Pressionado pelo Congresso e com popularidade em queda, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu intensificar o embate ideológico, em um movimento que antecipa a disputa eleitoral de 2026 e, ao mesmo tempo, arrisca agravar tensões com o Congresso e ampliar divisões na já fragmentada base de apoio

 

 

Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito

 

 

Segundo fontes ouvidas pela Reuters, há um sentimento dentro do Executivo de que alguns partidos e parlamentares já estão de olho nas eleições e tentam fazer Lula sangrar, e que o governo não pode abdicar da disputa, daí a necessidade de responder com a defesa do projeto.

 

 

"O governo não pode abrir mão até do seu discurso", disse uma fonte do Palácio do Planalto. "Não é um embate com o Congresso, mas é uma disputa ideológica."

 

Uma fonte do centrão no Congresso admitiu que há parte do Congresso que vê hoje a oportunidade de desgastar o governo, e levar um Lula mais fraco até a eleição.

 

O tom de confronto foi elevado nos últimos dias em torno da pauta econômica, com a decisão do Congresso, capitaneada pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta (PP-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), de derrubar o decreto presidencial que elevava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

 

Em reação, Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, passaram a adotar o embate ideológico em seus discursos, ressaltando as ideias de justiça tributária e o embate entre o "andar de cima e o andar de baixo".

 

 

"Vamos continuar fazendo justiça social. Pode gritar, pode falar, mas temos que fazer justiça no Brasil. Não podemos nos intimidar na busca de justiça", disse Haddad esta semana, em um discurso que foi visto, por aliados e opositores, como recheado com tons de campanha -- o que seus assessores mais próximos negaram.

 

Lula foi na mesma linha, reclamando que há uma "rebelião" quando se fala que quem ganha mais de R$1 milhão por ano precisa "pagar um pouco mais" para viabilizar a proposta do governo de isentar de imposto de renda quem ganha até R$5 mil por mês -- que está em tramitação no Congresso.

 

"Ninguém está querendo tirar nada de ninguém. Só estamos querendo tirar alguns privilégios de alguns para dar um pouco aos outros", disse o presidente.

 

O governo garante que não existe qualquer intenção de abrir uma batalha com o Congresso, mesmo depois de ter ido à Justiça contra a derrubada do IOF. A questão, disse uma fonte, é que o Executivo não pode ficar encurralado e precisa defender suas teses perante a opinião pública.

 

"A gente está defendendo as nossas teses, mas isso não significa que vamos abrir uma guerra com o Congresso Nacional. Sabemos que tem que ter ajuste fiscal, entendemos que tem que ter, mas não às custas das pessoas mais pobres", disse o presidente do PT, senador Humberto Costa (PE).

 

"HUGO NEM SE IMPORTA"

 

 

Nas redes sociais, apoiadores do governo, inclusive petistas, dispararam vídeos feitos por inteligência artificial com críticas a parlamentares que são acusados de estarem trabalhando pelos ricos. Um dos vídeos, em que o presidente da Câmara é representado como "Hugo Nem se Importa" em um jantar nababesco com empresários, obteve milhares de visualizações.

 

Um deputado próximo a Motta admitiu que os vídeos repercutiram negativamente entre os parlamentares, que não querem ser vistos como defensores de ricos em detrimento dos pobres. Com isso, abriu-se uma janela de distensionamento da relação entre os dois lados.

 

Da parte do governo, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), foram às redes sociais em uma espécie de desagravo a Motta, uma vez que há uma série de projetos de interesse do governo em tramitação no Congresso, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$5 mil -- uma das bandeiras de campanha de Lula em 2022 -- e propostas de ajuste das contas públicas, como a redução de benefícios fiscais.

Da parte de Motta e Alcolumbre, ambos indicaram em falas públicas ou nos bastidores que querem conversar e manter pontes de diálogo.

 

Na quarta-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, esteve no gabinete do presidente do Senado para tratar de agendas de interesse do governo.

