais postadas por seus usuários se, após ordem judicial, não tomarem providências para retirar o conteúdo.
Dessa forma, as redes não podem ser responsabilizadas diretamente pela manutenção de postagens com conteúdo ilegais, como ataques à democracia, desinformação e violência, entre outros.
Com a regra em vigor, a responsabilização civil pelos danos causados só ocorre após descumprimento de uma decisão judicial que determine a remoção de conteúdos ilegais. Na prática, se não houver uma decisão judicial, a retirada das postagens se torna facultativa, e as redes podem continuar com o conteúdo no ar e gerando lucros.
Para Toffoli, o Artigo 19 deu imunidade às redes sociais e deve ser considerado incompatível com a Constituição.
"O regime de responsabilidade dos provedores de aplicação por conteúdos de terceiros é inconstitucional. Desde sua edição foi incapaz de oferecer proteção efetiva aos direitos fundamentais e resguardar os princípios e valores constitucionais nos ambientes virtuais e não é apto a fazer frente aos riscos sistêmicos que surgiram nesses ambientes", disse o ministro.
Durante sua manifestação, Toffoli afirmou que as redes sociais permitem até anúncios que remetem a fraudes bancárias.
"Existe uma página de um determinado banco, o maior banco privado brasileiro, quando se pesquisa no Google, a página que aparece em primeiro lugar é a página fake [falsa]. Um banco que paga enorme publicidade ao Google, mas o anúncio falso [tem] preferência. Será que eles não têm ferramenta? O departamento comercial não sabe identificar quem pagou o anúncio?", questionou o ministro.
Apesar da manifestação de Toffoli, a sessão foi encerrada e será retomada amanhã (5), quando o ministro vai fazer as considerações finais de seu voto.
O plenário do STF julga quatro processos que discutem a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet.
Na ação relatada pelo ministro Dias Toffoli, o tribunal julga a validade da regra que exige ordem judicial prévia para responsabilização dos provedores por atos ilícitos. O caso trata de um recurso do Facebook para derrubar uma decisão judicial que condenou a plataforma por danos morais pela criação de um perfil falso de um usuário.
No processo relatado pelo ministro Luiz Fux, o STF discute se uma empresa que hospeda um site na internet deve fiscalizar conteúdos ofensivos e retirá-los do ar sem intervenção judicial. O recurso foi protocolado pelo Google.
A ação relatada por Edson Fachin discute a legalidade do bloqueio do aplicativo de mensagens WhatsApp por decisões judiciais e chegou à Corte por meio de um processo movido por partidos políticos.
A quarta ação analisada trata da suspensão do funcionamento de aplicativos diante do descumprimento de decisões judiciais que determinam a quebra do sigilo em investigações criminais.
Na semana passada, representantes das redes sociais defenderam a manutenção da responsabilidade somente após o descumprimento de decisão judicial, como ocorre atualmente. As redes socais sustentaram que já realizam a retirada de conteúdos ilegais de forma extrajudicial e que o eventual monitoramento prévio configuraria censura.
Uma empresa do Rio de Janeiro diz que são falsos orçamentos para cotação de preços apresentados em nome dela ao Ministério do Esporte pela Associação Moriá. A ONG recebeu mais de R$ 90 milhões em 26 emendas parlamentares nos últimos três anos e entrou na mira da CGU (Controladoria Geral da União)
POR DEMÉTRIO VECCHIOLI
A apresentação de diferentes orçamentos é praxe em contratações com dinheiro público para que se escolha a oferta mais vantajosa economicamente. Assim, esses orçamentos sem lastro respaldam contratações sem concorrência real.
Outra empresa do Rio de Janeiro, também citada diversas vezes como concorrente por contratações em projetos da Moriá, inicialmente disse à reportagem que não reconhecia os orçamentos apresentados pela ONG ao governo nem teria capacidade técnica para aqueles serviços. Depois, voltou atrás.
Os orçamentos foram apresentados ao Ministério dos Esportes porque as emendas que abasteceram a ONG são originalmente do orçamento da pasta. O ministério foi procurado e não respondeu.
Os documentos não reconhecidos pela empresa seriam para fornecimento de serviços na organização de cursos de jogos eletrônicos tocados pela ONG (como fornecimento de equipe e locação de material para os eventos).
A Folha de S.Paulo mostrou que a Moriá tem suspeitas de sobrepreço e, para esses cursos de games, boa parte dos recursos recebidos é atribuída a aluguéis de computadores com valor equivalente a 11 vezes o preço de compra.
Em nota, a Moriá afirmou que recebe centenas de orçamentos por projeto.
