Por Edson Rodrigues
O recesso parlamentar mal começou, mas agosto já promete ser um mês decisivo e carregado de tensão no Congresso Nacional. Nos bastidores de Brasília, tanto governo quanto oposição se movimentam com força total. De um lado, o presidente Lula tenta manter o controle em meio a uma crise internacional sem precedentes. Do outro, a direita, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, avança com suas estratégias dentro e fora do Parlamento.
A semana começou com uma reunião importante na Câmara dos Deputados. Nesta segunda-feira (21), parlamentares de direita se reuniram com Bolsonaro para discutir os próximos passos. O foco está em três pontos principais sendo o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e a PEC que limita o foro privilegiado.
Apesar da pressão, dificilmente o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, irá aceitar pautar o impeachment do ministro Alexandre. Nos bastidores, esse movimento é visto como improvável. Mas a simples insistência no tema já serve para manter a base bolsonarista mobilizada e acender ainda mais o debate entre os Três Poderes.
Já os outros dois pontos, anistia e foro privilegiado, têm mais chances de avanço e devem aquecer os debates no Congresso. A anistia é uma tentativa da oposição de pacificar e reconectar com sua base mais radicalizada. Já a PEC do foro é vendida como um esforço para limitar os poderes do Supremo Tribunal Federal, ainda que atinja todos os políticos.
Governo Lula e o tarifaço
Enquanto isso, o governo Lula enfrenta um momento delicado. Além das dificuldades com o Congresso, o Brasil encara uma crise diplomática grave com os Estados Unidos. A volta de Donald Trump ao poder nos EUA abriu um novo e perigoso capítulo na relação entre os dois países. E, segundo aliados do próprio Planalto, o deputado Eduardo Bolsonaro estaria envolvido em articulações com o governo Trump e o Congresso americano que podem prejudicar diretamente a economia brasileira. A ameaça de tarifas sobre produtos do Brasil, colocou a equipe econômica em estado de alerta.
Essa crise externa pode ter impacto direto na popularidade do presidente Lula e no seu projeto de reeleição em 2026. Se a economia balançar, com alta no desemprego ou perda de competitividade dos produtos brasileiros, o governo pode enfrentar uma nova onda de insatisfação popular.
Senador republicano rechaça o Brasil
As tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos atingiram um novo patamar após declarações incendiárias do senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul. Em entrevista à Fox News, Graham afirmou que a economia brasileira deve ser “esmagada”, sob a alegação de que o país estaria facilitando o acesso da Rússia a combustíveis, contribuindo para a sustentação da guerra na Ucrânia. O tom agressivo da fala, ecoando o discurso beligerante da nova gestão de Donald Trump, acirra ainda mais o clima de instabilidade entre os dois países e gera forte apreensão no mercado brasileiro. Para analistas, a declaração representa não apenas uma ameaça comercial, mas também um ataque direto à soberania nacional, com potencial de abalar setores estratégicos da economia caso se materialize em sanções efetivas.
Uma das piores crises econômicas do Brasil
O ex-ministro José Dirceu, um dos quadros históricos do PT, lançou um alerta que ecoa como diagnóstico e advertência. Para ele, o Brasil vive sua maior crise desde a Segunda Guerra Mundial. A avaliação de Dirceu reforça a gravidade do momento enfrentado pelo governo Lula, cercado por desafios internos e externos, com um Congresso cada vez mais adverso e a sombra de uma possível recessão impulsionada por uma crise diplomática com os Estados Unidos. Sua fala expõe a percepção, mesmo entre os aliados mais experientes do presidente, de que o país está à beira de um colapso político e institucional que exige respostas firmes e articuladas.
Jair Bolsonaro
Do lado oposto, Jair Bolsonaro ainda é o principal nome da direita, mas vive sob a sombra da Justiça. Caso seja condenado e preso, os efeitos podem ser explosivos. A direita ameaça ir às ruas, e a base bolsonarista já dá sinais de mobilização. Uma eventual prisão de Bolsonaro pode tirar o principal adversário do jogo eleitoral de 2026, mas também acirra ainda mais os ânimos num país já profundamente dividido.