 

No encontro, segundo uma fonte ligada ao senador, Alcolumbre aproveitou para dizer que o Congresso sempre esteve de portas abertas ao diálogo e que o Legislativo não pode virar "inimigo do povo".

 

No mesmo dia, Alcolumbre articulou a aprovação da medida provisória que amplia o uso do Fundo Social do Pré-Sal, uma das prioridades do governo. Após a votação, ele depois conversou com o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), e mostrou que não tem interesse em confronto, defendeu o fim dos ataques ao Legislativo e que está disposto a conversar com Lula, conforme uma fonte ligada a Randolfe.

 

"Não interessa a nenhum dos lados continuar esse embate", disse essa fonte.

 

O deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA) também negou que haja uma intenção deliberada do Congresso de enfraquecer o governo com objetivos eleitorais, mas reconheceu que "alguns partidos de oposição" trabalham para desgastar o governo.

 

"O grande problema do governo é que como não tem maioria no Congresso não quer conversar com quem pensa diferente, eles acham que estão certos, mas não é assim", disse.

 

"Se o governo começar a fazer discursos de nós contra eles, rico contra pobre e que Congresso não está ajudando, não é verdadeiro e pode ser pior", alerta.

 

 

Posted On Sexta, 04 Julho 2025 03:40 Escrito por O Paralelo 13

Participação no evento destaca ações como pioneirismo na comercialização de créditos de carbono, projeto de restauração de áreas degradadas e tecnologia que fortalece o combate ao desmatamento e às queimadas

 

 

Por Jakelyne Monteiro e Victória Milhomem

 

 

As iniciativas de preservação e desenvolvimento sustentável do Tocantins foram evidenciadas durante a 13ª edição do Fórum Jurídico de Lisboa, que ocorre em Portugal até esta sexta-feira, 4. O governador Wanderlei Barbosa foi um dos palestrantes do painel Governança Ambiental e Agenda Verde: Inovação para o Século XXI, que integrou a programação do evento nessa quarta-feira, 2.

 

A participação do chefe do Executivo estadual iniciou com a apresentação do pioneirismo do Tocantins na negociação de créditos de carbono no mercado internacional. “Essa conquista representa um marco para a política ambiental brasileira, reforçando o compromisso do estado com o desenvolvimento sustentável e com soluções inovadoras no enfrentamento das mudanças climáticas”, salientou o governador Wanderlei Barbosa.

 

Na ocasião, outras ações desenvolvidas pelo Estado na área ambiental foram destacadas pelo governador Wanderlei Barbosa, como o projeto Foco no Fogo, iniciativa voltada à prevenção e ao combate aos incêndios florestais, com ênfase em ações educativas, tecnologia e envolvimento comunitário. Em 2025, o projeto chega à sua 6ª edição com atividades iniciadas de forma antecipada. “O projeto tem sido referência nacional na mitigação de queimadas e na preservação do meio ambiente”, enfatizou.

 

Além do pioneirismo do Tocantins na comercialização de créditos de carbono, o governador destacou as ações do projeto Foco no Fogo, que são voltadas para a prevenção e o combate aos incêndios florestais

 

Com essas e outras iniciativas, o Tocantins mostra, ao Brasil e ao mundo, que é possível crescer com responsabilidade ambiental. “Estamos trabalhando para reduzir o desmatamento, recuperar áreas degradadas, ampliar o combate aos incêndios e avançar na análise do CAR [Cadastro Ambiental Rural] com o propósito de dar mais segurança aos produtores e abrir portas para novos mercados, sempre com foco na sustentabilidade”, pontuou o governador.

 

Ao final de sua participação, o governador Wanderlei Barbosa ressaltou a importância da cooperação internacional na busca por soluções sustentáveis e reforçou o papel dos estados na construção de uma agenda verde robusta e eficaz para o século XXI.

 

O painel também contou com a contribuição do governador do estado do Pará, Helder Barbalho; da colaboradora da presidência do Conselho Nacional do Ministério Público, Maria Tereza Uille; do CEO da Cosan, Marcelo Martins; do presidente do Banco da Amazônia, Luiz Lessa; do vice-presidente M&A, Jurídico, Compliance e Governança da BRF, Bruno Ferla; com moderação do diretor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, Caio Resende.