"Muitas vezes os prazos de solução de contratação são curtíssimos, sobrecarregando a estrutura da entidade", continuou a ONG, que diz adotar o modelo de Processo de Seleção Simplificado, com pesquisa de três preços por item, realizando busca ativa por fornecedores.
Prints exibidos à reportagem por Bruno Ribeiro Chateaubriant, dono da empresa Unik Service, mostram que partiu da Moriá a iniciativa de pedir os orçamentos a ele. Não houve resposta por parte da empresa.
Apesar disso, a Folha de S.Paulo identificou nos papéis protocolados pela ONG junto ao Ministério do Esporte orçamentos com uma assinatura digitalizada do dono da empresa, com textos que ele garante nunca ter escrito e preços para serviços nos Jogos Escolares Digitais (Jedis) do Acre e de Brasília.
"Eu nem sequer posso emitir nota fiscal fora da cidade do Rio de Janeiro, só tenho inscrição municipal", disse o empresário à reportagem, lamentando que o Ministério do Esporte nunca o tenha procurado, por e-mail ou telefone, para checar a veracidade dos documentos.
A empresa StandsBR inicialmente disse à Folha de S.Paulo que os orçamentos apresentados em seu nome e visualizados pela reportagem em plataforma de transparência do governo seriam falsos. Afirmou que atua no ramo de congressos médicos e não teria como fornecer joysticks nem o aluguel de ginásios no Acre e no Espírito Santo, alguns dos itens dos orçamentos protocolados junto ao Esporte.
Um dia depois, voltou atrás e disse ter apresentado os orçamentos.
Procurada pela reportagem, a Moriá disse que "durante um processo de compra e contratação, centenas de interessados se apresentam. Muitas vezes os prazos de solução de contratação são curtíssimos, sobrecarregando a estrutura da entidade". Afirmou ainda que os protocolos estão sendo revistos e auditados após a mensagem da reportagem.
Em todos cinco Jedis já executados ou em execução e nos sete em processo de aprovação do plano de trabalho no Ministério do Esporte, todos a partir de emendas parlamentares, o modelo se repete: não mais do que 20 empresas apresentam orçamentos, sendo que seis delas concorrem por mais de 70% do valor total do projeto.
São mais de 120 itens, para os quais invariavelmente os valores apresentados em nome da Octaplan (que não tem site atualizado ou perfil nas redes sociais e cujo telefone ninguém atende), Unik e StandsBr são mais altos, respaldando a contratação de um grupo de três empresas de eventos, todas de Brasília e arredores. Essas empresas são contratadas mesmo quando o serviço é em outro estado.
Nos Jedis do Rio de Janeiro, por exemplo, até as ambulâncias para o evento de encerramento foram contratadas de uma empresa de Brasília, a LG Promoções e Eventos, que cobrou o valor de cinco diárias para atender evento de um dia no Rio.
"As pesquisas de preços inicialmente são realizadas pela internet, fonte onde sempre se localiza os melhores fornecedores e prestadores de serviços, inclusive com avaliações de desempenho delas, reclamações etc", explicou a Moriá, quando questionada sobre a opção.
A reportagem não conseguiu encontrar site ou redes sociais da LG Promoções e Eventos. Por telefone, uma pessoa não identificada disse que a empresa tem estrutura para fornecer os serviços.
A reportagem procurou os ex-deputados federais Pedro Augusto (PP-RJ) e Perpétua Almeida (PCdoB-AC), (foto) responsáveis pelas emendas que pagam os Jedis do Rio e do Acre, mas eles não responderam. O senador Izalci Lucas (PL-DF) repassou R$ 7,5 milhões para o Circuito Jedis-DF e, procurado, também não respondeu.
Uma outra emenda foi autorizada pela ex-deputada federal Paula Belmonte (foto) (Cidadania-DF), hoje deputada distrital. Ela disse que a análise documental não compete ao seu gabinete parlamentar, mas ao Ministério do Esporte. Afirmou também que não é do seu gabinete a responsabilidade de analisar planilha de preços, a composição de custos e a documentação da entidade ao repassar uma emenda.
A legislação recomenda que, em contratações como essas, ONGs adotem métodos usualmente utilizados pelo setor privado, ou seja, o de três orçamentos. Em situação semelhante, quando encontrou orçamentos forjados em projetos do Instituto Leo Moura, também junto ao Ministério do Esporte, a CGU tratou a situação como irregularidade e disse que causava " restrição de competitividade"
A partir daquela auditoria, a CGU recomendou que o Esporte elaborasse orientação formal a fim de padronizar e detalhar os procedimentos em convênios deste tipo, incluindo "a realização de pesquisa de preços de forma ampla e com itens de especificações compatíveis com os itens constantes nos orçamentos proposto".