Agosto, portanto, será um mês-chave para o Brasil. O Congresso volta com pautas pesadas, a crise com os EUA pode piorar e os movimentos políticos da oposição prometem sacudir Brasília. Mais do que nunca, o equilíbrio entre as instituições e a resposta da população aos acontecimentos definirão os próximos passos do país. O que está em jogo é muito mais do que o presente. É o futuro político de Lula, o destino de Bolsonaro e, principalmente, a estabilidade democrática do Brasil.
Ministro também falou sobre a suspensão de visto de ministros do STF: "Algo inusitado na história"
Por Leticia Martins
O ministro da Casa Civil Rui Costa, afirmou, nesta segunda-feira (21), que o Brasil anunciará um conjunto de medidas garantindo a reciprocidade caso a tarifa de 50% em cima de produtos brasileiros seja realmente implantada no dia 1º de agosto, como anunciou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia 9 de julho.
"Se dia primeiro chegar e as medidas forem implementadas o Brasil anunciará um conjunto de medidas garantindo a reciprocidade, não necessariamente em tarifas mas em outras medidas para garantir a reciprocidade de tratamento", afirmou Rui Costa durante um evento na Bahia.
"Nós estamos avaliando, temos um grupo de trabalho. Nós não vamos dar tiro no pé, nós não vamos prejudicar a economia brasileira em função disso. Nós vamos escolher medidas que possam ser recíprocas em relação a medida anunciada sem prejudicar a economia brasileira", prosseguiu o ministro.
No dia 15 de julho, o Executivo publicou o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica no DOU (Diário Oficial da União).
Apesar de não fazer referência ao governo dos Estados Unidos, a norma foi uma resposta às tarifas econômicas impostas ao Brasil de forma unilateral pelo país norte-americano.
O decreto do governo brasileiro permite a suspensão de "concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a ações unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem negativamente a sua competitividade internacional".
A Lei da Reciprocidade estabelece critérios de proporcionalidade para a adoção de medidas em resposta a barreiras impostas a produtos e interesses brasileiros.
A legislação permite que o Brasil ofereça a cidadãos e governos estrangeiros o mesmo tratamento que eles conferem ao país, seja em questões comerciais, concessão de vistos, relações econômicas ou diplomáticas.
Suspensão de visto de ministros
Rui Costa também comentou sobre suspensão do visto do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e mais sete ministros da Corte. A decisão partiu do governo dos Estados Unidos, segundo apuração da CNN.
"É algo realmente inusitado na história da humanidade e algo surpreendente, mas nós não temos que responder a isso com emoção, com o coração, temos que responder com serenidade, com firmeza e positividade", afirmou.
Nesta manhã, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso disse que trata com muita "importância" a questão da suspensão de vistos norte-americanos de ministros da Suprema Corte e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
“Trato esse assunto com muita importância, com seriedade, mas ainda não é hora de comentá-lo”, disse Barroso.
Os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux não foram alvo da medida norte-americana.
Na última sexta-feira (18), o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou a revogação dos vistos de Moraes, "de seus aliados e de seus familiares imediatos", através do X (antigo Twitter).
Na publicação, Rubio citou o presidente Donald Trump dizendo que ele deixou claro que o governo "vai responsabilizar estrangeiros responsáveis pela censura à expressão protegida nos Estados Unidos".
"A perseguição política do ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão amplo que não só viola direitos básicos dos brasileiros, como também ultrapassa as fronteiras do Brasil para atingir americanos", prosseguiu o secretário.
Após uma longa batalha contra o câncer, a cantora Preta Gil faleceu neste domingo (20), aos 50 anos
Com R7
Após uma longa batalha contra o câncer, morreu, neste domingo (20), a cantora Preta Gil, aos 50 anos. A artista vinha enfrentando desafios de saúde desde 2023, quando foi diagnosticada com câncer no reto (veja mais detalhes abaixo). A assessoria da cantora confirmou a morte da artista.