 

Créditos de carbono

 

O Governo do Tocantins estima gerar R$ 2,5 bilhões com a venda de créditos de carbono gerados pelo estado entre 2020 e 2030. A projeção potencial é de mais de 50 milhões de créditos, caso o estado tenha sucesso na redução do desmatamento e da degradação de suas florestas.

 

O estado é o primeiro do Brasil a comercializar créditos de carbono no mercado voluntário, utilizando o padrão Art Tress para a certificação. A submissão oficial do sistema jurisdicional de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) ao padrão Art Tress ocorreu durante a 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 29), realizada em Baku, Azerbaijão, em novembro de 2024.

 

Painel sobre governança ambiental integrou a programação do Fórum Jurídico de Lisboa

 

O projeto envolve a redução do desmatamento e a conservação da vegetação nativa, com o objetivo de gerar créditos de carbono que podem ser comprados por empresas e organizações interessadas em compensar suas emissões. O Tocantins firmou um acordo com a empresa Mercuria Energy Group para a compra e a venda desses créditos, além de investimento em ações de preservação no estado.

 

O projeto de crédito de carbono do Tocantins é considerado um modelo jurisdicional, o que significa que o estado estabelece metas específicas de preservação e reduz a atividade do desmatamento, mantendo autonomia para implementar políticas ambientais de alto impacto.

 

Outras ações

 

Em janeiro deste ano, o governador Wanderlei Barbosa assinou, em Villars-sur-Ollon, na Suíça, um protocolo de negociação com o Fundo Silvânia, para recuperar até 12 mil hectares de áreas degradadas no Parque Estadual do Cantão, unidade de conservação essencial para a proteção da biodiversidade do estado.

 

Além disso, o Governo do Tocantins lançou, no mês de maio, o maior plano de prevenção, monitoramento e combate aos incêndios florestais da história do estado. Com investimento de mais de R$ 17 milhões, o Plano Integrado de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais de 2025 contempla um conjunto de ações preventivas, de monitoramento e combate às queimadas, fundamentais para assegurar a proteção dos biomas, a preservação dos recursos naturais e a segurança da população tocantinense.

 

Outra iniciativa desenvolvida pelo Governo do Tocantins, para o fortalecimento do combate ao desmatamento e às queimadas no estado, é o portal do Centro de Inteligência Geográfica em Gestão do Meio Ambiente (Cigma). Lançada em junho deste ano, a plataforma Cigma Tocantins tem como objetivo apoiar gestores públicos, órgãos de controle e a sociedade na tomada de decisões e na formulação de políticas voltadas à proteção ambiental.

 

O portal disponibiliza dados e indicadores ambientais, permitindo análises temporais, identificação de padrões e elaboração de relatórios dinâmicos, e visualizações interativas para indicar tendências e oportunidades de melhoria. Graças à inovação, pela primeira vez, o Governo do Tocantins passou a classificar de forma sistemática os focos de queimadas e os incêndios florestais com base na natureza da queima: prescrita, controlada ou não autorizada.

 

 

Posted On Quinta, 03 Julho 2025 16:12 Escrito por O Paralelo 13

Em meio aos debates sobre o futuro da energia no mundo, o vice-presidente do Senado e presidente do PL Tocantins, senador Eduardo Gomes, participou nesta quinta-feira, 3, em Lisboa (Portugal), do painel “Transição e integridade no mercado de energia: desafios e soluções”

 

 

Da Assessoria 

 

 

A discussão integrou a programação do Lisboa Connection Diálogos, promovido pela empresa Amado Mundo, com apoio do Instituto Brasileiro de Transição Energética (INTE).

 

Vice-presidente do Senado Eduardo Gomes debate integridade e transição energética em evento internacional em Lisboa 

 

O debate reuniu autoridades de diferentes esferas, como o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues; o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Vital do Rêgo; e o ministro das Cidades, Jader Filho. A mediação foi conduzida pelo jornalista Guilherme Amado.

 

Durante sua participação, Eduardo Gomes ressaltou a importância de consolidar marcos regulatórios confiáveis no processo de transição energética. “O Brasil tem tudo para liderar a transição global rumo a uma matriz limpa e sustentável, mas isso exige segurança jurídica, integridade institucional e uma governança que estimule a confiança dos investidores e o compromisso com resultados sociais”, destacou.

 

O senador está em Portugal participando do XII Fórum de Lisboa, evento que reúne uma série de encontros com lideranças internacionais e especialistas nas áreas de economia, tecnologia, energia e meio ambiente.

 

 

 

Posted On Quinta, 03 Julho 2025 16:08 Escrito por O Paralelo 13

Ainda não há confirmação oficial sobre os valores envolvidos no ataque, mas fontes da TV Globo estimam que a quantia pode chegar a R$ 800 milhões.

 

 

Com BBC Brasil

 

 

Uma empresa provedora de serviços de tecnologia que atende instituições financeiras sem infraestrutura de conectividade ao sistema de pagamentos Pix informou o Banco Central na quarta-feira (2/7) que sofreu um ataque cibernético aos seus sistemas.

 

O Banco Central e as instituições financeiras não divulgaram informações suficientes sobre o ataque para se entender quantos clientes podem ter sido afetados e quanto dinheiro teria sido desviado. O ataque teria afetado apenas instituições financeiras que são clientes da empresa de tecnologia C&M Software, o que não inclui grandes bancos.

 

O Banco Central não forneceu mais detalhes sobre o ataque, mas afirmou em comunicado que ordenou à empresa C&M Software que bloqueasse o acesso das instituições financeiras à infraestrutura que opera. Isso fez com que os clientes das instituições atendidas pela empresa ficassem sem acesso ao Pix na quarta-feira.

 

Nesta quinta-feira, a empresa voltou a poder operar. Segundo o Banco Central, "a decisão foi tomada após a empresa adotar medidas para mitigar a possibilidade de ocorrência de novos incidentes".

 

"As operações da C&M poderão ser restabelecidas em dias úteis, das 6h30 às 18h30, desde que haja anuência expressa da instituição participante do Pix e o robustecimento do monitoramento de fraudes e limites transacionais", afirma nota do Banco Central.

 

Reportagem do jornal O Globo afirma que criminosos teriam conseguido desviar recursos de contas de oito instituições financeiras, no valor de ao menos R$ 800 milhões, segundo relatos de pessoas a par do assunto. Já o jornal econômico Valor Econômico cita uma fonte que diz que cerca de R$ 400 milhões foram roubados.

 

Mas a informação não foi confirmada ou negada pelo Banco Central ou pelas instituições financeiras.

 

A Polícia Federal (PF) investigará o ataque hacker, segundo dados da Agência Brasil.

 

O diretor comercial da C&M Software, Kamal Zogheib, afirmou que a empresa foi vítima de um ataque cibernético que envolveu o uso fraudulento de dados de clientes — como login e senha — na tentativa de acessar seus sistemas e serviços.

 

A empresa administra a troca de informações entre instituições brasileiras ligadas ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).

 

"Por orientação jurídica e em respeito ao sigilo das apurações, a C&M não comentará detalhes do processo, mas reforça que todos os seus sistemas críticos seguem íntegros e operacionais e que as medidas previstas nos protocolos de segurança foram integralmente executadas", disse a empresa em nota na quarta-feira.

 

Segundo a empresa, os sistemas críticos de conexão com os bancos não foram afetados e seguem funcionando.

 

A empresa está cooperando com o Banco Central e a Polícia Estadual de São Paulo na investigação em andamento, disse Zogheib.

 

O banco BMP informou à agência de notícias Reuters que, junto com outras cinco instituições, sofreu acesso não autorizado às suas contas durante o ataque, ocorrido na segunda-feira.

 

O BMP afirmou que as contas afetadas são contas de reservas — mantidas diretamente no Banco Central e utilizadas exclusivamente para liquidação interbancária (quando bancos pagam valores entre si), sem impacto nas contas dos clientes ou nos saldos internos.

 

O BMP disse que tomou todas as medidas operacionais e legais necessárias e possui garantias suficientes "para cobrir integralmente o valor impactado, sem qualquer prejuízo às suas operações ou parceiros comerciais".

 

Uma autoridade que tem conhecimento da investigação em andamento, que falou sob condição de anonimato à Reuters, disse que a C&M presta serviços a cerca de duas dúzias de pequenas instituições financeiras, e os valores envolvidos no ataque não chegam a bilhões de reais.

 

Outra fonte disse à agência que não houve perdas para os clientes.

 

O Banco Paulista também alegou ter sido vítima do golpe. Em um comunicado, afirmou que o ataque causou a interrupção temporária do seu serviço de Pix. Segundo o banco, a falha foi externa e não comprometeu dados sensíveis nem gerou movimentações indevidas.

 

O jornal Valor Econômico afirma que a empresa credsystem também teria sido afetada. Segundo o jornal, a empresa manifestou que "o impacto direto nas operações da credsystem se restringe apenas ao serviço de Pix, que está temporariamente fora do ar por determinação do BACEN (Banco Central), porém nossos clientes poderão continuar utilizando normalmente e sem custo o serviço de TED. No momento, estamos colaborando com os envolvidos para o rápido reestabelecimento do serviço."

 

 

Posted On Quinta, 03 Julho 2025 13:57 Escrito por O Paralelo 13

Por Marcelo Guterman

 

 

A Economist tem uma linha editorial clara quando se trata de relações internacionais: a defesa do rule of law e a não negociação com tiranetes de qualquer cor e sabor, sem deixar de defender uma abordagem pragmática quando necessário. Nesse sentido, talvez Winston Churchill tenha sido o político mais próximo da linha editorial da revista.

 

Em sua última edição, a revista inglesa descasca Lula, ao afirmar que sua política externa, apesar do auto-proclamado “não alinhamento”, cada vez mais se aproxima do eixo das autocracias. Coloca o Itamaraty como que tentando manter a linha da neutralidade ao, por exemplo, tentar aguar a cúpula dos Brics. Mas a presença de Lula ao lado de Putin no dia da Vitória e a nota acima do tom contra os ataques dos EUA às instalações nucleares do Irã, na contramão de todas as democracias ocidentais, não deixam margem a dúvidas sobre o alinhamento da política externa brasileira sob Lula. A revista afirma que o Brasil ganharia mais se focasse em sua área de influência, a América do Sul, o que é nada mais do que óbvio.

Mas o que doeu mesmo no editorial foi a afirmação de que Lula não tem o peso político que imagina ter na arena internacional. Suprema humilhação, não seria digno sequer das diatribes de Trump, que raramente menciona o Brasil entre os países contra quem está brigando. Aí foi demais, e a chancelaria brasileira entrou em campo, enviando uma carta para a revista.

 

Depois de balbuciar algo sobre “direito internacional” (falou o amigo de Putin) e “negacionismo climático” (falou aquele que vai autorizar a exploração da margem equatorial), a missiva do chanceler exalta a autoridade moral de Lula diante de todos os humanistas do mundo. Só faltou dizer que merece um Nobel da Paz.

Fosse eu o editor da Economist e recebesse essa carta, ficaria bastante satisfeito, pois o seu teor confirma a megalomania de Lula apontada no artigo publicado. Além disso, acharia graça de uma chancelaria que perde o seu tempo para rebater a opinião de uma revista. Talvez o chanceler esteja sendo orientado pelo Sidônio Palmeira, para quem tudo é um problema de comunicação, e basta repetir muitas vezes que Lula é demais para as pessoas se convencerem. O problema de Lula é que nenhuma carta ou campanha substitui a realidade, apontada de maneira crua pela Economist.

 

Marcelo Guterman. Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.

 

 

Posted On Quinta, 03 Julho 2025 13:56 Escrito por O Paralelo 13
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