Em nota conjunta, Flora e Gilberto Gil, madrasta e pai de Preta, informaram que ela morreu em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Segundo o comunicado, a família está cuidando da repatriação do corpo e pediu compreensão enquanto enfrenta o luto. As informações sobre as despedidas serão divulgadas em breve.
Preta Gil nasceu em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro. Ela é filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha. A carreira musical começou nos anos 2000, transitando por diversos gêneros, como MPB, pop, axé e funk.
Além da música, Preta se destacou como apresentadora de TV, influenciadora digital e empresária, promovendo eventos como o famoso "Bloco da Preta", um dos maiores blocos de Carnaval do Rio de Janeiro. Ela também se tornou uma voz ativa na luta contra o preconceito, defendendo pautas como a diversidade, o empoderamento feminino e o combate à gordofobia.
Uma das últimas aparições públicas de Preta Gil foi em maio, quando subiu ao palco durante um show do pai, em São Paulo. Juntos, cantaram “Drão” e emocionaram o público. Gil chorou ao ver a filha, que seguia em tratamento contra o câncer, enquanto imagens da família eram exibidas nos telões. A plateia aplaudiu de pé e gritou seu nome em coro.
Como foi o tratamento de Preta Gil?
A artista foi diagnosticada no início de 2023 com adenocarcinoma, um tipo de tumor maligno no reto e chegou a anunciar a remissão da doença.
No entanto, em agosto de 2024, a cantora anunciou a retomada do tratamento contra o câncer após detectar o retorna da doença por exames de rotina. Na ocasião, anunciou que a doença voltou em "quatro lugares diferentes": dois linfonodos, uma metástase no peritônio e uma lesão na ureter (tubos que transportam a urina nos rins).
No final de dezembro do ano passado, a cantora e empresária passou por uma cirurgia com duração de cerca de 21 horas, com o objetivo de retirar tumores. Ela revelou que a recuperação tem sido desafiadora.
"Só melhora. Mas é difícil. É um reaprender a fazer muitas coisas. Eu tô aprendendo a lidar com a bolsa de colostomia, dessa vez definitiva. Eu vou ficar para sempre com essa bolsinha e sou muito grata a ela por isso", declarou na época.
Por que o câncer pode voltar?
O termo recidiva é usado pela literatura médica para definir o retorno de uma doença. No caso do câncer, ainda que em um primeiro momento ocorra a remissão completa, ele pode retornar quando pequenas áreas tumorais ficam no corpo, as "micrometástases", que não são detectáveis em exames de imagem, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
"Mesmo com o tratamento que tinha intenção de curar o câncer, ele pode voltar", ressalta Clarissa Baldotto, oncologista clínica e membro do Comitê de Tumores do Sistema Nervoso Central da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
De acordo com a SBOC, o retorno da doença pode acontecer no mesmo local onde foi diagnosticado inicialmente (recidiva local) ou em outras regiões do corpo, podendo ser uma área próxima a do diagnóstico inicial (regional) ou em outra parte do corpo, geralmente distante de onde ocorreu pela primeira vez (metastática distante ou à distância).
Por exemplo, seria o caso de um paciente inicialmente com câncer de mama, mas que na recidiva desenvolve a doença nos ossos.
Geralmente, segundo Clarissa, a recidiva é detectada em consultas de retorno, que devem ser realizadas de três em três meses no início, depois o tempo vai aumentando. Nessas consultas, os médicos costumam indicar exames como tomografia e pet-scan.
Ex-dirigente já enfrentava complicações de saúde desde o fim de 2023, quando sofreu um AVC; causa da morte não foi divulgada
Com SBT
Morreu na madrugada deste domingo (20), o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, em São Paulo. Ele tinha 93 anos.
O ex-dirigente estava em casa no sábado quando passou mal e foi levado ao Hospital Sírio-Libanês, mas não resistiu. O falecimento foi registrado às 3h30.
Marin já enfrentava complicações de saúde desde o fim de 2023, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Desde então, vinha sendo acompanhado por médicos e seu estado era considerado delicado.
O velório acontece neste domingo, das 13h às 16h, na Funeral Home, em São Paulo.
Quem foi José Maria Marin?
Marin teve uma trajetória marcada por influência no futebol e na política, mas também por escândalos. Ele presidiu a CBF entre 2012 e 2014, período que antecedeu sua prisão, em 2015, no caso de corrupção internacional conhecido como Fifagate.
Detido na Suíça a pedido do FBI, foi acusado de envolvimento em esquemas de suborno e lavagem de dinheiro dentro da estrutura da Fifa. Após sete meses preso em Zurique, foi extraditado para os Estados Unidos, onde cumpriu parte da pena. Marin retornou ao Brasil em 2020 e, por questões de saúde, passou a cumprir prisão domiciliar, sendo liberado posteriormente.
Ele também foi deputado estadual, vice-governador e, por um breve período, governador de São Paulo, nos anos 1980.
Governo dos EUA disse que notificaria pessoas afetadas pela medida; gestão de Trump não divulgou lista
Por Pedro Teixeira e Jussara Soares
Além da suspensão do visto do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o governo dos Estados Unidos também teria revogado o documento de outros sete ministros da Suprema Corte e do procurador-geral da República, Paulo Gonet, segundo relataram fontes do Palácio do Planalto à CNN.
O próprio governo dos Estados Unidos afirmou que notificaria, por e-mail, as pessoas que teriam sido afetadas pela suspensão de visto.
Até a publicação desta reportagem, o governo do presidente Donald Trump não havia divulgado uma lista oficial de quem teria sido afetado pela decisão da gestão norte-americana. O Brasil também não recebeu nenhuma informação oficial sobre o assunto.
Apesar disso, segundo fontes do governo federal, os afetados pelas sanções dos EUA seriam:
Luís Roberto Barroso, presidente do STF;
Edson Fachin, vice-presidente do STF;
Dias Toffoli, ministro do STF;
Cristiano Zanin, ministro do STF;
Flávio Dino; ministro do STF;
Cármen Lúcia, ministra do STF;
Gilmar Mendes, ministro do STF; e
Paulo Gonet, procurador-geral da República.
De acordo com essas mesmas fontes, os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux não teriam sido alvo da medida.
O jornalista Paulo Figueiredo, aliado da família Bolsonaro e que tem atuado junto do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à Casa Branca, já havia confirmado os nomes à CNN na noite de sexta (18).
À CNN, ele ainda disse que "ninguém sabe o que pode acontecer" e que o presidente Donald Trump "já mostrou que está disposto a ir até às últimas consequências", citando como exemplo a aplicação da Lei Magnitsky.
Entenda
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou, na sexta-feira (18), a revogação dos vistos de Moraes, "de seus aliados e de seus familiares imediatos".
Na publicação, feita no X (antigo Twitter), Rubio cita o presidente Donald Trump dizendo que ele deixou claro que o governo "vai responsabilizar estrangeiros responsáveis pela censura à expressão protegida nos Estados Unidos".
"A perseguição política do ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão amplo que não só viola direitos básicos dos brasileiros, como também ultrapassa as fronteiras do Brasil para atingir americanos", prosseguiu o secretário.
Após o anúncio dos EUA, a ministra de Relações Institucionais do Brasil, Gleisi Hoffmann, foi às redes dizer que todos os ministros do STF, com exceção de Nunes Marques, André Mendonça e Luiz Fux, teriam sido alvo da revogação dos vistos para entrar no país norte-americano.
Mais cedo, neste sábado (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou o anúncio como “medida arbitrária e completamente sem fundamento”. Em nota divulgada pelo Planalto e nas redes sociais do petista, ele não citou quem teria sido alvo da sanção dos EUA.
Segundo o presidente, a interferência de um país no sistema de Justiça de outro é "inaceitável" e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações.